2 questões que ameaçam a reeleiçãozebetTrump e como ele pode superá-las:zebet

Donald Trump

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Trump caiu nas pesquisas eleitorais durante a pandemiazebetcoronavírus nos EUA

Na disputa atual, a distância entre Biden e Trump passouzebet4 pontos percentuais no início do ano para algo entre 7 e 10 pontos percentuais, a depender da fonte consultada.

Estar alguns pontos atrás nas pesquisas eleitorais não é necessariamente um decretozebetderrota, muito menos nos EUA, onde os presidentes são eleitos por meiozebetum mecanismo conhecido como colégio eleitoral (que permitiu a Trump vencer Hillary Clintonzebet2016 mesmo obtendo menos votos no total).

Levantamento até 18zebetagosto

No entanto, muitos especialistas concordam que Trump se encontra agorazebetuma posição muito mais difícil do quezebetjaneiro, e que, caso se mantenham as tendências atuais, é muito provável que ele seja derrotadozebetnovembro.

Por quê?

A BBC News Mundo (serviçozebetespanhol da BBC) explica os principais fatores que têm afetado negativamente a campanhazebetreeleiçãozebetTrump.

1. Combate à pandemia

“Como a maioria das disputas presidenciais que envolvem reeleição, esta é um referendo sobre o presidentezebetexercício e seu desempenho no cargo”, explica Whit Ayres, pesquisador sobre o Partido Republicano,zebetentrevista à BBC News Mundo.

Como exemploszebetque nem sempre os mandatários são favoritos, ele cita o democrata Jimmy Carterzebet1980 e o republicano George H.W. Bushzebet1992.

Ronald Reagan e Jimmy Carter

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em 1980, o republicano Ronald Reagan (à esq.) derrotou o democrata Jimmy Carter, que tentava se reeleger

Para o analista, Trump estavazebetuma posição mais favorável antes da pandemiazebetcovid-19. “Os níveiszebetaprovaçãozebetsua condução da pandemia estiveramzebetterreno positivo durante algumas semanaszebetmarço, mas desde então têm registrado uma tendênciazebetqueda sustentada, e é isso que o mantém atrászebetBiden.”

Ayres destaca que, atualmente, 40% dos americanos aprovam e 58% desaprovam a gestãozebetTrump sobre a crisezebetcoronavírus.

Stuart Rothenberg, analista político e editor sênior do site especializado InsideElections, considera que a resposta à pandemia do governo e, mais especificamentezebetTrump, gerou nos cidadãos a percepçãozebetnão serem capazeszebetentender o que estava acontecendo.

“O índicezebetinfecções e mortes crescia, e o presidente falava que a pandemia iria desaparecer. O pior que pode acontecer com você é a percepçãozebetque você não estázebetcontato com a realidade ouzebetque é insensível.”

O especialista lembra que isso aconteceuzebet1992 com George W.H. Bush porque este não sabia qual era o preçozebetuma garrafazebetleite.

“Em seu estilo, o presidente é um líderzebettorcida. Ele sempre foi o mesmo. Ele diz: 'Tudo é maravilhoso. Estou no controle. Vou consertar'. E isso funciona quando as coisas estão indo bem, porque você pode levar o crédito pelo sucesso. Mas é mais difícil se gabarzebetcomo as coisas vão bem quando as pessoas estão morrendo e os números indicam que não conseguimos controlar o vírus.”

Trumpzebetentrevista na Casa Branca

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Legenda da foto, Durante a pandemia, Trump resistiu por meses a usar máscarazebetpúblico ou defender distanciamento social

Rothenberg acredita que, com essa atitude, Trump enfraqueceuzebetposição com eleitores indecisos e até mesmo com alguns republicanos.

Paradoxalmente, a pandemia poderia ter sido uma oportunidade para o presidente fortalecerzebetliderança eleitoral, como, segundo Ayres, aconteceu com vários líderes ao redor do mundo e até mesmo com governadores americanos.

2. Protestos contra injustiça racial

O assassinatozebetMinneapolis do ex-segurança negro George Floyd, que morreuzebetmaio sufocado por um policial durante uma abordagem, desencadeou a maior ondazebetprotestos raciais nos Estados Unidos desde os anos 1960.

Protesto pela mortezebetGeorge Floyd

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Legenda da foto, AssassinatozebetGeorge Floyd desencadeou a maior ondazebetprotestos raciais nos EUA desde os anos 1960

As manifestações, na maior parte pacíficas e com a participaçãozebetcidadãoszebetdiferentes raças, idades e classes sociais, ocorreramzebetdezenaszebetcidadeszebettodo o país, colocando no centro da agenda política o tema da injustiça racial e reabrindo o debate sobre o racismo estrutural nos EUA.

Segundo analistas consultados pela BBC News Mundo, neste caso, Trump errou emzebetestratégiazebetatacar os manifestantes, ao acusá-loszebetsaquearem lojas e respondendo com mão dura — enviando a Guarda Nacional a algumas cidades.

“Ele pareceu insensível ante o coronavírus e as injustiças raciais. Sem reconhecer o grande abismo econômico racial ou problemas na forma com que a polícia trata os negros e as minoriaszebetgeral”, avalia Rothenberg.

Para o analista, os protestos que se tornaram violentos deram a Trump a oportunidadezebetfazer seu discursozebetdefesa da "lei e ordem", que encontra eco entre seus eleitores mais fiéis, mas não no resto do eleitorado.

ApoiadorazebetTrump com cartaz criticando a mídia

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Legenda da foto, Trump conta com uma base fielzebeteleitores que, sem dúvida, o apoiará nas urnas

“A maioria dos americanos consegue distinguir saqueadoreszebetcidadãos que protestam dentro da lei.”

Para Whit Ayres, a condução dos protestos após a mortezebetGeorge Floyd não é a principal fontezebetdescontentamentozebetrelação a Trump, “mas faz partezebetum quadro maior que reforça o sentimento das pessoaszebetque nos Estados Unidos as coisas estão forazebetcontrole ezebetque o país está indo na direção errada”. Essas avaliações se refletem nas pesquisas, segundo ele.

Estratégia que tira votos

O que Trump está fazendo então para recuperar o terreno perdido?

Anthony Zurcher, correspondente da BBC na América do Norte, considera que o presidente americano tinha uma estratégiazebetcampanha no início do ano que acabou derrubada pelos efeitos da pandemia.

"Trump começou o ano com uma estratégia clarazebetcomo ganharia a reeleição. Ele se gabariazebetcomo conduziu uma economiazebetseu 11º anozebetcrescimento. Ele falaria sobre seus acordos comerciais e como o manteve a naçãozebetpaz.”

Protestozebetdesempregados na Flórida

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Legenda da foto, A taxazebetdesemprego disparou durante a pandemia nos EUA

“Joe Biden seria apresentado como uma operação arriscada num momentozebetque as coisas estavam indo tão bem. Mas a pandemia virou essa estratégiazebetcabeça para baixo”, avalia Zurcher.

Os efeitos do coronavírus na economia dos Estados Unidos foram catastróficos. A taxazebetdesemprego subiuzebet3,5%zebetfevereiro para 14,7%zebetabril, embora tenha diminuído lentamente para 10,2%zebetjulho.

No segundo trimestre do ano, a economia recuou a uma taxazebet32,9%, a maior queda da história do país.

“Agora, o presidente precisa explicar por que a economia está com problemas graves, por que maiszebet170 mil americanos morreram e por que muitas cidades do país foram sacudidas por protestos contra a injustiça racial.”

Analistas ouvidos pela reportagem consideram que, ao não poder contar mais comzebetestratégia eleitoral inicial, Trump recorreu à mesma fórmula que o elegeu há quatro anos.

“Sua mensagem é essencialmente a mesmazebet2016. O país mudou, mas a mensagem do presidente continua igual”, pontua Ayres.

Rothenberg avalia, no entanto, que desta vez Trump não contará com a “janelazebetoportunidades” que tevezebet2016, quando muitos eleitores do Partido Democrata não foram às urnas porque não se convenceramzebetque havia muitas diferenças entre os candidatos, ambos tidos como representantes dos interesses das grandes empresas.

“Quatro anoszebetTrump na Casa Branca mudaram essa equação, e ainda que a economia tenha funcionado bem durante um tempo, agora a situação é desesperadora.”

O analista considera que, ao assumir o mesmo estilo e retórica das eleiçõeszebet2016, Trump tem alijado muitos eleitoreszebetgrupos minoritários, jovens, homens e mulheres com educação superior e até mesmo apoiadoreszebetseu partido.

Joe Biden

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Caso seja eleito, Biden teria maiszebet80 anos no fimzebetseu mandato

“Esses eleitores esperam que seu presidente fale com uma certa linguagem, mas ele se manteve como um outsider ao criticar o establishment.” Segundo ele, ainda que essa estratégia sirva para mobilizar a basezebetapoio mais sólidazebetTrump, há sérias dúvidas se ela será suficiente para lhe garantir a vitória.

Trump pode reverter o prejuízo?

Ainda que ele esteja atrás das pesquisaszebetintençãozebetvoto, a possibilidadezebetreeleiçãozebetTrump continua sendo bastante real.

“Seria tolo considerar garantida a vitóriazebetBiden porque ele não é um grande candidato. Muita gente acredita que ele seja um homem decente e honrado, mas não é o candidato ideal para seus correligionários e eleitores. O presidenciável ideal do Partido Democrata seria uma governadorazebetaté 50 anos, moderada e pragmática”, avalia Rothenberg.

O especialista espera que a maior parte dos eleitores republicanos se mantenha fiel a Trump por lealdade ao partido, por ideologia ou por acreditar que o Partido Democrata acabaria aumentando o tamanho do Estado ou criando mais impostos e regulações.

"As pessoas que se preocupam com esses pontos vão continuar apoiando Trump e sair para votar. O problema é que agora o presidente está dez pontos percentuais atrás nas pesquisas eleitorais, e ele não pode se dar ao luxozebetcontinuar perdendo eleitores. Então precisa redefinir a natureza da disputa eleitoral”, afirma Rothenberg.

Segundo Rothenberg, o presidente já está tentando dar uma guinada na campanhazebetbuscazebetum tema que servirá para subtrair votos do Partido Democrata e,zebetgeral,zebettodos os seus adversários.

Manifestante latino protesta contra crisis nos Estados Unidos.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Economia dos Estados Unidos sofreu a maior quedazebetsua história

Primeiro, apostou no discursozebetlei e ordem para atrair votoszebeteleitores suburbanos. Depois, afirmou que Biden é um socialista que vai implantar o socialismo nos Estados Unidos. “Há socialistas no Partido Democrata, mas Biden não é um deles. Então Trump busca o tempo inteiro por algo que atrapalhe seus adversários, embora até agora ele não tenha tido sucesso. Ele vai conseguir? Não sei ", diz o especialista.

Ayres, porzebetvez, acredita que as chanceszebetTrump estão mais ligadas à pandemia, já que os EUA têm 4% da população mundial e chegaram a somar 25% dos casos no mundo.

“Acho que suas melhores chances são que as novas infecções desabem consideravelmente e que a economia comece uma recuperação rápida.”

Na opiniãozebetAnthony Zurcher, da BBC, esta semana, na qual ele oficializazebetcandidatura, é fundamental para o presidente conseguir reorientarzebetcampanha eleitoral e aumentar suas chanceszebetvitória.

“Para que Trump conquiste a vitória, como fezzebet2016, ele terá que convencer os americanoszebetque é o mais capazzebetliderar a naçãozebetmeio às crises atuais. Parte passa por lembrar o quão bem o país estava antes da pandemia. A outra parte passa por apresentar seu adversário, Joe Biden, como uma alternativa inaceitável: por ser muito fraco ou estar muito à esquerda", diz.

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