Como a indústria do petróleo pôsrealsbet linkdúvida o aquecimento global usando táticas dos fabricantesrealsbet linkcigarro:realsbet link

Naquele diarealsbet link1981, Marty Hoffert aproximou os olhosrealsbet linksua telarealsbet linkcomputador. Ele mal conseguia acreditar nas próprias descobertas, que eram alarmantes.

"Eu havia criado um modelo que mostrava que a Terra se aqueceriarealsbet linkmodo significativo", diz ele à BBC. "E esse aquecimento produziria mudanças climáticas sem precedentes na história humana. Aquilo me surpreendeu."

Hoje mais consolidado, o estudo climático dele era, na época, consideradorealsbet linkuma área científicarealsbet linknicho. "Éramos apenas um bandorealsbet linkgeeks com ótimos computadores", ele lembra.

Crédito, New York University

Legenda da foto, "Eles (executivos da Exxon) diziam coisas que contradiziam seus próprios gruposrealsbet linkpesquisarealsbet linkponta", relata Hoffert

Hoffert foi um dos primeiros cientistas a criar um modelo prevendo os efeitos da ação humana sobre o clima. E ele o fez enquanto era empregado da Exxon, uma das maiores empresasrealsbet linkpetróleo do mundo, que mais tarde faria uma fusão com outra, a Mobil.

Nos anos 1980, a Exxon gastava milhõesrealsbet linkdólaresrealsbet linkpesquisas inovadoras, na tentativarealsbet linktomar a dianteira do mercado enquanto cientistas começavam a entender que um planeta mais quente tornaria a vida bem mais difícil para os humanos.

Hoffert compartilhou seu modelo científico com seus gerentes, mostrando a eles o que poderia acontecer caso continuássemos a queimar combustíveis fósseisrealsbet linknossos carros, caminhões e aviões.

Negando tudo

Mas ele notou uma dissonância entre as descobertas feitas pela própria Exxon e os pronunciamentos públicos dos executivos da empresa. Entre eles o executivo-chefe, Lee Raymond, que dissera que "no momento, a evidência científica é inconclusiva quanto a se as atividades humanas têm um efeito significativo no clima global".

"Eles (executivos) diziam coisas que contradiziam seus próprios gruposrealsbet linkpesquisarealsbet linkponta", relata Hoffert.

Irritado, ele se demitiu da Exxon e acabou se tornando um dos principais pesquisadores acadêmicos da área climática.

"O que eles (Exxon) fizeram foi imoral. Eles espalharam dúvidas sobre os perigos das mudanças climáticas, enquanto suas pesquisas internas confirmavam a seriedade dessa ameaça."

O que mudou? Primeiro, o verãorealsbet link1988, recordistarealsbet linkcalor na época. Ao ganhar as manchetes nos EUA, a circunstância deu peso extra às advertências do cientista Jim Hansen, da Nasa, que dizia que "um efeito estufa foi detectado e está mudando nosso clima agora".

Líderes políticos começaram a prestar atenção. A então premiê britânica, Margaret Thatcher, reconheceu que se tratavarealsbet linkuma nova ameaça global: "O desafio ambiental diante do mundo exige uma resposta equivalenterealsbet linktodo o mundo".

Em 1989, o cheferealsbet linkestratégias da Exxon, Duane Levine, preparou uma apresentação confidencial para o conselho da empresa - um entre milharesrealsbet linkdocumentos do arquivo da companhia que mais tarde seriam doados à Universidade do Texasrealsbet linkAustin.

Legenda da foto, Documento interno dos anos 1980 mostra o chamado "Posicionamento da Exxon", determinando que se "enfatize a incerteza" sobre as mudanças climáticas

A apresentaçãorealsbet linkLevine é um documento importante, comumente citado por pesquisadores que investigam a ação da Exxon na ciência das mudanças climáticas.

"Estamos começando a ouvir o inevitável chamado à ação", diz o documento interno. Esse chamado, ele prossegue, exigiria "passos draconianos irreversíveis e custosos".

"Respostas mais racionais vão exigir esforços para estender a ciência e aumentar a ênfaserealsbet linkcustos erealsbet linkrealidades políticas."

'Enfatize a incerteza'

Kert Davies esmiuçou o arquivo da Exxon. Ele trabalhou anteriormente como diretorrealsbet linkpesquisas da ONG Greenpeace, onde analisava a oposição corporativa às mudanças climáticas. O trabalho o inspirou a criar o Centrorealsbet linkInvestigações do Clima.

Ele explica por que a apresentação da Exxon é considerada tão importante.

"Em resumo, eles têm medorealsbet linkque o público vai se opor a isso e promover mudanças radicais na forma como usamos energia e no negócio deles."

Davies diz que esse medo transparecerealsbet linkoutro documento encontrado nos arquivos: um que delineia o chamado "Posicionamento da Exxon", determinando que se "enfatize a incerteza" sobre as mudanças climáticas.

Legenda da foto, "Em resumo, eles têm medorealsbet linkque o público vai se opor a isso e promover mudanças radicais na forma como usamos energia e no negócio deles", diz Kert Davies

Pesquisadores argumentam que esse foi o começorealsbet linkuma campanha que ao longorealsbet linkdécadas moldou a opinião pública e espalhou dúvida sobre as origens do aquecimento global.

Em junhorealsbet link2020, o procurador-geralrealsbet linkMinnesota, Keith Ellison, iniciou um processo contra a ExxonMobil, contra o Instituto Petrolífero dos EUA (API na siglarealsbet linkinglês) e contra as Indústrias Koch, os quais acusarealsbet linkenganar o público sobre as mudanças climáticas.

O processo judicial argumenta que "documentos internos antes desconhecidos confirmam que os réus entendiam bem os devastadores efeitos que seus produtos causavam no clima".

A acusação afirma que, mesmo tendo esse conhecimento, as empresas "se engajaramrealsbet linkuma campanharealsbet linkrelações públicas não apenas falsa, mas também altamente eficiente", que serviu para "deliberadamente (sabotar) a ciência" climática.

As acusações - que a ExxonMobil diz serem "desprovidasrealsbet linkbase erealsbet linkmérito" - se sustentamrealsbet linkanosrealsbet linkpesquisas feitas por pessoas como Kert Davies e Naomi Oreskes, professorarealsbet linkhistória da ciência na Universidaderealsbet linkHarvard e coautora do livro Merchants of Doubt (em tradução livre, Mercadores da Dúvida).

"Em vezrealsbet linkaceitar as evidências científicas, eles tomaram a decisãorealsbet linklutar contra os fatos", ela afirmou.

E não se trata apenas da Exxon e suas ações passadas. No mesmo ano da apresentaçãorealsbet linkLevine,realsbet link1989, muitas empresasrealsbet linkenergia ou indústrias dependentes dos combustíveis fósseis se uniram na Coalizão Global do Clima, que protagonizou um agressivo lobby entre políticos e a imprensa dos EUA.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Naomi Oreskes

E mais:realsbet link1991, o órgão comercial que representa as empresasrealsbet linkenergia elétrica do país, o Edison Electric Institute, criou uma campanha chamada Conselhorealsbet linkInformação para o Ambiente (ICErealsbet linkinglês), que almejava "reposicionar o aquecimento global como teoria (e não fato)", segundo detalhes da campanha que foram vazados ao The New York Times.

"Eles promoveram campanhas publicitárias projetadas para minar o apoio público, escolhendo apenas alguns dados que os convinham para dizer 'bem, se o mundo está esquentando, como é que (o Estado de) Kentucky está ficando mais frio?' Faziam perguntas retóricas para criar confusão e dúvida", argumenta Oreskes.

Suprimir o assunto

A campanha da ICE identificou dois grupos que seriam mais suscetíveis às peças publicitárias. O primeiro é orealsbet link"homens mais velhos e menos educadosrealsbet linklares maiores que não costumam buscar informações".

O segundo grupo erarealsbet link"mulheres mais jovens erealsbet linkbaixa renda", que poderia ser alvejado com peças publicitárias feitas sob medida que comparava as pessoas preocupadas com o aquecimento global a galinhas histéricasrealsbet linkdesenho animado.

O Edison Electric Institute não respondeu questionamentos da BBC sobre o ICE, mas afirmou que seus membros estão "liderando uma transformaçãorealsbet linkenergia limpa e estão unidosrealsbet linkseu compromissorealsbet linkobter a energia obtida do modo mais limpo o possível, o mais rápido o possível".

Mas,realsbet linkvolta aos anos 1990, havia muitas campanhas do tipo.

"A não ser que as 'mudanças climáticas' deixemrealsbet linkser um assunto", diz uma das estratégias vazadas ao New York Times, "não haverá nenhum momentorealsbet linkque declaremos vitória".

O objetivo era "identificar, recrutar e treinar uma equiperealsbet linkcinco cientistas independentes para chegar à imprensa".

Legenda da foto, 'Se o mundo está esquentando, como é que (o Estado de) Kentucky está ficando mais frio?': um exemplo da argumentação usada pela indústria, contrariando o entendimento científicorealsbet linksuas próprias equipes a respeito do aquecimento global

Essa tática previa que, embora o público pudesse suspeitar da falarealsbet linkexecutivos da indústria petrolífera, poderia confiar na visãorealsbet linkcientistas aparentemente independentes - mas que estavam recebendo dinheiro da indústria do petróleo.

Esses cientistas seriam levados a debates na TV, potencialmente confundindo o públicorealsbet linkgeral - que assistiria a pesquisadores se enfrentando entre si a respeitorealsbet linktemas complexos e ficaria sem saberrealsbet linkquem acreditar.

Bob Brulle, professor emérito da Universidaderealsbet linkDrexel (EUA), estudou o financiamento desse "contramovimento" que rebatia as mudanças climáticas. Brulle identificou 91 instituições que, segundo ele, negaram ou minimizaram os riscos do aquecimento global. E descobriu que, entre 2003 e 2007, a ExxonMobil deu a alguns deles US$ 7,2 milhões. O API, porrealsbet linkvez, doou quase US$ 4 milhões.

Em seu relatóriorealsbet linkcidadania corporativarealsbet link2007, a ExxonMobil afirmou que interromperia as doações do tipo a partir do ano seguinte.

Muitos cientistas poderiam afirmar que esse dinheiro não influenciou seu trabalho e dizem ter outras motivações.

A maioria das organizações que negam as mudanças climáticas eram centrosrealsbet linkestudorealsbet linkdireita, que já tendiam a defender ideaisrealsbet linkdesregulaçãorealsbet linkmercados. Esses grupos se tornaram convenientes aliados da indústria petrolífera, uma vez que combatiam ações pró-clima com base emrealsbet linkideologia própria.

Jerry Taylor foi durante 23 anos vice-presidente do Cato Institute, um dos gruposrealsbet linkdireita que receberam financiamento da indústria petrolífera. Antesrealsbet linkdeixar o cargo,realsbet link2014, ele fez diversas apariçõesrealsbet linkprogramasrealsbet linkTV e rádio, insistindo que a ciência das mudanças climáticas era incerta e que não havia necessidaderealsbet linkagir.

Hoje, ele diz perceber que seus argumentos eram baseadosrealsbet linkuma má interpretação das evidências científicas e se arrepende do impacto que teve no debate.

Legenda da foto, Jerry Taylor explica que questões climáticas foram misturadas a questões ideológicas

"Durante 25 anos, céticos do clima como eu transformaramrealsbet linkuma questão básicarealsbet linkidentidade ideológica que, se você acreditarealsbet linkmudanças climáticas, você é por definição um socialista", diz ele. "É isso o que céticos do clima fizeram."

O Cato Institute não respondeu aos questionamentos da BBC.

Esse racha ideológico tem enormes consequências. Pesquisasrealsbet linkopiniãorealsbet linkmaiorealsbet link2020 apontam que apenas 22% dos americanos que votam no Partido Republicano acreditam que as mudanças climáticas sejam fruto da ação do homem, contra 72% dos que votam nos democratas.

Infelizmente, muitos dos "cientistas especialistas" ouvidos por jornalistas na tentativarealsbet linkequilibrarrealsbet linkcobertura sobre mudanças climáticas estavam - assim como Jerry Taylor - baseando seus argumentosrealsbet linkideologias,realsbet linkvezrealsbet linkpesquisas sérias.

"Em geral, essas pessoas têm alguma credencial científica, mas não são especialistasrealsbet linkciência climática", diz Naomi Oreskes,realsbet linkHarvard.

Quando ela começou a investigar os principais céticos do clima, incluindo Fred Seitz, físico nuclear e ex-presidente da Academia Americanarealsbet linkCiências, descobriu que ele era profundamente anticomunista e considerava que qualquer intervenção estatal "colocaria os EUA na escorregadia ladeira rumo ao socialismo". Ela também descobriu que ele fora ativo nos debates sobre regulação do tabagismo nos anos 1980.

"Aquele foi um momento 'eureca' para mim. Percebi que não se tratavarealsbet linkum debate científico", conta Oreskes.

"Uma pessoa com expertise sobre mudança climática não poderia serrealsbet linkforma alguma especialista sobre oncologia, saúde pública ou qualquer assunto ligado ao tabagismo. O fatorealsbet linkque as mesmas pessoas estavam se envolvendorealsbet linkambos os debates era uma pistarealsbet linkque algo suspeito estava acontecendo. É isso o que nos levou a descobrir um padrãorealsbet linkdesinformação que é usada sistematicamente,realsbet linknovo erealsbet linknovo."

Naomi Oreskes passou anos analisando os arquivos sobre tabagismo da Universidade da Califórniarealsbet linkSão Francisco, que contêm maisrealsbet link14 milhõesrealsbet linkdocumentos tornados públicos depois da batalha legal contra as empresas produtorasrealsbet linkcigarro dos EUA.

Legenda da foto, Assim como no debate climático décadas depois, o projeto (chamado "Whitecoat", ou jalecos brancos) colocou cientistas para debater com cientistas

E um padrão familiar emergiu. Décadas antesrealsbet linka indústriarealsbet linkenergia tentar solapar os esforços contra as mudanças climáticas, empresasrealsbet linktabaco usaram as mesmas técnicas para questionar os elos científicos que emergiam, nos anos 1950, entre o fumo e o câncerrealsbet linkpulmão.

O poder da dúvida

Uma dessas histórias começa no Natalrealsbet link1953. No luxuoso Plaza Hotel,realsbet linkNova York, os principais executivos da indústria tabagista se reuniam para discutir a nova ameaça a seu modelorealsbet linknegócios. Detalhes daquela noiterealsbet linkconversas tensas foram registradosrealsbet linkum documento escrito pelo gururealsbet linkrelações públicas John Hill, da empresa Hill and Knowlton.

Revistas então amplamente lidas, como Readers Digest e Time Life, começavam a publicar reportagens sobre as associações entre fumo e câncer. E pesquisadores desse tema começavam a ganhar atenção.

Como John Hill escreveu no documentorealsbet link1953, "vendedores da indústria estão totalmente alarmados, e a queda nas ações das empresasrealsbet linktabaco causa grande preocupação".

Hill recomendava combater ciência com a própria ciência. "Não acreditamos que a indústria deva cair no sensacionalismo. Não há (remédio)realsbet linkrelações públicas que conheçamos que vá curar os problemas da indústria."

Um documento posterior da empresa tabagista Brown and Williamson resumiu a abordagem: "A dúvida é nosso produto, já que ela é a melhor formarealsbet linkcompetir com o 'corporealsbet linkevidências' que existe na mente do públicorealsbet linkgeral".

Naomi Oreskes diz que entender o poder da dúvida é vital.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, "A dúvida é nosso produto, já que ela é a melhor formarealsbet linkcompetir com o 'corporealsbet linkevidências' que existe na mente do públicorealsbet linkgeral" sobre os males do tabagismo, diz documento; acima, propagandarealsbet linkcigarro

"Eles haviam percebido que não conseguiriam vencer a batalha com uma falsa alegação que mais cedo ou mais tarde seria desmentida. Mas se você cria dúvida, já é o bastante - como as pessoas estão confusas sobre o assunto, há uma boa chancerealsbet linkque elas vão continuar fumando."

Hill sugeriu que se fundasse o "Comitêrealsbet linkPesquisa da Indústria do Tabaco", para promover "a existênciarealsbet linkvisões científicas firmes que mostrassem que não há provasrealsbet linkque fumar cigarro causa câncerrealsbet linkpulmão".

Assim como no debate climático décadas depois, o projeto (chamado "Whitecoat", ou jalecos brancos) colocou cientistas para debater com cientistas.

Segundo Oreskes, o projeto tinha como objetivo financiar as pessoas que já pesquisavam outras causasrealsbet linkcâncer ou problemas pulmonares, como amianto.

"O propósito desses programas não era avançar no conhecimento científico, mas sim criar suficiente confusãorealsbet linkmodo que o povo americano duvidasse das evidências científicas existentes."

Jornalistas foram um dos principais alvos da indústria tabagista. O Comitêrealsbet linkPesquisas da Indústria do Tabaco realizava reuniões no Empire State para editoresrealsbet linkgrandes jornais, e chegou a persuadir um dos mais famosos jornalistasrealsbet linkrádio e TV da época, Edward R Murrow, a entrevistar seus especialistas.

Da mesma forma como aconteceria mais tarde com as mudanças climáticas, era difícil para o público formar uma opinião enquanto via cientistasrealsbet linklados opostos.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O Comitêrealsbet linkPesquisas da Indústria do Tabaco realizava reuniões no Empire State para editoresrealsbet linkgrandes jornais, e chegou a persuadir um dos mais famosos jornalistasrealsbet linkrádio e TV da época, Edward R Murrow, a entrevistar seus especialistas

Se a dúvida era o grande produto, ela parecia ser um grande sucesso. Durante décadas, nenhum dos processos legais contra as empresasrealsbet linktabaco conseguiu avançar. Isso se deveurealsbet linkparte à eficiência do Projeto Whitecoat, como concluiu um memorando interno da empresa tabagista RJ Reynolds,realsbet linkmaiorealsbet link1979.

"Graças a testemunhos com evidências científicas favoráveis, nenhum queixoso conseguiu obter um centavorealsbet linknenhuma empresarealsbet linktabacorealsbet linkprocessos judiciais alegando que o fumo causa câncerrealsbet linkpulmão ou doenças cardiovasculares - mesmo que 117 desses processos tenham sido iniciados desde 1954."

Mas a pressão sobre a indústria continuou a crescer. Em 1997, as empresas tiveramrealsbet linkpagar US$ 350 milhõesrealsbet linkum acordorealsbet linkum processo coletivo feito por comissáriasrealsbet linkbordo que haviam desenvolvido câncerrealsbet linkpulmão e outras doenças, como fumantes passivas que respiraram a fumaçarealsbet linkpassageiros que fumavam no avião.

O acordo abriu caminho para uma decisão judicial históricarealsbet link2006, quando a juíza Gladys Kessler decidiu que as empresasrealsbet linktabaco americanas eram culpadasrealsbet linkinterpretarrealsbet linkmodo fraudulento os riscosrealsbet linksaúde associados ao fumo.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em 1997, as empresasrealsbet linkcigarro tiveramrealsbet linkpagar US$ 350 milhõesrealsbet linkum acordorealsbet linkum processo coletivo feito por comissáriasrealsbet linkbordo que haviam desenvolvido câncerrealsbet linkpulmão e outras doenças, como fumantes passivas

Kessler detalhou como a indústria "promoveu e vendeu seus produtos letais com fervor, fraude e um foco únicorealsbet linkseu sucesso financeiro, sem nenhuma preocupação com a tragédia humana ou os custos sociais".

As empresas tabagistas acabaram perdendorealsbet linkbatalha na tentativarealsbet linkesconder os malefícios do fumo, mas o esquema desenhado por John Hill e seus colegas se mostrou muito eficiente.

"O que ele escreveu é o mesmo memorando que vimosrealsbet linkmúltiplas indústrias depois dele", afirma David Michaels, professorrealsbet linksaúde pública da Universidade George Washington e autorrealsbet linkThe Triumph of Doubt (O triunfo da dúvida,realsbet linktradução livre), que detalha como as indústriasrealsbet linkpesticidas, plásticos e açúcares reproduziram as mesmas táticas.

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Legenda da foto, Em comunicado, a ExxonMobil afirmou que "alegações sobre as pesquisas climáticas da empresa são imprecisas e deliberadamente enganosas"

"Chamamos issorealsbet link'manualrealsbet linkestratégias do tabaco', porque a indústria tabagista foi tão bem-sucedida com ele. Fizeram um produto que matou milhõesrealsbet linkpessoas pelo mundo, e a ciência a respeito disso era robusta, mas, por meiorealsbet linkuma campanha que fabricou incerteza, eles conseguiram primeiro retardar o reconhecimento formal do terrível impacto do fumo e depois atrasar a regulamentação e durante décadas vencer o litígio legal, com consequências obviamente terríveis."

A BBC questionou a agência Hill and Knowlton sobre seu trabalho para empresasrealsbet linktabaco, mas não recebeu resposta.

Em comunicado, a ExxonMobil afirmou que "alegações sobre as pesquisas climáticas da empresa são imprecisas e deliberadamente enganosas".

"Durante maisrealsbet link40 anos, demos apoio ao desenvolvimento da ciência climáticarealsbet linkparceria com governos e instituições acadêmicas. Esse trabalho prossegue hoje,realsbet linkmodo aberto e transparente", diz a nota. "Deliberadamente selecionar comunicados específicos atribuídos a um pequeno númerorealsbet linkempregados sugere erroneamente que conclusões definitivas foram alcançadas décadas atrás."

A ExxonMobil acrescentou que, recentemente, venceu na Justiça um caso aberto pela Procuradoria Geralrealsbet linkNova York, que acusava a empresarealsbet linkfrauderealsbet linkseus comunicados sobre custos da regulação pelas mudanças climáticas.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, "Ao manipular e distorcer evidências científicas, os fabricantes da dúvida semearamrealsbet linkgrande parte do público um cinismo perante a ciência, tornando muito mais difícil convencer as pessoasrealsbet linkque a ciência oferece informações úteis -realsbet linkalguns casos, vitalmente importantes"

Mas acadêmicos como David Michaels temem que o uso da incerteza para confundir o público e solapar a ciência já tenha contribuído para uma perigosa erosão da confiança públicarealsbet linkfatos e especialistasrealsbet linktodo o mundo, muito além da ciência climática ou dos perigos do cigarro.

Ele cita atitudes públicas perante questões modernas, como a segurança do 5G, a vacinação e o próprio coronavírus.

"Ao manipular e distorcer evidências científicas, os fabricantes da dúvida semearamrealsbet linkgrande parte do público um cinismo perante a ciência, tornando muito mais difícil convencer as pessoasrealsbet linkque a ciência oferece informações úteis -realsbet linkalguns casos, vitalmente importantes", ele diz.

"Não há dúvidarealsbet linkque a desconfiança da ciência erealsbet linkcientistas torna muito mais difícil conter a pandemia do coronavírus."

Pelo visto, o legado do "manualrealsbet linkestratégias do tabaco" continua firme.

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