Como 52 pessoas foram enganadas para trabalhar365betagência falsa365betdesign:365bet

Ilustração365betimagens sem rosto durante video-chamada
Legenda da foto, Dezenas365betjovens foram levados a pensar que estavam trabalhando para uma glamourosa agência365betdesign do Reino Unido - que na verdade não existia

A BBC passou um ano investigando o que realmente aconteceu.

Short presentational grey line

Chris Doocey, gerente365betvendas365betManchester, no Reino Unido, com 27 anos365betidade, começou a trabalhar na Madbird365betoutubro365bet2020, pouco antes da chamada pelo Zoom. Ele trabalharia365betcasa — o que era normal, já que a pandemia365betcovid-19 seguia descontrolada.

A covid-19 havia virado a vida365betDoocey do avesso. Por causa da pandemia, ele havia perdido seu emprego, o que o motivou a se candidatar ao cargo na Madbird.

O anúncio descrevia a empresa como uma "agência365betdesign digital voltada para as pessoas, nascida365betLondres e com operações365bettodo o mundo".

Parecia um bom emprego.

Chris Doocey
Legenda da foto, Chris Doocey achou que Madbird parecia um bom lugar para trabalhar

A Madbird contratou mais365bet50 outras pessoas. A maioria trabalhava365betvendas, algumas365betdesign e outras eram supervisores. Cada novo contratado era instruído a trabalhar365betcasa, trocando mensagens por e-mail e falando entre si pelo aplicativo Zoom.

Os dias365bettrabalho, muitas vezes, eram longos. Jordan Carter,365betSuffolk, também no Reino Unido, tinha na época 26 anos365betidade e foi considerado um dos funcionários mais esforçados da equipe365betvendas365betDoocey. Em cinco meses, ele havia apresentado a Madbird a 10 mil possíveis clientes, esperando fechar contratos para reprojetar websites ou elaborar aplicativos. Em janeiro365bet2021,365betética profissional lhe valeu o título365betFuncionário do Mês.

Outros funcionários viviam fora do Reino Unido. Em seus esforços para atingir o mercado internacional, o departamento365betRecursos Humanos da Madbird publicou anúncios365betemprego online para formar uma equipe365betvendas internacional365betDubai, nos Emirados Árabes Unidos. Pelo menos uma dezena365betpessoas365betUganda, Índia, África do Sul, Filipinas e outros países foram contratadas.

Anúncios365betemprego foram publicados para formar equipes da Madbird365betLondres e365betDubai.

Para essas pessoas, o emprego representava mais que um simples salário, mas um visto para o Reino Unido. Seus contratos diziam que, se elas fossem aprovados no seu período365betexperiência365betseis meses e atingissem suas metas365betvendas, a Madbird bancaria365betmudança para o país.

O patrão e365bethistória

Ali Ayad sabia o possível significado365betuma nova vida no Reino Unido. Ele falou muitas vezes com os funcionários da Madbird sobre o seu passado antes365betestabelecer-se365betLondres. Mas havia muitas versões da365bethistória.

Para uma pessoa, ele se apresentou como mórmon365betUtah, nos Estados Unidos. Para outras, ele era do Líbano, onde teria aprendido a trabalhar duro após uma infância difícil. Até o seu nome mudava. Às vezes, ele acrescentava um segundo "Y" ao seu sobrenome, que se tornava "Ayyad". Em outras ocasiões, assinava "Alex Ayd".

Mas algumas partes da história que ele contava às pessoas eram consistentes. Acima365bettudo, o principal era o tempo365betque ele trabalhou como designer criativo na Nike. Ele contava a todos sobre seu trabalho na matriz da marca365betOregon, nos Estados Unidos. Foi lá que ele conheceu Dave Stanfield, o cofundador da Madbird.

Ali Ayad
Legenda da foto, Ali Ayad365betLondres

As histórias sobre a arrojada carreira365betAli não pareciam exageradas. Ele fazia chamadas365betvídeo como ninguém — intenso e carismático, parecia muito atencioso. Falava com confiança, às vezes chegando às raias da teimosia. Foi assim que convenceu pelo menos três pessoas a sair dos seus empregos para trabalhar com ele.

Os funcionários da Madbird não tinham razão para duvidar das histórias365betAli na Nike. E, se duvidassem, tudo o que precisavam era verificar seu perfil no LinkedIn, repleto365betlongas recomendações365betantigos colegas.

Ali Ayad "me incentivou muito com o significado e o cuidado da365betabordagem", segundo um comentário — supostamente365betum diretor365betcriação da Nike. "As agências podem estar cheias365betimitadores, mas Ali não é um deles. Ele traz originalidade e autenticidade para todos os seus projetos."

E lá estava também o seu parceiro comercial, Dave Stanfield. Na Nike, Ali Ayad era "fundamental" e "um dos melhores profissionais com quem já trabalhei", segundo seu testemunho.

O otimismo e a energia365betAyad contagiavam os demais. Uma pessoa que ele contratou comparou seu novo patrão com o ator Tom Cruise. Mas as duas pessoas com quem Ali se comparava com mais frequência eram, na verdade, Steve Jobs e Elon Musk. Os titãs da tecnologia eram seus ídolos.

"Elon Musk trabalha 16 horas por dia. Estou tentando trabalhar 17!", escreveu ele365betum e-mail para motivar365betequipe a continuar se esforçando. E, ao ponderar sobre decisões comerciais difíceis, ele costumava citar uma frase frequentemente atribuída a Steve Jobs: "se você quer fazer todo mundo feliz, não seja um líder, vá vender sorvete".

Antonia Stuart
Legenda da foto, Antonia Stuart foi contratada para trabalhar como 'Chefe365betCriação' da Madbird365betDubai

O pagamento aos funcionários

Os negócios da Madbird progrediram por meses e mais designers foram contratados para atender o número crescente365betnegociações sendo conduzidas pela equipe365betvendas. Mas, mesmo antes que a verdade sobre a Madbird fosse revelada, os seus funcionários enfrentavam um problema. Devido a cláusulas incomuns nos seus contratos, eles ainda não haviam sido pagos.

Todos eles haviam sido contratados para trabalhar somente por comissão pelos primeiros seis meses. Apenas depois que eles fossem aprovados no seu período probatório, teriam direito a um salário — na maioria dos casos, cerca365bet35 mil libras (R$ 245 mil). Até então, eles ganhariam apenas um percentual365betcada negócio que fechassem.

Todos os funcionários eram jovens adultos procurando trabalho365betmeio a uma pandemia. Muitos acreditaram que não tinham escolha a não ser aceitar os termos dos seus contratos.

Mas nenhum negócio chegou a ser concretizado. Até fevereiro365bet2021, nenhum contrato com um único cliente sequer havia sido assinado. Por isso, nenhum dos funcionários da Madbird havia recebido um só centavo.

Alguns deles acabaram saindo depois365betalgumas semanas, mas muitos permaneceram. Ficaram lá por quase seis meses, forçados a usar o limite dos seus cartões365betcrédito e tomar dinheiro emprestado da família para manter as contas365betdia.

A questão era que, quanto mais você trabalhasse na Madbird, mais difícil era sair dela. E se um dos contratos grandes365betque você estava trabalhando fosse concretizado na semana seguinte?

Também não fazia sentido pedir demissão pouco antes365betterminar o período probatório. Para muitos, o salário parecia estar chegando. E,365betmeio à pandemia, era difícil encontrar emprego.

É claro que ninguém recebeu pagamento, já que a Madbird não tinha receita. Mas isso não era evidente para os funcionários novos. Eles acreditavam, erroneamente, que seus contratos365betpagamento eram específicos e que seus superiores deviam estar recebendo seus salários. Além disso, a Madbird estava a ponto365betassinar um grande número365betcontratos. O dinheiro finalmente estava chegando.

Ou era o que parecia — até que, uma tarde, tudo desmoronou.

Gemma Brett
Legenda da foto, Gemma Brett ficou desconfiada logo depois que ela começou a trabalhar para Madbird

A descoberta da verdade

Gemma Brett — designer da região oeste365betLondres, com 27 anos365betidade — estava trabalhando na Madbird por apenas duas semanas quando percebeu algo estranho.

Ela estava curiosa para saber como seria seu transporte para o escritório quando a pandemia passasse e procurou o endereço físico da empresa. O resultado foi muito diferente dos vídeos do website da Madbird365betum local365bettrabalho elegante e cheio365betpessoas criativas. O Google Street View mostrou um prédio365betapartamentos365betclasse alta no bairro londrino365betKensington.

Gemma entrou365betcontato com um corretor365betimóveis que negociava um apartamento naquele mesmo endereço. Ele confirmou a suspeita: o prédio era totalmente residencial. A reportagem da BBC confirmaria essa informação posteriormente, conversando com alguém que havia trabalhado no edifício por anos. Ele nunca havia visto Ali Ayad. O bloco365betapartamentos não era a sede global365betuma empresa365betdesign chamada Madbird.

Gemma contou365betdescoberta para outra funcionária da Madbird que ela conhecia e365betquem confiava — Antonia Stuart, líder da expansão da companhia para Dubai.

Usando pesquisas online365betimagens reversas, elas aprofundaram a investigação. E descobriram que todo o trabalho que a Madbird afirmava ter realizado havia sido roubado365betoutros lugares na internet — e alguns dos colegas com quem elas trocavam mensagens online simplesmente não existiam.

Elas examinaram quais seriam as suas opções. Uma seria pedir demissão discretamente, sem fazer alarde. Não tinham ideia365betquem estava por trás desse golpe, nem a escala da operação. E, claro, estavam assustadas.

Mas, por outro lado, se preocupavam com os colegas inocentes que poderiam vir a ter problemas se a verdade não fosse exposta e eles celebrassem contratos para a Madbird com base365betmentiras. Afinal, havia contratos a serem assinados365betquestão365betdias.

Elas decidiram, então, enviar um e-mail para todos os funcionários, mas com um pseudônimo: Jane Smith. O e-mail foi enviado365betuma tarde corrida365bettrabalho e acusava os fundadores da Madbird365betcomportamento "imoral e antiético", que incluía roubar o trabalho365betterceiros e "inventar" membros da equipe.

"Temos fortes razões para suspeitar que os fundadores da Madbird inventaram membros da equipe, portfólio365bettrabalho/clientes, trabalhos anteriores e a localização do escritório", dizia o e-mail enviado para todos os funcionários.

As revelações foram devastadoras para os funcionários reais. Aparentemente, tudo o que eles fizeram havia sido construído sobre mentiras. Parecia agora que nunca veriam o dinheiro devido pelos meses365bettempo e trabalho duros.

Foi nesse momento que a BBC começou365betprópria investigação sobre a Madbird. Confirmamos as descobertas do e-mail365betJane Smith e fomos além.

Suposto co-fundador da Madbird, "Dave Stanfield", era na verdade uma foto365betum apicultor365betPraga, e a foto do gerente sênior "Nigel White" era365betum modelo365betagência
Legenda da foto, Suposto co-fundador da Madbird, "Dave Stanfield", era na verdade uma foto365betum apicultor365betPraga, e a foto do gerente sênior "Nigel White",365betum modelo365betagência

Mentiras e perfis roubados

A empresa não havia "fornecido produtos e experiências365betnível local e internacional por 10 anos", como afirmava. Na verdade, Ali Ayad apenas registrou a Madbird na Companies House (o órgão governamental responsável pelo registro365betcompanhias no Reino Unido) no mesmo dia365betque entrevistou Chris Doocey para o cargo365betgerente365betvendas — 23365betsetembro365bet2020.

Pelo menos seis dos funcionários365betalto escalão apresentados pela Madbird eram falsos. Suas identidades foram forjadas com fotografias roubadas365betcantos aleatórios da internet e seus nomes, inventados.

Essas identidades falsas incluíam o cofundador da Madbird, Dave Stanfield — o mesmo que mantinha perfil no LinkedIn e a quem Ayad se referia constantemente. Alguns dos funcionários enganados chegaram a receber e-mails dele.

Ayad disse a um funcionário que, se quisesse entrar365betcontato com Stanfield, deveria enviar um e-mail, porque ele era muito ocupado com projetos para a Nike e não podia atender ligações.

Usando tecnologia365betreconhecimento facial, conseguimos descobrir o verdadeiro dono do rosto365betDave Stanfield: um fabricante365betcolmeias365betabelhas365betPraga, na República Checa, chamado Michal Kalis, que confirmou à reportagem que nunca havia ouvido falar da Madbird,365betAli Ayad ou Dave Stanfield.

Outro funcionário inventado chamava-se Nigel White. Alguém usando seu nome chegou a entrar naquela chamada pelo Zoom,365betjaneiro. Mas365betfoto não era365betum designer gráfico — era365betum modelo cuja imagem é um dos primeiros resultados365betpesquisa por "homem ruivo" fornecidos pela agência365betimagens online Getty Images. Seu rosto está presente365bettodos os lugares na internet.

Repórter Catrin Nye tenta descobrir quem trabalha no Madbird é real e quem é falso
Legenda da foto, Repórter Catrin Nye tenta descobrir quem trabalha na Madbird é real e quem é falso

Outros casos eram ainda mais estranhos. Um designer gráfico, um gerente365betpromoção365betmarcas e um gerente365betmarketing da Madbird na verdade eram fotografias365betum médico libanês, um ator espanhol e um influenciador365betmoda italiano. Todas as suas fotos haviam sido roubadas para criar identidades falsas.

Entramos365betcontato com todas as 42 marcas que a Madbird havia relacionado como antigos clientes — incluindo a Nike, Tate e a Toni & Guy. Dentre as que responderam, nenhuma havia trabalhado com a Madbird sequer um dia.

Mas e quanto aos portfólios impressionantes365bettrabalhos365betdesign para clientes que a Madbird havia apresentado com a marca da agência? Bem, muitos deles haviam sido retirados da internet.

Um documento promocional distribuído para potenciais clientes da Madbird foi copiado —365betalguns pontos, palavra por palavra —365betuma empresa365betdesign365betLondres chamada Hatched. Os proprietários da Hatched afirmaram que haviam redigido o documento365bet2016. A biografia pessoal da365betequipe principal também havia sido roubada e usada nos perfis365betfuncionários falsos da Madbird.

A própria história365betvida365betAyad também ruiu. Ele nunca havia trabalhado para a Nike como "líder365betcriação" nos Estados Unidos, como afirmava. A Nike confirmou por escrito para a reportagem que não teve nenhum funcionário com esse nome, nem com nenhum365betseus pseudônimos.

As universidades365betprestígio nos Estados Unidos e no Canadá que Ayad afirmava ter cursado nem mesmo ofereciam os cursos que ele dizia ter estudado. A Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, e a Universidade Concórdia, no Canadá, não reconheceram seu nome365betseus registros365betex-alunos.

E havia ainda a conta365betAyad no Instagram, onde ele postava atualizações sobre365betcarreira como modelo e influenciador para mais365bet90 mil seguidores. Sua presença nas redes sociais havia sido um dos motivos pelos quais muitos dos funcionários da Madbird depositaram confiança e admiração no seu patrão. Mas a vida que Ayad apresentava no Instagram tinha muito pouca relação com a vida que ele realmente levava.

Uma postagem365betparticular chamou a atenção da reportagem. Era uma foto mostrando um exemplar aberto da edição britânica da revista GQ, com Ali Ayad trajando um blazer365betum anúncio365betpágina inteira da marca espanhola365betroupas Massimo Dutti. "Esforce-se365betsilêncio, deixe seu sucesso fazer o barulho", diz a legenda.

Mas, quando conseguimos a edição da GQ e a abrimos na página 63, a fotografia365betAli não estava ali, mas sim o anúncio365betum relógio365betpulso. Ali Ayad nunca havia trabalhado como modelo para Massimo Dutti e aparecido na edição britânica da revista GQ.

Na manhã seguinte ao e-mail365betGemma e Antonia com as alegações, enviado com o pseudônimo365betJane Smith, Ali Ayad enviou365betprópria mensagem para a equipe da Madbird. Ele escreveu que "se essas informações realmente forem verdadeiras, é um choque [tão grande] para mim quanto para todos vocês".

Ali Ayad alegou total desconhecimento. Mas, como diretor da companhia, afirmou que, ainda assim, assumiria toda a responsabilidade. Ele prometeu retirar da internet o website da Madbird e suspender todos os trabalhos365betandamento "até consertarmos isso".

E, antes365betassinar pela última vez, um lampejo365betremorso. "Passei meses dedicando 16 horas todos os dias e fiz o melhor que pude para que isso funcionasse. Deveria ter me informado melhor e, por isso, realmente me arrependo", afirmou Ali.

Foi o mais próximo365betum pedido real365betdesculpas que os funcionários da Madbird receberam. Ali Ayad365betbreve passaria a manter silêncio. Ele parou365betatender ligações dos seus funcionários confusos e bloqueou outros. O website da Madbird foi retirado do ar e o perfil365betAyad no LinkedIn desapareceu.

Foi assim que o homem se desvaneceu no mesmo éter digital do qual havia surgido.

Elvis John
Legenda da foto, Elvis John teme que poderia ser processado365betDubai se algum acordo com a Madbird tivesse sido assinado

E agora?

Os funcionários reais da Madbird ficaram arrasados. Alguns haviam passado até seis meses trabalhando para não receber. Agora, estavam desempregados no meio365betuma pandemia e lutando até para descrever o que havia acabado365betacontecer com eles.

O gerente365betvendas Chris Doocey havia acumulado uma dívida365bet10 mil libras (R$ 69,3 mil) para pagar suas contas mensais enquanto esperava seu primeiro pagamento.

Stephie Nkoy-Nyama, da região leste365betLondres, havia pedido demissão365betum bom emprego para entrar na Madbird. Sua última empresa a havia mantido empregada durante a pandemia, apesar365betdemitir outros funcionários. Ela se sentiu pressionada por Ayad para deixar aquele emprego e mudar-se para a Madbird. "Ele nos fazia365betbobos", afirma ela.

E havia os funcionários internacionais. Elvis John, originalmente365betChennai, na Índia, chegou a imaginar que365betbreve viveria no Reino Unido.

Faltavam algumas semanas para terminar seu período365betexperiência365betseis meses e ele esperava que Ayad bancaria seu visto. Quando chegou o e-mail365betJane Smith, John caiu365betdepressão. "Meus sonhos simplesmente se despedaçaram", conta ele.

Como ele estava trabalhando365betDubai, os riscos eram ainda maiores. John acredita que, se alguma das suas negociações chegasse até o final, teria enfrentado sérios problemas legais com as rigorosas normas comerciais365betDubai — possivelmente seria preso e deportado para a Índia.

James Harris acabou recebendo menos365bet30 libras pelo trabalho que fez na Madbird
Legenda da foto, James Harris acabou recebendo menos365bet30 libras pelo trabalho que fez na Madbird

"Não sei se Ali algum dia irá entender o que ele nos fez passar", afirma Elvis, que sente que tudo foi tratado como um jogo.

Muitos ficaram constrangidos por terem caído no golpe. Alguns esperaram dias e até semanas para contar a verdade para os amigos e a família. E, para outros, era uma história difícil365betexplicar, sempre recebida com questões para as quais nenhum dos funcionários enganados tinha respostas.

Três ex-funcionários processaram a Madbird na Justiça do trabalho, argumentando que deveriam receber pelo menos o salário mínimo pelo tempo365betque estiveram na empresa. Ayad não respondeu à justiça no prazo,365betforma que um juiz ordenou o pagamento365betum total365bet19 mil libras (R$ 131,7 mil)365betsalários aos três funcionários. Ayad recorreu da decisão, que foi mantida pela Justiça. Ele agora está apelando dela novamente.

Mas, mesmo se Ayad perder mais uma vez, isso não quer dizer que os três funcionários receberão o dinheiro. A ordem da justiça foi emitida contra a companhia, não contra a pessoa física365betAli Ayad. Por isso, se a Madbird estiver falida, como afirma Ayad, a Justiça não tem instrumentos para forçá-la a pagar os salários devidos sem que tenha o dinheiro para isso.

Pelo menos um funcionário da Madbird recebeu dinheiro. James Harris,365betYork, no Reino Unido, trabalhou na empresa por duas semanas como designer quando as revelações vieram à tona. Onze meses depois, ele recebeu pelo correio um cheque365bet29,70 libras (R$ 205,80), com base no salário mínimo britânico. Aparentemente, Ayad havia concordado365betpagar por algumas horas365bettreinamento que James havia feito sem receber.

Mas Ali Ayad entendia as consequências das suas ações? Ele passou algum tempo dizendo que falaria com a reportagem para dar a365betversão dos fatos — até que, após meses365betmensagens trocadas, ele acabou concordando365betdar uma entrevista para nós365betfrente às câmeras.

Um dia antes disso acontecer, no entanto, avisou que não compareceria. Se quiséssemos a versão365betAli Ayad sobre os fatos, não tínhamos outra escolha senão ir365betbusca dele.

Confrontando Ayad

Ali Ayad confrontado pela BBC no oeste365betLondres
Legenda da foto, Ali Ayad confrontado pela BBC no oeste365betLondres

Nós encontramos Ali Ayad365betuma rua na região oeste365betLondres365betuma tarde365betoutubro365bet2021 e o confrontamos.

Ele estava vestido com uma jaqueta365betcouro preta e andava a pé rumo a uma estação365betmetrô. Não demonstrou ter sido pego365betsurpresa, preferindo inicialmente ignorar nossas perguntas. Mas, depois um tempo, não teve outra opção senão falar.

Ayad insistiu que estava tentando fazer algo365betbom. "Tudo o que sei é que criamos oportunidades para as pessoas. Em meio à covid", afirmou.

Quando o acusamos365betcriar identidades falsas e roubar o trabalho365betoutras pessoas, ele ficou furioso. "Fiz isso? Como você sabe que eu fiz isso?" Estaria ele indicando que mais alguém estava envolvido? Quando perguntamos, ele não indicou ninguém.

Sempre havia a possibilidade365betque alguma mente brilhante anônima estivesse por trás365bettudo — algo que a reportagem considerou seriamente. Mas, sem nomes nem a ajuda365betAyad, era um caminho que nós não conseguíamos explorar.

Ayad também insistiu que a Madbird realmente tinha um escritório. Mas, quando o questionamos, ele recuou, indicando que seria um escritório virtual. "Você, na verdade, não precisa ter computadores e outras coisas, certo? É uma empresa digital."

Por fim, parou365betresponder nossas perguntas.

Posteriormente, escrevemos para dar a ele uma nova oportunidade365betresponder às acusações. Ayad respondeu, reconhecendo que "dois pontos" das acusações contra ele eram verdadeiros, mas sem dizer quais. Também afirmou que a "maioria" dos 24 pontos que apresentamos a ele por escrito eram "absurdos e incorretos". Disse que enviaria uma resposta mais completa, mas nunca o fez.

Enquanto Ali Ayad se recusar a colaborar, nunca saberemos365betfato por que ele criou a Madbird. Entre os que passavam a maior parte do tempo com ele online, trocando e-mails e365betchamadas365betvídeo, duas teorias se sobressaem.

Uma delas diz que tudo era uma tentativa365betiniciar um negócio real. Pode ter começado como uma mentira, mas talvez a Madbird,365betalgum momento, começasse a fechar negócios reais e fazer dinheiro. Há funcionários que acreditam que a empresa estava a poucos dias365betassinar com clientes quando tudo desmoronou. Se as mentiras não tivessem sido descobertas, talvez ninguém tivesse exposto as origens nebulosas da Madbird.

Outra explicação é que a motivação talvez fosse além do dinheiro. Talvez Ali Ayad tenha se divertido no papel365betpatrão. Ele realmente parecia apreciar o tempo que passava administrando a Madbird.

As entrevistas365betemprego com ele muitas vezes duravam mais365betuma hora. Contava histórias sobre como havia mudado a vida das pessoas identificando seus talentos e dando a elas uma chance. Enviava links365betmúsica eletrônica para os funcionários ouvirem enquanto trabalhavam. Queria ser um patrão agradável — e, nos meses365betque a Madbird esteve operante, foi assim que as pessoas o trataram.

A pandemia mudou a forma365betque muitos365betnós trabalhávamos. A comunicação através da tela tornou-se padrão. Ali Ayad explorou isso. É como se ele quisesse ser o próximo Elon Musk — e, na Madbird, achou que havia encontrado um atalho, um universo onde seria julgado apenas pela365betpresença online e não pela vida real.

E qual a parte mais surpreendente dessa aposta365betAli Ayad? O fato365betque vivemos365betuma era365betque isso quase deu certo.

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Ilustrações por Lilly Huynh