Baleada na volta da escola: biografiaaposta final da copaMalala indica o que é crescer sob o Talebã:aposta final da copa

Malala Yousafzai, sentadaaposta final da copafrente à paisagemaposta final da copasua terra natal

Crédito, AFP/Getty

Legenda da foto, A ativista Malala Yousafzai voltou ao seu paísaposta final da copa2018, seis anos depoisaposta final da copasofrer um atentado

aposta final da copa Cabul, Afeganistão, agostoaposta final da copa2021: a universitária Aisha Khurram relata aposta final da copa que estudantes e professoras estão se despedindoaposta final da copauma das principais universidades do país, sem saber se poderão voltar para lá ou se rever.

Valeaposta final da copaSwat, Paquistão, janeiroaposta final da copa2009: Malala Yousafzai, então com 11 anos, escreveaposta final da copaum blog, com um pseudônimo, que ela se despediuaposta final da copasua escola e amigas "como se não fosse mais voltar".

O que conecta essas trágicas históricas da vida real,aposta final da copa2009 e 2021, é o grupo extremista Talebã — que, comaposta final da copainterpretação estrita da sharia, a lei islâmica, se opôs frontalmente nas últimas décadas à educaçãoaposta final da copamulheres.

Após a mais recente ofensiva do Talebã no Afeganistão, que dominou a capital Cabul no domingo (15/8), um porta-voz do grupo afirmou que as mulheres seriam respeitadas e que as meninas continuariam tendo acesso à educação.

Entretanto,aposta final da copaentrevista à BBC News, a professora afegã e ativista dos direitos humanos Pashtana Durrani ressalvou que o discurso e a prática do Talebã são distintos, e que o grupo não esclareceu quais direitos das mulheres seriam aceitáveis sob seu regime.

Hoje com 24 anosaposta final da copaidade, um diploma da Universidadeaposta final da copaOxford (Inglaterra) e um prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai também se manifestou sobre a situação crítica das mulheres na atual ofensiva do Talebã no Afeganistão — vizinhoaposta final da copaseu país natal, o Paquistão.

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Finalaposta final da copaTwitter post

"Assistimosaposta final da copacompleto choque o Talebã tomando o controle do Afeganistão. Estou profundamente preocupada com as mulheres, as minorias e os defensores dos direitos humanos", escreveu a paquistanesa e muçulmana.

A históriaaposta final da copaMalala mostra que a liberdade e a educação das mulheres sempre foi um forte alvo do Talebã, o que tornou ela própria uma vítima —aposta final da copa2012, ela foi baleada por combatentes do grupo após se tornar conhecida mundialmente defendendo que meninas como ela tivessem pleno acesso às escolas.

'Fico triste ao olhar meu uniforme'

Malala nasceuaposta final da copajulhoaposta final da copa1997 na cidadeaposta final da copaMingora, no Valeaposta final da copaSwat, ao norte do Paquistão. O Talebã ampliou significativamente seu domínio na região a partiraposta final da copa2007 e,aposta final da copajaneiroaposta final da copa2009, foi anunciado o fechamentoaposta final da copatodas as escolasaposta final da copameninas — uma delas dirigida pelo paiaposta final da copaMalala.

Também naquele primeiro mêsaposta final da copa2009, Malala começou a escreveraposta final da copaum blog a pedido da BBC, que procurava alguma estudante para relatar a vida sob o Talebã na região.

Ela começou a escreveraposta final da copalíngua urdu (idioma do Paquistão), sob o pseudônimoaposta final da copaGul Makai — nomeaposta final da copauma heroína do folclore local.

Quando já havia indíciosaposta final da copaque o Talebã vetaria a educação feminina, "Gul Makai" contou que suas amigas entraramaposta final da copaférias desanimadas.

"Elas sabiam que, se o Talebã implementasse seu decreto (vetando a educação feminina), elas não poderiam voltar à escola. Eu opino que a escola vai reabrir algum dia, mas, ao ir embora hoje, olhei para o prédio (da escola) como se não fosse mais voltar."

"Hoje é... o último dia antes da ordem do Talebã passar a valer, e minha amiga estava discutindo o deveraposta final da copacasa como se nada além do ordinário estivesse acontecido", contou depois,aposta final da copa15aposta final da copajaneiro.

Com véu, Malala sorri enquanto falaaposta final da copaentrevista
Legenda da foto, Malalaaposta final da copafoto recente: hoje, ela tem um fundo global para ajudar meninas a estudarem

Os relatos continuavam conforme o Talebã ordenava que as mulheres não saíssemaposta final da copacasa, bombardeava escolas e levava diversas famílias a fugirem do vale.

Emaposta final da copaautobiografia Eu sou Malala - A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã (escrito com Christina Lamb e publicado no Brasil pela Companhia das Letras), a jovem contou queaposta final da copaturmaaposta final da copa27 alunas já havia se reduzido a 10.

As estudantes que ficavam escondiam os uniformes e livros para não serem identificadas como tal por membros do Talebã. Elas também eram obrigadas a usar a burca, uma veste que cobre todo o corpo — e que, segundo escreveu Malala na época, "torna o atoaposta final da copaandar difícil".

Em fevereiro, a aluna dedicada escreveu no blog publicado pela BBC: "Fico triste ao olhar para o meu uniforme, minha mochila e minha caixaaposta final da copaapetrechos para as aulasaposta final da copageometria. As escolas para meninos reabrirão amanhã. Mas o Talebã baniu as meninas das escolas."

Mulheres afegãs

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Mulheres temem perdaaposta final da copadireitos; uma delas disse que tiraria a própria vida a ter casamento forçado com combatente do grupo

Entre 2009 e 2012, houve breves tréguas nos conflitos e retomadas do Valeaposta final da copaSwat pelo exército paquistanês. Depoisaposta final da copase refugiaremaposta final da copaoutras cidades, Malala eaposta final da copafamília retornaram a Mingora, onde ela conseguiu voltou a estudar quando houve um acordo entre o governo e o Talebã.

No período, a identidadeaposta final da copaMalala também foi descoberta pela vizinhança e pela imprensa local, tornando-a pouco a pouco mais conhecida pela mídia internacional. Ela já dava entrevistas, fazia discursos e recebia prêmios poraposta final da copadefesa do direito das mulheres à educação.

A visibilidade, porém, significou também maior vulnerabilidade. Ela e seu pai passaram a receber ameaças — masaposta final da copafamília acreditava que o Talebã não seria capazaposta final da copaatacar uma menina como ela.

Em outubroaposta final da copa2012, provou-se que não: ela foi alvejada na cabeça por um atirador do grupo, enquanto voltava da escola com amigasaposta final da copaum ônibus.

O Talebã declarou que a adolescente foi atacada por "promover a educação secular".

Malalaaposta final da copauma camaaposta final da copahospitalaposta final da copaBirmingham, cercada pela família

Crédito, University Hospitals Birmingham/Divulgação

Legenda da foto, Malala foi para o Reino Unido para se recuperar do ataque,aposta final da copa2012

Malala precisou passar por uma delicada cirurgiaaposta final da copaum hospital militar do Paquistão e depois foi levada para tratamento na Inglaterra. Sua alta só veioaposta final da copajaneiroaposta final da copa2013, e a partir daí seu reconhecimento global foi consolidado — levando-a a receber o Nobel da Pazaposta final da copa2014.

Desde então, a paquistanesa vive na Inglaterra com a família, onde continuou seus estudos. Ela também criou um fundo para apoiar o estudoaposta final da copameninas ao redor do mundo.

Cotidianoaposta final da copamedo

Naaposta final da copaautobiografia, Malala conta um episódio que a tocou.

"Quando cruzamos o desfiladeiro Malakand, vi uma mocinha vendendo laranjas. Para cada laranja que vendia, ela fazia uma marquinha com lápis num pedaçoaposta final da copapapel, pois não sabia ler nem escrever. Tirei uma foto e jurei que faria tudo o que estivesse a meu alcance para ajudar a educar garotas como ela."

No livro, a jovem critica que, no Paquistão, as mulheres não podem viver sozinhas, precisam ser supervisionadas por seus pais, irmãos ou maridos, e não têm liberdade para estudar ou trabalhar.

"Não há nenhum trecho no corão que obrigue a mulher a depender do homem. Nenhuma mensagem dos céus estabeleceu que toda mulher deve ouvir um homem", escreveu, referindo-se ao livro sagrado do Islã.

Esta cultura machista do país foi levada ao extremo pelo Talebã — Malala traz no livro relatosaposta final da copamulheres solteiras que foram designadas a casar com membros do grupo eaposta final da copaoutras que foram torturadas por andarem publicamente "desacompanhadas", sem um homem por perto.

Para a jovem, além destes ataques à liberdade feminina, era uma ironia o "Talebã querer professoras e médicas mulheres para atender mulheres, mas impedir que as meninas frequentassem a escola para se qualificar para essas atividades".

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