Guerra na Ucrânia mais perto do fim? O que esperar das novas negociações:

Mariupol, 20março

Crédito, Getty Images

"Existe o que a Rússia diz e existe o que a Rússia faz. Estamos focados neste último", disse Blinkenentrevista coletiva durante visita ao Marrocos. "E o que a Rússia está fazendo é a contínua brutalização da Ucrânia esua população, que continua enquanto falamos."

Um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que a Grã-Bretanha quer que as forças russas deixem completamente a Ucrânia. "Julgaremos Putin e seu regime por suas ações, não por suas palavras", afirmou o porta-voz.

Em entrevista à agência russanotícias TASS, o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, disse que as negociações foram "construtivas", mas esclareceu que a promessareduzir atividade militar ainda não significa um cessar-fogo imediato.

"Isso não é um cessar-fogo, mas esse é nosso desejo, gradualmente atingir uma desescalada do conflito pelo menos nessa frente", disse Medinsky.

Entre os temas tratados nas negociações está a neutralidade da Ucrânia, que seria protegida por garantiassegurançaum grupodez países, entre os quais os cinco membros permanentes do ConselhoSegurança da ONU (Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, França e China). '

Presidente Zelensky visita feridoshospital

Crédito, EPA

Legenda da foto, Presidente Zelensky visita feridoshospital

A Ucrânia desistiriaaderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e se comprometerianão colocarseu território armasdestruiçãomassa, tropas estrangeiras ou bases militares internacionais.

Também foi discutido o futuro da Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia2014 sob oposição da Ucrânia epaíses ocidentais. A proposta seria auma "pausa por 15 anos", período no qual seriam conduzidas negociações bilaterais sobre o status da Crimeia, sem hostilidades militares.

Foi também discutida a possibilidadeum encontro entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Segundo o governo turco, o próximo passo envolveria negociações entre os ministros do Exteriorambos os países, que fariam ajustes finais sobre questões mais complexas.

Depois que os pontos para um acordo fossem moldados e aprovados pelos ministros, um encontro entre os dois presidentes poderia ocorrer.

Segundo o governo ucraniano, qualquer acordo teriapassar por referendo e ser ratificado pelos parlamentos dos países que vão oferecer garantiassegurança.

Durante o encontro na Turquia, o governo russo disse ainda que a Ucrânia deve seguir a ConvençãoGenebrarelação ao tratamentoprisioneirosguerra russos. Houve denúnciasabusos cometidos pelo Exército ucraniano.

"Acho que há algum progresso, mas não estou muito otimista", diz à BBC News Brasil o cientista político Eugene Finkel, professor da Universidade Johns Hopkins. "Mesmo que os russos estejam negociandoboa fé, as questões que permanecem sem solução têm importância enorme."

Entre essas questões, Finkel destaca o futuro dos territórios ucranianos ocupados pela Rússia, não apenas a Crimeia, mas também Donbas [onde estão localizadas as regiões separatistasDonetsk e Luhansk], que o governo russo não reconhece como parte da Ucrânia.

"Pelo que ouvimos hoje, o melhor cenário é o congelamento do conflito como está por 15 anos", ressalta Finkel. "E não acredito que a maioria da população ucraniana irá apoiar (esse plano)."

Finkel também destaca entre as grandes questões sem solução as sançõesvários países contra a Rússia. "Não vejo as sanções sendo levantadas quando o conflito ficar congelado", observa.

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