Coronavírus: com poucos testes e sem lockdown, qual o mistério por trás da baixa mortalidade no Japão:parceria casa de apostas

Mulher idosa usando máscaraparceria casa de apostasTokyo on June 9, 2020.

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Legenda da foto, Per capita, a população do Japão é mais velha do que aparceria casa de apostasqualquer outro país do mundo Japan

O que aconteceu no Japão?

Em meio ao surtoparceria casa de apostasWuhan,parceria casa de apostasfevereiro, quando os hospitais da cidade chinesa estavam sobrecarregados e o mundo se fechou contra viajantes vindos da China, o Japão manteve suas fronteiras abertas.

À medida que o vírus se espalhava, ficou claro que a covid-19 é uma doença que mata principalmente os mais velhos e se espalha por multidões ou contato próximo. O Japão tem a população mais velha que qualquer outro país. Além disso, a população do Japão é densamente "amontoada"parceria casa de apostasgrandes cidades.

A grande Tóquio tem maisparceria casa de apostas37 milhõesparceria casa de apostashabitantes e, para a maioria deles, a única maneiraparceria casa de apostasse deslocar é por meio dos trens conhecidamente lotados.

E há ainda a recusa do Japãoparceria casa de apostasseguir o conselho da Organização Mundial da Saúde (OMS)parceria casa de apostas"testar, testar, testar". Ainda agora, o totalparceria casa de apostastestes PCR estáparceria casa de apostasapenas 348 mil, ou 0,27% da população.

O Japão tampouco adotou um lockdownparceria casa de apostasescala ou severidade da Europa. No começoparceria casa de apostasabril, o governo declarou estadoparceria casa de apostasemergência, mas o pedido para ficarparceria casa de apostascasa não era compulsório. Serviços não essenciais foram convidados a fechar, mas não havia nenhuma punição prevista para quem recusasse o convite.

Muitos exemplosparceria casa de apostasestratégias bem sucedidas contra a covid-19, como asparceria casa de apostasNova Zelândia e Vietnã, usaram medidas severas como o fechamentoparceria casa de apostasfronteiras, confinamento rígido, testeparceria casa de apostaslarga escala e quarentenas bem controladas. O Japão não fez nada disso.

E, ainda assim, cinco meses após o registro do primeiro casoparceria casa de apostascovid-19, o Japão tem menosparceria casa de apostas20 mil casos confirmados e menosparceria casa de apostasmil mortes. O estadoparceria casa de apostasemergência foi revogado e a vida está rapidamente voltando ao normal.

Japonês aplicando testeparceria casa de apostaspessoa no estádioparceria casa de apostasfutebol

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Legenda da foto, Japão faz poucos testesparceria casa de apostascomparação a outros países asiáticos como a Coreia do Sul, por exemplo

Há também evidências científicasparceria casa de apostasque o Japão realmente parece, até agora, ter controlado o avanço da doença.

A giganteparceria casa de apostastelecomunicações Softbank realizou testesparceria casa de apostasanticorposparceria casa de apostas40 mil funcionários, que mostraram que apenas 0,24% havia sido exposto ao vírus. Testagem randômicaparceria casa de apostas8 mil pessoasparceria casa de apostasTóquio e duas outras cidades mostraram níveis ainda mais baixosparceria casa de apostasexposição. Em Tóquio, só 0,1% testaram positivo.

Em junho, quando declarou o fim do estadoparceria casa de apostasemergência, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, enalteceu o "modelo japonês", afirmando que outros países deveriam aprender com o Japão.

Há algo especialparceria casa de apostasrelação ao Japão?

Para o vice-primeiro-ministro, Taro Aso, a explicação tem a ver com a "qualidade superior" do povo japonês. Pelo menos é o que disseparceria casa de apostasum notório — e bastante criticado — comentário, ao ser perguntado por liderançasparceria casa de apostasoutros países sobre o sucesso do Japão.

"Eu disse a essas pessoas: entre o seu e o nosso país, o mindo (nível das pessoas) é diferente. E isso os deixou quietos e sem palavras".

Traduzido literalmente, mindo significa "o nível das pessoas", embora alguns tenham traduzido como "nível cultural".

É um conceito dos tempos do período imperial do Japão, que denota um sensoparceria casa de apostassuperioridade racial e chauvinismo cultural. Aso foi muito criticado por usar o termo.

Mas não restam dúvidasparceria casa de apostasque muitos japoneses, e alguns cientistas, pensam que há mesmo algoparceria casa de apostasdiferente no Japão — um "fator X" que está protegendo a população contra a covid-19.

De fato, há alguns aspectos dos códigos sociais japoneses — com poucos beijos e abraços nos cumprimentos — que permitem que o distanciamento social seja praticado naturalmente. Mas ninguém parece achar que essa é a resposta.

O japonês tem imunidade especial?

Um professor da Universidadeparceria casa de apostasTóquio, Tatsuhiko Kodama, que estuda como pacientes japoneses reagiram ao vírus, acredita que o Japão já pode ter enfrentado uma doença como a covid-19 antes. Não exatamente a covid-19, mas algum tipo similar que pode ter deixado uma "imunidade histórica".

Ele explica assim: quando um vírus entra no corpo humano, o sistema imunológico produz anticorpos que atacam o patógeno invasor. Há dois tiposparceria casa de apostasanticorpos: o IGM e o IGG. O tipoparceria casa de apostasresposta desses anticorpos pode mostrar se alguém já foi ou não exposto ao vírus antes, ou a algo similar.

"Em uma infecção viral, a resposta do IGM geralmente vem primeiro", afirma. "O IGG aparece depois. Masparceria casa de apostascasos secundários, (de exposição prévia), o linfócito já tem a memória e, assim, é apenas a resposta do IGG que cresce rapidamente."

Então, o que aconteceu a esses pacientes?

"Quando nós olhamos para esses testes ficamos impressionados... Em todos os pacientes a resposta do IGG veio rapidamente, e a do IGM veio mais tarde eparceria casa de apostasmaneira fraca. Parecia que eles haviam sido expostos a um vírus muito similar."

O pesquisador considera ser possível que um vírus da família Sars já tenha circulado pela região antes, o que poderia explicar a taxaparceria casa de apostasmortalidade baixa, não apenas no Japão, mas também na China, Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e sudeste da Ásia.

Cliente cantaparceria casa de apostasmáquinaparceria casa de apostaskaraokê

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Legenda da foto, Atividades como karaokê, consideradasparceria casa de apostasalto risco para a covid-19, são muito populares no Japão

Essa tese, no entanto, tem sido vista com certo ceticismo.

"Eu não tenho certeza sobre como um vírus como um esse poderia ficar restrito à Ásia", afirma o professor Kenji Shibuya, diretorparceria casa de apostassaúde pública no King's Collegeparceria casa de apostasLondres e ex-conselheiro do governo.

O professor Shibuya não descarta a possibilidadeparceria casa de apostasdiferenças regionais ou susceptibilidade genética à covid. Mas ele suspeita da ideiaparceria casa de apostasque um "fator X" explique a diferençaparceria casa de apostasmortalidade.

Ele diz acreditar que países que se saíram bem na pandemia o fizeram pelo mesmo motivo — foram bem-sucedidosparceria casa de apostasreduzir drasticamente a transmissão.

Os japoneses começaram a usar máscaras há maisparceria casa de apostas100 anos, durante a pandemiaparceria casa de apostasgripeparceria casa de apostas1919, e jamais pararam desde então. Se você tiver tosse ou um resfriado é esperado que você use máscara para proteger os outros ao seu redor.

"Eu acho que a máscara age como uma barreira física. Mas também serve como um lembrete para todo mundo ser cuidadoso. Que ainda temos que ser cuidadosos unsparceria casa de apostasrelação aos outros", afirma Keiji Fukuda, especialistaparceria casa de apostasinfluenza e diretor da escolaparceria casa de apostassaúde pública da Universidadeparceria casa de apostasHong Kong.

O sistemaparceria casa de apostasrastreamento do Japão também existe desde os anos 1950, quando combateu um surtoparceria casa de apostastuberculose. O governo criou uma rede nacionalparceria casa de apostascentrosparceria casa de apostassaúde pública para identificar novas infecções e reportá-las ao ministério da Saúde. Se há suspeitaparceria casa de apostastransmissão comunitária, um timeparceria casa de apostasespecialistas é deslocado para rastrear as infecções, baseadoparceria casa de apostascontato humano meticuloso e isolamento.

O Japão aprendeu três lições rapidamente

O Japão também descobriu dois padrões significativos bem no começo da pandemia.

O médico Kazuaki Jindai, pesquisador na universidadeparceria casa de apostasKyoto, disse que os dados mostraram que maisparceria casa de apostasum terço das infecções se originaramparceria casa de apostaslugares muito similares.

"Nossos números mostraram que muitas pessoas infectadas haviam visitado casas noturnas e karaokês. Nós sabíamos que esses eram os locais que as pessoas precisavam evitar."

A equipe identificou que "respiração forte e proximidade", incluindo "cantarparceria casa de apostassalõesparceria casa de apostaskaraokê, festas, celebrarparceria casa de apostasclubes, conversarparceria casa de apostasbar e frequentar academias" como as atividadesparceria casa de apostasmaior risco.

Além disso, a equipe descobriu que a transmissão da infecção se restringiu a um percentual pequenoparceria casa de apostaspessoas que carregavam o vírus. Um estudo preliminar apontou que cercaparceria casa de apostas80% das pessoas com Sars-Cov-2 não infectaram outras pessoas. Já os outros 20% eram altamente infecciosos.

Oficial do metrô segura placaparceria casa de apostas"ficarparceria casa de apostascasa"

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Legenda da foto, O estadoparceria casa de apostasemergência não tornou obrigatório ficarparceria casa de apostascasa, mas era uma sugestão

Tais descobertas levaram o governo a lançar uma campanha nacional avisando a população para evitar três coisas:

  • lugares fechados com pouca ventilação
  • lugares lotados com muita gente
  • contato próximoparceria casa de apostasconversas

"Eu acho que isso provavelmente funcionou melhor do que apenas dizer para as pessoas ficaremparceria casa de apostascasa", diz Jindai.

Embora os escritórios tenham ficado fora da lista, a expectativa eraparceria casa de apostasque campanha chamadaparceria casa de apostas"três Cs" no Japão reduziria a transmissão o suficiente para evitar um lockdown — e menos infecções significam menos mortes.

Por um tempo, isso funcionou. Mas,parceria casa de apostasmeadosparceria casa de apostasmarço, as infecções aumentaramparceria casa de apostasTóquio e a cidade parecia caminhar para o crescimento exponencial, como Milão, Londres e Nova York.

Nesse momento, o Japão ou teve sorte ou fez algo muito esperto — ainda não sabemos ao certo.

Questãoparceria casa de apostastiming

Kenji Shibuya afirma que as lições do Japão não são tão diferentesparceria casa de apostasoutros lugares: "Para mim, foi tudo uma questãoparceria casa de apostastiming".

O primeiro-ministro, Shinzo Abe, decretou um estadoparceria casa de apostasemergência não obrigatórioparceria casa de apostas7parceria casa de apostasabril, pedindo às pessoas que ficassemparceria casa de apostascasa "se possível".

"Se tais medidas fossem adiadas, poderíamos ter vivido situação parecida com Nova York ou Londres. Mas a taxaparceria casa de apostasmortalidade está baixa (no Japão)."

"Mas um estudo recente da Universidadeparceria casa de apostasColumbia sugere que se Nova York tivesse implementado o lockdown duas semanas antes teria prevenido milharesparceria casa de apostasmortes", diz o professor.

Um relatório recente do centroparceria casa de apostasprevenção e controle dos Estados Unidos apontou que pessoas com comorbidades — como doenças cardíacas, obesidade e diabetes — têm seis vezes mais chancesparceria casa de apostasser hospitalizadas se pegarem covid-19 e 12 vezes mais chancesparceria casa de apostasmorrer.

O Japão tem as taxas mais baixasparceria casa de apostasdoenças do coração e obesidade no mundo desenvolvido. Ainda assim, os cientistas insistem que esses sinais vitais não explicam tudo.

"Esse tipoparceria casa de apostasdiferença física pode ter algum efeito, mas eu acho que outras áreas são mais importantes. Nós aprendemos com a covid que não há explicação simples para nenhum fenômeno que estamos vendo. Há muitos fatores contribuindo para o resultado final", diz Fukuda.

Governo pediu, povo escutou

Mas, afinal, há alguma lição a ser aprendida como o modelo japonês?

O fatoparceria casa de apostaso Japão ter sido, até agora, bem-sucedidoparceria casa de apostasmanter as infecções e mortesparceria casa de apostasbaixa, sem confinar ou ordenar as pessoas que fiquemparceria casa de apostascasa, indica algo sobre o futuro? A resposta é sim e não.

Não há "fator X", como se tudo dependesseparceria casa de apostasapenas uma mesma coisa, quebrando a cadeiaparceria casa de apostastransmissão. No Japão, no entanto, o governo conta com a ampla colaboração da população.

Apesarparceria casa de apostasnão ter ordenado que a população ficasseparceria casa de apostascasa como um todo, eles ficaram.

"Foi sorte, mas também surpreendente", diz o professor Shibuya . "Os lockdowns suaves do Japão tiveram um efeitoparceria casa de apostasum lockdown real. Os japoneses colaboraram apesar da faltaparceria casa de apostasmedidas draconianas."

Pessoas usando máscaraparceria casa de apostasChinatownparceria casa de apostasYokohama on May 26, 2020.

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Legenda da foto, No Japão, a maior parte dos estabelecimentos está reaberta e a vida volta ao normal

"Como você reduz o contato entre pessoas infectadas e não infectadas? Você precisaparceria casa de apostasuma certa resposta da população, o que não acho que pode ser facilmente replicadoparceria casa de apostasoutros países", diz Fukuda.

O governo pediu para as pessoas se cuidarem, evitarem lugares lotados, usar máscaras e lavar as mãos, e,parceria casa de apostasmaneira geral e ampla, foi exatamente isso que a maioria das pessoas fez.

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