Coronavírus: por que os EUA estão 'fracassando' no combate à covid-19 :academia das apostas futebol
O pior: a própria forma como o sistemaacademia das apostas futebolsaúde americano — o mais caro do mundo — é desenhado contribuiacademia das apostas futebolforma indireta a uma maior expansãoacademia das apostas futebolcovid-19.
Nesta quinta, 12, o médico Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacionalacademia das apostas futebolAlergias e Doenças Infecciosas dos EUA, admitiu que o sistemaacademia das apostas futebolsaúde do país "está fracassando" na forma como está respondendo aos novos casosacademia das apostas futebolcoronavírus.
"O sistema não está realmente orientado ao que precisamos neste momento. É um fracasso. Vamos admiti-lo", disse a principal autoridadeacademia das apostas futebolinfectologia do paísacademia das apostas futebolum audiência no Congresso.
Na semana passada, o governoacademia das apostas futebolDonald Trump pediu maisacademia das apostas futebolUS$ 8 bilhões ao Congresso para enfrentar os efeitos do vírus, enquanto o Departamentoacademia das apostas futebolSaúde pediu maisacademia das apostas futebolUS$ 2,5 bilhões para monitorar e detectar os contágios, apoiar as gestões governamentais e locais e desenvolver vacinas e tratamentos.
Trump designou seu vice-presidente, Mike Pence — sem nenhuma experiênciaacademia das apostas futebolassuntosacademia das apostas futebolsaúde — para comandar uma "tropaacademia das apostas futebolchoque" que executará as tarefas para combater o vírus no país.
No entanto, apesar da data, embora Trump tenha anunciado o veto à chegadaacademia das apostas futebolestrangeirosacademia das apostas futebol26 países europeus e numerosas medidas econômicas tenham sido adiantadas para tentar acalmar os mercados e estabilizar a Bolsa, não se sabe qual é o plano concreto do governo para tentar lidar com o vírus a partiracademia das apostas futebolseu sistemaacademia das apostas futebolsaúde pública.
"Nunca se está preparado para um vírus como esse, e creio que nenhum país estava. Mas é certo que no caso dos Estados Unidos a resposta não foi suficientemente rápida", diz à BBC Alex Greninger, especialistaacademia das apostas futebolvirologia da Universidadeacademia das apostas futebolWashington.
O problema com o númeroacademia das apostas futebolcasos
Um dos fatos mais desconcertantes para a comunidade científica americana é o númeroacademia das apostas futebolcasos reportados oficialmente pelas autoridadesacademia das apostas futebolsaúde.
"O que acontece agora é que não sabemos quantos casos realmente há no país", diz William Schaffner, professoracademia das apostas futebolMedicina Preventiva e Doenças Infecciosas da Universidadeacademia das apostas futebolVanderbilt,academia das apostas futebolNashville, nos EUA.
Segundo os Centros para Controle e Prevençãoacademia das apostas futebolDoenças (CDC), a organizaçãoacademia das apostas futebolsaúde pública estatal encarregada do monitoramento do vírus, até esta sexta, 13academia das apostas futebolmarço, 1,7 mil novos casosacademia das apostas futebolcoronavírus haviam sido reportados nos EUA. No total, 41 pessoas morreram.
Para especialistas, os problemas que os CDC apresentaram desde o início para monitorar os casos fazem com que os números não sejam confiáveis.
"Os números que os CDC dão são precisos, mas a pergunta é se eles refletem realmente a distribuição do coronavírus pelo país", sinaliza Schaffner.
Números compilados pela Universidade Johns Hopkins, no Estadoacademia das apostas futebolMaryland, divergem das estatísticas dos CDC. Para a JHU, o totalacademia das apostas futebolcontaminados no país já chega a 3,7 mil com 69 mortes.
"Somos uma nação enorme. A doença estáacademia das apostas futebolapenas alguns lugares, como indicam os dados? Ou foi amplamente distribuída pelo país? É algoacademia das apostas futebolque não temos certeza", afirma.
O problema com os exames
Os especialistasacademia das apostas futebolsaúde consultados pela BBC concordam que a principal causa pela qual não se tem estatísticas mais confiáveis da situação do coronavírus nos EUA está vinculada à escassezacademia das apostas futebolexames para detectar os doentesacademia das apostas futebolcovid-19.
"O primeiro elemento para a contenção é ter disponíveis os testes que nos permitam isolar a população doente. É algo que demoramos muito a fazer", considera Greninger.
Krys Johnson, professoraacademia das apostas futebolEpidemiologia da Universidadeacademia das apostas futebolTemple, lembra que o problema começou quando os CDC decidiram que seriam eles quem fabricariam os dispositivos para examinar os potencialmente infectados.
"O resultado foi que, quando começaram a enviar os kits dos exames aos Estados, descobriu-se que não funcionavam bem, estavam defeituosos, e foi necessário mudá-los. Foi um processo que demorou e, portanto, grande parte dos Estados não pode começar a fazer esses exames até pouco tempo atrás", afirma.
Durante maisacademia das apostas futebolum mês, cada Estado devia enviar as amostrasacademia das apostas futebolpossíveis contágios por correio à sede dos CDCacademia das apostas futebolAtlanta, os únicos autorizados para realizar os exames.
Assim, não foi até essa semana que os 50 Estados contaram com a capacidade técnica para realizar os exames, embora o número ainda seja limitado.
Segundo números oficiais, até terça passada só 79 laboratórios estatais ouacademia das apostas futebolsistemaacademia das apostas futebolsaúde pública contavam com a capacidade para fazer as provasacademia das apostas futebolum país com mais 327 milhõesacademia das apostas futebolhabitantes.
Enquanto isso, territórios ultramar, como Porto Rico, ainda não contavam com os dispositivos para oferecer esse serviço à população.
O governoacademia das apostas futebolPorto Rico confirmou essa semana que na ilha há várias pessoas "potencialmente contagiadas", mas por que que tiveram que enviar as amostras à sede dos CDCacademia das apostas futebolAtlanta, não puderam confirmar os casos à espera dos resultados oficiais.
Maisacademia das apostas futeboltrês dias depois do anúncio, Porto Rico ainda estava esperando pela confirmação.
Johnson lembra que outra das limitações foi que os laboratórios privados não obtiveram as permissões federais para realizar as provas até o último 29academia das apostas futebolfevereiro, o que limitou também o númeroacademia das apostas futebolpessoas que poderiam acessar os exames para o coronavírus.
"Creio que, à medida que os exames começarem a se estender mais pelo país nos próximos dias, isso conduzirá a um aumento no númeroacademia das apostas futebolcasos positivos nos EUA", opina.
O problema com o acesso a exames
Schaffner, poracademia das apostas futebolvez, comenta que os problemas não terminaram com a distribuição dos kits dos exames.
"Infelizmente, o teste não está acessível para todas as pessoas suspeitasacademia das apostas futebolterem o vírus. Até agora, existe uma listaacademia das apostas futebolcritérios determinados pelos CDC que um paciente deve cumprir para ser submetido a um exame para detectar a presença do coronavírus", indica.
Assim que Trump anunciou na semana passada que qualquer pessoa com suspeitaacademia das apostas futebolter se contagiado poderia realizar um teste, o secretárioacademia das apostas futebolSaúde, Alex M. Azar, disse que, na verdade, só aqueles que foram previamente a um especialista poderiam fazê-lo.
De acordo com Schaffner, sob esse critério os médicos só poderiam prescrever os exames a pessoas com quadros clínicosacademia das apostas futeboltosse, febre e problemas respiratórios notáveis, mas não a quem não apresente sintomas, embora tenham se encontradoacademia das apostas futebolsituaçõesacademia das apostas futebolrisco.
"Na parte privada, os laboratórios já aceitam especímesacademia das apostas futebolqualquer pessoa paraacademia das apostas futebolanáliseacademia das apostas futebolforma muito fácil, mas logicamente isso não é acessível a toda população porque tem um custo elevado para os planosacademia das apostas futebolsaúde", diz.
Em grande parte dos países da Europa e da Ásia afetados pela epidemia, os exames para detectar o vírus são feitosacademia das apostas futebolforma gratuita a todas as pessoas suspeitasacademia das apostas futebolterem se contagiado, inclusive antesacademia das apostas futebolapresentar sintomas.
Em alguns países, como a Coreia do Sul ou a Alemanha, criou-se um mecanismo onde inclusive é possível fazer o exame nas pessoas dentroacademia das apostas futebolseus carros.
"A ideiaacademia das apostas futebolque alguém poderia fazer os exames facilmente como fazem pessoasacademia das apostas futeboloutros países... Não estamos preparados para isso. Creio que deveríamos estar? Sim. Mas não estamos", disse Fauci, do Instituto Nacionalacademia das apostas futebolAlergias e Doenças Infecciosas dos EUA, nesta quinta.
De acordo com os epidemiologistas, esse fatoacademia das apostas futebolsi poderia tornar-se um problema para conter o vírus.
"Um dos problemas com esse vírus é que ele tem um períodoacademia das apostas futebolincubaçãoacademia das apostas futebolaté duas semanasacademia das apostas futebolque nem sempre as pessoas manifestam sintomas, mas é transmissível. Então, se for possível fazer exames para casos sobre os quais existam suspeitas sólidas, seria uma medida que poderia servir para deter a propagação do vírus", considera Greninger.
Até esta quarta se desconhecia o númeroacademia das apostas futebolpessoas nos EUA que foram submetidas a exames para detectar o coronavírus.
Os CDC deixaramacademia das apostas futebolpublicar, sem explicação, no começoacademia das apostas futebolmarço os números a respeito, mas então o número rondava apenas os 1,5 mil, quando havia passado maisacademia das apostas futebolum mês depois dos primeiros contágios serem reportados.
Agora, só se publica o número dos exames analisados (até esta quarta, eram maisacademia das apostas futebol11 mil), mas esse dado não indica, no entanto, o númeroacademia das apostas futebolpessoas, já que só um paciente pode fazer vários exames.
Para termosacademia das apostas futebolcomparação, a Coreia do Sul, onde os primeiros casos foram reportados na mesma data que nos EUA, foram testadas maisacademia das apostas futebol210 mil pessoas: uma médiaacademia das apostas futebol20 mil examesacademia das apostas futebolcoronavírus todos os dias, quantidade superior ao totalacademia das apostas futebolamostras que os EUA analisaramacademia das apostas futebolmaisacademia das apostas futebolum mês.
No Reino Unido, onde 35 mortesacademia das apostas futeboldecorrência da doença foram reportadas, quase 40 mil contágiosacademia das apostas futebolpotencial foram avaliados. Uma médiaacademia das apostas futebolmaisacademia das apostas futebolmil exames por dia foram feitos.
A BBC tentou entraracademia das apostas futebolcontato com os CDC para obter o número totalacademia das apostas futebolpessoas que foram testadas e os motivos para deixaracademia das apostas futeboloferecer essa informação emacademia das apostas futebolpágina, mas não obteve resposta.
academia das apostas futebol O problema com os academia das apostas futebol seguros
O tema do acesso às provas para detectar o coronavírus nos EUA é acompanhadoacademia das apostas futeboloutro mais complexo: seus custosacademia das apostas futebolpotencial e o acesso ao sistemaacademia das apostas futebolsaúde dos que requerem atenção médica.
Maisacademia das apostas futebol27,5 milhõesacademia das apostas futebolamericanos não têm acesso a segurosacademia das apostas futebolsaúde, segundo dados do Censo, o que poderia fazer com que muitos que apresentam os sintomas ou requerem tratamento não recorram a hospitais por medo dos custos elevados.
Mas inclusive para muitos que têm planoacademia das apostas futebolsaúde, o dinheiro com a "coparticipação" que devem desembolsar — uma quantidadeacademia das apostas futeboldinheiro que as seguradoras não cobrem e queacademia das apostas futebolalgumas ocasiões pode seracademia das apostas futebolmilharesacademia das apostas futeboldólares — também pode fazer com que muitos descartem a possibilidadeacademia das apostas futebolir ao médico.
Segundo dados da ONG Commonwealth Fund, maisacademia das apostas futebol44 milhõesacademia das apostas futebolpessoas encontram-se neste último grupoacademia das apostas futebol"seguro insuficiente".
"Alguns Estados estão cobrindo os custos associados aos exames. Se os pacientes apresentarem sintomas respiratórios graves como resultadoacademia das apostas futebolcovid-19, aqueles que não têm planoacademia das apostas futebolsaúde ou têm masacademia das apostas futebolbases insuficiente serão os mais afetados pelas repercussões financeiras do tratamento", indica Johnson.
Uma pesquisa realizadaacademia das apostas futebol2019 pela organização Gallup and West Health indicou que 26% dos americanos teriam adiado tratamentos médicos nos últimos 12 meses devido aos custos e que 19% deixaramacademia das apostas futebolcomprar os remédios indicados por motivos semelhantes.
Quase metade dos entrevistados responderam que estavam "preocupados" ou "extremamente preocupados"academia das apostas futebolque uma potencial situaçãoacademia das apostas futebolsaúdeacademia das apostas futebolsuas casas poderiam levá-los à falência.
Além disso, nos EUA há 10 milhõesacademia das apostas futebolimigrantes sem documentos e uma nova norma do governoacademia das apostas futebolTrump que entrouacademia das apostas futebolvigor no mês passado limita a possibilidadeacademia das apostas futebolresidência no país a quem utilizar os seguros do governo ou outros benefíciosacademia das apostas futebolsaúde.
"Nesse ponto da doença, creio que é importante que tomem as medidas para que toda a população suspeitaacademia das apostas futebolhaver sido infectada possa fazer exames e recorrer ao autoisolamento para evitar contágios", opina Greninger.
academia das apostas futebol Os academia das apostas futebol problemas academia das apostas futebol com o isolamento
De acordo com Johnson, o aumento potencial dos casos que serão registrados nos próximos dias deve requisitar não só ações do governo federal e dos Estados, senão também ações a nível individual.
"Nós, como nação, deveríamos fazer o que podemos fazer individualmente para proteger a saúde dos demais. Os que podem trabalharacademia das apostas futebolcasa deveriam fazê-lo. Os que estão doentes deveriam optar por autoisolamento", indica.
As recomendações da especialista coincidem com as dos CDC, que sugerem que as empresas orientem seus empregados a ficaremacademia das apostas futebolcasa e trabalharemacademia das apostas futebolforma remota ou a tirarem diasacademia das apostas futebollicença se apresentarem os sintomas.
No entanto, segundo dados do Departamento do Trabalho, um quarto da forçaacademia das apostas futeboltrabalho não tem acesso a diasacademia das apostas futeboldoença remunerados.
A situação fica mais crítica para aqueles que não têm contratos fixos ou que são empregadosacademia das apostas futebolserviços como restaurantes e hotéis. E são,academia das apostas futebolforma contraditória, pessoas que têm contato direto com o público.
"A orientaçãoacademia das apostas futebolautoisolamento não se aplica às pessoas que não podem trabalharacademia das apostas futebolforma remota ou que não têm férias pagas, que, se fizessem isso, não teriam como manter-se economicamente", comenta Johnson.
A consequência, segundo a especialista, é que muitos continuarão trabalhando inclusive se tiverem sintomas respiratórios, o que só deve agravar a criseacademia das apostas futebolsaúde pública.
"Se toda a população dos EUA se contagiaracademia das apostas futebolcoronavírus nas próximas duas semanas, nosso sistemaacademia das apostas futebolatenção médica não poderá lidar com a enorme quantidadeacademia das apostas futebolhospitalizações e mortes que ocorrerão entre os mais suscetíveis ao vírus", opina.
Congressistas do partido Democrata pediram que o governo tome medidas para garantir diasacademia das apostas futebolenfermidade aos doentes. Emacademia das apostas futebolmensagemacademia das apostas futebolsexta, Trump indicou que anunciaria "medidasacademia das apostas futebolemergência" nesse sentido, embora não tenha dito que tipoacademia das apostas futeboltrabalhadores seriam beneficiados.
"Para garantir que os trabalhadores americanos afetados pelo vírus possam ficaracademia das apostas futebolcasa sem temor ou dificuldades financeiras, tomarei medidasacademia das apostas futebolemergênciaacademia das apostas futebolimediato, sem precedentes, para proporcionar ajuda financeira. Isso será dirigido aos trabalhadores doentes,academia das apostas futebolquarentena ou atendidos por conta do coronavírus", afirmou.
O médico Joshua Sharfstein,academia das apostas futebolPráticaacademia das apostas futebolSaúde Pública na Universidade Johns Hopkins, diz à BBC que a situação atual requer atenção máxima, já que, se agora o sistemaacademia das apostas futebolsaúde conta com os recursos para fazer frente à epidemia, o imprevisível do vírus faz com que não seja possível saber o que aconteceráacademia das apostas futebolum futuro próximo.
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