Coronavírus na Itália: como país conseguiu conter segunda ondabetboo 365contágios e se tornou exceção na Europa:betboo 365

Agora, porém, a situação entre os países não tem paralelos.

Enquanto a incidência acumuladabetboo 36514 dias (númerobetboo 365casos notificados no período por 100 mil habitantes, que serve para determinar a velocidade com que o contágio avança) chega a 33,5 na Itália, na Espanha, ela é quase dez vezes maior - 300,5, segundo os dados mais recentes do Centro Europeu para Prevenção e Controlebetboo 365Doenças (ECDC, na siglabetboo 365inglês).

Na França, essa taxa ébetboo 365185,8, enquanto no Reino Unido,betboo 36569,3. Na Alemanha, 25,8.

Já a taxabetboo 365mortalidade por 1 milhãobetboo 365habitantes nos últimos 14 dias ébetboo 3652,6 na Itália, enquanto na Espanha,betboo 36522,9; na França, 8,6; no Reino Unido, 3,2, e na Alemanha, 0,7.

Apesar desses números sugerirem que a epidemia continua sob controle na Itália, as autoridades do país permanecem cautelosas.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, tem pedido repetidas vezes aos italianos que se mantenham vigilantes.

betboo 365 Mas no que a Itália vem acertando desta vez?

Para especialistas, não há uma resposta única, mas sim uma combinaçãobetboo 365fatores: reabertura gradual, boa capacidadebetboo 365fazer testes na população e rastreamentobetboo 365pessoas que tiveram contato com infectados, medidasbetboo 365segurança rígidas e disciplina individual.

Confinamento rígido e abertura progressiva das restrições

A Itália foi o primeiro país ocidental a ser atingido fortemente pelo vírus, numa épocabetboo 365que se sabia muito pouco sobre ele ebetboo 365transmissão.

Foi também pioneirobetboo 365adotar medidas rígidasbetboo 365confinamento, primeirobetboo 365nível regional e depoisbetboo 365nível nacional (em 10betboo 365março), que incluíram restrições à circulaçãobetboo 365pessoas e fechamentobetboo 365empresas (com exceçãobetboo 365supermercados e farmácias).

"O confinamento era muito rígido na Itália", lembra Carlo La Vecchia, epidemiologista e professor da Universidadebetboo 365Milão,betboo 365entrevista à BBC News Mundo (serviçobetboo 365espanhol da BBC).

"A epidemia concentrava-se essencialmente na Lombardia (norte). Quando foi decretada a quarentena nacional, o centro e o sul do país não apresentavam um número elevadobetboo 365casos."

A Itália não foi um dos primeiros países a suspender essas medidas e, quando o fez, a partirbetboo 3654betboo 365maio, foibetboo 365forma gradual. Isso, para La Vecchia, permitiu maior controle da epidemia nos primeiros meses do verão italiano.

No início, a circulação só era permitida a nível regional e, embora já tenha se ampliado para todo território nacional, ônibus ainda adotam limitesbetboo 365ocupação, por exemplo.

Além disso, continuabetboo 365vigor o Estadobetboo 365emergência devido à epidemia, que expirabetboo 365meadosbetboo 365outubro e dá maiores poderes aos governos central e regional, facilitando a tomadabetboo 365decisões para reagirbetboo 365casobetboo 365aumento no númerobetboo 365pessoas infectadas.

Em meadosbetboo 365agosto, porém, quando houve um aumento no númerobetboo 365casos, o governo ordenou o fechamentobetboo 365todos os locaisbetboo 365lazer noturno e o usobetboo 365máscara obrigatória entre 18h e 6hbetboo 365"qualquer local com riscobetboo 365aglomerações", incluindo bares, restaurantes e praças públicas.

E aqui também entrabetboo 365jogo algo que os especialistas consultados pela BBC News Mundo consideram um fator fundamental para explicar a situação atual do país: os italianos levaram a sério o cumprimento das medidas.

Disciplina e responsabilidade dos cidadãos

"O confinamento durou muito tempo, foi muito severo e também foi muito respeitado", relata Julián Miglierini, jornalista da BBCbetboo 365Roma.

Medidas restritivas, como o usobetboo 365máscaras, ainda são amplamente respeitadas, segundo ele.

E para Miglierini, o motivo é claro: a sociedade italiana não quer viver novamente o que viveubetboo 365março.

"Tem gente que diz que o efeito daquela época na população deixou os italianos muito mais conscientes dos riscos", afirma.

"Os italianos estão tomando cuidado para que isso não aconteça novamente."

Miglierini diz acreditar que existe também uma espéciebetboo 365"trauma coletivo" porque a Itália foi o primeiro país ocidental a ser afetadobetboo 365forma severa pela pandemia.

"Era uma épocabetboo 365que não sabíamos como se dava a transmissão, tampouco entendíamos muito bem o vírus, então os italianos se sentiam um pouco mais expostos", explica Miglierini.

"A Itália não foi capazbetboo 365se recuperar disso e há muito medobetboo 365voltar a esse pesadelo."

O epidemiologista Andrea Crisanti concorda que tanto o levantamento gradualbetboo 365todas as restrições quanto o fatobetboo 365"os italianos levarem muito a sério todas as medidas para prevenir a propagação do vírus" são alguns dos fatores que explicam a situação atual na Itália.

Mas eles, por si só, não explicam a atual dinâmicabetboo 365disseminação do coronavírus no país, acrescenta o especialista.

Testagem eficaz

Crisanti observa como fator importante "que a Itália está usando seus recursosbetboo 365teste e rastreamentobetboo 365pessoas que tiveram contato com quem foi infectado".

O númerobetboo 365exames realizados pela Itália para cada 100 mil habitantes ébetboo 3651.018 e a taxabetboo 365resultados positivos ébetboo 3651,7, segundo o ECDC.

Na Espanha, essas cifras atingem 1.317 exames por 100 mil habitantes, com uma taxabetboo 36510,9. Na França, são 1.554 exames e uma taxabetboo 3655,4, enquanto no Reino Unido são 2.715 exames e uma taxabetboo 3651,4.

No entanto, La Vecchia, da Universidadebetboo 365Milão, considera que o número absolutobetboo 365testes realizados não é muito elevado, o que pode explicar o número relativamente baixobetboo 365positivos.

Além disso, quanto menor essa taxabetboo 365positivos, maior a certezabetboo 365que o monitoramento não se restringe apenas às pessoas que chegam doentes aos hospitais.

Mas Miglierini, da BBC, explica que os testes estão sendo feitosbetboo 365locais-chave, por exemplo,betboo 365aeroportos e portos.

Crisanti, da Universidadebetboo 365Pádua, aponta que há algo ainda mais importante, que "a Itália está fazendo mais do que apenas rastreamentobetboo 365contatos": é o que chamabetboo 365"testebetboo 365rede".

Consiste, segundo o epidemiologista,betboo 365que quando uma pessoa apresenta sintomas, são feitos testesbetboo 365todas as pessoas embetboo 365redebetboo 365interação (amigos, vizinhos, colegasbetboo 365trabalho) independentementebetboo 365terem ou não contato com aquela pessoabetboo 365especial.

"Trata-sebetboo 365não pressupor um conhecimento prévio dos contatos, porquebetboo 365muitos casos as pessoas não se lembram com quem tiveram contato, nembetboo 365quais condições falaram com alguém", explica Crisanti.

"É assim que identificamos várias pessoas que estão infectadas e que,betboo 365outra forma, escapariambetboo 365nós."

"A Itália agora está melhor preparada para usar o que considero ser a estratégia apropriada", diz o epidemiologista.

Tanto Crisanti quanto Miglierini ressaltam que as próximas duas ou três semanas são essenciais para observar a evolução no númerobetboo 365casos, muito por causa da reabertura das escolas, realizadabetboo 365forma escalonada durante o mêsbetboo 365setembro.

"Há uma concepção aquibetboo 365que não se pode cantar vitória antes da hora, porque talvezbetboo 365duas semanas os casos comecem a aumentar. Por isso, o governo também está sendo muito cauteloso quanto a isso", diz o jornalista.

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