Coronavírus gera corrida por oxímetro para medir oxigênio no sangue; entenda riscos:domino online apostado

Uma loja online que não quis ser identificada na reportagem porque "está com capacidadedomino online apostadoatendimento no limite" diz que vendia, por dia, 5 ou 6 unidades do produto. No dia 23domino online apostadoabril, venderam quase 80 unidades e, no dia 26, já não tinham estoque do produto. Agora, informam que houve aumento "expressivo" no custo do produto com os fornecedores,domino online apostadofunção da demanda, da alta do dólar e da capacidadedomino online apostadofornecimento do produto pela China (de onde os fornecedores importam o produto).

"Tenho visto a corrida pelo aparelho nas últimas semanas", diz o médico pneumologista José Eduardo Afonso, do Hospital Albert Einstein. "Uma grande quantidadedomino online apostadopacientes que não têm problemas crônicos agora estão com oxímetrodomino online apostadocasa medindo a saturaçãodomino online apostadooxigênio mesmo sem saber se estão com covid-19", diz.

Dados do Google no Brasil também mostram que houve grande aumento da busca pela palavra "oxímetro" na última semana, com a procura atingindo um pico no dia 25domino online apostadoabril.

Mas médicos entrevistados pela BBC News Brasil pedem cautela. Segundo os cinco especialistas entrevistados, o oxímetro pode ser útil sódomino online apostadouma parte dos casos, e deve ser comprado e utilizado apenas após recomendação médica.

Além disso, há pessoas com problemas pulmonares quedomino online apostadofato precisamdomino online apostadooxímetrosdomino online apostadocasa, e a falta do aparelho pode causar problemas para elas.

'Pneumonia silenciosa'

O resultado no visor do oxímetro vem com uma porcentagem que varia entre 0% e 100%. O nível normaldomino online apostadosaturaçãodomino online apostadooxigênio no sangue,domino online apostadoacordo com médicos, é entre 95% e 100%. Abaixodomino online apostado93% já acende um sinaldomino online apostadoalerta.

O usodomino online apostadooxímetros para pacientes com covid-19 foi defendido pelo médico americano Richard Levitandomino online apostadoum artigo publicado no jornal The New York Times,domino online apostadoque descreveu uma "hipóxia silenciosa"domino online apostadopacientes que chegavam ao hospital. Ou seja, pacientes não sentiam problemas para respirar, apesardomino online apostadoterem pneumonia e oxigenação no sangue abaixo do normal. Por causa disso, chegavam muito tarde ao hospital. Outros médicos brasileiros entrevistados pela BBC News Brasil identificaram o mesmo.

Para Levitan, o usodomino online apostadooxímetros por pacientes com covid-19 poderia resolver esse problema, ajudando a evitar que muitos cheguem a hospitaisdomino online apostadoestado crítico e precisem ser entubados. Ele diz que pessoas com sintomas compatíveis com os da covid-19 deveriam usar o aparelho por duas semanas, período no qual a doença se desenvolve, com acompanhamento médico.

Os médicos brasileiros ouvidos pela BBC News Brasil dizem que a orientação é "controversa". Para o pneumologista Mauro Gomes, professor da Faculdadedomino online apostadoCiências Médicas Santa Casadomino online apostadoSão Paulo e médico do Hospital Samaritano, "a recomendação pode acabar causando uma corrida como a que aconteceu com a cloroquina, provocando falta no mercado e para as pessoas que realmente precisam".

"Temos que lembrar que 80% das pessoas que têm covid-19 não vão desenvolver uma forma grave da doença com necessidadedomino online apostadointernação. Portanto será desnecessário para elas", diz José Eduardo Afonso, do Einstein. "Comprar o aparelho sem ter covid-19 e sem ter doença crônica não tem absolutamente nenhum sentido."

A Sociedade Brasileiradomino online apostadoPneumologia e Tisiologia divulgou nota na terça-feira (28) dizendo não recomendar "o uso irrestritodomino online apostadooxímetro domiciliar para monitorização da saturaçãodomino online apostadooxigênio durante a pandemiadomino online apostadocovid-19".

"Como não há estudos científicos sobre a referida monitorizaçãodomino online apostadopacientes com suspeita ou diagnóstico confirmadodomino online apostadocovid-19, sugerimos que a decisão sobre usar, ou não usar, monitoração por oximetria domiciliar fique a cargo do médico que assiste o doente. Não existe indicação do usodomino online apostadooxímetro domiciliardomino online apostadoindivíduos sem doenças pulmonares crônicas, ou como métododomino online apostadodiagnóstico precoce da covid-19", diz a nota.

Só um dos parâmetros

De cara, os médicos destacam que o oxímetro não diagnostica a covid-19. A queda da saturação, quando acontece, só se dá por volta do sexto ou sétimo dia, e é provável que outros sintomas, como a febre e a dor no corpo, apareçam antes. Em seguida, destacam que, assim como há casosdomino online apostadopacientes com pulmão comprometido que não sentem dificuldade para respirar, mas estão com saturação baixadomino online apostadooxigênio, também tem havido o contrário: pacientes com saturaçãodomino online apostadooxigênio normal, mas com lesões nos pulmões.

"Há pacientes que estão num quadro mais grave, mas com reserva pulmonar boa", observa o pneumologista Igor Polonio. "Existe uma variabilidade muito grande entre as pessoas, elas são diferentes no adoecer. Às vezes, a pessoa está saturando normalmente,domino online apostadorepouso, mas está com o pulmão comprometido."

Ele conta que atendeu um paciente com saturaçãodomino online apostado98%, mas com frequência respiratória elevada, respirando um pouquinho mais rápido. "Era um paciente forte,domino online apostado50 e poucos anos. Ele se queixavadomino online apostadofaltadomino online apostadoar discreta, mas a tomografia estava cheiadomino online apostadolesões nos pulmões", diz. Nesse caso, só um oxímetro não teria servido — e poderia ter dado uma falsa sensaçãodomino online apostadosegurança ao paciente se ele o tivesse utilizado sozinhodomino online apostadocasa.

Ou seja, o oxímetro não pode ser o único critério adotado para avaliar casosdomino online apostadocovid-19. Todos os médicos ouvidos pelas BBC News Brasil, aliás, sublinham que a oximetria é apenas um dos parâmetros para decidir pela internaçãodomino online apostadoum paciente.

"O oxímetro dá um dado a mais. É um dado, não dá pra se fiar só nele. É como na UTI. Você tem vários monitores... O monitor da frequência cardíaca, por exemplo. É preciso considerar um conjuntodomino online apostadofatores", diz o pneumologista André Nathan, do Hospital Sírio Libanês. "É um parâmetro objetivo, e todo mundo gostadomino online apostadoalgo objetivo. Mas é só mais um dado, não faz diagnósticodomino online apostadonada."

Para Polonio, é preciso "fazer uma avaliação global do paciente e ver o conjunto da obra". "A saturação pontualmente não vai dizer se o paciente deve ser internado."

"É um conjuntodomino online apostadodados que vai nos dizer se o paciente está bem ou não. A pessoa pode estar gravedomino online apostadocasa e não ter oxigenação baixa ainda. A doença pode ter avançado muito nos pulmões, mas sem baixar a oxigenação", observa Gomes, do Samaritano.

Doença pulmonar

Mas os especialistas concordam que o aparelho pode ser útildomino online apostadoalgumas situações, como para quem já tem doenças crônicas. E sempre com acompanhamento médico.

"Talvez valesse mais a pena a gente pensardomino online apostadomonitorizar os pacientes nos gruposdomino online apostadorisco, que têm maior chancedomino online apostadoevoluir para doenças mais graves, como quem é idoso ou quem já tem doença pulmonar", diz Nathan.

Se um paciente nessas condições vai para o hospital e o médico achar que não é o casodomino online apostadointerná-lo, por exemplo, o oxímetrodomino online apostadocasa pode ser um bom dado a mais para monitorá-lo e decidir pela internação se for necessário. Mas, para isso, é preciso acompanhamento médico.

Para Gomes, o oxímetro no casodomino online apostadocovid-19 poderia ser recomendado para pessoas com doenças pulmonares crônicas, para quem tem fibrose pulmonar e até para quem tem asma.

Afonso, do Einstein, tem recomendado a compra do oxímetro para alguns pacientes, e diz que é preciso avaliar caso a caso. "É útildomino online apostadoalgumas situações. O paciente deve conversar com o médico para saber se é útil ou não ter o aparelho uma vez que foi decidido não internar. E o valor aferido sempre deve ser discutido com um profissionaldomino online apostadosaúde."

A pneumologista Regina Tibana também observa que, por causa do custo dos oxímetros "nem todos os pacientes vão ter acesso" ao aparelho. Três quartos da população do Brasil dependem unicamente do SUS, o sistemadomino online apostadosaúde público do país, e um aparelhodomino online apostadoR$ 100 a R$ 200 poderia representar parte significativa da rendadomino online apostadouma família.

Uso do oxímetro e aplicativosdomino online apostadocelular

O oxímetro é não invasivo e é um aparelho simplesdomino online apostadousar. Mas pessoas leigas ainda podem enfrentar dificuldadesdomino online apostadoleitura e medição.

O aparelho funciona como uma lanterna que joga luz sobre uma folhadomino online apostadopapel e quedomino online apostadoseguida mede quanto dessa luz chega ao outro lado. A folhadomino online apostadopapel, no caso, é o dedo do paciente. Quando as hemoglobinas, proteínas que transportam o oxigênio no sangue, estão com mais oxigênio, elas absorvem mais luz infravermelha; quando estão menos oxigenadas, absorvem mais luz vermelha. A intensidade das luzes que chegam ao receptor do outro lado é traduzidadomino online apostadovalores digitais.

No entanto, alguns aspectos podem interferir nos resultados. Usar esmalte, por causa da cor, é uma delas. A outra é estar com a mão muito gelada. A oximetria também pode sofrer variações normais, como estar mais baixa depois que a pessoa acorda.

Por fim, é importante destacar que pacientes que já têm doenças crônicas podem ter um níveldomino online apostadosaturação abaixo do normal, e precisam saber disso antesdomino online apostadouma medição.

"A leitura errada pode alterar o valor e gerar ansiedade no paciente", diz Tibana.

Além disso, destaca José Eduardo Afonso, do Einstein, "existe uma variabilidade na qualidade dos aparelhos". "Há pacientes medindo saturação baixadomino online apostadocasa e na hora que medem no hospital, a saturação está normal. Isso pode gerar um estresse desnecessário nos pacientes", afirma. "O pessoal fica medindo o dia inteiro sem ter a menor necessidade. Tenho pacientes com covid-19domino online apostadocasa que estão medindo muito além do que precisam, se é que precisam."

Há aplicativosdomino online apostadocelular que dizem conseguir aferir a oximetria do usuário, masdomino online apostadoeficácia não é comprovada nem recomendada pelos médicos. Há pesquisas que mostraram que alguns aplicativos erravamdomino online apostadosuas medições.

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