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O que o Alcorão diz sobre a homossexualidade e por que ela é punida no mundo muçulmano:jogos sem flash
Pode-se dizer que a repressão contra membros da comunidade LGBTQIA+ é maior hoje no mundo islâmico do que nas sociedadesjogos sem flashtradição cristã, budista, hindu, confuciana ou judaica.
Seus líderes espirituais, dos aiatolás iranianos ao Grande Mufti saudita, consideram a homossexualidade um crime que contraria as normas do Islã e deve ser severamente punido.
Mas é isso que afirmam o Alcorão e outros textos sagrados da religião muçulmana?
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que "o Alcorão não é um livrojogos sem flashleis taxativo, mas um conjuntojogos sem flashtextos que se prestam à interpretação", explica Susana Mangana, diretora da cátedrajogos sem flashIslã e mundo árabe da Universidade Católica do Uruguai,jogos sem flashMontevidéu, à BBC News Mundo, o serviçojogos sem flashnotíciasjogos sem flashespanhol da BBC.
De fato, no livro sagrado dos muçulmanos só encontramos referências claras a relacionamentos entre pessoas do mesmo sexojogos sem flashum episódio específico.
Trata-se da destruiçãojogos sem flashSodoma e Gomorra, história semelhante à contada no Antigo Testamento da Bíblia.
Quando o profeta Lot recebe dois mensageiros enviados por Alá (Deus), os sodomitas lhe solicitam que possam fazer sexo com eles. Ele lhes responde:
"Vocês cometem uma atrocidade que nenhuma criatura cometeu antes? Na verdade, por luxúria, vocês procuram homensjogos sem flashvezjogos sem flashmulheres. Sim, vocês são um povo desmedido!" .
Deste capítulo protagonizado por Lot, nasceu o termo luti, que é como os homossexuais são chamadosjogos sem flashárabe.
Apesar desta ejogos sem flashoutras alusões no mesmo episódio, o Alcorão "é ambíguo, não fala diretamente sobre a homossexualidade ou sobre o castigo que os homossexuais devem sofrer", segundo Mangana.
"Se a questão da homossexualidade tivesse sido abordada claramente pelo Alcorão, não haveria debate, porque se está no Alcorão não pode ser negado. Um muçulmano não pode ir contra o próprio livro sagrado", afirma a acadêmica.
Em todo caso, o Alcorão, que para os crentes contém a mensagem divinajogos sem flashAlá, é a principal fonte do Islã, mas não a única.
Há também a sunna, que é um conjuntojogos sem flashtextos ou hadiths, como são chamados os ditos ou feitosjogos sem flashMaomé tradicionalmente transmitidos, assim como o yymá (consenso da comunidade) e os qiyas (interpretação analógica dos ensinamentos sagrados).
Fiqh, derivadojogos sem flashtodos eles, é a jurisprudência "humana" criada a partir do entendimento da lei islâmica "divina" (ou sharia) revelada pelas duas primeiras fontes — o alcorão e a sunna.
A sunna
"Na sunna , a segunda fonte da legislação islâmica, a homossexualidade é comparada ao adultério. É um crime chamado hadd e costuma ser punido com penajogos sem flashmorte, nos casos mais graves, ou açoitamento", diz o historiador italiano Gerardo Ferrara, um dos maiores especialistas europeusjogos sem flashOriente Médio e Islã, à BBC News Mundo.
Em alguns hadiths da sunna,jogos sem flashfato, há referências mais diretas a relações sexuais entre dois homens.
"Se um homem que não é casado for flagrado cometendo sodomia (coito anal), ele será apedrejado até a morte", diz um desses escritos no Sunan Abu Dawud, um dos seis livros do Kutub al-Sittah, as seis principais coleçõesjogos sem flashhadith do Islã sunita.
No entanto, no mundo islâmico há um debate permanente sobre a veracidade dos textos sagrados, e alguns especialistas dizem que os hadiths que prescrevem punições severas contra a homossexualidade não são autênticos.
Por exemplo, Mohamed el Moctar el Shinqiti, diretor do Centro Islâmicojogos sem flashSouth Plains, no Estado americano do Texas (EUA), afirma que "não há hadiths autênticos do Profeta apontando para a puniçãojogos sem flashhomossexuais" nem há qualquer informaçãojogos sem flashque Maomé puniu alguém por ter relações com outra pessoa do mesmo sexo.
Em todo o caso, não se pode falarjogos sem flashuma posição unitária do Islã, que, como outras religiões, engloba muitos ramos e credos diferentes, com visões ultraconservadoras como as do wahhabismo ou dos salafistas, e outras mais liberais como as que prevalecemjogos sem flashalguns países muçulmanos, europeus e do leste asiático.
"Quando a gente analisa os textos sagrados sempre vai ter um jurista que os interpretajogos sem flashuma forma: quem quiser banir a homossexualidade vai buscar a interpretação mais severa, e quem quiser defender os direitos LGBTQIA+ no mundo muçulmano vai tentar refutar isso", diz Susana Mangana.
Outros textos sagrados islâmicos, curiosamente, aludem ao desejo sexual entre dois homens.
"Existem poetas, cientistas e teólogos do Islã que dizem que o homem que não tem desejo sexual por adolescentes não é homem", diz Ferrara.
E indica que,jogos sem flashoutro dos hadiths da sunnah, "o próprio Maomé recomenda ao homem não se deixar levar pelos desejos por outro homem, que são possíveis principalmente se o outro homem for jovem, e se concentrarjogos sem flashuma mulher".
Sharia
Do Alcorão e do hadith, juntamente com a contribuiçãojogos sem flashestudiosos islâmicos e do consenso da comunidade, deriva-se a sharia, que significa literalmente "caminho trilhado" ou "caminho que leva à fonte".
"Por extensão, entende-se como o caminho que leva à paz , poisjogos sem flashárabe 'paz', que é salam, e 'submissão', que é islã, têm a mesma raiz, ou seja, que você pode viverjogos sem flashpaz se você está disposto a se submeter a esta lei", explica Ferrara.
A sharia é o código que rege todos os aspectos da vidajogos sem flashum muçulmano: como ele deve viver e se comportar, assim como os pecados que não deve cometer,jogos sem flashgravidade e como devem ser punidos.
A maioria dos países muçulmanos incorpora alguns aspectos da shariajogos sem flashsuas leis (por exemplo, quase todos eles punem a apostasia — renúncia da fé — com prisão ou penajogos sem flashmorte) e outros, os menos numerosos, aplicam-na quase ao pé da letrajogos sem flashseus tribunais, como a Arábia Saudita e o Irã.
E como a sharia aborda a homossexualidade?
"Mesmo na sharia não está dito que homossexualidade é adultério, mas por extensão tem sido interpretado que ter uma relação homossexual fora do casamento é crime e, portanto, qualquer ato homossexual é crime", diz Ferrara.
E não é um crime menor: o adultério ou zina, considerado um hadd, é punido com penas que vãojogos sem flashalgumas chicotadas ou chibatadas até a morte por apedrejamento, conforme a gravidade do ato.
Isso joga contra as pessoas LGBTQIA+: se o adultério consistirjogos sem flashuma relação homossexual, os juízes dos países islâmicos mais radicais tenderão a considerá-lo mais grave e aplicarão as sanções mais severas, inclusive a morte.
Para dar a sentençajogos sem flashmorte a uma pessoa que teve relações sexuais ilícitas, a sharia exige os argumentosjogos sem flashquatro testemunhas do sexo masculino ou oito do sexo feminino.
"É comum no Irã ou na Arábia Saudita que gruposjogos sem flashpoliciais se infiltremjogos sem flashcasas onde se acredita que está sendo cometido um ato homossexual para testemunhar e assim enviar os envolvidos à morte", explica o acadêmico italiano.
"Se o homem for casado, ele é mais culpado e deve ser morto. Se não for casado, pode ser açoitado ou preso."
Masjogos sem flashpaíses onde a sharia é aplicada com mais rigor, como o Irã ou a Arábia Saudita, "a maioria das pessoas condenadas à morte não é casada e,jogos sem flashmuitos casos, se tratajogos sem flashhomens jovens", diz ele.
O especialista italiano também aponta que, no passado, a homossexualidade era relativamente tolerada nas sociedades muçulmanas.
"Sempre houve uma porcentagem muito altajogos sem flashrelacionamentos homossexuais, assim como com menores, no Islã. Antropologicamente, isso pode ser atribuído ao fatojogos sem flashque, como há uma separação muito rígida entre homens e mulheres, é mais fácil desabafar seus desejos com outro homem", assinala.
Mangana, porjogos sem flashvez, aponta que a hostilidadejogos sem flashgrande parte do mundo islâmicojogos sem flashrelação a pessoas com diversas orientações sexuais é algo relativamente recente.
"O Islã tolerou a homossexualidade até o século 20, quando, como uma rejeição do que eles consideravam a moralidade corrompida da sociedade ocidental, começaram a falar muito mais contra ela", conclui.
- Este texto foi publicadojogos sem flashhttp://vesser.net/internacional-63934941
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