Análise: Os prós e contras da extinção das espécies:best games apostas

Protesto contra extinção na Indonésia. AFP
Legenda da foto, A extinçãobest games apostasespécies não é necessariamente um problema no planeta

best games apostas A extinçãobest games apostasespécies é necessariamente ruim?

Estou conscientebest games apostasque a mera pergunta já representa uma provocação para os conservacionistas e é suficiente para deixar muitos incomodados.

Mas coloco essa questão porque estou ponderando se nós, às vezes, não estaríamos nos esquecendobest games apostasum fato desagradável na história da vida na Terra: a extinçãobest games apostasespécies sempre ocorreu.

Na verdade ela foi, com frequência, benéfica para nós.

Com certeza é melhor que não haja velociraptores (dinossauros carnívoros) ou felinos pré-históricos cruzando as ruas das nossas cidades. E imagine como seria tentar espantar um monstruoso inseto pré-histórico - por exemplo, um vagalume do tamanhobest games apostasum urubu -best games apostaspertobest games apostasvocê?

O debate sobre a extinçãobest games apostasespécies foi retomado recentementebest games apostasnegociações durante a Convenção sobre o Comércio Internacionalbest games apostasEspécies Ameaçadas da Fauna e Flora Selvagem (Cites)best games apostasBangcoc, na Tailândia - um tratado cujo objetivo é salvar espécies afetadas pelos efeitos devastadores do comércio.

A destruição do rinoceronte, do elefante, do tigre - a perseguição a essas e outras espécies foi denunciada entre os delegados que participavam do evento.

E ao ouvir os protestos, as campanhas e as estatísticas chocantes sobre o que está sendo perdido, muitos podem pensar, erroneamente, que extinções são um mal recente, inventado após a chegada da voraz e descuidada espécie humana.

Desde já, quero declarar que alguns dos mais terríveis exemplos são, sim, resultadobest games apostasatividades humanas, às vezes por ignorância, outras, por puro descaso.

Lei da Natureza

Mas se observarmos o passado lá atrás, veremos que extinçõesbest games apostasespécies vêm ocorrendo na natureza ao longo da história da Terra.

A mais famosa extinçãobest games apostasmassa no planeta foi a dos dinossauros. E foram identificadas outras quatro grandes extinções - uma delas, resultando no extermíniobest games apostasquase 90% das espécies.

Mas também existem as chamadas "extinçõesbest games apostasfundo" (do inglês background extinctions),best games apostasque espécies vão desaparecendo devagar, ao longo dos anos. Silenciosamente, criaturas vão perdendo a batalha para outras até deixarembest games apostasexistir. Essas perdas podem não ser espetaculares. Na verdade, são rotineiras.

Espécies duram,best games apostasmédia, alguns milhõesbest games apostasanos. Mamíferos se saem pior, sobrevivendo entre um e dois milhõesbest games apostasanos. Moluscos têm desempenho melhor - entre cinco e sete milhõesbest games apostasanos.

Alguns sobreviventes mais robustos - a tartarugabest games apostascouro é ótimo exemplobest games apostasdesign duradouro - conseguem sobreviver por dezenasbest games apostasmilhõesbest games apostasanos.

Mas a dura verdade é que, no mundo natural, nada é para sempre. Quase todas as formasbest games apostasvida que existiram no planeta até hoje morreram.

Vale fazermos uma pausa para assimilarmos o significado disso. Cercabest games apostas90% - ou até 99%, segundo algumas estimativas -best games apostastodas as espécies marinhas ou terrestresbest games apostasanimais ou plantas que passaram pela Terra esvaneceram-se.

Restos mortaisbest games apostasalgumas dessas espécies ficaram fossilizadas e foram pararbest games apostasprateleirasbest games apostasmuseus. Outros desapareceram sem deixar traços.

Vencedores e Perdedores?

Charles Darwin. WikimediaCommons
Legenda da foto, Para Darwin, a extinçãobest games apostasespécie é parte do processobest games apostasseleção natural

O biólogo inglês Charles Darwin escreveu sobre extinçõesbest games apostasseu influente livro A Origem das Espécies, onde o autor expôs a teoria da seleção natural e evolução das espécies.

Para Darwin, o surgimentobest games apostasnovas espécies, ganhando terreno sobre outras, mais antigas, é parte do processobest games apostasevolução. Ele certamente não chorou a morte dos "perdedores".

Então, na briga para preservar algumas espécies que desfrutambest games apostasgrande importância simbólica na nossa cultura, não seria talvez válido adotarmos uma atitude mais realistabest games apostasrelação à nossa habilidadebest games apostasintervir?

Não será verdade - por mais desconfortável que isso nos pareça - que não podemos salvar tudo?

Com certeza, as criaturas que têm maior chancebest games apostassobreviver são as mais "fofinhas", aquelas cuja aparência ou charme conquistaram o apoio dos homens. Ninguém vai brigar para salvar uma minhoca.

Por outro lado, será que deveríamos encarar a questãobest games apostasforma diferente quando as extinções ocorrem por nossa culpa? Ou, pior ainda, se as perdasbest games apostasespécies estão se acelerando por causabest games apostasnós? Por destruirmos habitats, por criarmos poluição ou por matarmos simplesmente todos os membrosbest games apostasuma determinada espécie?

Existe uma longa listabest games apostasanimais cujo desaparecimento se deve puramente a ações humanas.

Encontrei um deles nas Ilhas Galápagos alguns anos atrás. George Solitário, último sobreviventebest games apostasuma subespéciebest games apostastartarugas gigantes, era uma criatura desajeitada,best games apostasolhos tristes - e adorável.

Embest games apostasilha natal, as plantasbest games apostasque ele e outrosbest games apostassua espécie se alimentavam foram aos poucos exterminadas por cabras trazidas por marinheiros. Seus ovos, porbest games apostasvez, foram comidos por ratos trazidos nos grandes navios.

As próprias tartarugas costumavam ser levadas para as embarcações como alimento - uma provabest games apostasque atitudesbest games apostasrelação ao mundo natural tendem a se transformar com o passar do tempo e também variambest games apostasuma região para outra.

Para o moradorbest games apostasum vilarejo pobre na África, matar um elefante para extrair suas presas significa dinheiro fácil. Mas para os chineses, marfim e presasbest games apostasrinoceronte têm importância cultural e medicinal (mesmo que as supostas propriedades medicinais desses materiais não passembest games apostasmito).

Conservacionismo é um conceito relativamente novo. O marfim, por exemplo, foi no passado um importante artigobest games apostascomércio para o Império Britânico.

No entanto, ver um carregamento ilegalbest games apostasmarfim apreendido no aeroportobest games apostasBangcoc foi, para mim, uma experiência deprimente. O mau cheiro era intenso. Nas palavrasbest games apostasum oficial da alfândega tailandesa, o marfim "tinha cheirobest games apostasmorte".

Não Intencional

Dinoussauros. BBC
Legenda da foto, Extinçãobest games apostasdinossauros possibilitou a existência da espécie humana no planeta

Então quais são os argumentos para que lutemos contra a extinção? Um é puramente egoísta: razões econômicas.

Por exemplo, se pescarmos o último atum do planeta, milharesbest games apostastrabalhadores da indústria pesqueira ficarão sem empregos. Igualmente, se cada leão e cada elefante forem mortos, a indústria do turismo vai sofrer. Ou seja, a extinção pode custar caro.

Além disso, é possível que a eliminaçãobest games apostasalgumas espécies "chave" tenha consequências não intencionais. A perdabest games apostasuma planta ou animal na cadeia alimentar pode afetar toda uma redebest games apostasespécies das quais nós, humanos, dependemos mas ainda não nos demos conta disso.

Na Tailândia, ouvi alegaçõesbest games apostasque a diminuição no númerobest games apostastigres pode resultarbest games apostasum aumentobest games apostaspopulaçõesbest games apostasveados. Isso, porbest games apostasvez, resultariabest games apostasuma maior destruição na vegetação, afetando pássaros e macacos que vivem nas florestas.

Família

Outro argumento ébest games apostasnatureza moral. Como espécie mais poderosa do planeta, temos o deverbest games apostasnão obliterar outras, especialmente se isso acontece por pura faltabest games apostascuidado.

Em outras palavras, sentirmos responsabilidade pela sobrevivênciabest games apostasespécies mais fracas seria um indicadorbest games apostascivilização.

Um argumento final, que eu acho poderoso, é que somos a primeira espécie a adquirir o conhecimentobest games apostasque cada coisa viva tem,best games apostasseu âmago, seu DNA. Todos compartilhamos isso.

Talvez não gostemosbest games apostastudo o que existe - formigas, aranhas, caramujos e cobras - mas somos seus parentes. Em um certo sentido, somos todos da mesma família.