Toquerecolher na Colômbia desafia tentativadar fim a organização criminosa:
Em 5maio, a AGC fez circular um panfleto no qual decretou "4 diasparalisação armada", não sendo possível "abrir negóciosqualquer natureza" e "se movimentar atravésqualquer tipotransporte". Aqueles que descumprissem as ordens passariam por "consequências desfavoráveis".
Pelo menos 74 comunidades11 Departamentos (Estados) ficaram confinadas, quase 200 veículos foram queimados e pelo menos oito pessoas foram mortas — algumas por descumprimento das ordens do grupo criminoso e outrasconfrontos com forças policiais.
Na segunda-feira (9/5), um suposto comunicado da AGC anunciou o fim do toquerecolher. Depois, outra suposta comunicação do grupo desmentiu a anterior. Ainda não se sabe com precisão se as atividades nestes locais voltaram à normalidade.
Duque, porvez, viajou a Urabá, berço do grupo criminoso, para visitar empresas e anunciar novas extradições e ofensivas contra lideranças do Clã. Ele anunciou que 300 prisões já haviam sido feitas e que 60 toneladascocaína foram apreendidas.
Poder da organização criminosa é amplo e ramificado, explicam especialistas
Mas a Fundação Ideias para a Paz (FIP), dedicada aos estudos sobre a violência no país, afirmouum relatório que a posição do governoque a capturaOtoniel constituiria o fim da AGC é "apressada e distante da realidade".
De acordo com a fundação, a AGC mantém seu poder sem Otoniel por quatro motivos: a organização criminosa continua controlando parteUrabá; não perdeu conflitos por território ou renda com outros grupos armados; expandiu-se para regiões distantesseu território núcleo; e consolidou uma estruturafuncionamento heterogênea, conseguindo atuardiferentes áreas ao mesmo tempo.
Por isso, os especialistas da FIP avaliaram que "os efeitos da capturaOtoniel no mercadodrogas podem ser leves e limitados, mas as repercussõestermosviolência — massacres, deslocamentos, confinamentos, recrutamentomenores ou violência sexual — podem apresentar mudanças importantes".
O Urabá é uma região próspera para a agricultura e pecuária, fica próximo à fronteira com o Panamá e tem acesso ao Oceano Pacífico. É um ponto estratégico para qualquer atividade comercial, e na Colômbia, o é também para o tráficodrogas e armas.
A região foi dominada na década1990 pelos guerrilheiros do Exército PopularLibertação (EPL) e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Depois, vieram as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), o exército paramilitar que enfrentava a insurgência.
O EPL e a AUC marcaram a origem da AGC, já que ex-membrosambos os lados,teoria opostos e desmobilizados, se uniram no que acabou por se tornar um grupo mais voltado a atividades criminosas do que políticas. O próprio Dairo Antonio Úsuga, extraditado na semana passada, fez parte do EPL.
"O Clã do Golfo é uma organização sofisticada que tem uma estrutura estável, uma âncoranegócios legais como a pecuária e um amplo portfólioatividades criminosas que incluem extorsão e venda coercitivaserviços", explica Víctor Barrera, pesquisador do CentroPesquisa e Educação Popular (CINEP),Bogotá.
Mas especialistas alertam que há muito desconhecimento sobre esse grupo. A multiplicidadegrupos armados associados a eletodo o país — alguns permanentes e outros contratados, alguns autônomos e outros não — impossibilita conhecer a extensãoseu poder.
Há estimativas que falam3 mil membros da AGC; outras chegam a 13 mil, número semelhante ao das FARC, o maior grupo guerrilheiro do país,seu auge. Inclusive, Duque já afirmou que, ao lidar com a AGC, insistiriauma estratégia do governoÁlvaro Uribe contra as FARC: derrubar os principais líderes.
Mas, segundo Mauricio Romero, assessor da Fundação Paz e Reconciliação, a perseguição por si só não é uma solução: "É preciso termente que essas organizações criam empregos, oferecem renda e mantêm a economia das regiões onde atuam."
"Para acabar com eles, devemos gerar economias regionais vinculadas a negócios legais."
E a Colômbia, apesar dos esforços para transformar suas atividades, continua sendo o maior exportador mundialcocaína.
*Colaborou Andrea Díaz
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