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Por que nova cédula1 milhãobolívares da Venezuela será 'moedatroco':
Segundo o BCV, os índicespreços subiram 2.665% no último ano.
O que o Banco Central anunciou?
Além da cédula1 milhãobolívares, a conta do Twitter do Banco Central da Venezuela anunciou o lançamentooutras duas novas notas,200 mil e 500 mil, "para atender às necessidades da economia nacional".
Em 2018, já tinham sido retirados cinco zeros da moeda, o que não impediu que o valor do bolívar continuasse a cair.
A BBC News Mundo, serviçoespanhol da BBC, procurou o governo venezuelano por meio do Ministério das Comunicações da Venezuela, mas não recebeu resposta imediata.
Em meio a uma dolarizaçãofato (66% das transações já são feitas com o dólar, segundo a Ecoanalítica), a medida tem sido interpretada como a resposta ao problema da faltacâmbio, que torna as transações mais comuns extremamente difíceis no dia a dia dos venezuelanos.
Como o dinheirobolívares é escasso e o valor real do que está disponível está diminuindo, muitas pessoas tentam pagar por serviçosbaixo valor, como passagenstransporte público (150 mil bolívares ou US$ 0,07), com notasum dólar e motoristas raramente têm troco suficiente para devolver.
A desvalorização irrefreável do bolívar tornou o dólar americano a moeda preferida nos últimos anos — e o bolívar foi deixado apenas para transações menores e para o varejo. Mas, uma vez que não há dinheiro suficiente, ele também não cumpre este papel.
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Pelas estimativas da consultoria Econométrica, apenas 1,9% dos bolívares que circulam no sistema o fazemespécie.
E à escassezbolívaresdinheiro se soma a faltadólarbaixo valor, tornando coisas como pagar por um pacotefarinha ou uma passagemônibus uma dorcabeça para muitos.
O economista Luis Vicente León, da consultoria Datanálisis, disse à reportagem que "estão lançando uma cédula que terá o valor mais altouma notabolívares, mas, na realidade, funcionará mais como uma moeda para dar o troco".
A notaum milhão é a solução?
O lançamento da nova nota foi recebido com ceticismo. A previsão geral é que perderá seu valor já baixo tão rapidamente quanto muitosseus antecessoras.
León acredita que "esta medida só terá efeito durante algumas semanas ou, talvez, meses, porque o bolívar não inspira qualquer confiança".
A história recente não inspira muitos motivos para otimismo.
No verão2018, o presidente Nicolás Maduro anunciou o lançamentoum novo cone monetário (conjuntonotas e moedas) como parteseu PlanoRecuperação Econômica, Crescimento e Prosperidade para enfrentar a "guerra econômica" dos Estados Unidos, a quem ele culpa pelos problemas da economia venezuelana.
Nasceu ali o bolívar soberano, um novo bolívarcujo valor nominal foram retirados cinco zeros para compensar o efeito acumulado da hiperinflação.
Maduro continuou na linhaseu antecessor, Hugo Chávez, que adotou medida semelhante anos antes.
Essas sucessivas reavaliações do valor nominal do bolívar como resultadouma decisão política são medidas paliativas para a erosão que a hiperinfleção impôs à moeda venezuelana.
O economista e político da oposição José Guerra calcula que, se somarmos todos os zeros eliminados pelo governo nos últimos anos, a nova nota1 milhão seria, na verdade,100 bilhões.
Futuro do bolívar
Embora a Constituição da Venezuela estabeleça quemoeda é o bolívar, parece difícil que, no contexto atual, a moeda possa recuperar seu valor e seu papel na economia.
"Remover zeros da moeda ou renomear não é a solução", diz Léon.
A Venezuela está mergulhadauma crise econômica há anos que consumiu mais da metadeseu Produto Interno Bruto (PIB) e foi agravada pela pandemia do coronavírus.
Depoisanos proibindo o uso do dólar, o governo nos últimos meses permitiu o uso crescente da moeda como "válvulaescape", nas palavrasMaduro.
"Não vejo mal (...) esse processo que chamamdolarização; pode servir para a recuperação e o desenvolvimento das forças produtivas do país e o funcionamento da economia (...), graças a Deus ele existe", disse o presidente há alguns meses.
"A Venezuela sempre terámoeda (...), sempre teremos o bolívar, e vamos recuperá-lo e vamos defendê-lo", acrescentou.
O presidente disse recentemente que quer levar adiante um plano para que este ano a economia do país seja totalmente digital. Nesse sentido, já foi implementado o pagamento do metrôCaracas com cartão eletrônico.
O dirigente chavista sustenta que as sanções dos Estados Unidos e o "bloqueio internacional" são a causa dos problemas da economia venezuelana. Mas especialistas e vários organismos internacionais alertam que, até que as reformas estruturais sejam realizadas, não será possível estabilizar o bolívar — e recomendam que o governo abandonepráticamonetizar o déficit fiscal (cobrindo com a emissãodinheiro o desequilíbrio entre receitas e despesas do Estado).
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