Dopamina: por que busca desenfreada por estímulos pode tirar satisfação da vida:bet game apostas

O livro se debruça sobre o funcionamento da dopamina, um neurotransmissor do cérebro cuja descoberta é relativamente recente — foi feitabet game apostas1957 pelo neurofarmacologista sueco Arvid Carlsson, pesquisa que lhe rendeu um Prêmio Nobel no anobet game apostas2000.

Esse mensageiro químico do cérebro é conhecido erroneamente como "hormônio do prazer".

Na realidade, suas características estão ligadas à motivação ou estímulo reforçador, com destacada atuação no sistemabet game apostasrecompensa cerebral. A sensaçãobet game apostasprazer tem outros componentes químicos envolvidos.

A dopamina, no entanto, é uma molécula fundamentalbet game apostasum processo maturado durante milhõesbet game apostasanosbet game apostasevolução: o corpo instintivamente evita a dor. Procura o oposto.

"Quando a dopamina é liberada e seus níveis sobembet game apostasresposta a algo que ingerimos ou fizemos, o corpo sente prazer, recompensa, euforia. E, então, claro, nós sempre estamos buscando recriar essa sensação", diz Lembkebet game apostasentrevista à BBC News Brasil.

Um experimento com ratos dá uma ideiabet game apostascomo algumas atividades e substâncias fazem disparar o neurotransmissor acima dos níveis basais:

Mas o nosso organismo sempre tenta restabelecer um equilíbrio interno, chamadobet game apostashomeostase. Ou seja, se o nívelbet game apostasdopamina foi para as alturas, o corpo tenta compensar o outro lado da balança.

"É aquela 'descida' após qualquer experiência prazerosa. Às vezes essa descida ocorrebet game apostasforma óbvia, como a ressaca depoisbet game apostasuma bebedeira. Mas outras vezes é muito mais sutil", diz a psiquiatra.

"Essencialmente, é a dopaminabet game apostasqueda livre, que não volta apenas a níveis basais, mas cai para abaixo deles. Então, para cada prazer, há um custo. E o custo é uma sensação temporária da abstinênciabet game apostasuma substância. Algo universalmente traduzidobet game apostasansiedade, irritabilidade, depressão e fissura pela drogabet game apostaspreferência."

A tolerância

Com repetidas exposições a esses estímulos que tanto nos atraem — sejam substâncias ou comportamentos — começa um processo conhecido no mundo do vício: a tolerância.

O cérebro passa a necessitar doses maiores e mais frequentes para obter a mesma sensação das primeiras vezes.

Lembke trata na clínicabet game apostasStanford casos gravesbet game apostasabusosbet game apostassubstâncias oubet game apostasdependênciabet game apostassexo ou apostas, mas observa que os atrativos surgidos com a internet e a tecnologia digital massificaram e banalizaram a dinâmica dos disparosbet game apostasdopamina e da compulsão.

Ela acredita que todos nós podemos aprender com casos gravesbet game apostasdependência, "versões extremas do que todos nós somos capazes".

"A riqueza, a abundância e a tecnologia da nossa época faz com que quase toda experiência humana tenha o potencialbet game apostasvício,bet game apostasuma droga. As mídias sociais são conexão humanabet game apostasformabet game apostasdroga. O que torna algo viciante? Algo que dispara dopamina no sistemabet game apostasrecompensa do cérebrobet game apostasforma rápida", diz ela.

"E nós temos acesso fácil, quantidade ilimitada, grande potência e novidades ilimitadas. A dopamina responde a todas essas condições."

"As próprias notícias são uma espéciebet game apostasdroga da novidade, certo? É a percepçãobet game apostasque o mundo tem a todo momento eventos transformadores. Mas depoisbet game apostasum tempo nós precisamosbet game apostasmais e mais eventos chocantes para sentir algo. Nós passamosbet game apostashorrorizados para entorpecidos — e é algo preocupante porque fala da natureza antissocial que circunda o vício,bet game apostasque o dependente se torna indiferente ao sofrimento dos outros."

A própria autora admite no livro que não é imune às compulsões. No caso dela, ocorreu uma "fixação nada saudável" com livrosbet game apostaserotismo soft.

Lembke descreve quebet game apostasrotina começou a ser ocupada por romances genéricosbet game apostas50 Tonsbet game apostasCinzabet game apostasvezbet game apostassocializar, cozinhar, dormir e dar atenção à família — ela afirma que até o intervalo entre uma consulta ou outra na clínicabet game apostasStanford tinha que ser usado para saciar a vontade.

Lembke diz que não foi fácil fazer essas revelações sobre si mesma.

"Na verdade foi um grande risco. Olha, eu sou professorabet game apostasStanford e médica. A expectativa sobre nós é que nunca sejamos vulneráveis, não é? Mas eu conto tantas histórias reais dos meus pacientes, e eles deram permissão para isso [ninguém é identificado]. Então, se eles tiveram coragem o suficiente, eu poderia ter também."

Abrace o desconforto

A psiquiatra da Universidade Stanford acredita que a ideiabet game apostaseliminar a dor a qualquer custo como paradigma trouxe desvantagens para a sociedade.

Lembke se refere tanto à fuga automáticabet game apostasdesconfortos como o tédio e a monotonia quanto ao uso indiscriminadobet game apostasmedicamentos para combater a dor - algo que teve grande papel na crise dos opioides, que vitimou centenasbet game apostasmilharesbet game apostasnorte-americanos nas últimas décadas.

"Evitar a dor nos privabet game apostasexperiências que constroem os calos mentais para encarar desafios futuros. E eu falobet game apostasdorbet game apostasuma forma ampla: emocional, espiritual, todos os diferentes tiposbet game apostassofrimento físico e psicológico."

A retomada do contato com o desconforto é exemplificada no livro por algo frugal: a terapia do banho gelado (e,bet game apostasfato, pesquisas sugerem benefícios da água fria não só para melhorar a circulação, mas também para aliviar depressão).

"Junto com o acesso crescente a medicamentos e a comportamentos que nos apartam das experiências tradicionaisbet game apostasdor, nós desenvolvemos uma narrativabet game apostasque a dor deve ser evitadabet game apostasnós ou nos nossos filhos", afirma.

"Como resultado, pais se tornaram temerososbet game apostasdeixar que seus filhos experimentem qualquer tipobet game apostassofrimento, com medobet game apostasque eles acabem no divã ou com algum distúrbio psicológico. Mas o fato é que proteger as criançasbet game apostasexperiências desafiadoras é privá-las da oportunidadebet game apostasconstruir uma fortaleza mental que elas necessitam no mundo."

Mas uma pergunta paira: não será justamente a vida moderna, com toda abet game apostaspressão e desafios, que impõe peso sobre todos que a habitam e dessa forma precisamosbet game apostasalgo para sanar essas dores?

Ela responde: "Eu concordo que nós vivemosbet game apostasum mundo muito estranho ebet game apostasuma época muito estranha, e que a vidabet game apostastempos modernos é difícil por razões paradoxais".

"Acho que medicamentos psicotrópicos têm representado uma maneira para nos adaptar a um mundo para o qual a nossa evolução ainda não chegou. Mas,bet game apostasgeral, eu acho que esses remédios são prescritosbet game apostasforma excessiva, sem o reconhecimentobet game apostasseus lados negativos, incluindo o potencial para se viciar ou nos privarbet game apostassentir as intensas emoções que nos tornam humanos."

"A sugestão no livro é que,bet game apostasvezbet game apostasusar medicamentos para nos adaptar a esse novo mundo é tentar mudar as nossas experiências nele."

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