COP26: Os principais fracassos e vitórias do acordo final da cúpula sobre mudança climática:7sign casino

Justin Trudeau, John Kerry e Moon Jae durante a COP267sign casinoGlasgow

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Justin Trudeau, John Kerry e Moon Jae durante a COP267sign casinoGlasgow; conferência resultou7sign casinoacordo neste sábado

No que diz respeito a apoio financeiro a países pobres, no entanto, a sensação é7sign casinoque houve pouca evolução. Para alguns países7sign casinodesenvolvimento, como o Brasil, há um "desequilíbrio" nas responsabilidades, com nações ricas cobrando resultados e ambição, sem entregar o dinheiro prometido para financiar as regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas.

Os países mais vulneráveis também pediam um fundo para "perdas e danos", para usar quando se vissem diante7sign casinoemergências climáticas inevitáveis, como furacões, inundações e secas prolongadas. Mas União e Europeia e Estados Unidos bloquearam essa proposta.

A BBC News Brasil lista aqui os avanços no texto e o temas que falharam7sign casinoambição por falta7sign casinoconsenso.

Diminuição7sign casinocombustíveis fósseis

Chaminé com fumaça7sign casinoqueima7sign casinocombustíveis fósseis

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A maior "vitória" do acordo é o reconhecimento da necessidade7sign casinopor fim aos combustíveis fósseis e ao carvão

O acordo firmado na COP26 defende a necessidade7sign casino"acelerar" a transição energética para fontes limpas. Também pede que os países "acelerem" os esforços para reduzir subsídios "ineficientes" a combustíveis fósseis e o uso7sign casinocarvão que não use tecnologia7sign casinocompensação7sign casinoemissões.

O texto anterior falava7sign casino"eliminar" o uso7sign casinocarvão, o que para especialistas e ONGs internacionais, como Greenpeace e WWF, seria um avanço histórico, já que seria primeira vez que a menção ao fim do uso7sign casinofontes poluidoras7sign casinoenergia "sobrevivia" ao acordo final7sign casinouma cúpula do clima.

Por causa da grande pressão7sign casinopaíses que defendem7sign casinoenergia a carvão e7sign casinograndes exportadores7sign casinopetróleo, como Arábia Saudita, Índia, China e Rússia, já havia um temor7sign casinoque o trecho fosse retirado durante as negociações. No final das contas, foi esvaziado. O presidente da COP26, Alok Sharma, chegou a se emocionar ao dizer que lamenta que as negociações tenham resultado nessa última versão sobre combustível fósseis, mas destacou que era preciso chegar a um consenso.

"Esta é a primeira vez que uma decisão na Convenção do Clima reconhece explicitamente a necessidade7sign casinotransição7sign casinocombustíveis fósseis para renováveis. Já tínhamos visto propostas nesse sentido7sign casinorascunhos7sign casinodecisões anteriores, como do próprio Acordo7sign casinoParis, mas elas não sobreviveram7sign casinotexto final", disse à BBC News Brasil Natalie Unsterstell, especialista7sign casinopolítica climática e integrante do Grupe7sign casinoFinanciamento Climático para América Latina e Caribe.

"É um reflexo direto7sign casinoque os combustíveis fósseis estão perdendo7sign casinolicença social, isto é,7sign casinolicença para existir."

Além disso, durante a COP26, um grupo7sign casino40 países, incluindo Reino Unido, Canadá e Polônia, assinou um acordo paralelo para eliminar o uso7sign casinocarvão mineral7sign casinosua matriz energética entre 2030 e 2040. Mas a lista não inclui os dois maiores emissores do mundo: China e Estados Unidos.

Muitos ativistas também criticam o fato7sign casinonão haver qualquer data ou meta7sign casinopercentual para eliminação7sign casinocombustíveis fósseis no texto final. E representantes do Brasil lamentaram que não tenha sido firmado um compromisso paralelo durante a COP26,7sign casinoque países desenvolvidos se comprometessem com um prazo para a transição7sign casinoenergia suja para fontes renováveis.

Na primeira semana da cúpula do clima, foram assinados compromissos paralelos sobre zerar desmatamento até 2030 e reduzir a emissão7sign casinometano7sign casino30% até 2030, mas um acordo semelhante não foi feito sobre transição7sign casinoenergia7sign casinofontes poluidoras para energia limpa.

"Teria sido interessante que houvesse um compromisso como o que assinamos sobre florestas, mas alcançando a área7sign casinoenergia e combustíveis fósseis, as maiores fontes7sign casinopoluição. E o termo 'ineficiente' é vago. O que seria um subsídio ineficiente para combustível fóssil? Tinha que ser 'eliminar subsídio'", criticou um negociador brasileiro.

Geradores7sign casinoenergia eólica na China

Crédito, EPA

Legenda da foto, Representantes do Brasil lamentaram que não tenha sido firmado um compromisso paralelo durante a COP26,7sign casinoque países desenvolvidos se comprometessem com um prazo para a transição7sign casinoenergia suja para fontes renováveis

Metas mais ambiciosas7sign casino2022

Para especialistas, uma das principais vitórias do acordo final é incluir a necessidade7sign casinopaíses apresentarem até o final7sign casino2022 novos compromissos7sign casinoredução7sign casinogases do efeito estufa. Isso porque as metas apresentadas até agora por cada país não seriam suficientes para limitar o aquecimento da Terra a 1,5°C, conforme previsto no Acordo7sign casinoParis, assinado7sign casino2015.

Um estudo7sign casinopesquisadores do Climate Action Target divulgado durante a cúpula do clima analisou esses compromissos e concluiu que a temperatura do planeta aumentaria 2,4°C se dependermos das metas7sign casinocurto prazo apresentadas pelos países.

"É muito importante esse trecho do acordo7sign casinoexigir mais ambição7sign casinotodos os países já7sign casino2022", disse à BBC News Brasil a gerente7sign casinoPolítica Global e Climática da WWF, Fernanda Carvalho.

Com isso, os países deverão elaborar e submeter até o fim do ano que vem uma nova NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), como é chamado o documento com metas voluntárias nacionais.

Outro ponto do acordo que representou um avanço, conforme especialistas, é a parte que regulamenta o monitoramento dos compromissos assumidos. Pelo acordo, todo ano os países devem apresentar um relatório sobre o andamento das NDCs, ou seja, dos compromissos assumidos por cada país.

Assim, será possível saber quem está cumprindo ou não as promessas feitas ao mundo. Além disso, ministros do Meio Ambiente deverão se reunir anualmente para discutir as metas climáticas7sign casinocurto prazo, que devem ser efetivadas até 2030.

Bom monitoramento7sign casinometas, fraco controle7sign casinodinheiro

Se, por um lado, mecanismos para monitorar o cumprimento das metas avançaram, negociadores do Brasil dizem que o mesmo não aconteceu com o controle7sign casinofinanciamento7sign casinopaíses ricos a nações mais pobres.

Protesto7sign casinoativistas ambientais7sign casinoGlasgow durante a COP26

Crédito, PA Media

Legenda da foto, Negociadores7sign casinoGlasgow criticam ausência7sign casinomeios7sign casinocontrole7sign casinotorno do financiamento dos países ricos ao combate às mudanças climáticas

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai tentavam emplacar nas negociações a previsão7sign casinoum comitê permanente para controlar o pagamento dos US$ 100 bilhões anuais que países ricos se comprometeram a pagar entre 2020 e 2025, para financiar ações contra o aquecimento global7sign casinopaíses7sign casinodesenvolvimento.

A ideia era que esse comitê acompanhasse a entrada do dinheiro, quanto cada país está pagando e para qual finalidade. Mas países ricos, principalmente a União Europeia, bloquearam a proposta.

"Os países ricos pressionaram por um mecanismo robusto7sign casinomonitoramento do cumprimento das metas, mas não aceitam o mesmo para o controle7sign casinoquanto estão entregando7sign casinofinanciamento a países pobres", criticou um negociador brasileiro.

Fracassou pleito por US$ 1,3 trilhão a países pobres

O dinheiro na mesa, ou seja, o financiamento7sign casinopaíses ricos a ações7sign casinocombate ao aquecimento7sign casinopaíses mais pobres, é considerado o ponto7sign casinomaior fragilidade do acordo final da COP.

O texto reconhece que é necessário que países ricos contribuam com "bem mais" do que os US$ 100 bilhões por ano que haviam prometido dar7sign casinofinanciamento a países7sign casinodesenvolvimento entre 2020 e 2025.

Mas o documento não estabelece uma cifra. Até agora, os US$ 100 bilhões prometidos não foram cumpridos pelos países desenvolvidos e, segundo previsões, esse valor só deve começar a entrar7sign casino2023.

Países7sign casinodesenvolvimento faziam pressão por uma versão do acordo que previa até US$ 1,3 trilhão7sign casinofinanciamento anual até 2030. O texto também não contemplou uma reinvindicação intermediária para que o financiamento7sign casinopaíses desenvolvidos somassem US$ 600 bilhões até 2025.

O texto prevê, porém, que países definam até 2024 o valor do financiamento anual que deve passar a ser concedido a países7sign casinodesenvolvimento a partir7sign casino2025. E destaca que a cifra deve ser significativamente maior que os US$ 100 bilhões que deveriam ter sido pagos entre 2020 e 2025.

Ministro Joaquim Leite

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, queixou-se dos países ricos

"Infelizmente, os países desenvolvidos não vieram preparados para essa COP. É frustrante ver o movimento real dos países desenvolvidos. Que eles tivessem se preparado para essa COP7sign casinoforma clara, que eles já tivessem reservados7sign casinoseus orçamentos recursos relevantes para fazer uma transição justa", criticou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, à7sign casinoentrevista à BBC News Brasil.

"Infelizmente,7sign casinorelação a financiamento, todos aqui da COP saem frustrados que não tenhamos chegado a um valor maior que os US$ 100 bilhões, que já não são suficientes para uma transição justa. Esperamos que nas próximas COPs os países desenvolvidos e maiores poluidores assumam a7sign casinoresponsabilidades perante a esse desafio e a essa questão global."

Fracasso da reivindicação7sign casinoum fundo a países afetados

Um dos pontos mais sensíveis da negociação era o pleito dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas pela criação7sign casinoum fundo7sign casino"perdas e danos", para ajudar essas nações a lidar com emergências climáticas que não podem evitar.

Estados Unidos e União Europeia foram os principais países a bloquear a proposta. Em vez7sign casinodefinir recursos e um fundo específico para compensar os países pelo impacto que já sofrem com mudanças climáticas, o acordo fala7sign casino"fortalecer parcerias" entre países desenvolvidos, países7sign casinodesenvolvimento, e instituições financeiras para ajudar na resposta a danos provocados pelas mudanças climáticas.

O documento também reconhece que é preciso mais ajuda7sign casinoa países vulneráveis e reconhece que eles já estão sofrendo os efeitos do aquecimento global.

"Para nós, (financiamento para) perdas e danos é uma questão7sign casinosobrevivência. As Maldivas vão aceitar o texto do acordo, mas pedem que os países ricos possam transpor as palavras e agir. Hoje aqueles que têm mais opções decidem quão rápido é necessário agir", disse a representante das Maldivas - que estão entre as ilhas sob risco7sign casinosucumbir diante do aumento do nível do mar - na reunião plenária7sign casinoque países apresentaram suas opiniões sobre a proposta7sign casinoacordo.

Saldo é positivo?

Apesar7sign casinoter verem fracassos no texto, principalmente na ausência7sign casinovalores para financiar ações climáticas7sign casinopaíses7sign casinodesenvolvimento, ambientalistas e especialistas7sign casinopolíticas climáticas ouvidos pela BBC News Brasil dizem que o saldo é positivo.

"Nunca antes eu tinha visto uma decisão da COP contemplando tanto as preocupações7sign casinopessoas reais e permeado pelo progresso que está ocorrendo na economia real. Diplomacia é incremental. Então é ótimo ver um pacote que reconhece o que já está acontecendo e precisa ser acelerado, como a mudança da opinião pública sobre combustíveis fósseis", disse Natalie Unterstell.

Para Unterstell, apesar do esvaziamento do trecho que fala7sign casinocarvão e combustíveis fósseis, é a primeira que um texto da COP26 reconhece o problema específico provocado pelas emissões7sign casinofontes sujas7sign casinoenergia. "O ideal seria falar7sign casinoabandono (do uso7sign casinocarvão e combustíveis fósseis). É o que a economia real está tentando buscar e realizar, e o que a ciência precisa que aconteça. Mas diplomacia é incremental e morosa", opinou a especialista7sign casinopolítica climática.

Manuel Pulgar-Vidal, diretor7sign casinoClima e Energia da WWF, também afirmou que houve "progresso" no acordo da cúpula do clima. "Temos que reconhecer que houve avanço. Existem agora novas oportunidades para os países entregaram o que eles sabem que precisa ser feito para evitar uma catástrofe climática."

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