Portugal vê nova ondacaca niqueisimigração brasileira após reaberturacaca niqueisfronteira:caca niqueis

Crédito, Pedro Nunes/Reuters

Legenda da foto, Entidades que auxiliam imigrantes no país relatam intensificação da chegadacaca niqueisbrasileiros

Foi com essa possibilidadecaca niqueismente que o auxiliarcaca niqueisenfermagem Uelber Oliveira,caca niqueis33 anos, se preparou para viver no país. Em Lisboa há cercacaca niqueistrês meses, chegou sem visto para procurar emprego e se instalar na cidade.

"Está cada vez mais difícil viver, e viver com qualidade, no Brasil. A nossa luta não é mais para ter um carro bom, uma moradia boa. O problema agora é ter o básico, é conseguir se alimentar", diz ele, que é naturalcaca niqueisIlhéus (BA).

Na capital portuguesa, conseguiu um emprego e aguardou a chegada da esposa, cuja viagem ficou marcada para dois meses após a sua. Atualmente, os dois trabalham como cuidadorescaca niqueisidosos na cidade, e já começaram o processo para regularizarcaca niqueissituação migratória.

"Percebi quecaca niqueisPortugal teremos segurança, e, mesmo ganhando pouco, muita qualidadecaca niqueisvida - e ainda vou conseguir mandar um dinheirinho para o Brasil", afirma.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Uelber Oliveira e a esposa: busca por melhor qualidadecaca niqueisvida levou o casal a Portugal

O movimento atualcaca niqueismigraçãocaca niqueisbrasileiros para Portugal começoucaca niqueis2014, quando as condições econômicas do Brasil voltaram a piorar, mas se intensificou a partircaca niqueis2017. Nos últimos quatro anos, o númerocaca niqueisbrasileiros residindocaca niqueisPortugal registrou um aumento - batendo recordecaca niqueis2020.

"E aí veio a pandemia e fechou as fronteiras. Mas as pessoas só suspenderam seus processos migratórios nesse período", afirma Cyntiacaca niqueisPaula, presidente da Casa do Brasilcaca niqueisLisboa, entidade que auxilia os imigrantes no país. "Quando abriram as porteiras, as pessoas voltaram a procurar Portugalcaca niqueispeso."

É o casocaca niqueisMaicon (que não quis ter seu sobrenome divulgado pela reportagem), que começou a planejar a mudança para Portugalcaca niqueis2019. Casado e com dois filhos, ele trabalhou por dez anos na construção civil no Brasil, mas foi perdendo espaço na área e, há dois anos, passou a atuar como motoristacaca niqueiscarreta.

"Eu sempre lutei para ter um conforto no Brasil para mim e para os meus filhos. Trabalhava muito e as coisas não progrediam, não conseguia suprir as necessidades básicas da minha família", diz.

Instalado na regiãocaca niqueisAveiro, no Centrocaca niqueisPortugal, conseguiu um emprego como ajudantecaca niqueisserralheiro e também já deu início ao processocaca niqueisregularizaçãocaca niqueissua situação. Agora, aguarda a chegada da esposa e dos filhos, programada para janeiro.

"Não vim para ficar rico, mas para oferecer aos meus filhos uma qualidadecaca niqueisvida melhor e conseguir alguma estabilidade financeira", conta.

"No início é perrengue mesmo, mas está valendo a pena. Aqui a alimentação é barata, o lazer é barato. No Brasil, eu estava me privandocaca niqueiscomer carne com um salário bom. Aqui eu já estou enjoadocaca niqueiscomer picanha."

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Beatriz Menezes está entre os estudantes que têm buscado oportunidades no país

Perfis variados

Hoje, residemcaca niqueisPortugal cercacaca niqueis214.500 cidadãos brasileiros,caca niqueisacordo com númeroscaca niqueisnovembro do Serviçocaca niqueisEstrangeiros e Fronteiras (SEF). O dado, porém, exclui aquelescaca niqueissituação irregular e os que também possuem cidadania portuguesa oucaca niqueisoutro país europeu.

Os imigrantes no país têm perfis variados, afirma Cyntiacaca niqueisPaula. "Temos uma imigração não somente para o trabalho não qualificado, mas tambémcaca niqueismuitos profissionaiscaca niqueisperfil qualificado, não apenascaca niqueistermoscaca niqueisescolaridade, como com muitos anoscaca niqueisexperiência. Esses não vinham antes com tanta expressividade, e agora vêm."

Além disso, segundo ela, há registrocaca niqueischegadacaca niqueismuitas famílias e um fluxo regularcaca niqueisestudantes brasileiros a Portugal.

A advogada paulista Beatriz Menezes,caca niqueis28 anos, faz parte desse último grupo. Após uma experiência profissional ruim, ela decidiu tirar alguns projetos do papel e passou a pesquisar as oportunidadescaca niqueisestudocaca niqueisPortugal.

"Na minha cabeça, estudar na Europa era algo impensável do pontocaca niqueisvista financeiro. Mas conheci uma pessoa que fazia o curso que hoje faço aqui, um mestradocaca niqueisDireito Administrativo na Universidadecaca niqueisLisboa, e descobri que não era bem assim. Gastaria mais ou menos a mesma coisa estudando aqui oucaca niqueisuma boa faculdade no Brasil", diz.

Ela chegou a Portugalcaca niqueisoutubro, depoiscaca niqueisadiar os planos por alguns mesescaca niqueisrazão da pandemia. Mas já pensa na possibilidadecaca niqueisprolongarcaca niqueisestadia no país após a conclusão do curso, que tem duraçãocaca niqueisdois anos.

"Me encantei por Lisboa, e tenho certezacaca niqueisque todo esse impacto da pandemia ecaca niqueisum governo ineficiente vai perdurar no Brasil. Isso me faz considerar ficar por aqui", afirma.

Foi o que fez o publicitário paulista Leandro Guimarães,caca niqueis38 anos. Ele chegou ao país no segundo semestrecaca niqueis2019 para ficar por um ano, enquanto cursava uma pós-graduaçãocaca niqueisComunicaçãocaca niqueisCultura e Indústrias Criativas, na Universidade Novacaca niqueisLisboa.

Nos meses seguintes à conclusão do curso, com o visto caducado, decidiu entrar com uma manifestaçãocaca niqueisinteresse para se regularizar no país. "Dei início ao processocaca niqueissetembro do ano passado, com a expectativacaca niqueisque ele durasse oito meses. Atualmente, estou esperando há um ano e dois meses", diz.

Com a regularizaçãocaca niqueisandamento, ele se viu diantecaca niqueisduas possibilidades: permanecercaca niqueisPortugalcaca niqueissituação irregular ou voltar ao Brasil e correr o riscocaca niqueisperder o processo. Optou pela segunda.

Ao longo dos meses, decidiu voltar a Portugal e passou a procurar, à distância, um emprego no país. "Achei essa empresa que cuidacaca niqueismobilidade internacional e comecei a trabalhar para elescaca niqueisagosto, ainda do Brasil", conta ele que, com o contratocaca niqueismãos, voltou a Lisboacaca niqueisoutubro.

"Tive essa experiência primeiro como estudante, depois entendi que seria um mercado promissor para Comunicação e Tecnologia, porque muitos portugueses saíram do país. Eu gosto do fatocaca niqueisPortugal ser um país pequeno, ecaca niqueisLisboa oferecer serviçoscaca niqueiscapital numa cidade do tamanhocaca niqueisSorocaba. Faço muita coisa a pé, estou perto da natureza. E sócaca niqueister segurança já é um ganho enorme."

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Leandro Guimarães chegou como estudante, mas decidiu ficar

Regularização e problemas

Quem vive legalmentecaca niqueisterritório nacional por cinco anos tem direito a aplicar para a naturalização, obtendo a cidadania portuguesa. Esse prazo só começa a contar, porém, a partir do momentocaca niqueisque o imigrante conseguecaca niqueisautorizaçãocaca niqueisresidência - ou seja, quando passa a estarcaca niqueissituação regular.

Os Artigos 88 e 89 da Lei dos Estrangeiros são os que permitem àqueles sem vistocaca niqueisPortugal, ou com o visto caducado, se regularizarem no país, por meiocaca niqueiscontratocaca niqueistrabalho ou como prestadorescaca niqueisserviços.

Para isso, eles devem dar entrada no processo online, apresentar uma sériecaca niqueisdocumentos, ter númerocaca niqueisinscrição fiscal e estar contribuindo para a Segurança Social. Esse processo, porém, pode levar anos para ser concluído.

"Como existe a possibilidadecaca niqueisregularizaçãocaca niqueisterritório nacional, muita gente opta por essa estratégia. Mas durante esse processo, que pode demorar até quatro anos, essas pessoas enfrentam muita instabilidade", diz Cyntiacaca niqueisPaula.

"Os imigrantescaca niqueissituação irregular enfrentam dificuldades práticas e correm risco maiorcaca niqueisexploração laboral, trabalhandocaca niqueiscondições à margem da legalidade. Também correm o riscocaca niqueisexpulsão ecaca niqueisnão poder retornar ao país por alguns anos", afirma Vasco Malta, chefe da missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM)caca niqueisPortugal.

Cyntia relata que, durante a pandemia, muitos imigrantes perderam o emprego. Sem contrato ou acesso a programascaca niqueisauxílio do governo, eles ficaram sem rendimentocaca niqueisum dia para o outro.

Além disso, apesar da medida emergencial do governo que regularizou temporariamente todos os imigrantes no país,caca niqueismodo a garantir seu acesso ao Sistema Nacionalcaca niqueisSaúde, muitos enfrentaram dificuldades para se vacinar contra a covid-19.

A OIM fornece apoio a imigrantes que queiram voltar ao seu paíscaca niqueisorigem, mas não conseguem fazê-lo por faltacaca niqueisrecursos, por meio do Programacaca niqueisApoio ao Retorno Voluntário e Reintegração (ARVoRe). A grande maioria dos atendidos é brasileira, e o percentual atingiu 97,9%caca niqueis2020.

Em 2021, contudo, a participação dos cidadãos brasileiros no total caiu para 83%, considerando os dados até outubro.

De acordo com o chefe da missão, embora não haja dados para explicar a redução, ela estaria ligada à evolução negativa da pandemia no Brasil, alémcaca niqueisuma melhora no cenário econômico e no mercadocaca niqueisempregocaca niqueisPortugal durante os meses do verão europeu (de junho a setembro). Ele também cita a continuidade dos processoscaca niqueisregularização pelo SEF.

Malta afirma que é essencial que os brasileiros busquem a entradacaca niqueisPortugalcaca niqueismaneira regular e se planejem antes da viagem.

"Planejar-se é absolutamente fundamental, as pessoas precisam saber o que vão encontrar, até para gerir expectativas. O custocaca niqueisvidacaca niqueisLisboa e no Porto continua altíssimo, assim como o valor do arrendamento [aluguel]. A crisecaca niqueismatérias-primas também impacta o custocaca niqueisvida das pessoas", diz.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Regiãocaca niqueisAlfama,caca niqueisLisboa: valor dos aluguéis nas principais cidades aumentou nos últimos anos

O preço elevado dos aluguéis, especialmente nos grandes centros, é uma reclamação recorrente entre os imigrantes brasileiros no país, assim como as dificuldades relacionadas ao preconceitocaca niqueisportugueses com o grupo e com o sotaque brasileiro.

"Em razãocaca niqueisvários estereótipos relacionados à comunidade brasileira, muitos imigrantes têm dificuldadecaca niqueisencontrar trabalho qualificado. Eles sentem que seu percurso profissional fica dentro do avião. Há também dificuldadescaca niqueisintegração,caca niqueisespecial para as mulheres brasileiras", diz a presidente da Casa do Brasilcaca niqueisLisboa.

De acordo com Maicon, muitos proprietários pedem até três cauçõescaca niqueisadiantamento para alugar um imóvel. "E os portugueses nem sempre são simpáticos aos brasileiros", afirma ele, que também recomenda muito planejamento a quem pensacaca niqueisemigrar.

"Vi vários relatoscaca niqueispessoas passando até fome aqui. E acho que, se não tivesse demorado tanto tempo para vir, eu também estaria passando por alguns apertos por faltacaca niqueisinformação ecaca niqueisplanejamento."

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