Como o RCEP, o maior tratadoleon casino betlivre-comércio do mundo, afeta o Brasil e a América Latina:leon casino bet

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Legenda da foto, O novo acordo abrange 29% do Produtor Interno Bruto (PIB) do mundo

leon casino bet Depoisleon casino betuma décadaleon casino betconstrução, o maior acordo comercial do mundo aconteceu. Líderes asiáticos assinaram no domingo (15/11),leon casino betHanói, o mega-tratado que inclui os dez membros da Associaçãoleon casino betNações do Sudeste Asiático, alémleon casino betChina, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

O acordo, Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na siglaleon casino betinglês), será maior que a União Europeia e o Acordo Estados Unidos-México-Canadá. Os membros somam quase um terço da população mundial e 29% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta.

A Índia também fez parte das negociações, mas desistiuleon casino bet2019 por temer que a redução das tarifas prejudicasse seus produtores.

O acordo

O RCEP eliminará tarifasleon casino betimportação pelos próximos 20 anos. O acordo também inclui dispositivos sobre propriedade intelectual, telecomunicações, serviços financeiros, comércio eletrônico e serviços profissionais.

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Legenda da foto, Pacto comercial é formado por 15 países; líderes dos países membros do RCEP posam para a foto da cúpula virtual

Muitos dos países-membros já têm acordosleon casino betlivre-comércio entre si, mas com limitações que podem ser superadas com o atual acordo.

"Os acordosleon casino betlivre-comércio existentes costumam ser muito complexosleon casino betcomparação com o RCEP", disse Deborah Elms, da organização Asian Trade Centre, à BBCleon casino betCingapura.

Até agora, as empresas que dependemleon casino betcadeiasleon casino betsuprimentos globais podiam ser afetadas por tarifas, apesarleon casino betum acordoleon casino betlivre-comércio, porque seus produtos tinham componentes fabricadosleon casino betoutro lugar. Um produto fabricado na Indonésia que contém peças fabricadas na Austrália, por exemplo, pode estar sujeito a tarifas.

No âmbito do RCEP, entretanto, os componentesleon casino betqualquer país membro serão tratados da mesma forma, o que poderia dar às empresas nos países do RCEP um incentivo para fazer parceria com fornecedores da nova aliança regional.

Qual é aleon casino betimportância geopolítica?

A ideia do RCEP nasceuleon casino bet2012 e foi vista como uma formaleon casino beta China, maior importadora e exportadora da região, se opor à influência que os Estados Unidos vinham exercendo ali durante o governoleon casino betBarack Obama.

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Legenda da foto, O primeiro ministro do Vietnã, Xuan Phuc, e o Ministro da Indústria e Comércio, Tran Tuan Anh, foram os anfitriões da cúpula virtualleon casino betque o acordo foi assinado

Obama havia promovido a Parceria Transpacífica (TPP, na siglaleon casino betinglês), da qual faziam parte México, Chile e Peru, mas não a China.

O interesse pelo RCEP cresceu quando Trump retirou os EUA da Parceria Transpacífico - o país era o arquiteto do acordo e cuja economia correspondia a dois terços do total do bloco.

Na verdade, a guerra comercial entre Estados Unidos e China e a política nacionalistaleon casino betTrump ("America first") acabaram com a ideialeon casino betObamaleon casino betolhar mais para a Ásia e serviram para dar força ao RCEP, que é visto como uma oportunidadeleon casino betPequim para definir a agenda comercial regional na ausêncialeon casino betWashington.

Como principal fonteleon casino betimportações e principal destino das exportações da maioria dos membros do RCEP, a China parece ser o principal beneficiário e está bem posicionada para influenciar as regras comerciais e expandirleon casino betinfluência na Ásia-Pacífico, algo que Obama queria evitar.

A Presidêncialeon casino betBiden mudará alguma coisa?

O comércio internacional esteve muito menos presente na agenda nesta campanha presidencial, e Biden disse relativamente pouco sobre seleon casino betpolítica comercial mudará significativamente ou se vai reconsiderar o retorno à Parceria Transpacífico.

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Legenda da foto, Biden está comprometido com o multilateralismo, mas não se sabe se vai reconsiderar o retorno dos EUA à Parceria Transpacífico

Biden defende retomar uma políticaleon casino betmultilateralismo, como durante o governo Obama, mas é prematuro falarleon casino betacordos comerciais, dados os enormes desafios que o democrata enfrentará internamente. Além disso, eventuais medidas nesse sentido correm o riscoleon casino betserem vistas como prejudiciais aos sindicatos que o ajudaram a vencer nos Estados do chamado cinturão da ferrugem (região tradicionalmente industrial dos EUA).

É esperado que suas prioridades comerciais se concentremleon casino bettrabalhar com os aliados para pressionar a China e forçar mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Voltar ao que era à Parceria Transpacífico pode não acontecer no curto prazo.

Os sindicatos e os progressistas que apoiaram a eleiçãoleon casino betBiden têm sido céticosleon casino betrelação aos acordosleon casino betlivre-comércio, e representantes desses grupos estão presentes emleon casino betequipeleon casino bettransição. Eles podem defender certas medidasleon casino betproteção a indústrias vulneráveis, como aço e alumínio.

Se Biden decidir se reconectar com a Ásia-Pacífico, isso pode funcionar como um contrapesoleon casino betrelação à China.

Como afeta a América Latina?

O comércio bilateral entre a Ásia e a América Latina tem crescido continuamente nas últimas décadas, mas a integração entre as duas regiões tem muito espaço para avanços e pode sofrer o impacto do novo acordo, afirmam analistas.

"No curto prazo, o RCEP pode causar algum desvio comercial, limitar o crescimento do comércio entre a América Latina e a Ásia", diz Jack Caporal, especialistaleon casino betcomércio do Centroleon casino betEstudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sedeleon casino betWashington.

"No entanto, as regras comuns tornarão mais fácil para as empresas latino-americanas com presença na Ásia fazerem negócios lá", agrega Caporal. "Uma questão importante para os países latino-americanos é se eles buscarão uma integração com a Ásia individualmente ouleon casino betconjunto, como por meio da Parceria Transpacífico ou do Mercosul."

"Desde que o comércio entre a América Latina e a China explodiu, nos anos 2000, liderado quase exclusivamente pelo rápido crescimento da China eleon casino betnecessidadeleon casino betmatérias-primas, os países da região buscaram uma maior integração com a Ásialeon casino betgeral, não apenas com a China, masleon casino betparticular com Japão, Coreia do Sul e Índia", diz à BBC News Mundo Cynthia Arnson, especialista do Wilson Center nas relações entre as duas regiões.

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Legenda da foto, Desde o início deste século, a América Latina aumentouleon casino betintegração com a Ásia e, principalmente, com a China

Arnson afirma que esse era o espírito da Parceria Transpacífico, agora dizimada na ausência dos Estados Unidos.

"A menos que o governo Biden retorne à Parceria Transpacífico, os países latino-americanos serão atraídos por uma maior participaçãoleon casino betmercado na Ásia, que agora está representada pelo RCEP", acrescenta.

Nicolás Albertoni, professor da Universidade Católica do Uruguai e pesquisador associado do Laboratórioleon casino betPolítica e Segurança Internacional da Universidade do Sul da Califórnia, acredita que há uma "desvantagem" para os países que não fazem parte desse tipoleon casino betmega-acordos.

"É fundamental que os países da América Latina (principalmente do Cone Sul) que não fazem parte batam à porta e peçam para fazer parte desses acordos", opina à BBC News Mundo.

E os efeitos para o Brasil?

O novo acordo deve afetar pouco a exportaçãoleon casino betcommodities brasileiras para a região, segundo especialistasleon casino betrelações internacionais e comércio exterior ouvidos pela BBC News Brasil.

O professorleon casino betRelações Internacionais da Universidade Federalleon casino betSanta Maria (UFSM) Bruno Hendler destaca que o acordo "faz parteleon casino betuma disputa maior, entre EUA e China, por processosleon casino betintegração regional que vão muito além da reduçãoleon casino bettarifas comerciais".

Especialistaleon casino betrelações da China com o Sudeste Asiático e com a América Latina, Hendler pondera que os efeitos desse tipoleon casino betacordo levam anos para serem sentidos, principalmente porque muitos países tendem a usar salvaguardas para proteger setores econômicos mais frágeis.

"O reflexo mais imediato desse acordo é a tendêncialeon casino betelevaçãoleon casino betcompetitividade dos países asiáticos pela integração nas cadeias globaisleon casino betvalor, que é um processo que vem acontecendo há décadas", diz Hendler.

Para o Brasil, ele diz, o impacto não deve ser tão significativo.

"O grande mercado asiático, que é o chinês, já tem acordoleon casino betlivre-comércio com países que são concorrentes do agronegócio brasileiro. O novo acordo tende a oficializar uma sérieleon casino betacordos que já existiam - que alguns autores chamamleon casino betpratoleon casino betespaguete,leon casino betreferência a essas conexões. Vejo esse acordo como um 'upgrade'leon casino betuma sérieleon casino betacordos bilaterais e multilaterais que já existiam entre esses países. Então, no curto prazo, acho que o agronegócio brasileiro não será tão impactado porque já tem sido impactado há anos pelo acesso privilegiado que o Sudeste Asiático tem ao mercado chinês."

O presidente-executivo da Associaçãoleon casino betComércio Exterior do Brasil (AEB), José Augustoleon casino betCastro, espera um "impacto menor" para a exportaçãoleon casino betcommodities brasileiras.

"Tínhamos preocupação com o acordo anterior (TPP ou Parceria Transpacífico),leon casino betque os EUA, nosso grande concorrente na exportaçãoleon casino betcommodities, participavam e teriam muita vantagem. No acordo atual, o impacto para o Brasilleon casino bettermosleon casino betcommodities muda pouco, eleon casino betrelação a produtos manufaturados já temos participação muito pequena, que continuará pequena enquanto Brasil não fizer reformas estruturais internas", diz Castro.

Especialistaleon casino betgeografia das relações internacionais, Gustavo Glodes Blum também diz que as correntesleon casino betcomércio do Brasil com a região Ásia-Pacífico, baseada nas commodities, não serão alteradas. Ele destaca, no entanto, que o Brasil pode sentir efeitosleon casino betuma possível perdaleon casino betmercado dos EUA por lá.

"O efeito mais relevante para nós talvez seja um aprofundamento da disputa por mercado, com os EUA aumentando esforçosleon casino betpenetrar no nosso mercado. A China cria, na prática, um mercado comum na região e isso vai prejudicar circulaçãoleon casino betprodutos americanos ali dentro", diz Blum.

O ex-secretárioleon casino betComércio Exterior do Brasil Welber Barral, que classifica o acordo como uma vitória da China, avalia que "pode haver algumas concessões tarifárias para países da região, que não vão abranger o Mercosul, e isso faz o Brasil perder vantagens tarifárias na região".

Barral destaca que o Mercosul terá que procurar avançar nos acordos com a Ásia. E também aponta que empresas brasileiras que eventualmente decidam se instalarleon casino betalgum dos países abrangidos pelo acordo podem se beneficiarleon casino betuma plataformaleon casino betexpansão na Ásia.

'Pouco ambicioso'

Embora o RCEP tenha sido uma iniciativa dos dez países da Associaçãoleon casino betNações do Sudeste Asiático, ele é visto por muitos como uma alternativa apoiada pela China à Parceria Transpacífico, um acordo que exclui Pequim, mas inclui muitos países asiáticos.

Doze nações, incluindo Chile, México e Peru, assinaram a Parceria Transpacíficoleon casino bet2016, antesleon casino betTrump retirar seu país do acordoleon casino bet2017.

Sem os Estados Unidos, os demais países assinaram o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na siglaleon casino betinglês). Embora inclua menos países, o CPTPP reduz as tarifas ainda mais do que o RCEP e inclui disposições sobre emprego e meio ambiente.

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Legenda da foto, Críticos dizem que é um negócio pouco ambicioso

O ex-primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull criticou o novo acordo ao dizer que é desatualizado.

"Haverá alarde sobre a assinatura e entradaleon casino betvigor do RCEP, mas é um acordo comercial pouco ambicioso, não devemos nos enganar", disse Turnbull, que assinou a Parceria Transpacíficoleon casino betnomeleon casino betseu país.

Ativistas temem a faltaleon casino betmedidas para proteger os trabalhadores e o meio ambiente e que isso prejudique os agricultores e pequenos negóciosleon casino betum momentoleon casino betque eles já estão sofrendo devido à pandemia.

Diferenças à parte

Do lado positivo, o RCEP reúne países que costumam ter relações espinhosas, como China e Japão. Além disso, tanto Austrália quanto China estão aderindo ao acordo, apesarleon casino betrelatosleon casino betque a China pode boicotar algumas importações australianas por causaleon casino betdiferenças políticas.

"Você pode cooperar com alguém ou simplesmente odiá-lo, assim como as pessoas. O RCEP fez um trabalho impressionante ao se separarleon casino betoutras disputas", diz Elms.

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