A herdeira que salvou incontáveis vidas do nazismo e inspirou filme:sport bet club

"Desde cedo ela sentia que era extremamente injusto que ela tivesse tanta riqueza, sabendo que outras pessoas não tinham", explica Carol Siegel, diretora do Freud Museum London, que teve Gardiner entre seus fundadores e agora exibe uma mostra sobre ela.

"Ela passou a se interessar muito por política. Mesmo na juventude ela organizou uma espéciesport bet clubprotesto sufragista."

A visãosport bet clubmundosport bet clubGardiner havia sido parcialmente forjada por um dos eventos mais famosos do século 20: o naufrágio do Titanic,sport bet club1912.

Mais tarde, ela diria a seu neto Hal Harvey que as reportagenssport bet clubjornal sobre o Titanic listavam as figuras notáveis que haviam morrido, mas meramente descreveu os demais mortos como "ocupantes da classe econômica".

"Ela perguntou asport bet clubmãe o que aquilo significava, e a mãe respondeu que eram as 'pessoas normais'. A cabeça dela explodiu", Harvey conta. "De repente, ela virou a liberal da família, aos 11 anossport bet clubidade."

Depoissport bet clubcursar o ensino superior no prestigioso Wellesley College,sport bet clubMassachusetts, ela estudou na Universidadesport bet clubOxford (Reino Unido) antessport bet clubse mudar para Viena (Áustria),sport bet club1926, onde tevesport bet clubfilha, Connie, nascidasport bet clubum casamento que durou pouco tempo.

A mudançasport bet clubGardiner para a Áustria foi inspirada porsport bet clubesperançasport bet clubser examinada pelo reverenciado psicanalista Sigmund Freud.

Como ele já tinha um grande númerosport bet clubpacientes, Gardiner foi encaminhada a um colega dele - o que não mitigou seu interesse na psicanálise ou seu amor por uma cidade (Viena) onde os social-democratas estavam no poder.

"Quando ela chegou por lá, era uma 'Viena vermelha' (com a esquerda no comando), e ela ficou muito impressionada com as reformas sociais que estavam ocorrendo", diz Seigel. "Muriel Gardiner gostavasport bet clubviver ali e decidiu que queria ser psicanalista." Por isso, se matriculou na faculdadesport bet clubmedicina da cidade.

Mas não demorou muito até que o governo socialista local fosse tirado do poder (e mais tarde perseguido) por um regime fascista.

A Áustria se tornou um país volátil, mas Gardiner permaneceu ali - e decidiu combinar seus estudos com uma nova causa, ajudando a resistência clandestina. "Não foi uma escolha difícil para ela ficar ali", explica seu neto Harvey. "Para ela, era a óbvia coisa certa a se fazer."

Conhecida no movimento da resistência como Mary, Gardiner usava suas três residênciassport bet clubViena para realizar reuniões ou esconder colegas, incluindo o líder dos Socialistas Revolucionários Joseph Buttinger -quem, no final dos anos 1930, se tornaria seu marido.

"Ela levava uma vida dupla: da mãe devota e estudante ativa que era muito sociável e tinha amigos por toda Viena, ao mesmo temposport bet clubque trabalhava na resistência", conta Seigel.

Seu trabalho incluía contrabandear passaportes falsos que permitissem que combatentes da resistência pudessem escapar da Áustria.

Ela também usavasport bet clubfortuna, influência e contatos para ajudar austríacos a sair legalmente do país, por exemplo obtendo empregos para eles no Reino Unido.

'Vida sob perigo'

Em uma ocasião, Gardiner viajousport bet clubtrem e escalou uma montanha por três horas, no meiosport bet clubuma noitesport bet clubinverno, para entregar passaportes a dois camaradas que estavam escondidossport bet clubuma remota pensão.

"Ela vivia sob perigo genuíno: estava constantemente fazendo coisas que, se fossem descobertas, no mínimo a fariam ser expulsa do país, mas o mais provável é que a levassem à prisão", prossegue Siegel.

Até que,sport bet club1938, quando a Áustria já havia sido anexada pela Alemanha nazista, o marido (Buttinger) e a filhasport bet clubGardiner deixaram o país, embora ela tenha permanecido para concluir seus estudos e continuar seu trabalho na resistência.

Mas não demorou para que os três acabassem deixando a Europa rumo aos EUA.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Gardiner e seu marido fizeram campanhas por vistos para judeus e ajudaram refugiados a obterem empregos e acomodação nos EUA.

É impossível saber ao certo quantas vidas ela salvou. Harvey diz ter ouvido números nas casassport bet clubcentenas, mas "acho que nem ela soube o número exato".

Em um documentário lançadosport bet club1987, dois anos após a mortesport bet clubGardiner, muitos sobreviventes do nazismo disseram que "provavelmente não estariam vivos" se não fosse pelos esforços dela.

Nas décadas após a guerra, ela passou a praticar a psicanálise, deu aulasport bet clubuniversidades e publicou diversos livros, mas guardou para si o esforço na resistência e na ajuda a fugitivos do nazismo.

Harvey lembra da avó como "uma pessoa modesta, genuinamente modesta". "Ela nunca falava sobre o que aconteceu, a não ser que você insistisse muito", ele agrega.

Até que,sport bet club1973, a escritora americana Lillian Hellman publicou um livro chamado Pentimento, que incluía um capítulo a respeitosport bet clubsua aparente amizade com uma mulher chamada Julia que morava na Áustria pré-nazismo e havia trabalhado na resistência.

Quatro anos depois, o filme Julia, baseado nessa história, estrelou Jane Fonda e Vanessa Redgrave, que ganhou um Oscarsport bet clubatriz coadjuvante pelo papel.

Quando a história do livro se tornou pública, diz Siegel, "muita gente começou a procurar Muriel perguntando: 'você leu a históriasport bet clubLillian Hellman? Você é a Julia? A história que ela está descrevendo é a sua'."

Segundo Siegel, Muriel Gardiner entrousport bet clubcontato com Hellman dizendo 'hum, que estranho, você obtevesport bet clubhistóriasport bet clubmim?', mas nunca teria recebido uma resposta.

Mais tarde, descobriu-se uma conexão entre as duas mulheres: elas tinham o mesmo advogado, Wolf Schwabacher. Como ele morreu na mesma época que o livro foi publicado, não foi possível descobrir se ele é quem havia contado a históriasport bet clubMuriel Gardiner para Lillian Hellman.

No entanto, ex-membros da resistência socialista na Áustria afirmam que só havia existido uma mulher americana que trabalhara com eles nos anos 1930: a mulher que conheciam como Mary, pseudônimosport bet clubGardiner.

Como resultado da polêmica, Gardiner decidiu levar ela mesmasport bet clubhistória a público, escrevendo suas memórias, Code Name Mary, que estava esgotado mas ganhou uma republicação por conta da mostrasport bet clubcartaz no Freud Museumsport bet clubLondres.

O local, que foi a última moradasport bet clubFreud depois que ele deixou Viena, foi comprado por Gardiner para ele esport bet clubfamília e mais tarde se converteusport bet clubmuseu com a ajuda da fundação montada por ela.

Harvey, porsport bet clubvez, diz que é "gratificante" ver ressurgir um interesse pela história.

"Ela havia planejado doar 99%sport bet clubsua fortuna, e fez isso. Ela não era uma Madre Teresa - ela desfrutavasport bet clubboas refeições e adorava uma vodca tônica no fim do dia. Mas, combinando o dinheiro que ela teve sortesport bet clubter com seu sensosport bet clubética esport bet clubhabilidadesport bet clubconquistar o medo, ela virou a mulher da qual a sociedade (desport bet clubépoca) realmente precisava."

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