Por que o problematime gols bet365abusos sexuais no Exército dos EUA é tão difíciltime gols bet365solucionar:time gols bet365
"Aquele homem abusou da confiança que meu marido tinha nele e, naquela festa, me violentou. Não houve consentimento e eu estava bêbada demais para reagir", lembra.
Amy conta que, depois daquela noite, o trauma foi tão grande que ela decidiu esconder o que havia acontecido. Quando o peso da situação começou a afetar seu casamento, ela decidiu contar ao marido, dois meses depois.
"Foi muito difícil para nós dois. Conversando com o capelão da base, entendemos que não deveríamos ficar calados. E, finalmente, resolvemos denunciar. A investigação durou cercatime gols bet365dois anos. Lutamostime gols bet365todas as formas que podíamos. Mas nada aconteceu", diz ela.
Uma entre milhares
A históriatime gols bet365Amy é apenas uma das milharestime gols bet365denúncias recebidas todos os anos pelas Forças Armadas dos Estados Unidos: casostime gols bet365homens e mulheres que afirmam ter sofrido abusos e agressões sexuaistime gols bet365bases militares do país.
Sua voz é uma das que chegaram ao Congresso americano para exigir que sejam tomadas medidas diante do que muitos veem como um "sistema falido" dentro do comando militar, para que seja feita justiçatime gols bet365casos como esse.
"É um problema antigo para o qual uma solução mais eficaz ainda não foi encontrada", diz o coronel Don Christensen, que foi procurador-geral da Força Aérea, mas deixou o cargo para defender estas vítimastime gols bet365abuso sexual.
"Há anos, nas Forças Armadas, os militares se preocupam maistime gols bet365proteger os comandantes do que fazer justiça e condenar os possíveis agressores. Por isso, deixei meu posto e me aliei às vítimas", diz ele, que é presidente da ONG Proteja Nossos Defensores (POD, na siglatime gols bet365inglês).
Um problema generalizado
Relatostime gols bet365abuso sexual no Exército dos Estados Unidos têm aumentado ano a ano desde 2006.
De acordo com uma pesquisa anônima feita pelo Pentágono, cercatime gols bet36520 mil militares ou seus familiares afirmam ter sido vítimastime gols bet365violência sexual a cada ano.
No entanto, a médiatime gols bet365quem se atreve a relatar os abusos é muito pequena. Em 2020, só 7.816 denúnciastime gols bet365agressões sexuais foram registradas nas instalações militares do país, das quais 6.290 envolveram oficiais da ativa.
Andrew Morral, que há décadas estuda o assunto para a Rand Corporation (uma instituição que assessora o Pentágono), esse é um fenômeno amplamente difundidotime gols bet365quase todas as instalações militares do país.
"Há locais, porém, onde o risco é alto — e maior do que seriatime gols bet365se esperartime gols bet365função das características das pessoas que vivem ali. Verificamos, por exemplo, que 34% dos casostime gols bet365violência sexual contra mulheres ocorreramtime gols bet365apenas cinco bases do Exército", diz ele.
Porém,time gols bet365acordo com o especialista, as militares, as mulherestime gols bet365militares e outras mulheres que atuam nas Forças Armadas não são as únicas vítimas dessa situação.
"Em quase todos os casos, o riscotime gols bet365ser agredido sexualmente está relacionado com a idade e a posição social da vítima. Desta maneira, além das mulheres, os membros mais jovens do serviço militar, os solteiros e as minorias sexuais correm alto risco."
Nesse sentido, um dos últimos estudos realizados por Morral sugere que quase metadetime gols bet365todas as agressões sexuaistime gols bet365bases militares são cometidas contra pessoas que não se autodenominam heterossexuais. "Este grupo parece correr um risco particularmente elevado, já que representa apenas cercatime gols bet36512% da população militar. É contra ele que ocorrem 50% das agressões sexuais", explica.
Segundo o especialista, isso sugere que,time gols bet365grande parte, os abusos podem ser considerados "fatos relacionados a crimestime gols bet365ódio". "É o caso, por exemplo, das agressões sexuais contra homens,time gols bet365que 50% dos casos parecem ter como objetivo humilhar ou causar algum dano moral."
Causas e efeitos
Os especialistas que estudam este tipotime gols bet365agressão sexual ainda não conseguiram compreender totalmente as suas causas. Segundo Morral, podem se tratartime gols bet365questões relacionadas à disciplina e à boa ordem nas bases militares, ou até a fatores culturais.
"Uma das coisas que sabemos é que o riscotime gols bet365agressão sexual está intimamente ligado ao assédio sexual, que é algo muito mais comum e muito mais visível. Assim,time gols bet365unidades onde as pessoas fazem muitos comentários sexuais entre si ou dizem coisas como 'os meninostime gols bet365lá não se comportam como homens', são os ambientestime gols bet365que vemos mais as agressões sexuais", diz.
Uma pesquisa publicadatime gols bet3652020 sugeriu que o consumotime gols bet365álcooltime gols bet365bases militares era um fator importante: estava por trástime gols bet36562% dos ataques a mulheres.
Segundo Christensen, outra causa possível é que, na opinião dele, "há um problema cultural com a misoginia no Exército". "Nas Forças Armadas, cercatime gols bet36580% são homens, e muitos deles não acreditam que as mulheres devam estar ali", afirma.
Um relatório publicadotime gols bet365janeirotime gols bet3652021 indica que o númerotime gols bet365agressões sexuais relatadas nas academias militares do país aumentou 50% desde 2016, causando espanto ao sugerir que é algo tão comum entre os futuros líderes militares, quanto entre os atuais.
Estudos realizados sobre o fenômeno sugerem que seu impacto pode ser negativo não só para as Forças Armadas, como também pode se tornar potencialmente um problematime gols bet365segurança nacionaltime gols bet365um país que gastou maistime gols bet365US$ 200 milhões (cercatime gols bet365R$ 1 bilhão) na última décadatime gols bet365açõestime gols bet365prevenção, programastime gols bet365educação e recursos para vítimastime gols bet365agressão sexual.
"Além do impacto psicológico que isso pode causar na vida dos militares ou das famílias que sofreram essas agressões, há também a repercussão nas próprias Forças Armadas como instituição", diz Morral.
"Não é surpreendente que os oficiais estejam deixando as Forças Armadas mais cedo do que fariam normalmente. E,time gols bet365acordo com nossos estudos, as Forças Armadas estão perdendotime gols bet365média cercatime gols bet3658 mil pessoas por ano devido às agressões sexuais", acrescenta.
Problemas para a Justiça
Apesartime gols bet365ser um problema generalizado nas Forças Armadas, os mecanismos para levar justiça às vítimas são limitados. Apenastime gols bet365350 casos,time gols bet365quase 8 mil denúncias apresentadastime gols bet3652020, os supostos abusadores eram acusadostime gols bet365algum crime.
De acordo com a POD, isso levou as vítimas — e os próprios oficiais — a perder a confiança na Justiça militar. "É um sistema arcaico que a maioriatime gols bet365nossos aliados têm abandonado há anos", explica Christensen.
De acordo com ele, o sistema atual confere aos comandantes a possibilidadetime gols bet365um "processamento rápido"time gols bet365casostime gols bet365agressões sexuais.
"É o comandante militar, não um advogado, que decide como uma pessoa será acusada, se as acusações irão a julgamento e uma sérietime gols bet365outras decisões que promotores e juízes tomam no sistema civil americano", diz.
O poder dos comandantes chegou ao pontotime gols bet365derrubar uma condenação do júri, embora, após os esforçostime gols bet365Christensen, o Congresso tenha removido essa autoridade delestime gols bet3652013. No entanto, ainda cabe aos comandantes da pessoa acusadatime gols bet365agressão sexual decidir se há provas para levá-la a um julgamento.
Esta não é a única barreira enfrentada por pessoas que são abusadas sexualmentetime gols bet365instalações militares nos Estados Unidos. Segundo o coronel, as vítimas também são frequentemente desencorajadas a informar ou denunciar os abusos, por medotime gols bet365sofrer represálias ou retaliações.
"Os dados mostram que maistime gols bet36560% dos homens e mulheres que denunciam uma agressão sexual nas forças armadas podem enfrentar represálias. Essa retaliação costuma marcar o fim da carreira. Umatime gols bet365cada três mulheres que denunciam agressões sexuais nas Forças Armadas são forçadas a abandonar a carreira um ano após a denúncia", afirma Christensen.
Amy diz que aconteceu algo parecido com o marido dela, logo depois que ambos fizeram a denúncia.
"Eles não acreditaramtime gols bet365mim e tentaram me culpar pelo que aconteceu. E a carreira do meu marido foi destruída. Amávamos a vida militar e sonhávamos com coisas incríveis", lamenta.
A história é diferente para os agressores, o que, na opiniãotime gols bet365Christensen, pode contribuir para as bases do problema.
"Tradicionalmente, os comandantes não conseguem responsabilizar os superiores que assediam sexualmente os subordinados, e isso envia uma mensagem às pessoastime gols bet365escalão inferiortime gols bet365que a agressão sexual realmente não é um grande problema", diz ele.
"Portanto, quando um general assedia sexualmente um subordinado ou a esposatime gols bet365um dos seus subordinados, muitas vezes é permitido que eles simplesmente se afastem. E isso passa uma mensagem ruim."
Amy lembra que esse foi o caso do oficial que ela afirma tê-la agredido. "Sabemos que ele perdeu uma promoção, por isso deixoutime gols bet365ser o militartime gols bet365maior patente e teve que se aposentar. Mesmo assim, ele deixou o Exército com honras", lembra.
Em buscatime gols bet365respostas
Em 2020, a Casa Branca ordenou uma investigação sobre abusos sexuais nas Forças Armadas e,time gols bet3652021, o presidente Joe Biden criou uma comissão independente que deu 90 dias para propor mudanças.
No iníciotime gols bet365agostotime gols bet3652021, a comissão recomendou formalmente ao secretáriotime gols bet365Defesa, Lloyd J. Austin, que as alegaçõestime gols bet365agressão sexual e assédio ficassem a cargotime gols bet365promotores especiais fora da cadeiatime gols bet365comando do Exército. Austin deu sinal verde para a medida — um passo sem precedentes — e, na semana anterior, ela também foi aprovada por Biden.
Porém, apesartime gols bet365contar com o apoio do Pentágono e da Casa Branca, caberá ao Congresso mudar a lei militar.
Durante anos, a senadora Kirsten Gillibrand, uma democratatime gols bet365Nova York, tem defendido uma reforma que permitiria não apenas o julgamentotime gols bet365agressões sexuais fora da cadeiatime gols bet365comando militar, mas tambémtime gols bet365outros crimes graves internos. No entanto, a legislação enfrentou forte oposição no Parlamento.
O presidente do Comitêtime gols bet365Serviços Armados do Senado, Jack Reed, democratatime gols bet365Rhode Island, e o maior aliado dele, James Inhofe, republicanotime gols bet365Oklahoma, têm bloqueado sistematicamente a possibilidadetime gols bet365o projeto ser discutido. Eles afirmam que a retirada do poder dos comandantes nesses casos prejudica a ordem e a disciplina militar nas bases.
"Há uma tremenda hesitaçãotime gols bet365fazer o oposto do que os chefes querem. Mas os dados mostram, ano após ano, que a liderança militar não está lidando com esse problematime gols bet365forma adequada", disse Christensen.
"Os militares passaram mais tempo lutando para manter os comandantes no controle do que lutando contra os abusos sexuaistime gols bet365suas fileiras. Enquanto isso, o númerotime gols bet365ataques continua crescendo."
Para vítimastime gols bet365abuso como Amy, uma solução para esse problema é cada vez mais urgente.
"Eles me marcaram para sempre. Meu marido encerrou a carreira nas Forças Armadas e não sentimos que a Justiça esteve do nosso lado. Amava minha vidatime gols bet365esposatime gols bet365militar e sentia que era uma grande honra que nossos filhos deveriam seguir. Mas, agora, acho que nem meu marido, nem eu, permitiríamos que nosso pequeno se aliste no Exército quando crescer. Não queremos que ele passe pelo que passamos."
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