Governador do Acre pede ação para coibir 'coiotes' na fronteira:casino park

Tião Viana (Foto BBC)
Legenda da foto, Para Tião Viana, ser solidário não significa 'abrir as portas' do paíscasino parkforma 'desordenada'

casino park O governador do Acre, Tião Viana, descreve como "tragédia humanitária" o que seu estado está vivendo com a chegadacasino parkimigrantes ilegais do Haiti ecasino parkoutros países - entre eles Senegal, Nigéria e República Dominicana

Na semana passada, Viana declarou estadocasino park"emergência social" no Acre depois quecasino parkapenas 15 dias maiscasino parkmil estrangeiros cruzaram a fronteira.

O governo federal enviou para a cidadecasino parkBrasiléia uma força-tarefa para acelerar a regularização desses imigrantes, dar a eles atendimento básicocasino parksaúde e garantir a segurança do local.

Viana, porém, defende que também é preciso uma ação para conter as redes internacionais que segundo ele estariam se formando para lucrar ajudando imigrantes ilegais a entrar no Brasil. "Uma rota internacional está instalada", diz.

Imigrantes haitianos no Acre (BBC/Fabio Pontes)
Legenda da foto, Imigrantes serão atendidos por força-tarefa enviada pelo governo ao Acre

A seguir, leia alguns trechos da entrevista que o governador, do Partido dos Trabalhadores (PT), concedeu à BBCcasino parkseu escritóriocasino parkRio Branco.

casino park BBC: O que está acontecendo no Acre?

Nós temos uma tragédia humanitária. Maiscasino park5.500 imigrantes passaram pela fronteira do Acre com o Peru. Eles vieram sobretudo do Haiti,casino parkfunção das consequências do terremoto que afetou esse país há alguns anos. Agora, alguns estão vindocasino parkpaíses como Senegal, Nigéria e Bangladesh. Já recebemos pessoascasino parkMarrocos e da Líbia. E também da República Dominicana.

O grave é que com a estrutura do nosso estado (Acre) não temos condiçõescasino parktomar decisões para acolher e dar o encaminhamento para esses casos. Nós dependemos dos governos federais do Brasil, Peru, Equador e do próprio Haiti e desses outros países. Mas, à exceção do Brasil, eles não têm tratado a questão com a devida importância.

casino park BBC: O que o Brasil e esses outros países devem fazer?

Assumimos como virtuosa a atitude humanitáriacasino parkacolher e dar as condições mínimas para que essas pessoas não se imaginem rejeitadas e hostilizadas por nós. Mas ao mesmo tempo precisamos da estrutura do Estado nacional para encontrar uma saída.

O melhor caminho é que o governo peruano estabeleça a regracasino parkacolher essas pessoas pedindo vistocasino parkentrada para evitar a açãocasino park"coiotes" - aqueles que fazem por dinheiro a intermediação com os imigrantes ilegais que querem vir (ao Brasil) por razões sociais. (Precisamos) que o governo do Peru e do Equador peçam vistoscasino parkentrada para essas pessoas, organizem a entrada delas, dialoguem com o governo brasileiro e garantam alguma previsibilidade (para esse processo migratório).

Não podemos ter (um fluxocasino parkpessoas) desregrado, desorganizado e sem previsibilidade.

Há pouco estávamos com maiscasino park1.200 imigrantes ilegaiscasino parkum lugar onde cabem 200, com o governo do Estado assumindo responsabilidades que não são suas. E sem saber quantos mais chegariam no outro dia: 200, 300 ou 40.

casino park BBC: Temos uma rotacasino parkimigração consolidada?

Uma rota internacional está instalada. Imigrantes ilegais do Senegal, que é um paíscasino parkguerra, nos disseram: "nosso país sabe dessa rota". Outros imigrantes ilegais da Nigéria já falam isso há maiscasino parkdois anos - que conhecem essa rota. E um terceiro grupocasino parkimigrantescasino parkBangladesh e da República Dominicana também. Antes esse era um problema restrito basicamente ao Haiti.

Será que teremos uma situaçãocasino parkimigração "na base da pressão", assim como o México e os Estados Unidos? Ou precisamoscasino parkuma ação multilateral - principalmente do governo brasileiro com o peruano - para uma solução ordenada desse processocasino parkimigração ilegal?

casino park BBC: Quantos desses imigrantes chegaram ao Brasil com a ajudacasino parkcoiotes e quantos vieram por conta própria?

O que nos chama a atenção é que não há instituições humanitárias internacionais mediando a chegada desses imigrantes. Mas identificamos pelos serviçoscasino parkinteligência a presençacasino park"coiotes" que ganham muito dinheiro (ajudando esses estrangeiros a entrar no Brasil) - e isso nos preocupa. Será que no meio disso não há um tráfico ilegalcasino parkpessoas? Podemos ter pessoas que chegam com outros propósitos - e não apenas fugir da realidade social intolerávelcasino parkseus países? Estas são questões graves que nós temoscasino parktratar.

casino park BBC: O que sabemos sobre o trabalho desses coiotes? Quanto são,casino parkonde vêm, quanto dinheiro estão fazendo com esse negócio?

Quem nos dá essas informações são os serviçoscasino parkinteligência da Polícia Federal do Brasil. Eles apontam apenas a presençacasino parkmuitos coiotes,casino parkmuitos intermediários fazendo isso - algo que os imigrantes também confirmam. Mas não conseguimos detalhes sobre quanto estão ganhando por essa transferênciacasino parkpessoas. Sabemos que são estrangeiros. Ainda não há brasileiros (nessas redes). Muitos imigrantes chegam por avião ao Equador, vão para o Peru e depois para o Brasil. Os coiotes estão no Equador, no território peruano e também no território brasileiro.

casino park BBC: Algum coiote já foi capturado?

Já temos (coiotes) que foram identificados e entrevistados. Mas não temos provas da horacasino parkque receberam seu pagamento. Muitos também são imigrantes ilegais.

casino park BBC: O governo brasileiro diz que vai legalizar a situação desses imigrantes. Isso não acaba atraindo mais imigrantes?

É o que eu venho dizendo. Agora ele (o governo federal) está mudando (de posição). Está dizendo que vai aceitar a vinda (dos imigrantes) desde que a legalidade esteja preestabelecida. Ou seja, com o vistocasino parkentrada (emitido antes), não depois (da chegada ao Brasil), como estava ocorrendo até agora. Foi o que eu ouvi das autoridades federais brasileiras.

Não podemos imaginar que o Brasil vai resolver os problemas do mundo e da África. O Brasil, pelo trabalho humanitário no Haiti mediado pela ONU, tem o devercasino parkser solidário com esse povo. E tem o devercasino parkser solidário com seus irmãos africanos. Mas não abrindo suas portascasino parkuma maneira desordenada.