A realidade por trás da imagem do lago verde da Guatemala que ganhou o 'Oscarfreebet cassinofotografia da vida selvagem':freebet cassino
O Amatitlán é um lago emblemático que está localizado perto da cidade natal do fotógrafo, a Cidade da Guatemala.
A imagem mostra como uma microalga, que cresce descontroladamente no lago devido à poluição, tinge a águafreebet cassinoum verde fosforescente e espectral durante os meses mais quentes do ano.
"O que faz essa imagem funcionar é o elemento surpresa", disse Jen Guyton, fotógrafa da revista National Geographic e jurada do concurso.
"À primeira vista, a parte direita da imagem parece ser um gramado", acrescenta, "mas depois você percebe que é água e imediatamente entende que há algo seriamente errado com esta foto: é um ecossistema danificado e algo precisa ser feito para corrigi-lo."
Mas por que um dos lagos mais importantes da Guatemala chegou nesse estado e o que está sendo feito para a melhorar a situação?
Algas microcystis
O lago Amatitlán é abastecido pelo rio Villalobos, que recebe as águasfreebet cassinooutros afluentes menores que nascem nas colinas ocidentais da Cidade da Guatemala.
A água que esses rios menores despejam no Villalobos - e que posteriormente vai para o lago Amatitlán - contém resíduos sólidos e o esgotofreebet cassinopelo menos 14 municípios da região metropolitana da capital da Guatemala.
De todas as cidades da região, apenas uma delas trata o esgoto que vai para o rio, explica Evelyn Rodas, diretora científica da ONG Ibagua, fundação que busca soluções para a poluição do lago.
"A urina tem ureia, a ureia tem nitrogênio. O mesmo acontece com a matéria fecal que não se decompõe: gera nitrogênio. E, junto com o fósforo dos detergentes, são os nutrientes que alimentam a microcystis", diz.
Segundo Rodas, cada uma dessas algas microscópicas é um célula individual. Ela tem uma cor verde-azulada, alémfreebet cassinoemitir toxinas que eliminam outros tiposfreebet cassinoalgas que poderiam limpar a água.
"Além disso, sendo fotossintético, durante a noite o microcystis absorve o oxigênio que está na água e mata todos os peixes."
Esse processo leva a uma morte generalizada no lago Amatitlán - incluindo a da própria microcystis - o que, porfreebet cassinovez, gera sedimentação, reduzindo a profundidade do corpo d'águafreebet cassinomaneira bastante rápida.
Como se não bastasse, e entendendo o importante papel que o nitrogênio desempenhafreebet cassinotodo esse processo, Evelyn Rodas conta que existem cercafreebet cassino40 indústrias que despejam resíduos no lago.
"O que (as autoridades) fazem é monitorar a água e, se os níveisfreebet cassinonitrogênio no lago ficarem acima do normal, as empresas pagam uma multa."
Um lago divididofreebet cassinodois
O lago Amatitlán também possui uma peculiaridade topográfica.
"O lago é divididofreebet cassinodois", explica Manolo Ralda, diretor da ONG LocosXAmati, iniciativafreebet cassinoum empresário local.
"Em meadosfreebet cassino1800, foi construída a ferrovia guatemalteca. Como não havia tecnologia nem dinheiro para construir uma ponte que cruzasse a parte mais estreita do lago, construíram uma barragem e deixaram uma ligação por um canalfreebet cassinoseis metrosfreebet cassinolargura", diz.
Isso mantém a maior parte da contaminação isolada na parte norte do lago.
"Essa margem do lago [o lado sul] não tem grandes populações que o contaminam com fezes. Não há indústria. O que temos são fazendas, canaviais e cafezais no entorno", explica Ralda.
Mas Evelyn Rodas ressalta que o nitrogênio também chega à parte do sul do lago na formafreebet cassinopesticidas, quando a chuva escorre pelas plantações.
Ainda assim, a distribuição do lago é um simbolismo inusitado da iniquidade que o país vive: enquanto na parte sul há atividades esportivas, pesca e casasfreebet cassinoveraneiofreebet cassinoalgumas famílias abastadas da cidade, no norte, a população mais pobre sofre com o cheiro ruim, problemasfreebet cassinopele e efeitos econômicos da poluição.
Responsabilidade incerta
Mynor Morales, prefeitofreebet cassinoSan Miguel Petapa, um dos municípios às margens do lago, disse que se lembrafreebet cassinoquando ele era "um lugar com clubefreebet cassinopesca" que hoje está "encolhendo".
Com a industrialização da área metropolitana da Cidade da Guatemala, o rio e o lago se tornaram o lixão dos maisfreebet cassino5 milhõesfreebet cassinohabitantes que hoje vivem na área.
No final dos anos 1990, quando o fotógrafo Daniel Núñez nasceu, o lago já estava completamente poluído.
Em 2006, foi aprovada uma lei que visava controlar os níveisfreebet cassinonitrogênio na água, mas, desde então, os municípios do entorno pediram às autoridades uma prorrogação do prazo das sanções.
Eles alegam que não têm orçamento para construir as estaçõesfreebet cassinotratamentofreebet cassinoágua exigidas pela lei.
Já Héctor Zambrano, diretor da autoridade ambiental para a bacia e lago Amatitlán, afirma que o orçamento para despoluição existe há quase 15 anos, desde a primeira vezfreebet cassinoque ocupou o cargo.
Segundo Zambrano, a questão não é que não haja dinheiro para as estaçõesfreebet cassinotratamento, mas sim que as administrações locais utilizam a verba para outros tiposfreebet cassinoprojetos.
"Se você vai ver os projetos que eles estão priorizando, são estádios para jogar futebol e parques", diz Zambrano.
Segundo a BBC News Mundo apurou, a legislação hídrica exige que até 2031, 100% das águas residuais que chegam ao rio Villalobos sejam previamente tratadas.
O que não está claro é se o lago vai sobreviver até lá.
Uma luz no fim do túnel?
Evelyn Rodas diz que se o processofreebet cassinosedimentação do Amatitlán continuar no ritmo atual, o lago pode virar um pântanofreebet cassinomenosfreebet cassino20 anos.
Além disso, ela diz que as tecnologias utilizadas para a despoluição são ultrapassadas e demoradas.
Por isso, depoisfreebet cassinoconversar com especialistasfreebet cassinotodo o mundo, ela acredita ter chegado a uma solução que acabafreebet cassinoser reconhecida com o prêmio nacionalfreebet cassinoinovaçãofreebet cassinofavor da saúde, concedido pela Secretaria Nacionalfreebet cassinoCiência e Tecnologia da Guatemala.
A alternativa se chama "nanobolha", tecnologia que Rodas vem promovendo há oito meses depoisfreebet cassinodescobrir seus excelentes resultados no Japão.
"O aparelho gera bolhas ultramicroscópicas com oxigênio puro -100 vezes menor que as microalgas - e rompe a membrana celular", explica.
Rodas espera que, se várias dessas máquinas geradorasfreebet cassinonanobolhas forem instaladas no lago e na foz do rio Villalobos, o lago pode começar a se recuperarfreebet cassinoalgumas semanas.
A especialista vai apresentar novamente seu projeto às autoridades ambientais do país para receber o financiamento necessário para implantação do equipamento.
freebet cassino Quem continua na freebet cassino luta
De onde vem a paixão dos guatemaltecos que buscam salvar o Lago Amatitlán?
"Eu choro toda vez que me lembro por que estou fazendo isso", diz Rodas, entre soluços. Ela dedicou os últimos sete anosfreebet cassinovida a encontrar soluções para a poluição do Amatitlán.
"Em todo o monitoramento do lagofreebet cassinoque estive, vi crianças tomando banho naquelas águas sujas. E lavando a louça, pescando peixesfreebet cassinominiatura e comendo aquilo", conta.
"É realmente muito triste e não sei como alguém pode aguentar isso", enfatiza Rodas.
Da mesma forma, Manolo Ralda, do LocosXAmati, diz que limpar o lago pode representar algo muito maior do que uma vitória ambiental: "Salvar o lago pode se tornar um símbolo para os guatemaltecosfreebet cassinoque tudo pode ser alcançado".
E para Daniel, o fotógrafo premiado pela foto do lago, dar visibilidade aos problemas do Amatitlán é um grande motivofreebet cassinoorgulho: "A fotografia tem esse poder. Imagine que pessoasfreebet cassinooutras partes do mundo foram impactadas pela contaminação do lago", diz.
"Acho muito importante porque estamos vendo os efeitos que os seres humanos estão causando (no meio ambiente). Talvez faça com que as instituições do meu país acelerarem os processos", afirma.
Não há dúvidafreebet cassinoque a questão já está unindo alguns guatemaltecos que veem o lago Amatitlán como um símbolofreebet cassinouma luta que deve ser travada no país.
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