Biden eleito: 'Brasil está mais isolado do que nunca', diz ex-embaixador brasileiro nos EUA:novibet formula 1

"Não acho que Biden vai atacar Bolsonaronovibet formula 1imediato. O Brasil tem seu peso. Apesarnovibet formula 1tudo, continua sendo uma das maiores economias do mundo, o segundo país mais populoso das Américas e uma democracia", afirma.

Segundo ele, os EUA terão interessenovibet formula 1buscar algum apoio do Brasil no contexto da confrontação estratégia com a China, que continuará com Biden, "emboranovibet formula 1maneira mais hábil, mais equilibrada, mais serena".

"O Brasil não é um país ao qual os EUA podem dar as costas, até porque Biden atribui muita importância à questão ambiental", explica ele, lembrando que uma das prioridadesnovibet formula 1Biden é mitigar as mudanças climáticas, segundo seu planonovibet formula 1governo e, nesse sentido, a Amazônia "tem papel fundamental".

Ainda assim, Abdenur — que foi embaixador do Brasilnovibet formula 1Washingtonnovibet formula 12004 a 2007, durante o mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas se aposentou após divergências com o governo petista — diz ser cético quanto à possibilidadenovibet formula 1uma relação "harmoniosa, tranquila e produtiva com os Estados Unidos".

"Um requisito essencialnovibet formula 1qualquer política externa é não ser movida por considerações e preferências ideológicas e menos ainda por idiossincrasias pessoaisnovibet formula 1seus líderes como é o caso da relaçãonovibet formula 1admiração, submissão e subserviência que Bolsonaro estabeleceu com Trump", diz.

'Incapaznovibet formula 1alterações'

Atualmente conselheiro do CEBRI (Centro Brasileironovibet formula 1Relações Internacionais), Abdenur diz acreditar que, com a vitórianovibet formula 1Biden, a extrema direita tende a "perder gás".

Emnovibet formula 1opinião, como a base da política externa brasileira reflete muitos desses valores, por meio, por exemplo,novibet formula 1ataques à ONU e ao multilateralismo, o Brasil tende a ficar ainda mais isolado.

"Olhando para o Itamaraty, para a Presidência da República, não considero que este governo seja capaznovibet formula 1fazer as alteraçõesnovibet formula 1curso necessárias para administrar bem suas relações com os EUA, com a Europa, com nossos vizinhos e com a China", acrescenta.

'Submisso e subserviente'

Segundo Abdenur, "o primeiro grande equívoconovibet formula 1Jair Bolsonaro enovibet formula 1seu chanceler, Ernesto Araújo" foi fazer um "alinhamento praticamente incondicional e automático com os EUAnovibet formula 1Trump" sem "grandes ganhos".

"Foi um erro estratégico gravíssimo. O problema é que isso foi feito na basenovibet formula 1pendurar a relação Brasil-EUA na pessoanovibet formula 1Trump. O que deveria ser manejado como uma relação objetivanovibet formula 1Estado a Estado passou a ser uma espécienovibet formula 1aliança pessoalnovibet formula 1cunho altamente ideológico entre Bolsonaro e Trump", diz.

"Se fizermos um balanço do que o Brasil ganhou e o que os EUA ganharam nesses dois anos da aliança pessoal Bolsonaro-Trump, veremos que não houve grandes ganhos sensacionais. Houve algumas coisas interessantes, como o apoio dos EUA à entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a consideração do Brasil como um parceiro extra-territorial da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), e recentemente a assinaturanovibet formula 1pequenos arranjos para facilitação do comércio, mas sem perspectivasnovibet formula 1um acordonovibet formula 1livre comércio."

"O Brasil cedeu imensamente", completa.

Abdenur lembra que já houve outros momentos na histórianovibet formula 1que o Brasil se alinhou aos Estados Unidos, mas "preservando espaçosnovibet formula 1atuação própria e às vezesnovibet formula 1confronto".

"A aliançanovibet formula 1Vargas durante a 2ª Guerra Mundial propiciou um grande ganho para o Brasil: a construção financiada pelos EUA e com tecnologia americana da primeira usina siderúrgica brasileiranovibet formula 1Volta Redonda, o que permitiu avanços consideráveis, praticamente o marco inicialnovibet formula 1um acelerado processonovibet formula 1industrialização brasileiro", recorda.

"Mais adiante, na primeira década da ditadura militar, o Brasil se alinhou aos EUA, no contexto Guerra Fria na luta contra o comunismo. Naquela época, o Itamaraty convenceu os militares da validade, da continuidade da postura até então muito ativanovibet formula 1liderança que o Brasil sustentava na época no chamado diálogo norte-sul entre países desenvolvidos e subdesenvolvidosnovibet formula 1buscanovibet formula 1reforma,novibet formula 1uma nova ordem internacional, mais equitativa, mais justa, mais capaznovibet formula 1dar prosperidade", acrescenta.

"Foram, assim, alinhamentos que deram resultados positivos, mas alinhamentos que não tolheram a capacidade do Brasilnovibet formula 1defender seus próprios interesses na área do desarmamento, do comércio, das finanças internacionais e da tecnologia", observa.

Mas, na visãonovibet formula 1Abdenur, o alinhamento promovido por Bolsonaro énovibet formula 1"subordinação e subserviência".

"Subordinação porque coloca o Brasil numa posiçãonovibet formula 1inferioridade. Bolsonaro se proclamou desde o primeiro momento como fãnovibet formula 1Trump, adotando posturas submissasnovibet formula 1relação aos EUA. Subserviência porque representa um linhanovibet formula 1ação que atende aos interesses dos EUA e não necessariamente aos do Brasil", assinala.

Ele lembra que o Brasil "abriu mão do que possivelmente seria uma candidatura vitoriosa brasileira à presidência do Banco Interamericanonovibet formula 1Desenvolvimento (BID) pra favorecer um candidato americano promovido pelo Trump".

"Foi uma violaçãonovibet formula 1uma tradição (não escrita)novibet formula 160 anos da existência do Banco Interamericanonovibet formula 1Desenvolvimentonovibet formula 1que ele fosse liderado por um latino-americano".

Assessornovibet formula 1Trump para a América Latina, Mauricio Claver-Carone se tornou,novibet formula 1setembro, o primeiro líder do organismonovibet formula 1origem norte-americana. Ele comandará a instituição por cinco anos.

E, durante a corrida presidencial à Casa Branca, Bolsonaro cometeu "novos erros", acrescenta Abdenur.

"Bolsonaro declarou abertamente preferência por Trump; seus filhos, que têm um papel importantenovibet formula 1seu governo foram ainda mais enfáticos nisso, e agora estão endossando os ataques do Trump à legitimidade do processo eleitoral. São erros muito graves", diz.

'Atonovibet formula 1hostilidade'

Abdenur diz ainda que o "silêncio do Brasil"novibet formula 1não felicitar o presidente eleito americano é um "atonovibet formula 1hostilidade", que dificulta ainda mais as relações entre os dois países.

Até o fechamento desta reportagem, o Brasil, na contramão da maioria dos países do mundo, ainda não havia parabenizado Biden pela vitória.

"Me preocupa muito porque estou vendo materializar-se um gravíssimo erro que é o presidente brasileiro não reconhecer a vitória do Biden. Aparentemente o que o governo brasileiro vai fazer é esperar ou pelo fim da litigação absurda que o Trump está promovendo ou pelo calendário muito dilatado dos processosnovibet formula 1formalização dos resultados das eleições americanas (a posse do novo presidente tem que acontecer no dia 20novibet formula 1janeiro, ao meio-dia)".

"Então estamos correndo o risconovibet formula 1ficarmos isolados mais ainda por cercanovibet formula 1dois meses sem um diálogo com as novas forças que desde já começam a atuar nos EUA".

"Este silêncio do Bolsonaro é um atonovibet formula 1hostilidade contra Biden. É uma continuação absurda da solidariedade dele política, ideológica e pessoal com Trump", critica.

"Até Israel, Hungria e Polônia, países ideologicamente prestigiados, adorados, admirados pelo governo Bolsonaro apressaram-senovibet formula 1felicitar Biden. O Brasil fica isolado aténovibet formula 1seus parceiros ideológicos na extrema direita", conclui.