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Por que a ex-presidente interina da Bolívia é acusada'golpeEstado':
As tensões políticas na Bolívia se reacenderam com a prisão da ex-presidente interina do país, Jeanine Áñez, na manhãsábado (13/3)uma operação liderada pelo comandante geral da Polícia Boliviana, Jhonny Aguilera, sob a acusação"sedição, terrorismo e conspiração".
Sua prisão ocorreu após a detenção dos ex-ministros interinos Álvaro Coímbra, da Justiça, e Álvaro Rodrigo Guzmán, da Energia, e foram emitidos mandadosprisão também para outros ex-membros do mesmo governo, que assumiu após a renúnciaEvo Morales.
Segundo a imprensa boliviana, na noitesexta-feira, autoridades invadiram a casaAñez na cidadeTrinidad, localizada a cerca600 kmLa Paz. De acordo com a Agência BolivianaInformação, que é do governo do país, ela foi encontrada escondida dentrouma cama box.
A medida marcou uma escalada das hostilidades entre o atual Executivo,esquerda, e a oposição mais conservadora, e causou grande polêmica no país.
Mas do que exatamente Áñez e os membros do executivo transitório são acusados?
Caso 'golpeestado'
O MinistroGoverno, Eduardo del Castillo, disse no sábado que o Ministério Público expediu um mandadoprisão contra Áñez "por causaum golpenosso país".
Del Castillo explicou que a investigação contra Áñez e seus ministros começoudezembro e seguirá o devido processo legal, informou a agêncianotícias Reuters.
As autoridades também emitiram mandadosprisão contra os ex-ministros interinos da Presidência, Yerko Núñez;Governo (Interior), Arturo Murillo; eDefesa, Luis Fernando López. Os dois últimos não estão no país.
O governo socialista, que assumiu o poderoutubro do ano passado, acusa o governoÁñez e ex-líderes policiais e militaresderrubar Evo Morales2019,um suposto golpe.
Áñez assumiu o poder no final daquele ano, após a profunda crise desencadeada após as polêmicas eleições20outubro que levaram à renúnciaMorales, que ocorreumeio a violentos protestos e denúnciasfraude na votação, após o comandante das Forças Armadas da Bolívia, o general Williams Kaliman, sugerir ao presidente que se afastasse para acabar com um impasse na crise política.
A tese do golpe, defendida pelo atual governo boliviano, é refutada por setores da oposição que apontam que2019 houve um levante social provocado pela suposta fraude eleitoral com a qual Morales pretendia permanecer no poder pela quarta vez consecutiva, apesara Constituição do país permitir apenas dois mandatos consecutivos.
Áñez esteve no poder até o final2020, quando o partido socialista Movimiento al Socialismo (MAS),Evo Morales vencer as eleiçõesoutubro com Luis Arce à frente da chapa.
A própria Áñez falou sobreprisão iminente antes que ocorresse. "A perseguição política começou", disse a ex-presidente emconta oficial no Twitter. "O MAS decidiu voltar aos estilos da ditadura", disse.
"Não estamos realizando nenhum tipoperseguição política, não intimidamos quem pensa diferente, pois esses processos já foram iniciadosnosso país desde a gestão2020", rebateu o ministroGoverno, Eduardo Del Castillo Del Carpio.
"Este governo não persegue ninguém, o que está fazendo é que haja justiçanosso país", disse.
Após a prisão, a ex-presidente enviou cartas à Organização dos Estados Americanos (OEA) e à delegação da União Europeia (UE) na Bolíviaque solicitava a presençauma missãoobservação para "avaliar objetivamente"prisão e aseus dois ex-ministros.
Nas cartas, ele denuncia uma "violação sistemática dos direitos humanos na Bolívia por meioperseguições políticas aberrantes".
Acusações duras
Os líderes políticos do MAS e da oposição manifestaram-se antes do ocorrido e trocaram duras acusações. No Twitter, o ex-presidente Evo Morales (2006-2019) pediu sanções.
"Por justiça e verdade para as 36 vítimas fatais, os mais800 feridos e mais1.500 detidos ilegalmente no golpeEstado. Que se investigue e se sancione os perpetradores e cúmplices da ditadura que saqueou a economia e atentou contra a vida e a democracia na Bolívia", disse ele.
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FinalTwitter post
O governo interinoÁñez representou uma grande reviravolta nas políticas do MAS e, sob seu governo, o Ministério Público também emitiu um mandadoprisão contra Morales por "sedição e terrorismo".
O ex-ministro interinoGoverno, Arturo Murillo, ficou encarregadoinformar sobre a ordem e, agora, algo semelhante pesa sobre ele.
"Minha solidariedade com a mulher, mãe e amiga ex-presidente Jeanine Áñez que deu tudo pela Bolívia, inclusiveliberdade. Ela sofre os abusosum governo tirânico. Força amiga, estamos do lado certo da história, e será ela quem nos julga ", escreveu este sábado no Twitter,local desconhecido.
Porvez, o líder do principal partido da oposição, Carlos Mesa, considerou a prisãoÁñez "arbitrária, ilegal e uma violação"seus direitos humanos.
"Mas, acimatudo, mostra a decisão do MASviolar as leis e o estadodireitoperseguir e sujeitar com violência os bolivianos que acreditam na democracia e na liberdade", acrescentou no Twitter.
Vigília e pedidos'julgamento justo'
Organizações internacionais também falaram sobre o ocorrido. O diretor para as Américas da Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, destacou no Twitter que os mandadosprisão contra Áñez e seus ministros "não contêm nenhuma provaque tenham cometido o crime'terrorismo'".
"Por isso, geram dúvidasque se trataum processo baseadomotivos políticos", avaliou Vivanco.
"Os mandadosprisão contra Áñez e seus ministros invocam — como o contra Evo Morales2020 — a figura ambígua do 'terrorismo' que se presta à arbitrariedade", acrescentou, lembrando que,2020,organização pediu que as acusações contra Morales fossem retiradas pelo mesmo motivo.
No entanto,um tuíte subsequente, ele também indicou que, durante o governoÁñez, "houve graves violações dos direitos humanos, incluindo dois massacres aberrantes" e pediu que fossem investigados "com pleno respeito pelo devido processo".
Neste sábado, algumas pessoas com cartazes foram à porta do Ministério PúblicoLa Paz para fazer uma vigília exigindo "justiça" para a repressãoSacaba,Cochabamba, eSenkata,El Alto, durante a crise2019. O grupo pediu justiça e prisão para o ex-presidente.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Bolívia (OHCHR), porvez, pediu um julgamento "justo, independente e imparcial" e que o "devido processo" seja salvaguardado.
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