Pára excrever mau:sinais aviator f12bet
Escrever é botar (nunca “colocar”) uma palavra depois da outra. Disso sabemos. Mas há outros mandamentos que fogem a um rigor específico. Arrumar um bom contador, abster-se do sexo e do uso indevido dos símiles, são três coisas que já vi dando sopa por aí. Por hoje, limito-me a mais ou menos catar e adaptar alguns dos dez mandamentossinais aviator f12betElmore Leonard, escritor bastante publicado no Brasil, onde – e espero que ele não saiba disso – deu o azarsinais aviator f12better romance traduzido como "Freaky Deaky, A Dança Frenética". A uma versão Reader´s Digest, pois, das tábuas da leisinais aviator f12betElmore Leonard.
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Nunca começar um livro descrevendo o tempo. O leitor tende a passar por cimasinais aviator f12betbuscasinais aviator f12betgente. Evitar prólogos: eles dão nos nervos, principalmente quando vêm após uma introdução que se segue a um prefácio. John Steinbeck escreveu um prólogo para seu Doce Quinta-feira, mas aí tudo bem, uma vez que uma personagem do livro deixa claro que gostasinais aviator f12betmuita conversa nos livros que lê e odeia que lhe digam como é o homem ou a mulher que está falando, já que prefere ver como é que as pessoas são pelo modo como falam.
Nunca usar outro verbo que não seja “disse” para levar adiante um diálogo. Diálogo é a personalidade do personagem, verbo é o escritor se metendo no papo. Nadasinais aviator f12bet“exclamou”, “interveio”, “murmurou” esinais aviator f12betespecial “obtemperou”. Nunca usar advérbio para modificar o verbo “disse”. Assim usado, advérbio é pecado mortal.
(Numsinais aviator f12betseus romances, Elmore Leonard bota na bocasinais aviator f12betum personagem a frasesinais aviator f12betque determinada senhora costumava escrever romances históricos cheiossinais aviator f12bet“estupros e advérbios”.)
Continuando: nunca usar “de repente” ou o equivalente a “e aí foi um Deus nos acuda”. Limite-se a contar. Tomar o maior cuidado com o empregosinais aviator f12betdialetos regionalistas. Evite descrever personagens. No conto Elefantes Como Colinas Brancas, Hemingway não vai alémsinais aviator f12betadiantar que a mulher usava chapéu. Só. Nenhuma descrição físicasinais aviator f12betninguém. (O conto, que é só diálogo, entre um homem e uma mulher, tem ainda algo extraordinário que Elmore Leonard não menciona. A uma certa altura, a mulher pede para que o homem se cale. No original, são sete please sem vírgulas. Uma firula antológica datadasinais aviator f12bet1927.) Uma descrição pode impedir o fluxosinais aviator f12betuma narrativa, paralisar a ação.
Os pontossinais aviator f12betexclamação devem ser controlados ao extremo. Um escritor tem direito a apenas dois ou três a cada 100 mil palavrassinais aviator f12betprosa. A não ser que você seja o Tom Wolfe e tenha perfeito comando dessa pontuação.
E, por fim, uma coisinha importante: tentar deixarsinais aviator f12betfora as partes que os leitores pulam. Basta pensar no que você passa por cima quando lê um romance: aqueles parágrafos estourandosinais aviator f12bettanta prosa (atenção, José Saramago!).
Elmore Leonard diz quesinais aviator f12betregra mais importante é uma que resume todas dez: se soa a coisa escrita, ele vai e reescreve tudo.