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As diferenças entre o comunismo da China, da União Soviética e da América Latina:
Porvez, o Partido Comunista Chinês resolveu suas divisões internas sobre como responder aos protestos domésticos, com o triunfo da ala linha-dura, e o massacremanifestantes que se seguiuTiananmen abalou o mundo.
Nesta quinta-feira (1/7), o Partido Comunista Chinês comemora seu centenáriofundação,1921, consolidando-se como um dos partidos políticos mais poderosos do planeta, com uma influência que chega até à América Latina.
Longeconsiderar esse resultado fortuito, diferenças cruciais entre o comunismo chinês e o soviético explicam por que um permanece no poder enquanto o outro desapareceu.
"O interessante é que, embora os sistemas soviético e chinês tenham adotado a forma do partido leninista como principal veículo político, na URSS, isso levou à atrofia e à esclerose, enquanto na China continua sendo uma organização adaptável e flexível", diz Anthony Saich, professorRelações Internacionais da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
'Reinvente-se para sobreviver'
Apósfundação e até assumir o poder sob a liderançaMao Tse-Tung, o partido desenvolveu uma revolução local com características próprias por quase três décadas.
Saich, autorDe rebelde a governante: 100 anos do Partido Comunista Chinês, observa que isso deu ao grupo experiêncialidar com diferentes ambientes antesexercer o poder e representa uma grande diferençarelação aos comunistas soviéticos.
Depois disso, a República Popular da China passou por vários estágios, desde "O Grande Salto À Frente" para industrializar a economia até a "Revolução Cultural" para eliminar os rivais políticos.
Milhõespessoas morreram nesses períodos, principalmentefome, após a escassezalimentos entre 1959 e 1961, mas também como resultado da perseguição política desencadeada1965.
No entanto, Saich enfatiza que o partido "foi capazse reinventar para sobreviver àqueles traumas que teriam derrubado quase qualquer outro partido" e, então, provou "ser muito flexível desde 1978", com a reforma e abertura promovidas por seu líder Deng Xiaoping.
Para ele, esse pragmatismo chinês marcou outra diferença com a URSS, que já havia alcançado uma maior industrialização quando entrouapuros e a "esclerose" do sistema atrapalhou as reformas econômicasGorbachev.
Mario Esteban, pesquisador do Instituto Real Elcano, na Espanha, explica que, depois das mudanças implementadas por Deng, o partido chinês combinou a manutençãoum regimepartido-Estado com o capitalismoEstado.
"O sistema capitalista na China teve ou tem muito mais peso do que jamais teve na URSS", diz Esteban, que também é professorEstudos do Leste Asiático na Universidade AutônomaMadri.
O progresso econômico das últimas décadas permitiu que a China melhorasse a qualidadevidasua população e que o Partido Comunista Chinês evitasse novos protestos como osTiananmen, mesmo sem implementar reformas democráticas como fez Gorbachev.
Recentemente, o atual presidente chinês, Xi Jinping, deixou claro que está determinado a manter o poder do partido, sem dar espaço para opiniões divergentes, assim como fez a URSS duranteexistência.
O paradoxo latino-americano
Outra diferença que Esteban destaca entre o comunismo chinês e o soviético é que a revolução maoísta foi baseada mais nos camponeses do que a revolução russa,que o proletariado industrial era a chave.
Por outro lado, após chegar ao poder, o Maoísmo promoveu uma pregação mais beligerante contra o Ocidente do que a URSS, que defendia uma "coexistência pacífica" na Guerra Fria, um dos fatores por trás da ruptura sino-soviética na década1960.
Tanto o caráter rural da revolução maoísta quanto a atitude combativaseu líder para com o mundo capitalista fizeram com que alguns esquerdistas na América Latina vissem a China como um modelo.
De fato, na década1960, surgiram partidos comunistas "pró-chineses" no Brasil, na Bolívia etodos os países da costa sul-americana do Pacífico.
Marisela Connelly, especialistaHistória Chinesa do ColegioMéxico que estudou esse fenômeno, argumenta que os países da região que mais foram influenciados pelo maoísmo são a Colômbia e o Peru, onde grupos com essa tendência política, como o ExércitoLibertação Popular e Sendero Luminoso, praticaram a luta armada por décadas.
Durante a Guerra Fria, explica Connelly, a China deu às organizações da América Latina alinhadas com seu partido comunista apoio ideológico, cooperação agrícola e,alguns casos, treinamentoguerrilha.
Mas a influência do partido chinês era muito maioroutras regiões, começando com o sudeste da Ásia, e nenhum grupo maoísta latino-americano chegou ao poder ou esteve pertoconseguir isso.
Por outro lado, sem ser vista como um modelo ideológico ou revolucionário, nos últimos 20 anos, a China alcançou uma influência sem precedentes na América Latina com seu crescente poder econômico, tornando-se um importante parceiro comercial e financeiro da região.
"O interessante também é que agora sim os países latino-americanos estão vendo a China como um modelo, apesar da relação econômica assimétrica", argumenta Connelly."É como outro paradoxo da história."
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