Covid: Animaisblaze betestimação podem pegar e transmitir o coronavírus?:blaze bet
A BBC News Brasil ouviu especialistas para entender os potenciais riscos da covid entre os pets — e se existe algo que pode ser feito para protegê-los.
O caso da Tailândia
O episódio aconteceublaze betagostoblaze bet2021 na cidadeblaze betBangcoc, capital da Tailândia. O relatório completo sobre o caso foi publicado no finalblaze betjunho deste ano no periódico científico especializado Emerging Infectious Diseases.
Um pai e um filho, cujas identidades foram preservadas, receberam diagnóstico positivo para covid e, seguindo a recomendação local, foram transferidos para uma unidadeblaze betisolamento na cidadeblaze betSongkhla, localizada no sul do país.
Na mudança temporária, eles levaram um gato, que ficou no mesmo quarto deles por alguns dias.
Depois, o animal foi transferido para um hospital veterinário, onde passou por uma avaliação e alguns exames, que depois comprovaram que o bichano também estava com covid.
Durante a consulta, na horablaze betque a veterinária passou o swab (haste flexível) no nariz do gato, ele espirrou.
A profissional usava máscara e luvas, mas estava com os olhos desprotegidos — e foi provavelmente nesse momento que a transmissão do coronavírus para ela aconteceu.
Três dias após a consulta, a veterinária estava com febre, tosse e espirros. Um teste confirmou o diagnósticoblaze betcovid nela também.
Mas como os cientistas sabem que o patógeno veio mesmo do gato? Ao analisar o histórico da paciente, eles viram que nenhum contato próximo dela estava com covid naqueles dias (o que diminui a probabilidadeblaze beta infecção ter ocorrido a partirblaze betoutro indivíduo).
Para completar, os autores do trabalho realizaram análises genéticasblaze betamostras colhidas do pai, do filho, da veterinária e do gato. Todos apresentavam a mesma variante do vírus, com sequências genéticas idênticas. Isso, porblaze betvez, reforçou a possibilidadeblaze beta transmissão ter acontecido por meio do gato.
Um 'retorno' à natureza?
A história do gato na Tailândia está longeblaze betser única.
Ao longo dos últimos dois anos, cientistasblaze betvárias partes do mundo descreveram outros episódiosblaze betanimais que também se infectaram com o coronavírus e até desenvolveram alguns sintomas.
Foi o casoblaze betdiversas espécies que vivemblaze betzoológicos e santuários, como leões, tigres, leopardos, lontras, gorilas, hienas, quatis, hipopótamos e até peixes-boi.
O Sars-CoV-2, coronavírus responsável pela pandemia atual, também foi encontradoblaze betbichosblaze betestimação, como gatos, cachorros, hamsters e furões.
Muito provavelmente, todos esses animais tiveram contato com cuidadores e tutores que estavam com covid.
Algumas espécies, porém, não apenas se infectaram, como também há evidênciasblaze betque tenham transmitido o patógenoblaze betvolta para outros seres humanos.
Por ora, são quatro os episódios que se encaixam nessa categoria: os visons (ou minks, animais usados pela indústriablaze betcasacosblaze betpele) na Europa, os hamstersblaze betHong Kong, os veadosblaze betcauda branca no Canadá e, mais recentemente, o gato na Tailândia.
Esse fenômeno é descrito entre os especialistas com o termo spillback (algo como "retorno",blaze bettradução livre para o português).
Ele é um processo contrário ao spillover (algo como "transbordamento"), que acontece quando um patógeno que circula numa espécie passa a afetar algumas outras.
O spillover foi o que provavelmente aconteceu com o Sars-CoV-2: a tese mais aceita é ablaze betque ele infectava apenas morcegos no Sudeste Asiático quando sofreu uma sérieblaze betmutações genéticas que permitiram que ele "pulasse", ou "transbordasse", para seres humanos e começasse a ser transmitidoblaze betpessoa para pessoa.
"Cercablaze bet75% das doenças infecciosas que nos afetam surgiram a partirblaze betoutros animais. Os vírus, bactérias, fungos e protozoários estão lá, no hospedeiro natural, como um animal silvestre, sofrem mutações e adquirem uma afinidade por um novo hospedeiro", detalha a bióloga molecular Ana Gorini da Veiga, professora da Universidade Federalblaze betCiências da Saúdeblaze betPorto Alegre (UFCSPA).
A pesquisadora lembra que essa não foi a primeira vez que um coronavírus "pula" para os seres humanos nas últimas duas décadas. Em 2002, o Sars-CoV passou por morcegos e civetas até chegar a nós. Jáblaze bet2011, o Mers-CoV, antes restrito a morcegos, camelos e dromedários, ganhou a habilidadeblaze betcircular entre as pessoas.
Em paralelo ao spillover, o spillback também aconteceu com o causador da covid, o Sars-CoV-2: várias espéciesblaze betanimais, que antes não eram afetadas por esse patógeno, também começaram a ser infectadasblaze bet2020 para cá.
Devo me preocupar?
Apesar dos casos documentados, os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil entendem que a infecção pelo Sars-CoV-2 é muito rarablaze betoutros animais.
"Por mais que exista a possibilidadeblaze betinfecção e ela não seja nenhuma surpresa para nós, a afinidade deste coronavírus com as demais espécies é muito pequena", esclarece o virologista Paulo Eduardo Brandão, da Faculdadeblaze betMedicina Veterinária e Zootecnia da Universidadeblaze betSão Paulo.
E nada indica que o patógeno esteja evoluindo para infectar com mais voracidade outros seres além dos próprios humanos.
"O Sars-CoV-2 é um vírus muito seletivoblaze bettermosblaze bethospedeiro. E a chegada das novas variantes mostra que ele está ficando cada vez mais especializadoblaze betnos infectar", analisa o cientista.
"Portanto, pelo que sabemos até agora, os animais não têm nenhuma importância na transmissão deste patógeno e raramente desenvolvem sintomas", completa.
Algumas precauções básicas
Uma pessoa que está com covid e precisa se isolarblaze betcasa deve tomar algum cuidado especial com os animaisblaze betestimação?
Os especialistas orientam manter um certo distanciamento do bicho, caso seja possível.
"Muitas vezes, durante a quarentena, o animal é uma ótima companhia. Porém, se você for ficar no mesmo ambiente, vale manter um distanciamento, usar máscara e reforçar os cuidadosblaze bethigiene", orienta Gorini.
Brandão reforça que, se não tiver jeitoblaze betrestringir o contato, manter o convívio com o pet não vai representar uma grande ameaça. "Não podemos repetir o que aconteceublaze bet2020, quando vários animais foram abandonados por seus tutores", diz.
"Ou seja: se você puder se isolar e outra pessoa cuidar do animal, melhor. Mas se você mora sozinho ou não tem com quem deixar, pode manter a rotina dentroblaze betcasa", resume.
O Centroblaze betControle e Prevençãoblaze betDoenças (CDC) dos Estados Unidos orienta que não se deve colocar máscaras nos animais — isso pode até causar algum mal à saúde deles.
Também não há necessidadeblaze betpassar álcoolblaze betgel, desinfetante ou outros produtosblaze betlimpeza nas patas, no pelo ou na pele dos bichinhos.
Por fim, vale sempre conversar com o veterinário se o seu animalblaze betestimação apresentar algum sinal atípico, abandonar a rotina, sentir-se prostrado e pararblaze betcomer, beber água ou fazer cocô e xixi.
Esses sintomas podem significar que ele está com alguma doença — e o diagnóstico precoce permite iniciar o tratamento com rapidez.
- Texto originalmente publicadoblaze bethttp://vesser.net/internacional-62225094
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