Pandemia trará desordem social também ao Brasil, prevê 'guru' da desigualdade:roleta online free

Crédito, Michael Spilotro - divulgação

Legenda da foto, "A desigualdade é muito fortemente ligada à habilidade dos ricosroleta online freecontrolarem o processo político. O que significa que os ricos são capazesroleta online freeintroduzir e sustentar leis e regras que os mantenham no poder", explica Milanovic

O economista prevê,roleta online freeum cenárioroleta online freemais curto prazo, problemas para os países que, segundo ele, conduziram mal a crise da pandemia, como Estados Unidos, Itália, Reino Unido e Brasil. Quando o medoroleta online freepegar a doença diminuir, cenasroleta online freedesordem social como as que já ocorreram no Chile serão mais frequentes, diz.

“Vai haver desordem social e comoção socialroleta online freemuitos países quando a pandemia se tornar menos importante. Porque quando a pandemia está muito muito forte, as pessoas ficam com medo, podem não lutar. Mas depois disso, e você vê isso no Chile e tenho certezaroleta online freeque verão isso no Brasil, veremos nos Estados Unidos eroleta online freeoutros países. Esse é um outro perigo da pandemia”, afirma,roleta online freeentrevista concedida à BBC News Brasil por telefone.

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Milanović é um dos maiores especialistasroleta online freedesigualdade do mundo

Milanović, que se dedica ao tema desde 1987, quando obteve seu PhD pela Universidaderoleta online freeBelgrado com uma dissertação sobre a desigualdade na Iugoslávia, diz que ser desigual traz muitos efeitos negativos para sociedades que convivem com o problema, como o Brasil.

“A desigualdade alta significa que algumas pessoas nunca têm a chanceroleta online freeir à escola,roleta online freese educar, trabalhar e contribuir com a sociedade”, diz, acrescentando que,roleta online freepaísesroleta online freeque poucos concentram a riqueza, os mais ricos acabam também controlando o processo político e as leis que os mantenham no poder.

“Então, o país que tem desigualdade alta agora também é o país que, no futuro, terá a mesma desigualdade alta e a mesma situaçãoroleta online freebaixa renda para as mesmas pessoas.”

Leia os principais trechos da entrevista:

roleta online free BBC News Brasil - roleta online free Nós estamos conversandoroleta online freeum momento muito especial da história. Como o senhor está? Como a pandemia afetouroleta online freerotina até agora?

roleta online free Branko Milanović - Eu estou ok. Eu estavaroleta online freeWashington, agora estou na Califórnia. Mudei totalmente a minha rotina. Eu estaria agora dando minhas aulasroleta online freeNova York, estaria viajando para lançar as diferentes traduções do meu livro [inclusive no Brasil], é uma enorme mudança.

roleta online free BBC News Brasil - roleta online free É verdade que o senhor está escrevendo um novo capítulo para o livro, sobre a covid-19?

roleta online free Milanović - Houve uma espécieroleta online freediscussão. Vários editores gostariam que eu adicionasse não um capítulo, mas um adendo, falando sobre a crise, sobre a pandemia e sobre as implicações dela para o capitalismo, para as relações entre a China e os Estados Unidos.

Há muitos tópicos, são coisas que não vou escrever pelo menos pelas próximas três ou quatro semanas. Serão incluídasroleta online freealgumas edições,roleta online freeoutras, não.

Crédito, AFP

Legenda da foto, Branko diz queroleta online freepaísesroleta online freeque poucos concentram a riqueza, como no Brasil, os mais ricos acabam também controlando o processo político e criando leis que os mantenham no poder.

roleta online free BBC News Brasil - roleta online free O que já roleta online free se pode ver roleta online free roleta online freemudanças causadas pela covid-19 até agora?

roleta online free Milanović - Acho que já mudou bastante coisa. Mudou, por exemplo,roleta online freetermosroleta online freeglobalização, mudou a percepção sobre as cadeias globaisroleta online freevalor (os processosroleta online freeproduçãoroleta online freevários estágios, que podem ser desempenhadosroleta online freepaíses diferentes). A prevalência delas pode diminuir, porque as pessoas podem perceber que há ferramentas e mecanismos muito eficientes para quando as coisas funcionamroleta online freeacordo com seja lá o que for que você tem planejado.

Mas quando há um choque externo, que não pode ser planejado, e você não tem nenhuma redundância ou meios adicionaisroleta online freeabsorver o choque, e aí você tem a situaçãoroleta online freequeroleta online freeprodução se torna refém daquele choque.

Em segundo lugar, à medida que a relação entre Estados Unidos e China piora,roleta online freeparte por causa da pandemia, então é claro que você vai rever não apenas seus investimentos na China, mas tambémroleta online freetodo lugar, porque eles podem ser, novamente, vítimasroleta online freeeventos geopolíticos que, eu acho, estávamos subestimando antes.

O terceiro efeito será no nível dos países que tiveram uma reação muito ruim à pandemia, incluindo Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e Itália.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, "Não vejo isso desaparecendo quando a pandemia terminar. Favelas não vão desaparecer, trabalhadores informais não vão desaparecer, a discriminação não vai desaparecer", prevê.

Na verdade, isso levanta a pergunta: como podem países que têm milharesroleta online freeepidemiologistas, como nos Estados Unidos, que têm centenasroleta online freeescolasroleta online freepolíticas públicas, como podem ter se saído tão malroleta online freeuma emergência?

O sistema que deveria reagir a isso falhou tremendamente. Se você olhar centenasroleta online freeescolasroleta online freepolíticas públicas que tinham, provavelmente, dezenasroleta online freemilharesroleta online freepessoas que escrevem papers sobre pandemias e o que fazer... E daí quando umaroleta online freecem anos acontece, não há nada que podem fazer.

Eu acho que o último ponto é que agora nos EUA, acho que é a ponta do iceberg. Vai haver, como dizer, desordem social e comoção socialroleta online freemuitos países quando a pandemia se tornar menos importante.

Porque quando a pandemia está muito forte as pessoas ficam com medo, podem não sair e lutar. Mas depois disso, e você vê isso no Chile e tenho certezaroleta online freeque verão isso no Brasil, veremos nos Estados Unidos eroleta online freealguns outros países. Esse é um outro perigo da pandemia.

roleta online free BBC News Brasil - roleta online free Sobre desigualdade. Guerras, geralmente, reduzem a desigualdade por um motivo ruim, porque todos ficam mais pobres. O mesmo aconteceroleta online freepandemias, do passado e na atual?

roleta online free Milanović - Há diferentes pandemias. Acho que temos pensadoroleta online freepandemias muito influenciados pelo que aconteceu no século 14 na Europa [da peste negra], e você teve uma pandemia que matou um terço da população e aumentou os salários, o que reduziu a desigualdade.

Mas isso não vai acontecer agora. Essa pandemia não vai matar um terço da população.

Então eu acho que essa pandemia, diferentemente, vai elevar a desigualdade, porque as pessoas que estão perdendo empregos e as pessoas que têm salários ameaçados são basicamente pessoas que são menos qualificadas.

Então, acho que o custo da pandemia vai ser mais alto entre os mais pobres do que entre os ricos. Então, se ocorrer algo, acho que vai elevar a desigualdade.

Especificamente sobre esse tópico, é verdade que se houver um declínio significativo no mercadoroleta online freeações, como pareceu ser o caso nos EUA no começo, eles podem perder muito também, como aconteceu na grande crise financeira global.

Mas, para simplificar, eu diria que o mais provável é que essa pandemia aumente a desigualdaderoleta online freerenda.

roleta online free BBC News Brasil - roleta online free O Brasil, como o senhor sabe, é um país historicamente desigual, e atualmente polarizado. Apesar disso, a desigualdade é um tema controverso e muitos argumentam que o importante é combater a pobreza e não a desigualdade. Por que é importante estudar a desigualdade?

roleta online free Milanović - É uma boa pergunta que muitas pessoas me fazem. É essencialmente uma falsa dicotomia dizer se é importante a pobreza ou a desigualdade, porque obviamente a pobreza, se você colocar assim, é mais importante. A pobreza é mais importante porque não deveria haver pessoas vivendo na extrema pobreza, sim. Claro, o objetivo do crescimento econômico é, na verdade, reduzir a pobreza.

Mas a desigualdade é extremamente importante por uma sérieroleta online freemotivos. Eu resumiriaroleta online freetrês. Um é que temos mais e mais evidênciaroleta online freeque desigualdade alta é ruim para o crescimento. Porque o que a desigualdade alta significa é que algumas pessoas nunca têm a chanceroleta online freeir à escola,roleta online freese educar, trabalhar e contribuir com a sociedade.

Em segundo lugar, é muito ruim porque leva a uma desigualdaderoleta online freeoportunidades, e sabemos que a desigualdaderoleta online freeoportunidades não é boa para o crescimento econômico e não é boa para a estabilidade social. Em outras palavras, temos atualmente muita evidência empíricaroleta online freeque há uma ligação entre alta desigualdade e baixa mobilidade social.

Então, o país que tem desigualdade alta agora também é o país que, no futuro, terá a mesma desigualdade alta e a mesma situaçãoroleta online freebaixa renda para as mesmas pessoas. É ruim ideologicamente e ruim, empiricamente,roleta online freetermosroleta online freecrescimento.

E o terceiro motivo é que a desigualdade é muito fortemente ligada à habilidade dos ricosroleta online freecontrolarem o processo político. O que significa que os ricos são capazesroleta online freeintroduzir e sustentar leis e regras que os mantenham no poder.

Então, por todas essas razões, políticas, ideológicas, ou puramente econômicas, acho que a desigualdade é uma grande questão. Comparar pobreza com desigualdade não tem significado nenhum, porque sim, pobreza é pior.

roleta online free BBC News Brasil - roleta online free A pandemia tem exposto muito as desigualdades brasileiras, que sempre foram conhecidas mas estão sendo mais comentadas. Quando a covid-19 chegou ao país, havia 38 milhõesroleta online freepessoas trabalhando no mercado informal, e 12 milhõesroleta online freedesempregados. Acha que os efeitos da covid serão muito diferentesroleta online freepaíses assim?

roleta online free Milanović - Para o futuro? Estou muito pessimistaroleta online freerelação a isso. Acho, na verdade, que Brasil e Estados Unidos são exemplosroleta online freepaíses com alta desigualdade, mas, especialmente no Brasil mas também nos EUA, é largamente histórica e estrutural.

Essencialmente, simplificando, esses dois países sofrem uma longa sombra da escravidão. A escravidão terminou no Brasilroleta online free1888 no Brasil e durou até 1865 nos EUA, 150 anos atrás, mas ainda muito presente.

Porque as pessoas que têm renda muito mais baixa são os negros da América. As taxasroleta online freeencarceramento nos EUA sãoroleta online free1% da população, que está entre as mais alta do mundo, só países como a Arábia Saudita têm maiores ou algo assim.

Esses dados mostram, realmente, problemas estruturais. E quando você tem uma pandemia como essa, que afeta pessoas que não têm moradia, por exemplo, ou quem moraroleta online freepequenas casas ou barracos onde há várias pessoasroleta online freeum cômodo, ou que têm que trabalhar e não podem ficarroleta online freecasa... Só poucas pessoas como nós podem ficarroleta online freecasa e trabalharroleta online freecasa.

Você tem todos esses elementos estruturais que só pioram o problema.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, "O país que tem desigualdade alta agora também é o país que, no futuro, terá a mesma desigualdade alta e a mesma situaçãoroleta online freebaixa renda para as mesmas pessoas. É ruim ideologicamente e ruim, empiricamente,roleta online freetermosroleta online freecrescimento", diz o estudioso, um dos principais nomes mundiais do debate sobre desigualdade

E eu simplesmente não vejo isso desaparecendo quando a pandemia terminar. Favelas não vão desaparecer, trabalhadores informais não vão desaparecer, a discriminação não vai desaparecer. É por isso que eu acho que haverá convulsão social e protestos, mas eu simplesmente não vejo as forças políticas lidando com isso.

Nos Estados Unidos, desde 1965 houve o movimento civil conhecido como “a guerra contra a pobreza” [nota da edição: nome da lei introduzidaroleta online freediscurso pelo presidente Lyndon B. Johnson].

Já se passaram 55 anos desde então, são quase três gerações, e o progresso é mínimo.

roleta online free BBC News Brasil - Ao ler seu livro, que traz uma imagem mais aprofundada da China do que é predominante, muitos lhe fariam a pergunta: quer dizer que a China agora é capitalista? O senhor poderia explicar?

roleta online free Milanović - Muitas pessoas estão erradas porque acham que só porque a China tem um partido que chama comunista que está no poder, então acham que é um país comunista. Primeiro, os nomes dos partidos são nomes históricos, muitos têm nomes que não têm nada a ver com o que eles são. Você não deve se deixar levar pelo nome do partido para decidir se um país éroleta online freeum jeito ouroleta online freeoutro.

Você tem o partido Vox na Espanha, o que significa? O Alternative für Deutschland, na Alemanha. Essa é uma razão. Mas é preciso olhar nas características do capitalismo e se essas características econômicas estão presentesroleta online freedeterminada economia.

Se você olhar a definição mais aceitável e usada por Marx e Max Weber para capitalismo é aroleta online freeque a maior parte da produção é realizada por meiosroleta online freeprodução da propriedade privada e por lucro.

O segundo ponto é que a mãoroleta online freeobra é contratada por detentores do capital, e a coordenação é descentralizada (ou seja, sem que alguém imponha as regras às empresas).

Você olha para a China e quantifica cada um desses fatores. O peso do Estado no PIB, no que se refere à produção, não passa atualmenteroleta online free20% do PIB, e a mãoroleta online freeobra empregada no setor público, nas empresasroleta online freepropriedade coletiva, são apenas 9%. Percentuais parecidos com os registrados na França no início dos anos 80.

Esse é o argumento. De que o Estado controla algumas funções, como a produçãoroleta online freeaço, por exemplo, mas aconteceroleta online freemuitos países também. E há o controle do sistema bancário, que obviamente é muito importante, mas muitos países têm bancos estatais.

Na China provavelmente há mais, e com mais poder do Estado, mas isso não te faz não capitalista se a produção é conduzida pelo setor privado. E no livro eu mostro que isso não é baseadoroleta online freeaproximações, masroleta online freefatos verificados.

roleta online free BBC News Brasil - roleta online free Como a ausênciaroleta online freedemocracia na China influencia a economia?

roleta online free Milanović - Eu acho que é um tópico importante porque, antesroleta online freemais nada, há uma percepção erradaroleta online freealgumas pessoasroleta online freeque quando você tem capitalismo você tem que ter uma sociedade democrática. Isso é, obviamente, historicamente não é verdade.

É claro para alguém no Brasil, por exemplo, o Brasil teve 25 anos no sistema capitalista mas sem democracia. O mesmo é verdade para a Espanha, para Grécia, Coreia do Sul, e até para países ricos como o Reino Unido.

Ou os EUA, país capitalista já quando tinha escravidão. Então, essa ideiaroleta online freeque o capitalismo e os governos liberais caminham juntos é apenas um caso, o capitalismo pode ir junto com quase qualquer sistema político.

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Legenda da foto, Milhõesroleta online freepessoas protestaram no Chile nos últimos meses contra a desigualdade

E é um elemento importante porque a China é o segundo país mais importante do mundo e tem um sistema político autoritário e o capitalismo como um sistema econômico, e tem um sistema econômico que tem produzido resultados extremamente bons.

roleta online free BBC News Brasil - Antes da pandemia o senhor via uma crescente convergênciaroleta online freerenda entre América do Norte, Europa e Ásia, que tem reduzido a desigualdaderoleta online freenível mundial, por meio da emergênciaroleta online freeuma “classe média global”. Nesse novo mundo, a América Latina não teria grande protagonismo. A situação da América Latina piorou depois da pandemia?

roleta online free Milanović - Quando eu faloroleta online freeconvergência estou focando na convergência dos países asiáticos, não só a China, como Vietnã. Indonésia, Tailândia, e obviamente e países que se tornaram ricos como Taiwan, Coreia do Sul e Japão. Houve uma convergência significativa entre a renda asiática e a renda europeia e americana.

Isso mostra claramente que o período depois da revolução industrial até os anos cinquenta foi um período muito pouco usualroleta online freeque a distância entre o ocidente e a Ásia aumentou, porque no passado o capital deles era muito pequeno ou inexistente.

A América Latina não tem um papel tão grande nesse contexto global porque a América Latina continuou mais ou menos à mesma distância dos países ricos como era antes. Nem convergiu, nem divergiu. Quando você faz o ranking, não muda tantoroleta online freeposição.

Segundo, a América Latina, quando você olha para a desigualdade global, não influencia muito o que acontece na desigualdade global, primeiro porque nem convergiu, nem divergiu, e segundo porque foi eclipsada neste século pela África, que tem, na verdade, tem uma taxaroleta online freecrescimento populacional incrivelmente alta.

Então, a África vai começar a ter um impacto muito grande na desigualdade global, simplesmente porque é o único continente com um aumento muito grande da população. É por isso que a América Latina, apesar do seu tamanho, não tem grande influência na desigualdade global.

Além disso, não houve mudança significativa na desigualdade latina. Sim, nos últimos anos a desigualdaderoleta online freemuitos países, incluindo o Brasil, diminuiu.

Mas não transformou a América Latinaroleta online freeuma sociedade mais igualitária. Na verdade, a América Latina era muito desigual e continua muito desigual hoje. É por isso que a América Latina, quando você olharoleta online freetermosroleta online freemudança, não tem muita influência porque está,roleta online freecerta maneira, estática.

Isso é interessante falando globalmente, porque a Ásia não estava estática, obviamente, e se você olha para a Europa, não esteve estática na primeira parte do século 20 até 1980roleta online freetermosroleta online freedesigualdade, porque reduziu a desigualdaderoleta online freemaneira muito significativa. Por exemplo, a Inglaterra era mais desigual que o Brasilroleta online free1850, ouroleta online freeníveis parecidos, nos anos 1950, a desigualdade da Inglaterra era metade da do Brasil.

roleta online free BBC News Brasil - Dá para fazer comparações entre as elites do capitalismo chinês e do capitalismo americano?

roleta online free Milanović - Não tenho certeza, mas o que eu menciono no fim do livro é a possibilidaderoleta online freeque as duas elites nos dois casos, no capitalismo liberal e no capitalismo político, se tornem mais parecidas no sentidoroleta online freeque elas sejam capazesroleta online freecontrolar o processo político e o processo econômico.

Por isso eu quero dizer que,roleta online freeum país como os Estados Unidos eles conseguem, por meio do poder econômico, controlar o poder político.

Masroleta online freepaíses como a China é o contrário: pelo poder político, eles conseguem controlar o poder econômico para eles e para seus amigos. Oportunidades econômicas. Mas, no fim, a elite econômica e a política são as mesmas pessoas.

roleta online free BBC News Brasil - O Brasil também se encaixa nessa descrição, não?

roleta online free Milanović - Eu acho que sim, meu conhecimentoroleta online freeBrasil não é bom o suficiente. Mas parece que essas pessoas têm influência no processo eleitoral.

roleta online free BBC News Brasil - roleta online free E a corrupção na China? Como influencia a dinâmica da desigualdade no capitalismo?

roleta online free Milanović - Eu acho que, a princípio, a corrupção aumenta a desigualdade. Não sabemos muito sobre isso porque, por definição, não sabemos muito sobre corrupção. E não acho que há estudo empírico conclusivo.

A corrupção aparece quando você tem decisões discricionárias e eles têm que manter assim porque essa é a característica do capitalismo político [modelo vigente na China]: os políticos têm o poder, e podem aplicar ou não esse poder. Eles não têm a regraroleta online freeque a lei deve ser aplicada a todos igualmente.

É assim que a corrupção se torna uma parte importante do capitalismo político. Eu uso no livro os dados oficiais da China - uma base pequena, porque eu não falo chinês - e usei 300 casosroleta online freecorrupção, e eles provavelmente têm 30 mil.

O ganho obtido pela corrupção aumenta conforme o nível administrativo territorial; ele é menor no nível local e maior no nível central. O que faz sentido, porque quanto maior a responsabilidade, maiorroleta online freecapacidaderoleta online freevender aquelas posições.

Isso mostra a importânciaroleta online freeter poder político. E mostra que há relação direta entre aroleta online freeposição eroleta online freehabilidaderoleta online freeroubar dinheiro. Há gráficos muito reveladores no livro.

roleta online free BBC News Brasil - Como a pandemia irá mudar a relação do mundo com a China?

roleta online free Milanović - Eu acho que há aspectos positivos e negativos. Porque a China foi a responsável pelo começo da pandemia e reagiu muito rápido no começo. O ponto positivo é que quando começou a reagir, foi muito eficaz. E o positivo é que está tentando ajudar mais países agora, para tentar deixar uma impressão mais positiva,roleta online freeboa vontade.

E a China será muito menos afetada economicamente pela pandemia do que os Estados Unidos, o que obviamente vai ajudar a posição da China.

E, finalmente, o que não irá ajudar a posição da China é que os Estados Unidos perceberam agora, tanto os democratas quanto republicanos, que a China é um um competidor sério e global. É por isso que eu chamoroleta online freemomento “sputnik”, porque os Estados Unidos perceberam que a União Soviética era um competidor sério quando foi capazroleta online freelançar o Sputnik antes dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos são mais poderosos agora, e isso pode tornar a relação entre a China e os Estados Unidos muito pior.

roleta online free BBC News Brasil - A desigualdade é um problema difícilroleta online freemudar, não acontece rapidamente. E no Brasil é uma desigualdade histórica, que roleta online free , roleta online free como o senhor cita no livro, vem desde colonização, e que envolve renda, oportunidades, quase a lista todaroleta online freedesigualdades que o senhor cita. O senhor acha que, nesse caso, acabar com a desigualdade é uma utopia no Brasil?

roleta online free Milanović - Não, eu não acho. A desigualdade no Brasil é alta, muito alta, uma das maiores do mundo, mas tem caído. Sei que há argumentosroleta online freepessoas mostrando com dados confiáveis que [a fatia da renda concentrada pelo] 1% mais rico não foi reduzida.

Mas mesmo que isso seja verdade, a desigualdade entre a população tem sido reduzida, e acho que isso começou no [Fernando Henrique] Cardoso, continuou no Lula, continuou na Dilma. Não foi uma redução radical, mas foi uma redução significativa.

Também sabemos quais são os mecanismos que causaram essa redução. Foram basicamente três: primeiro, o aumento do salário mínimo; segundo, o aumento no nível da educação, que reduziu o abismo para os trabalhadores qualificadosroleta online freerelação ao que era antes, há muito dadoroleta online freequalidade sobre isso, o Brasil teve um aumento significativo no número médioroleta online freeanosroleta online freeestudo nos últimos 20, 25 anos. E o último e terceiro elemento é o programaroleta online freetransferênciaroleta online freerenda, Bolsa Família.

Se você analisá-los, um deles é puramente uma questãoroleta online freedesenvolvimento, aumentar o nívelroleta online freeeducação, que é um fator econômico. E os outros dois são fatoresroleta online freepolíticas: aumentar o salário mínimo, menos pessoas no setor informal, e também as transferênciasroleta online freerenda. Então, as coisas podem ser mudadas, nãoroleta online freeum ano para outro, mas é errado se tornar fatalista e acreditar que nada pode ser mudado.

As coisas podem ser mudadas. Mas a questão é se vai haver determinaçãoroleta online freequem faz as políticas públicas para fazer alguma coisa, ou não.

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