O general transgênero que lutou com exércitobet 365pixZapata na Revolução Mexicana:bet 365pix

Aquela jovem adolescente passou a chamar-se Amelio Robles Ávila, um dos primeiros casos documentadosbet 365pixuma pessoa transgênero no México.

A jovem Amelia Robles

Aquele coronel da Revolução Mexicana nasceu como Amelia Malaquías Robles Ávilabet 365pixuma família estabelecida no Estadobet 365pixGuerrero, no sul do México, no dia 3bet 365pixnovembrobet 365pix1889.

Nas montanhasbet 365pixXochipala,bet 365pixvida era o campo, sem grandes janelas para o mundo.

"Crescendo nesse ambiente, Amelia aprendeu a usar armas e a cavalgar. Essas habilidades se sobressairiam no processo revolucionário", afirma Juárez.

As posses da família deram a ela uma educação muito religiosabet 365pixum colégio para meninas, as Filhasbet 365pixMaria Imaculada da Medalha Milagrosa.

"Foi ali que começou a mostrar seus primeiros sinaisbet 365pixrebeldia. Andava muito com uma colega, mantinha uma espéciebet 365pixrelacionamento com ela", relata a historiadora.

Eclode a revolução

Os gruposbet 365pixoposição ao governo do general Porfirio Díaz, liderados por Francisco I. Madero, tomaram as armas no dia 20bet 365pixnovembrobet 365pix1910, dando início à Revolução Mexicana.

A "bola" — como eram chamadas as multidões que recrutavam guerrilheirosbet 365pixcidades e povoados — estevebet 365pixXochipala e chamou a atençãobet 365pixAmelia Robles ebet 365pixmuitos outros jovens.

Aquele grupo armado era o recém-criado Exército Libertador do Sul, chefiado por Emiliano Zapata, um dos líderes mais importantes da Revolução Mexicana. Zapata lutava pela reforma agrária combet 365pixproposta chamadabet 365pixPlanobet 365pixAyala.

Mas a causa não era o mais importante na mente da jovem Amelia Robles. Anos depois, ela confessou que entrou para a "bola" por "mera loucurabet 365pixjuventude".

"Ou seja, eu disse: 'Eu não sei o que é o Planobet 365pixAyala, nem o que está acontecendo. Mas a 'bola' veio e eu fui com ela'", declarou Roblesbet 365pixuma entrevista ao jornal mexicano El Universalbet 365pix1927.

Sua ideia era "ser totalmente livre".

Noemí Juárez afirma que costuma passar despercebido como eventos como a Revolução Mexicana provocaram mudanças profundas na vida cotidiana das comunidades afetadasbet 365pixmuitos sentidos. "Ela (Robles), eventualmente, foi beneficiada. Repentinamente, ela aprende que existe um mundo lá fora, no qual ela pode se envolver com armas, cavalos e interagir com outros grupos", acrescenta.

Masculinizar-se para sobreviver

Na história da Revolução Mexicana, é comum incluir a participação das mulheres conhecidas como "soldaderas" ou "adelitas" — encarregadasbet 365pixtrabalhosbet 365pixapoio às tropas.

Mas as mulheres também desempenharam papel armado e muitas vezes precisaram adotar a aparênciabet 365pixhomens para prosseguir. Algumas chegaram a precisar mudar seus nomes.

"De fato, houve muitas mulheres que foram para as fileirasbet 365pixbatalha como soldados. Mas elas precisaram se masculinizar. E Amelio não foi o único — temos outros exemplos", explica Juárez.

Petra Herrera foi o revolucionário Pedro Herrera e Ángela Jiménez passou a ser o combatente Ángel Jiménez. Apenas algumas, como a coronela Rosa Bobadilla, mantiveram seus nomes e aparência. Mas por que elas fizeram isso?

"Muitas vezes, para defender-se da violência sexual", ressalta a historiadora. "Se, atualmente,bet 365pixum suposto contextobet 365pixmomento pacífico que estamos vivendo, a violência contra as mulheres é um problema diário, imaginebet 365pixum contextobet 365pixguerra."

"Elas também adotavam uma identidade que lhes permitisse assumir o comandobet 365pixtropas, o que, por serem mulheres, muitas vezes teria sido impossível", explica Juárez.

Apósbet 365pixparticipação na Revolução, personagens como Petra Herrera e Ángela Jiménez voltaram às suas localidades para seguir a vida como mulheres.

Mas o casobet 365pixAmelia Robles foi diferente.

A batalhabet 365pixAmelio

Assim que entrou na luta armada, as habilidadesbet 365pixAmelia Robles chamaram a atenção, especialmente o planejamento e a execuçãobet 365pixemboscadas contra o Exército Federal nas montanhas do sul do México.

Ela participou da tomadabet 365pixChipancingo, que levou à queda do presidente golpista Victoriano Huerta. E,bet 365pixum combate, chegou até a roubar o cavalobet 365pixum general do Exército Federal, o que demonstrou não apenasbet 365pixgrande capacidadebet 365pixdirigir ataques, mas tambémbet 365pixdestreza.

"Existem testemunhosbet 365pixque ela entrou na Revoluçãobet 365pixsaiote ou vestido vermelho, com tranças. Mas, nesse processo da Revolução, ela começa a mudarbet 365pixidentidade para tornar-se Amelio 'el güero' Robles ('o loiro')", segundo Juárez.

Robles passou rapidamentebet 365pixtenente para major e depois, coronel. Teve sob seu comando gruposbet 365pixaté mil homens. E, nesse ponto, começou o grande debate sobre a figura do coronel Amelio Robles, que até hoje é motivobet 365pixdiscussões sobre identidadebet 365pixgênero, progresso dos direitos da comunidade LGBTQIA+ e o feminismo.

Qual era o propósitobet 365pixAmelio Robles?

A decisãobet 365pixAmelio Roblesbet 365pixviver plenamentebet 365pixidentidadebet 365pixgênero durante a Revolução Mexicana foi libertadora: a jovem se converteu no homem que queria ser desde a infância.

Mas, com isso, Robles adotou o sistemabet 365pixvalores — basicamente machistas — dominante na época.

"Como coronel transgênero, Amelio expõe os valores dos homens daquela época. Pode-se pensar que o zapatismo foi muito aberto ao aceitar esse coronel, mas a homossexualidade era muito mal vista", diz Noemí Juárez.

"A aceitaçãobet 365pixAmelio ocorreu porque, afinal, ela representava os valores do revolucionário:bet 365pixmasculinidade, homem forte, valente, macho. Do macho revolucionário orgulhoso", acrescenta.

Por outro lado, houve outros revolucionários que atingiram altos postos, como Manuel Palafox no exércitobet 365pixZapata, cuja homossexualidade foi questionada e combatida. "Para ele, sim, as portas começaram a ser fechadas, já que a homossexualidade era equivalente a ser afeminado, o que era símbolobet 365pixfraqueza", segundo a historiadora.

A figurabet 365pixAmelio Robles gera muitas perguntas: foi uma pessoa que defendeu o papel da mulher na Revolução Mexicana, escolhendo ser homem e adotando o sistema predominante? Defendeu os direitos das pessoas transgênero e suas aspirações? Ou simplesmente reforçou o machismo?

Este debate encontra-sebet 365pixaberto até hoje.

Para Juárez, "a homossexualidade era mal vista, mas esse coronel transgênero — que, por fim, representa o masculino com statusbet 365pixpoder — é o aceito naquele momento".

O que a história mostra é que Amelio Robles serviu a Revolução Mexicana e a Revolução se serviu dele, para seguir pelo resto da vida no caminho que procurava aquela jovem fazendeirabet 365pixXochipala.

"Acredito que isso seja o importante. Ela se utiliza da revolução para fazer essa mudança nabet 365pixvida. E foi o que queria ser."

"Ela se torna livre, mantendo-se assim até a morte", conclui a historiadora.

bet 365pix Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube bet 365pix ? Inscreva-se no nosso canal!