QAnon: como e por que grupos ligados a teoria da conspiração estão se multiplicando na América Latina:eleições betfair
O QAnon — que foi banido do Twitter — tem conseguido repercussão internacional e está cada vez mais presente no Facebook, comoeleições betfairpáginas e grupos da América Latina.
O jornal La Nacion, da Costa Rica, por exemplo, publicou nesta semana uma reportagem sobre a página "QAnon Costa Rica", criadaeleições betfair28eleições betfairjunho, que tem maiseleições betfair6,7 mil seguidores no país centro-americano.
Há também o grupo "QAnon Argentina", criadoeleições betfair14eleições betfairjulho, que tinha 4,1 mil membros até a publicação deste texto.
Há também o "QAnon Colombia", criadoeleições betfairnovembro passado, que tem 1,7 mil "anons", como são chamados os seguidores da teoria da conspiração.
Uma outra opção para os "anons" colombianos é o grupo "QAnon na Colombia e no mundo", que passoueleições betfairmil membros desde que foi criado,eleições betfair16eleições betfairjunho deste ano.
Em uma rápida busca no Facebook, também é possível encontrar "grupos QAnon" no México, Guatemala, Panamá, Brasil e Uruguai, com diferentes dataseleições betfaircriação e quantidadeseleições betfairmembros. Há também um grupo "QAnon Latinoamérica", criadoeleições betfairmaio deste ano, que tem maiseleições betfair4 mil membros.
Mas, afinal, o que é discutido nesses grupos e o que motiva os participantes?
'Informações alternativas'
As referências a Trump e uma suposta luta contra o "Estado profundo" são as abordagens mais comuns nesses gruposeleições betfairextrema direita na América Latina. Mas, assim como nos Estados Unidos, as discussões não se limitam a essa teoria da conspiração.
Muitos dos membros são contrários a vacinas, não acreditam nas mudanças climáticas e duvidam da gravidade da pandemia do coronavírus, entre outros posicionamentos polêmicos, baseadoseleições betfairdados e informações duvidosas.
Entre os alvos das críticas nesses grupos, alémeleições betfairadversárioseleições betfairTrump, também estão políticos locais.
No "QAnon Costa Rica", por exemplo, "são espalhadas notícias falsas, são organizados protestos para 'derrubar' o governo (de Carlos Alvarado) e é defendido o consumoeleições betfairdióxidoeleições betfaircloro (mesmo sem qualquer evidência científica)", resume o periódico La Nación.
Integrante do "QAnon Latinoamérica", o peruano Milthon Agüero considera que os conteúdos compartilhados nos grupos não são notícias falsas ou teorias da conspiração. Para ele, são "informações alternativas" às dos "meios oficiais", nos quais o publicitário,eleições betfair32 anos, afirma não acreditar.
"Eu sou adepto da alimentação naturalista e da medicina natural. Há anos, desconfio da medicina tradicional, farmacológica. Então, buscando informações alternativas, encontrei esse grupo entre o fimeleições betfairmarço e começoeleições betfairabril", diz o publicitário à BBC News Mundo (serviçoeleições betfairespanhol da BBC).
Para Javier Babino, que é membro do "QAnon Argentina", o surgimentoeleições betfairgrupos similareseleições betfairvárias partes do continente é uma provaeleições betfairque cada vez há mais pessoas "despertando".
"Despertar é saber realmente como o mundo funciona, quem faz funcionar eeleições betfairque forma. E por esse despertar é possível entender que muitas coisas que nos diziam não são verdades", declara Babino à BBC Mundo.
"Eu escrevi um livro que se chama Empreendedor foraeleições betfairsérie, que diz como o dinheiro funciona, como os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. E se você estuda esse tema, se dá contaeleições betfairque aqueles que têm o poder do dinheiro são os mesmoseleições betfairsempre e são os que governam todo o mundo", diz o consultoreleições betfairnegócios,eleições betfair31 anos.
"Despertar é tirar o véu e descobrir que (a pessoa em) quem você votou não é realmente quem está te governando", resume Babino.
Nessa visão conspiratória, que parece ser o principal fator comum entre os "anons", não são apenas os políticos que têm a credibilidade contestada, mas também artistas, cientistas e todas as figuras relevantes oueleições betfairposiçõeseleições betfairautoridade e que possuem tendência "liberal".
"Os quatro pilares sobre os quais esse sistema é sustentado, criado por algumas famílias, estão caindo. Esses pilares são a ciência, a economia, a política e a religião. Daí vêm as quatro maiores crenças limitantes: a ciência é o não posso, a religião traz o não acredito, a política traz o não devo e a economia diz o não tenho", afirma Babino.
Essa explicação ajuda a entender o amplo campoeleições betfairteorias da conspiração que encontram espaço nos fóruns do QAnon. As argumentações do grupo, porém, não têm qualquer respaldo científico ou jurídico. São acusações sem provas e amplamente negadas.
Em uma rápida visita a grupos QAnon na América Latina, é possível ver um extenso catálogoeleições betfairnotícias falsas. Há, por exemplo, uma capa manipulada da revista Time que fala sobre uma suposta prisão do papa Francisco por sacrifícioeleições betfaircrianças. Mencionam ainda uma falsa manifestação contra pedofiliaeleições betfairfrente ao Palácioeleições betfairBuckingham, residência da família real britânica. Há ainda uma suposta execução da cantora Celine Dion por satanismo.
Medidas 'insuficientes'
A exemploeleições betfairTrump, os "anons" dizem que falsas são as notícias divulgadas pela grande mídia, e não as que compartilhameleições betfairsuas redes sociais.
A partir dessa lógica, dizem que medidas para combater a disseminaçãoeleições betfairsuas denúncias e teorias — como a anunciada recentemente pelo Facebook — nada mais são do que esforços da elite para impedir que a verdade seja conhecida.
Assim, estar sujeito às restrições do Facebook parece motivoeleições betfairorgulho para grupos como o "QAnon na Colômbia e no mundo", que atualmente ostenta uma notificação recente da rede social emeleições betfairfotoeleições betfairperfil.
"A distribuição do seu grupo é limitada, porque há informações falsas. As postagens aparecem na parte inferior da seçãoeleições betfairnotícias dos membros e deixamoseleições betfairsugerir às pessoas que se unam ao grupo", diz a mensagem do Facebook.
"Para solucionar o problema, elimine as informações falsas do grupo", sugere a rede social, que, pelo menos por enquanto, ainda permite a presençaeleições betfairconteúdo falso, desde que não viole algumaseleições betfairsuas políticas públicas, "incluindo contas falsas, assédio, discursoeleições betfairódio e/ou incitação à violência".
"A desinformação que não coloca as pessoaseleições betfairriscoeleições betfairsofrer violência ou dano físico iminente, mas é identificada como falsa por verificadoreseleições betfairfato independentes, será reduzida no feedeleições betfairnotícias para que menos pessoas a vejam", diz a atual política da rede social, apontada por muitos estudiosos como insuficiente.
Para muitas pessoas, as redes sociais substituíram a mídia tradicional como principal fonteeleições betfairinformações.
E muitos, como Milthon Agüero, se deparam com grupos como "QAnon Latinoamérica" porque buscam ativamente essas "informações alternativas".
"Entrei nos grupos QAnon, principalmente,eleições betfairbuscaeleições betfairinformações. E se você me perguntar se tenho certezaeleições betfairque é tudo verdade, não posso dizer. Há coisaseleições betfairque ainda não acredito 100%, como as questõeseleições betfairsatanismo e canibalismo", diz o peruano à BBC Mundo.
Mas Agüero, por exemplo, acredita nos argumentos contrários às vacinas — o movimento antivacina tem sido associado ao reaparecimentoeleições betfairdoenças que eram consideradas erradicadas, como o sarampo.
No "QAnon Argentina", Javier Babino costuma compartilhar postagenseleições betfairoutro grupo, chamado "Médicos pela verdade", que minimiza a gravidade da pandemiaeleições betfaircovid-19. Isso pode fazer com que algumas pessoas tomem menos cuidadoseleições betfairrelação ao novo coronavírus.
As redes sociais são plataformas poderosas para o QAnon. Apoiado pelo grupo, o presidente Trump, ou um representante dele, nunca veio a público criticar ou desmentir informações do QAnon.
"O que mais me chamou a atenção é que há um presidente,eleições betfairuma potência mundial, que não é favorável à informação oficial", diz Agüero,eleições betfairreferência a Trump.
Os seguidores do QAnon apoiam o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Eu não sigo grupos ou pessoas, mas um objetivo: o propósitoeleições betfairdespertar,eleições betfaircompartilhar a verdade e questioná-la. E é preciso entender que tanto a esquerda como a direita foram, toda a vida, sempre os mesmos", diz Babino.
"Mas, pelo menos até agora, Trump segueeleições betfairnosso propósito. E ele estáeleições betfairuma quedaeleições betfairbraço contra aqueles que não o querem no poder", acrescenta o argentino, para quem casos como oeleições betfairJeffrey Epstein (milionário acusadoeleições betfairabuso sexual) ou as contibuições milionárias da Fundação Bill & Melinda Gates à OMS são provas da conspiração elitista denunciada pelo QAnon.
Impacto político
Para Paul Krugman, do New York Times, o presidente dos Estados Unidos atiça teorias da conspiração porque seriaeleições betfairseu interesse.
"Trump (...) não pode desenhar políticas que respondam às reais necessidades da nação, nem está disposto a ouvir quem pode. Ele nem mesmo tentará", afirma o colunista no artigo "QAnon é a última e melhor opçãoeleições betfairTrump", publicado recentemente.
Nesse contexto, ele conclui, a única coisa que o atual presidente dos Estados Unidos pode fazer "é conjurar ameaças imaginárias que jogam com os preconceitoseleições betfairseus seguidores, junto com teoriaseleições betfairconspiração que ressoam com seu medo e inveja dessas elites sabe-tudo".
"QAnon é apenas o exemplo mais ridículo desse gênero, retratando Trump como um herói que nos defende do mal invisível", resume Krugman. Embora Trump seja, sem dúvidas, seu protagonista mais importante e maior beneficiário, essa formaeleições betfairfazer política também está presente na América Latina, como parece mostrar a ascensãoeleições betfairpolíticos populistas.
Para muitos, entretanto, grupos como o QAnon não são inofensivos, nem inocentes. Nos Estados Unidos, por exemplo, o FBI já alertou que aqueles que seguem essas teorias da conspiração representam uma ameaça crescenteeleições betfairviolência.
Em um documeto divulgado no finaleleições betfairmaio, o FBI diz que as teoriaseleições betfairconspiração "eventualmente levarão grupos e indivíduos extremistas a realizar atos criminosos ou violentos".
Ethan Zuckerman, diretor do Centroeleições betfairMídia Cívica do MIT, afirma que o QAnon representa uma teoria da conspiração especialmente perigosa, porque leva as pessoas a supor que quase toda figuraeleições betfairautoridade "é parteeleições betfairum grupo secreto que trabalha contra a liberdade".
"A corrosão que vem disso é o perigoeleições betfairnão confiarmoseleições betfairnenhuma instituição", disse Zuckermaneleições betfairuma edição recente do programa The Inquiry, da BBC, dedicado ao QAnon.
"E essa desconfiança, se explorada por um líder autoritário, é incrivelmente perigosa", concluiu.
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