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Covid na Índia: três efeitos para o Brasil do descontrole da pandemia no país asiático:grupo mines realsbet
Repetindo o caos visto recentemente no Brasil, hospitaisgrupo mines realsbetdiversas partes da Índia estão rejeitando pacientes por não terem mais leitos nem suprimentogrupo mines realsbetoxigênio. Lá, até fogueiras estão sendo improvisadas para cremar os mortos.
As consequências do descontrole da pandemia no segundo país mais populoso do mundo vão muito além das fronteiras indianas, com reverberaçõesgrupo mines realsbettodo o planeta - e podem ser particularmente sentidas no Brasil, ainda fragilizado por uma segunda ondagrupo mines realsbetcovid-19 que não terminou e pelos índices insuficientesgrupo mines realsbetvacinação.
A seguir, a BBC News Brasil aponta três desdobramentos diretos e curto prazo da crise indiana.
Aquece a disputa global por vacinas
A situação calamitosa na Índia é apontada como um motivo-chave da pressão sobre o presidente dos EUA, Joe Biden, para finalmente abdicargrupo mines realsbetum lotegrupo mines realsbetvacinas que vinha sendo cobiçado por vários países, inclusive pelo Brasil.
Na segunda-feira (26/04), representantes do governo americano anunciaram que vão doar suas 60 milhõesgrupo mines realsbetdoses do imunizante Oxford-AstraZeneca que estarãogrupo mines realsbetprodução pelos próximos meses (e que ainda não têm autorização para serem aplicadas nos EUA).
A partilha das doses ainda não foi definida, segundo a secretáriagrupo mines realsbetimprensa da Casa Branca, Jen Psaki. Mas fontes próximas ao governo indiano ouvidas pela agência Reuters afirmaram que o país está na expectativagrupo mines realsbetreceber a maior parte desse lote.
Tanto o Brasil quanto países como Canadá e México haviam feito pedidos aos EUA, nos últimos meses, para receber essas vacinas, mas não se sabe até o momento se ficarão com alguma parcela delas.
Ao mesmo tempo, o agravamento da situação na Índia pode levar o país asiático a repetir o que fezgrupo mines realsbetmarço, quando barrou temporariamente partegrupo mines realsbetsua exportaçãogrupo mines realsbetvacinas para disponibilizar mais doses paragrupo mines realsbetpopulação. Nesta quarta, a corrida pela imunização deve aumentar: as autoridades anunciaram que todos os indianos com maisgrupo mines realsbet18 anos podem se cadastrar para receber a vacina.
Por enquanto, menosgrupo mines realsbet9% dos indianos foram imunizados com ao menos uma dose.
A Fiocruz confirmou à BBC News Brasil que ainda aguarda um lotegrupo mines realsbet8 milhõesgrupo mines realsbetdoses vacinas da AstraZeneca sendo produzidas pela empresa indiana Instituto Serum, mas afirmou que as negociaçõesgrupo mines realsbettorno da entrega estão sendo conduzidas pelas diplomacias dos dois países.
A BBC News Brasil tentou contato com o Instituto Serum e com a assessoriagrupo mines realsbetimprensa do Itamaraty, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado se essas respostas chegarem.
Mais demanda por equipamentos e medicamentos ainda escassos
Diversos países anunciaram, nos últimos dias, a entregagrupo mines realsbetsuprimentos médicos para ajudar a conter o colapso indiano.
Nesta terça (27/04), chegou à Índia um carregamentogrupo mines realsbetitens como cilindrosgrupo mines realsbetoxigênio e respiradores enviados pelo Reino Unido.
No finalgrupo mines realsbetsemana, o governo americano anunciou que também liberaria ajuda aos indianos - desde matéria-prima para a produçãogrupo mines realsbetvacinas (que até recentemente estavam sob um vetogrupo mines realsbetexportação imposto pelos EUA, para garantirgrupo mines realsbetprodução internagrupo mines realsbetvacinas) até medicamentos, equipamentosgrupo mines realsbetproteção pessoal e testesgrupo mines realsbetcovid-19.
"Os EUA estão trabalhando proximamente ao governo indiano para rapidamente enviar apoio e suprimentos adicionais durante este alarmante surtogrupo mines realsbetcovid-19", escreveu no Twitter a vice-presidente Kamala Harris.
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Finalgrupo mines realsbetTwitter post
Mas a ajuda até agora foi classificada como "uma gota no oceano" diante das necessidades da Índia, nas palavrasgrupo mines realsbetuma autoridade localgrupo mines realsbetsaúde ouvida pela BBC, indicando que continuará subindo a demanda internacional por produtos cuja cadeiagrupo mines realsbetsuprimento foi profundamente afetada pela pandemia.
Basta lembrar as dificuldades que o Brasil enfrentou recentemente para obter no mercado externo insumos para a produção do chamado "kit intubação", forçando algumas equipes hospitalares a fechar leitos ou a intubar pacientes sem poder sedá-los com medicamentos adequados - algo considerado desumano pelos próprios médicos.
O uso desses insumos continua alto no Brasil, que registrou na última semana epidemiológica maisgrupo mines realsbet400 mil casosgrupo mines realsbetcovid-19.
"Enquanto a gente mantiver este nívelgrupo mines realsbetocupação hospitalar egrupo mines realsbetUTI no Brasil, vai ter dificuldade (em ter insumos). Quando o estoque acabou, tivemosgrupo mines realsbetimportar e não foi suficiente - e até regularizar isso vai demorar um pouco", explica à BBC News Brasil a médica Fátima Marinho, que foi da Secretariagrupo mines realsbetVigilânciagrupo mines realsbetSaúde do Ministério da Saúde entre 2005 e 2007 e hoje integra a consultoria Vital Strategies.
Marinho sugere, portanto, que o Brasil aproveite o pequeno alívio dado pela baixa atualgrupo mines realsbetcasos para repor seus estoques "e se preparar para a terceira onda, porque ela virá".
A médica explica que a tragédiagrupo mines realsbetcurso na Índia vai,grupo mines realsbetfato, drenar recursos mundiais. "A Índia tem um parque industrial farmacêutico grande, mas uma população grande demais,grupo mines realsbetum país que não tem um Sistema Únicogrupo mines realsbetSaúde."
Novas variantes vão prolongar pandemia - e afetar cada vez mais jovens
Assim como aconteceu no Brasil com a variante P.1, apontada como mais infecciosa e potencialmente responsável (junto com uma gamagrupo mines realsbetoutros fatores) pelo fatogrupo mines realsbetmuito mais pessoas jovens terem adoecido mais rapidamente com quadros gravesgrupo mines realsbetcovid-19, a Índia está lidando tanto com a variante britânica quanto com uma variante local, chamada B.1617.
E, quanto mais rapidamente o vírus infecta mais gente - como tem acontecido na Índia, com seus recordesgrupo mines realsbetnovos casos diários -, maiores são as chancesgrupo mines realsbetque ele consiga produzir aleatoriamente novas mutações, cada vez mais perigosas.
Essas potencialmente podem se espalhar com facilidade para outras partes do mundo e tornar menos eficientes os programas globaisgrupo mines realsbetvacinação.
"A gente espera (que da Índia venham) muitas variantes. As que forem mais eficientesgrupo mines realsbettransmissão acabam se tornando dominantes. Em populações gigantes como a da Índia e grandes como a do Brasil isso é um risco enorme, porque se você não controla (a transmissão) pode acabar surgindo um vírus novo", colocando as vacinas atuaisgrupo mines realsbetrisco, explica Fátima Marinho, da Vital Strategies.
Por isso, diz ela, vai ser cada vez mais importante não apenas testar pacientes com testes sorológicos ou PCR, mas sim analisar o genoma dos vírus das pessoas contaminadas para identificar quais são as variantesgrupo mines realsbetcirculação nas comunidades.
"Não basta mais o teste positivo ou negativo, mas sim trabalhar com amostrasgrupo mines realsbetvírus das infecções novas, para rastreamentogrupo mines realsbetgenoma. Se não fizermos isso vai ser um erro enorme. A OMS (Organização Mundial da Saúde) vai ter que fazer um esforço mundial para ajudar os países que não conseguem fazer por conta própria, porque é algo que afeta a todos. Não tem saída isolada da pandemia", explica Marinho.
A necessidadegrupo mines realsbetconter o surgimentogrupo mines realsbetnovas variantes explica também o pleitogrupo mines realsbetepidemiologistasgrupo mines realsbettodo o mundo por uma distribuição mais igualitária das vacinas, para proteger os países mais pobres, os que ainda têm baixos índicesgrupo mines realsbetimunização e os que, como a América do Sul, estão se preparando para o inverno, quando o coronavírus tem ainda mais facilidadegrupo mines realsbetse propagar.
"É do interesse nacionalgrupo mines realsbetpaíses ricos impedir o avanço do vírus no mundo inteiro. Nenhumgrupo mines realsbetnós estará seguro até que todos nós estejamos seguros. E o único jeitogrupo mines realsbetcontrolar as variantes é controlando as infecções, e para isso precisamos vacinargrupo mines realsbetáreas onde a infecção tende a aumentar - e no momento é no Hemisfério Sul", disse à BBC News Brasil no iníciogrupo mines realsbetabril o médico Ali Mokdad, professor do Institutogrupo mines realsbetMétricasgrupo mines realsbetSaúde e Avaliação da Universidadegrupo mines realsbetWashington.
"Estamos preocupados com muitos países, porque o vírus estágrupo mines realsbetalta circulação, haverá novas variantes, a maioria delas provavelmente escapará (da proteção do sistema imunológico), o que significa que infecções prévias não darão imunidade e as vacinas ficarão menos eficientes."
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