O asteroide que deu pistas sobre a origem da vida na Terra:codigo bonus do betano

E o entusiasmo era também justificado por parte dos estudiosos da origem da vida, que se perguntavam quais surpresas Ryugu nos reservava a este respeito.

Essa pergunta começou a ser respondida com a publicação das primeiras análises dos compostos orgânicos nas amostrascodigo bonus do betanoRyugu. E os resultados são importantes.

Esclarecemos que elas não fornecem provascodigo bonus do betanoque a vida teria chegado à Terra a bordocodigo bonus do betanometeoritos (panspermia). Também não nos ajudam (por enquanto) a entender melhor qual foi acodigo bonus do betanoorigem, nem comprovam que o impactocodigo bonus do betanometeoritos foi necessário para isso.

Mas os resultados publicados são uma boa notícia para os estudiosos que tentam entender a química prebiótica - ou seja, os processos químicos que ocorreram antes da existência da vida.

Por que o asteroide Ryugu é tão interessante?

Uma das respostas é o carbono. Ryugu é um asteroide tipo C, ricocodigo bonus do betanocarbono e compostos orgânicos.

Esses objetos existemcodigo bonus do betanogrande quantidade no cinturãocodigo bonus do betanoasteroides, uma região situada entre os planetas Marte e Júpiter, onde se encontra entre outros, o planeta anão Ceres.

Acredita-se que os meteoritos do tipo condrito carbonáceo, como os famosos meteoritoscodigo bonus do betanoAllende e Murchison, sejam fragmentoscodigo bonus do betanoasteroides tipo C. Esses asteroides encontram-se entre os objetos mais antigos do Sistema Solar.

O material carbonáceo que eles contêm é o resultadocodigo bonus do betanoum longo processo químico, desenvolvido a partir da formação da matéria orgânica na nuvem molecular e na nebulosa protossolar, até o crescimento dos protoplanetas e a exposição do asteroide a milhõescodigo bonus do betanoanoscodigo bonus do betanoradiações cósmicas.

As amostras coletadas no asteroide Ryugu nos fornecem pistas sobre os compostos orgânicos formados e acumulados nos objetos do Sistema Solar ecodigo bonus do betanoevolução. Elas também nos informam sobre os precursores químicos disponíveis na Terra primitiva da era prebiótica, a partir dos quais, graças à água, ao ambiente e à geologia terrestre, pôde surgir a vida após uma complexa redecodigo bonus do betanoprocessos químicos a que chamamoscodigo bonus do betanoevolução química.

Os compostos orgânicos do asteroide Ryugu

As amostras analisadas do asteroide Ryugu contêm cercacodigo bonus do betano3,7%codigo bonus do betanocarbono. A maior parte encontra-se na formacodigo bonus do betanomaterial não muito diferente do carvão, mas elas também contêm carbono na formacodigo bonus do betanomoléculas orgânicas que, com a ação da água, liberam aminoácidos. Entre elas, foram identificadas a glicina, alanina, beta-alanina e alfa-aminobutirato.

De forma geral, os compostos identificados não são surpreendentes - mas esta é exatamente a razão dacodigo bonus do betanoimportância. Os aminoácidos são os componentes das proteínas dos seres vivos e, por isso,codigo bonus do betanopresença no espaço sempre foi sugestiva.

O primeiro experimento realizado para entender como surgiram as primeiras proteínas foi conduzido pelo bioquímico alemão Walter Löbcodigo bonus do betano1913. Nele, Löb obteve grande quantidadecodigo bonus do betanoglicina por meiocodigo bonus do betanodescargas elétricascodigo bonus do betanouma atmosfera primitiva simulada.

Desde então, sabemos que os aminoácidos são formados com facilidade a partircodigo bonus do betanogases simples. Por isso, imaginamos que eles estariam disponíveiscodigo bonus do betanogrande quantidade no inventário químico do Sistema Solar.

O cientista norte-americano Stanley Miller identificou glicina, alanina, beta-alanina e alfa-aminobutirato na mistura orgânica obtida no seu célebre experimentocodigo bonus do betano1953. Foi por acaso? Não, pois os processos químicos que causam a formaçãocodigo bonus do betanoaminoácidos possivelmente são imutáveis e universais.

No caminho até a vidacodigo bonus do betanoum planeta (como ocorreu na Terra e pode ter ocorridocodigo bonus do betanoMarte), é provável que se partacodigo bonus do betanoum inventário químico similar, com aminoácidos e outros compostos bem conhecidos. E o asteroide Ryugu nos fornece uma amostra valiosa desse inventário.

As regras da química talvez limitem as possíveis excepcionalidades e não seja surpreendente que estruturas proteicas similares àquelas que conhecemos sejam uma característica universal.

A bioquímica potencial não é uma questãocodigo bonus do betanocombinações ao acaso. As regras da química não se aplicam apenas ao inventáriocodigo bonus do betanoprecursores, como o exibido por Ryugu.

Na evolução química até a vida, ocorrem processoscodigo bonus do betanoseleção molecular e compressão combinatória que limitam a variedade das composições e estruturas. Considerando uma quantidadecodigo bonus do betanoaminoácidos iniciais, por exemplo, proteínas não surgem ao acaso dentre as estatisticamente possíveis, mas sim existem regras que determinam as estruturas resultantes.

Se somarmos a universalidade dos precursores às regras da evolução química, é possível que, no diacodigo bonus do betanoque a humanidade vier a descobrir vida extraterrestre, possamos reconhecer similaridades nacodigo bonus do betanocomposição molecular.

O asteroide Ryugu nos conta que os esforços realizadoscodigo bonus do betanoum séculocodigo bonus do betanoquímica prebiótica fazem sentido. Ele mostra que, no laboratório, podemos prever a química dos objetos celestes.

Pouco a pouco, vamos nos aproximando da formulaçãocodigo bonus do betanouma teoria da evolução química, que formará o primeiro (ou talvez o último) capítulo dos livroscodigo bonus do betanobioquímica.

* César Menor-Salván é professor-doutorcodigo bonus do betanobioquímica e astrobiologia do Departamentocodigo bonus do betanoBiologiacodigo bonus do betanoSistemas da Universidadecodigo bonus do betanoAlcalá, na Espanha.

Este artigo foi publicado originalmente no sitecodigo bonus do betanonotícias acadêmicas The Conversation e republicado sob licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em espanhol).

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