Protestos na Colômbia: como a violência tomou conta das ruas do país:valsports palpites
No dia seguinte, a comunidadevalsports palpitesSiloé, como também é conhecido o bairro, contabilizava vários mortos e desaparecidos. Agora eles esperam fazer uma nova vigíliavalsports palpiteshomenagem às vítimas.
Faz uma semana que a Colômbia vive uma espiralvalsports palpitesprotestos e confrontos violentos entre manifestantes e forçasvalsports palpitessegurança. São choques inéditos emvalsports palpiteshistória recente porvalsports palpitesabrangência e por serem constantes. E Cáli, uma cidade com maisvalsports palpites2,3 milhõesvalsports palpiteshabitantes e capital do departamento do vale do Cauca, no sudoeste da Colômbia, se tornou o epicentro.
A ondavalsports palpitesprotestos começou com uma propostavalsports palpitesreforma tributária mas deve se manter mesmo após a votação do projeto ter sido suspensa.
O projeto tinha pontos polêmicos, como aumentovalsports palpitesimpostos sobre a renda e sobre produtos básicos,valsports palpitesforma a aumentar a arrecadação tributária e evitar que a dívida colombiana gere a perdavalsports palpitesmais pontos nas avaliaçõesvalsports palpitesriscovalsports palpitesagências internacionais.
O governo defendia a necessidade desse incremento como formavalsports palpitesarrecadar o equivalente a 2% do PIB e sustentar os programas sociais implementados durante a pandemiavalsports palpitescovid-19.
No último domingo, já diantevalsports palpitesquatro dias consecutivosvalsports palpitesprotestos, o presidente Iván Duque pediu que o Congresso tirasse reforma tributária da pautavalsports palpitesvotações, para que fosse revisada e virasse "frutovalsports palpitesconsenso,valsports palpitesmodo a evitar incerteza financeira". Mesmo assim, as manifestações continuaram, principalmentevalsports palpitesprotesto pelas mortes ocorridas nos choques com a polícia.
Os dados disponíveis da ondavalsports palpitesviolência na Colômbia são preliminares e não consolidados. A Ouvidoria Geral contabilizou nesta terça-feira (4/5) pelo menos 19 mortos, 89 desaparecidos e milharesvalsports palpitesferidos.
Mas sóvalsports palpitesSiloé na segunda-feira, por exemplo, a prefeituravalsports palpitesCáli contabilizou cinco mortes.
A escalada da violênciavalsports palpitestodo o país - com Cáli como epicentro, mas tambémvalsports palpitesmunicípiosvalsports palpitespequeno e médio porte - bloqueou as estradas principais, destruiu dezenasvalsports palpitespedágios e incendiou centenasvalsports palpitesedifícios públicos e privados.
O governovalsports palpitesIván Duque, que propôs na terça-feira (4/5) um reunião para negociação com todos os setores, inclusive manifestantes, atribui a violência a infiltraçãovalsports palpitesgrupos guerrilheiros e terroristas, bem como a vândalos que aproveitam para saquear o comércio.
Os críticos, porém, falamvalsports palpitesmassacres pelas mãos do Estado após o anúncio do presidentevalsports palpitesmilitarizar as ruas. O general-chefe do Exército, Eduardo Zapateiro, chegou a Cáli para liderar o que chamavalsports palpites"recuperação da cidade".
Enquanto isso, centenasvalsports palpitesvídeos, que cada um parece interpretarvalsports palpitesacordo comvalsports palpitesposição, circulam pelas redes sociais e chats, ampliando a ansiedade que invade o país.
"Violência na comunidade"
Em outra áreavalsports palpitesCáli, uma área mais rica conhecida como Ciudad Jardín, a comunidade local também se reuniu na rua na noitevalsports palpitessegunda-feira.
Eles estacionaram dezenasvalsports palpitesvans nas ruas para impedir a entrada do "vandalismo".
E relataram: "Todo mundo está usando colete à provavalsports palpitesbalas, ferros (armas) e aqui estamos todos (...) preparados para repelir qualquer inimigo", ouve-sevalsports palpitesum dos vídeos coletados pela BBC Mundo, o serviçovalsports palpitesespanhol da BBC.
Duas testemunhas dos confrontosvalsports palpitesCáli disseram à BBC Mundo que temem que gruposvalsports palpitescivis armados que buscam apoiar as forçasvalsports palpitessegurança emvalsports palpitesluta contra os chamados "vândalos" tomem as ruas.
"Há gruposvalsports palpitescivis pedindo a redução da violência", disse Katherine Aguirre, especialistavalsports palpitesdireitos humanos da cidade. "Mas também vimos gruposvalsports palpitescidadãos que começaram a atirarvalsports palpitessuas casas, vigilantismo estimulado pelo fluxovalsports palpitesarmas na cidade."
Jorge Restrepo, diretor do CERAC, um centrovalsports palpitesestudos que monitora violência, acrescenta: "As evidências que pudemos analisar mostram quevalsports palpitesCali houve violência comunitária,valsports palpitesque a força pública se excedeu. Foram incidentesvalsports palpitesreação descontrolada, mas não programados e dirigidos contra civis."
Cáli tem um fluxo incomumvalsports palpitesarmas: embora não haja números consolidadosvalsports palpitesarmas por habitante, as autoridades apreendem centenas a cada mês.
Além disso, apesarvalsports palpitester conseguido reduzir os homicídiosvalsports palpites30% nas últimas duas décadas, a capital do Vale do Cauca é a mais perigosa da Colômbia, com 45,1 homicídios por 100 mil habitantesvalsports palpites2019, segundo dados oficiais.
Partevalsports palpitessua incapacidadevalsports palpitesacabar com a violência se deve ao fatovalsports palpitesestar localizada entre três regiões afetadas pelo conflito e o tráficovalsports palpitesdrogas: Chocó, Cauca e Valle del Cauca.
E isso, segundo especialistas, tem contribuído para a versão mais violenta dessa nova ondavalsports palpitesprotestos que ocorre naquela cidade.
Sensaçãovalsports palpitesconfinamento
A sensaçãovalsports palpitesconfinamento produzida pela covid-19, cujo númerovalsports palpitesinfecções e mortes estão agoravalsports palpitesseu pior patamar desde que a pandemia começou na Colômbia, foi revelada esta semana com os protestos.
Enquanto muitos estão nas ruas protestando, a maioria estávalsports palpitescasa, usando aplicativos para chats e redes sociais, sem poder sair. Os caminhões não podem chegar às cidades. As prateleiras dos supermercados começam a mostrar uma rara escassez para um país acostumado à estabilidade política e econômica.
Mas agora a Colômbia parece estar entrandovalsports palpitesum território desconhecido.
Os protestosvalsports palpitesnovembrovalsports palpites2019 foram relativamente pacíficos, com quatro mortes. Depois, osvalsports palpitessetembrovalsports palpites2020 deixaram 13 mortosvalsports palpitesapenas dois diasvalsports palpitesmanifestaçõesvalsports palpitesBogotá. Agora o númerovalsports palpitesmortos é superior a 20 e os militares estão nas ruas reprimindo as manifestações.
"É evidente que há uma escaladavalsports palpitesviolência", disse Alberto Sánchez Galeano, um especialistavalsports palpitessegurançavalsports palpitesCáli que assessora governos locais.
"E o que acho que isso mostra é que continuamos tentando consertar com a polícia o que prejudicamos com políticas ruins", explica. "Não se resolve com a polícia a má gestãovalsports palpitesreforma tributária na pandemia", explica ele sobre a medidavalsports palpitesDuque que desencadeou esta última ondavalsports palpitesprotestos.
Muitos dos especialistasvalsports palpitessegurança passaram anos denunciando o péssimo estado da polícia do país, que apresenta déficitsvalsports palpitespessoal e equipamentos e é utilizada para operações como despejos, aplicaçãovalsports palpitesquarentena ou perturbação da ordem pública.
"A faltavalsports palpitesliderança política acaba sendo assumida pela polícia", reclama Sánchez Galeano.
De fato, nos últimos dias, a faltavalsports palpitesinformações consolidadas sobre o que está acontecendo nas ruas, especialmentevalsports palpitesCáli, tem contribuído para o sentimentovalsports palpitesansiedade e aprofundamento da polarização entre os colombianos, apontam os analistas.
A incerteza leva um país a tal ponto que até defensores internacionais dos direitos humanos são confundidos com manifestantes ou, no jargãovalsports palpitesseus críticos, "hooligans".
Foi o que aconteceu na segunda-feiravalsports palpitesum protestovalsports palpitesum bairro conhecido como La Luna,valsports palpitesCáli, que foi reprimido pelas forçasvalsports palpitessegurança.
Uma comissãovalsports palpitesfuncionáriosvalsports palpitesorganizações chegou lá para tentar verificar uma denúnciavalsports palpitesabuso.
"Membros da comissão receberam ameaças e ataques, bem como tiros da polícia, sem que ninguém fosse atingido", relatou Juliettevalsports palpitesRivero, representante na Colômbia no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
A comissão teve que se abrigar por várias horasvalsports palpitesuma casa para evitar o fogo cruzado.
O famoso hotel La Luna,valsports palpitesCáli, foi incendiado e seus hóspedes disseram à mídia que aquilo parecia ter saídovalsports palpitesum filme: "Quase nos queimaram vivos."
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