Os desafios do setor industrial responsável por um terço do lixo mundial:poker joker
Mas esse material que usamos e descartamos hojepoker jokerdia também contém um enorme tesouro que poderá ser utilizadopoker jokernosso benefício.
Calcula-se que uma toneladapoker jokertelefones celulares contenha 300 vezes mais ouro que uma toneladapoker jokerminériopoker jokerouro da melhor qualidade, alémpoker jokerquantidades significativaspoker jokerprata, platina, paládio e metais raros - enquanto seguimos rasgando a terra com a mineração contínua para conseguir mais desses materiais.
As vastas quantidadespoker jokercobre disponíveispoker jokerbilhõespoker jokercabos existentespoker jokertodo o mundo são uma fonte reutilizávelpoker jokermetal com uma taxapoker jokerconcentração bem mais elevada do que os menospoker joker1% existentespoker jokerminériospoker jokerqualidade superior.
Tudo isso gera uma questão óbvia: por que não reutilizamos o que já extraímos,poker jokervezpoker jokerescavar o planetapoker jokerbuscapoker jokercada vez mais matérias-primas?
Esse pensamento vem estimulando um grupo cada vez maiorpoker jokerarquitetos e empresaspoker jokerconstrução a examinar como reutilizar a imensa quantidadepoker jokermateriais ocultos nos ambientes que já construímos, desde concreto e madeira até riquezas metálicas do lixo eletrônico.
Em 2005, o escritóriopoker jokerarquitetura Superuse, com sedepoker jokerRoterdã, na Holanda, estabeleceu um marco inovador para uma nova visão da construção civil ao criar a Villa Welpeloo - a primeira casa contemporânea do mundo feita principalmente com resíduospoker jokermateriaispoker jokerconstrução.
Açopoker jokermáquinas têxteis antigas e madeirapoker jokerbobinaspoker jokercabos industriais danificadas compõem 60% dos materiaispoker jokersegunda mão empregados na construção.
Posteriormente,poker joker2013, o arquiteto britânico Duncan Baker-Brown ultrapassou a Superuse ao utilizar maispoker joker90%poker jokermateriais residuais para construir a Casapoker jokerResíduospoker jokerBrighton, na Inglaterra.
Baker-Brown combinou vários materiais diferentes, desde brim usado até estojos plásticospoker jokerDVD e escovaspoker jokerdente descartadas, para compor o isolamento das paredes, alémpoker jokercâmaraspoker jokerarpoker jokerpneuspoker jokerbicicletas antigas para isolar o piso contra som e impactos.
Cercapoker joker10 toneladaspoker jokersolo calcário destinado a aterros foram recolhidas para criar paredespoker jokerterra prensada e as placaspoker jokercarpete usadaspoker jokerum escritório forneceram o revestimento externo.
"A casapoker jokerresíduos é um projetopoker jokerpesquisa 'vivo' que faz com que as pessoas pensem na origem desses materiais e onde eles terminam", afirma Baker-Brown.
Ele construiu um modelopoker jokeruma nova formapoker jokerconstrução com o mínimopoker jokerresíduos no seu livro The Re-Use Atlas ("Atlas do reúso",poker jokertradução livre),poker joker2017, que ensina seus princípios para uma geração crescentepoker jokerarquitetos e construtores da faculdadepoker jokerarquitetura da Universidadepoker jokerBrighton.
Ele oferece uma redefinição simples e poderosa dos resíduos como sendo "apenas coisas úteis no lugar errado".
Embora essas ideias sejam incluídas no setorpoker joker"economia circular", Baker-Brown utiliza uma expressão com maior impacto: ele ressalta a necessidadepoker joker"minerar o Antropoceno"poker jokervezpoker jokercavar novos materiais.
"Precisamos nos tornar 'mineradores urbanos' e retrabalhar [ou] reutilizar construções, componentes e fontespoker jokermateriais já disponíveis", escreveu elepoker jokeruma chamada para ação mobilizadora publicada na revista do Instituto Realpoker jokerArquitetos Britânicospoker joker2019.
Baker-Brown está atualmente terminando um pavilhão para a Óperapoker jokerGlyndebournepoker jokerSussex, no Reino Unido, que é conhecida mundialmente.
O pavilhão está sendo construído com produtos residuais que incluem cascaspoker jokerostras, rolhaspoker jokerchampanhe e tijolos mal cozidos rejeitadospoker jokeruma fábricapoker jokertijolos próxima.
Fundamentalmente, ele também está empregando esses materiaispoker jokerforma que facilitepoker jokerdesconstrução posterior - unindo os elementos com pregospoker jokervezpoker jokercola, por exemplo - para criar o que ele chamapoker joker"uma lojapoker jokermateriais para o futuro".
A ideiapoker jokerprojetar construções especificamente com o reúsopoker jokermente ganhou o rótulo "design para desconstrução".
Os Jogos Olímpicospoker joker2012 mostraram essas ideiaspoker jokeração com a construçãopoker jokeracomodações temporárias para 17 mil atletaspoker jokerLondres.
Para isso, as construções foram projetadaspoker jokerforma que pudessem ser remodeladas posteriormente na formapoker jokercasas sustentáveis para habitantes locais, graças a elementos como paredes divisórias nos andares, que podem ser movidas facilmente para formar novas configurações.
Mas as pessoas dispostas a minerar o Antropoceno precisam trabalhar principalmente com construções existentes que não foram projetadas para desconstrução ou reconstrução.
O escritório holandês Maurer United Architects respondeu a esse desafio construindo 125 novas moradias sociais com maispoker joker90%poker jokermateriais recicladospoker jokerblocospoker jokerapartamentos antigos no empreendimento Superlocal Estate, na cidadepoker jokerKerkrade, na Holanda.
Trechos enormespoker jokerpisopoker jokerconcreto foram cortados e erguidos dos antigos edifícios e depositados para fornecer as estruturas das casas novas, enquanto o concreto restante foi triturado no local para reúso,poker jokeruma abordagem que o fundador do escritório, Mark Maurer, chamapoker joker"demolição inteligente".
Uma chave para a mineração bem sucedida do Antropoceno para nossas construções futuras é elaborar maneiraspoker jokerreutilizar os materiais existentespoker jokeruma infinidadepoker jokerformas.
Folke Köbberling, professorapoker jokerarte relacionada à arquitetura da Universidade Técnicapoker jokerBraunschweig, na Alemanha, passou anos aperfeiçoando formaspoker jokerreutilizar materiais.
"Usar material reciclado é diferentepoker jokertrabalhar com materiais novos", afirma ela. "Esses materiais têm uma história. Nós buscamos os materiais e tentamos utilizá-los como eles chegam,poker jokerforma muito flexível."
Um exemplo é o anfiteatro que ela e seu colega Martin Kaltwasser construírampoker joker2008 no Centropoker jokerArtes Wysing, pertopoker jokerCambridge, no Reino Unido.
Feito principalmente com 400 palletspoker jokermadeira recuperadospoker jokerconstruções locais, ele também inclui janelaspoker jokerantigas estufas e pisospoker jokermadeirapoker jokerteca recicladospoker jokerprateleiras descartadas pela Universidadepoker jokerCambridge.
Com custo totalpoker jokerapenas 5 mil euros (R$ 30,7 mil), a construção foi idealizada para fornecer um espaço diferenciado para as artes por dois anos, até ser desmontado para reutilizar seus materiaispoker jokeroutro lugar. Mas ele ainda está servindo muito bem.
Köbberling também descobriu que lãpoker jokercarneiro bruta descartada servepoker jokerexcelente filtropoker jokerpoluição e isolamento das paredes e transformou ainda milharespoker jokergarrafas e copos plásticos descartados na Maratonapoker jokerBerlimpoker jokermaterial para tetospoker jokerpontospoker jokerônibus.
Conectar a fonte desses materiais à demanda por componentes é um elemento chave no esforço para reinventar os resíduos como novo materialpoker jokerconstrução.
"Precisamos encontrar uma formapoker jokercriar prosperidade e valor agregado, não pela produçãopoker jokernovas mercadorias, mas com a manutenção e gestão das mercadorias existentes", afirma Michael Ghyoot, cofundador da empresapoker jokerdesign Rotor, com sedepoker jokerBruxelas, na Bélgica - que está concentrando esforços para facilitar o reúso pelos profissionais da construção.
A Rotor associou-se a outras empresas da Europapoker jokerum projeto financiado pela União Europeia para formar um diretório online que já reuniu pouco maispoker joker1 mil comerciantes especializados na recuperaçãopoker jokermateriais e empresas correlatas (a pandemia prejudicou o objetivo originalpoker jokerreunir 1,5 mil participantes).
Ela também está criando um kitpoker jokerferramentas pré-demolição para ajudar as empresas a determinar o potencialpoker jokerreúsopoker jokermateriais e produtos presentespoker jokerconstruções previstas para demolição ou revitalização.
A remodelagem da Torrepoker jokerMontparnasse, com 59 andares, pelo escritóriopoker jokerarquitetura Bellastock, com sedepoker jokerParis, na França, é outro exemplo da mineração do Antropocenopoker jokeração.
Os arquitetos utilizaram concreto, vidro e aço da fachada e do interior da construção para ajudar a criar novos níveis e espaços, sem recorrer a resíduospoker jokerdemolição.
A torre transformada está programada para ficar pronta a tempo para receber visitantes nos Jogos Olímpicospoker jokerParis,poker joker2024.
Mathilde Billet, diretora técnicapoker jokerreúso da Bellastock e gerentepoker jokerprojetos da des/reconstrução da Torrepoker jokerMontparnasse, argumenta que comportamentos arraigados no setor da construção, e não barreiras práticas, são o principal obstáculo para a implementação generalizada do princípiopoker jokerreúso.
"O mais difícil é mudar nossa formapoker jokerpensar", afirma ela, acrescentando que o aumento da consciência, treinamento, conferências e simplesmente falar podem remover grande parte desse medopoker jokermudança.
"Precisamos imaginar a cidade como um bancopoker jokermateriais, propício para o reúso. Não existem mudanças significativas. Custa apenas um poucopoker jokervontade e agilidade", ela diz.
Michael Ghyoot também salienta que o processopoker jokertornar os materiais existentes prontos para reúso cria uma sériepoker jokernovos empregos.
"Essa atividade é trabalhosa: [exige ações como] limpar as pontaspoker jokeruma lajepoker jokermármore, remover cimentopoker jokertelhas, substituir os fiospoker jokeraparelhos elétricos antigos - e documentar todos os materiais", segundo ele.
Para Mathilde Billet, os princípios que sustentam a mineração do Antropoceno também se harmonizam com as práticas antigas, seja o reúsopoker jokerpedraspoker jokerconstruções antigas, que foi algo comum por séculos, ou a reconstrução constantepoker jokergrandes construçõespoker jokerargila,poker jokerpaíses como o Máli.
"O reúso exige tecnologia antiga", afirma ela. "Essa tecnologia existepoker jokerquase todos os lugares do planeta, mas está morrendo lentamente." A situação alarmantepoker jokerque nos encontramos significa que precisamos retornar para uma arquitetura mais frugal, segundo ela: "uma arquitetura construída com o material do local onde ela se encontra".
Longepoker jokerser algo totalmente oposto à economia prática, uma análisepoker jokercinco países da União Europeia pelo Clubepoker jokerRomapoker joker2020 concluiu que mudar para uma economia mais circular reduziria suas emissõespoker jokercarbonopoker jokerdois terços e criaria maispoker jokerum milhãopoker jokernovos empregos.
O que realmente faz pouco sentido econômico ou ambiental é continuar a escavar bilhõespoker jokertoneladaspoker jokermatérias-primas novas do planeta.
Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.
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