No Rio, refugiados africanos enfrentam pobreza, violência e preconceito:23 bet casino
23 bet casino Em meados do ano passado, o alfaiate Ben* se viu obrigado a deixar às pressas23 bet casinocasa, que ficava próxima à cidade23 bet casinoGoma, no leste da República Democrática do Congo. Rebeldes do movimento M23 invadiram a região e, na troca23 bet casinotiros com as tropas do governo,23 bet casinomulher foi baleada e morta. Para fugir, Ben atravessou a fronteira com Uganda e,23 bet casinolá, tomou um avião23 bet casinodireção ao Rio23 bet casinoJaneiro.
No Brasil há cerca23 bet casinoseis meses, Ben ganhou status23 bet casinorefugiado - o que permite que ele possa permanecer no país e ganhe assistência. Mesmo assim, ele continua tendo23 bet casinolidar com alguns problemas não muito diferentes daqueles que enfrentava no Congo.
"Eu moro no Rio Comprido (bairro da zona norte do Rio). Moro sozinho,23 bet casinouma favela. Escuto sempre barulho23 bet casinotiros" diz Ben, cujo verdadeiro nome, assim como os23 bet casinooutros refugiados, não será divulgado nesta reportagem para impedir23 bet casinoidentificação.
"A (vida na) favela é muito complicada, mas a gente tem que se acostumar. Eu tenho medo, o barulho23 bet casinotiros é complicado", disse o alfaiate23 bet casino39 anos durante uma aula23 bet casinoportuguês na sede da Cáritas Arquidiocesana do Rio23 bet casinoJaneiro, instituição católica que atua na assistência e acolhimento a refugiados23 bet casinoconvênio com o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) e o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão vinculado ao Ministério da Justiça.
Refugiados
O cenário enfrentado por Ben não é muito diferente daquele vivido por outros que chegam ao Brasil23 bet casinobusca23 bet casinorefúgio, a maior parte23 bet casinoorigem africana.
Sem dinheiro, sem conhecidos e com grandes dificuldades para conseguir trabalho, a grande maioria é obrigada a sobreviver com a ajuda23 bet casinoR$ 300 mensais fornecida pela Cáritas, que nem sempre chega a tempo e muitas vezes não é suficiente para pagar o aluguel23 bet casinoum quarto ou quitinete23 bet casinocomunidades carentes ou cortiços no centro da cidade.
A situação é dramática no caso dos congoleses, que depois dos colombianos formam a maior comunidade23 bet casinorefugiados do Rio23 bet casinoJaneiro, segundo a Cáritas.
De acordo com a instituição,23 bet casinodezembro do ano passado, 398 congoleses refugiados ou solicitantes23 bet casinorefúgio viviam no Rio. Esta é a maior comunidade23 bet casinorefugiados africanos no Estado desde a suspensão dos refúgios a angolanos,23 bet casinooutubro do ano passado, devido à melhora nas condições do país.
Rua
Falando apenas francês e línguas locais e com grandes dificuldades para aprender português, o primeiro grande desafio dos refugiados congoleses que desembarcam no Rio é encontrar moradia. "Eles não têm onde morar, não conhecem nada. Para você conseguir um abrigo para essa pessoa na rede da prefeitura, é uma missão impossível. Se estamos perto do Carnaval ou23 bet casinoalgum grande evento, não conseguimos", diz Fabrício Toledo23 bet casinoSouza, advogado da Cáritas, para onde os refugiados costumam ser encaminhados após chegarem ao Brasil por portos ou aeroportos.
Sem lugar para ficar, alguns são obrigados a passar algumas23 bet casinosuas primeiras noites no Rio dormindo na rua. "Foi um longo caminho para chegar aqui, uma pessoa me ajudou, fizeram documentos falsos", diz a congolesa Camille*,23 bet casino31 anos, que chegou ao Brasil grávida e com dois filhos pequenos.
"Mas, depois que cheguei, a pessoa me deixou na rua com as crianças e foi embora. Tive que dormir na rua no primeiro dia", diz Camille, que atualmente mora no Jardim Gramacho,23 bet casinoDuque23 bet casinoCaxias, um dos redutos dos congoleses no Rio junto com favelas no bairro23 bet casinoBrás23 bet casinoPina, na zona norte.
"Não tenho ninguém para me ajudar aqui, estou sozinha. Se não fossem os vizinhos, não sei como seria minha vida. O dinheiro (que ganho na Cáritas) só dá pra pagar o aluguel da casa".
Assim como todos os congoleses entrevistados pela BBC Brasil, Camille não pensa23 bet casinovoltar para seu país, temendo pela segurança dela e seus filhos. Mesmo assim, ela diz que as dificuldades que vem encontrando para viver no Brasil a surpreenderam.
"Estou triste, minha filha está sem tomar leite, os outros estão com fome. Eu não tinha ideia que no Brasil ia encontrar coisas assim, não imaginava que um dia fosse dormir com fome no Brasil".
Preconceito
Depois23 bet casinoser perseguido e preso por suas atividades políticas no Congo, o engenheiro elétrico Pierre* se viu obrigado a deixar tudo e fugir da capital Kinshasa. Como grande parte dos congoleses que aqui vivem, o Brasil não estava entre suas primeiras opções23 bet casinorefúgio, mas circunstâncias e coincidências fizeram com que desembarcassem no Rio há cerca23 bet casinocinco meses.
Enquanto espera que seu pedido23 bet casinorefúgio seja aprovado pelo Conare, Pierre segue procurando algo com que trabalhar, enquanto se sustenta com a ajuda da Cáritas. Sem conseguir pagar aluguel, desde dezembro ele dorme23 bet casinofavor23 bet casinoum depósito23 bet casinouma igreja evangélica no Jardim Gramacho.
"Aqui não há consideração pelos refugiados, se você pede um emprego23 bet casinoqualquer lugar e apresenta os documentos que mostram que você é refugiado, eles não deixam trabalhar", diz Pierre, que reclama do desconhecimento a respeito da situação dos refugiados no Brasil.
"O brasileiro pensa que o refugiado é um homem que matou (alguém) no país dele e fugiu para cá, mas não é. O refugiado é uma pessoa que estava sofrendo na terra dele e fugiu para viver uma nova vida".
Racismo
Boa parte dos refugiados acaba atuando como camelôs e23 bet casinooutros setores da economia informal. Outros, depois23 bet casinoalgum tempo23 bet casinoadaptação, obtêm colocações mais estáveis.
Depois23 bet casinodois anos procurando trabalho, o congolês Carlos* conseguiu um emprego como mensageiro23 bet casinoum hotel23 bet casinoCopacabana. Ele ainda atua como voluntário na Cáritas, dando aulas23 bet casinoportuguês para recém-chegados.
Em um português perfeito, entre elogios à receptividade do povo e à cultura e clima do Brasil, Carlos, no entanto, relata ter descoberto um traço pouco positivo da cultura brasileira: o racismo.
"Tem uma boa parte da população que luta contra isso, mas dizer que não há racismo não é verdade, existe racismo aqui", diz Carlos, que afirma ter se sentido discriminado23 bet casinovárias situações não pelo fato23 bet casinoser refugiado, mas por ser negro.
"Mas pessoalmente, é muito difícil ter certeza (se houve preconceito23 bet casinoalgumas situações). Algumas pessoas fazem isso com inteligência, para não parecerem racistas, é difícil saber se elas realmente foram preconceituosas".
Assistência
Responsável pela assistência aos refugiados no Rio23 bet casinoJaneiro, a Cáritas Arquidiocesana recebe recursos do Acnur (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados) e do Conare, órgão vinculado ao Ministério da Justiça.
Por meio23 bet casinouma nota, a Cáritas afirmou que as reclamações apresentadas pelos refugiados são legítimas. "A Cáritas sabe que toda a ajuda que eles recebem é pequena. É preciso fazer muito mais e, além disso, sensibilizar a sociedade, as autoridades e o governo para que acolham adequadamente essa população".
Ainda23 bet casinoacordo com a Cáritas, "a ajuda financeira23 bet casinoR$ 300,00 que alguns solicitantes e refugiados recebem é uma ajuda humanitária, para apoio emergencial, temporário e limitado. (...) por uma questão23 bet casinolimite orçamentário, não pode ser disponibilizada a todos os solicitantes e refugiados e nem pode ser distribuída por tempo indeterminado".
Em entrevista à BBC Brasil, o porta-voz do Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho, afirmou que a entidade reconhece que os recursos direcionados à assistência aos refugiados "não são suficientes", mas que atua dentro23 bet casinosua capacidade máxima.
Segundo ele, no médio prazo, serão estudados meios para promover uma maior participação23 bet casinodoações do setor privado na assistência aos refugiados.
Já o Ministério da Justiça, por meio23 bet casinosua assessoria23 bet casinoimprensa, afirmou que23 bet casino2012 o Conare repassou R$ 1,2 milhão para auxílio23 bet casinoalimentação e moradia às Cáritas Arquidiocesanas23 bet casinoSão Paulo e do Rio23 bet casinoJaneiro e ao Instituto23 bet casinoMigrações e Direitos Humanos. De acordo com o ministério, o montante é o dobro do destinado a essas organizações23 bet casino2011.
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