Margaret Atwood, autoraconsultar bilhete esporte bet‘O Conto da Aia’: ‘Se os EUA tivessem uma ditadura, seria religiosa’:consultar bilhete esporte bet

Margaret Atwood

Crédito, Daniel Mordzinski

Ela escreveu cercaconsultar bilhete esporte bet60 livros traduzidosconsultar bilhete esporte betmaisconsultar bilhete esporte bet20 idiomas, entre os quais o best-sellerconsultar bilhete esporte bet1985 O Conto da Aia, adaptadoconsultar bilhete esporte bet2017 para a televisão com uma sérieconsultar bilhete esporte betmesmo nome que recebeu oito prêmios Emmy e dois Globosconsultar bilhete esporte betOuro.

A protagonista da história, Offred, contaconsultar bilhete esporte betprimeira pessoaconsultar bilhete esporte betvidaconsultar bilhete esporte betGilead, um governo totalitário teocrático instalado nos Estados Unidosconsultar bilhete esporte betum futuro não especificado.

Naquela sociedade com castas sociais estritas facilmente distinguíveis por suas roupas, ela é uma das mulheres que são forçadas a ter filhos para famíliasconsultar bilhete esporte betaltos escalõesconsultar bilhete esporte betpoder.

Os característicos vestidos vermelhos e chapéus brancos tornaram-se um símboloconsultar bilhete esporte betmanifestações pelos direitos das mulheres, particularmente a favor do aborto.

Mulher vestidaconsultar bilhete esporte betOffred

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A história apresenta um futuro distópico onde há um problema globalconsultar bilhete esporte betinfertilidade

A personagem escreve sem saber se alguém leráconsultar bilhete esporte bethistória. Ela escreve, embora isso seja proibido.

Portanto, quando Atwood falaconsultar bilhete esporte bettinta, suas palavras ressoam além da perspicácia da observação. Foi ela quem criou Offred e, naquele momento, as duas estavam na minha frente, dedicando o livro para mim.

No ano passado, 34 anos após O Conto da Aia, ela publicou a altamente aguardada sequência Os Testamentos.

A BBC News Mundo teve uma horaconsultar bilhete esporte betentrevista com Atwood, feitaconsultar bilhete esporte betconjunto com o jornal espanhol ABC. O que você lerá a seguir é um trecho dessa entrevista, emconsultar bilhete esporte betprópria voz, sem as interrupções desnecessárias das perguntas.

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Os tempos mudaram.

Nos anos 1970, houve muitas conquistas. Muitas leis foram alteradas, as mulheres ganharam mais direitos.

Nos anos 80, quando eu escrevi O Conto da Aia, houve um momentoconsultar bilhete esporte betrecuo. O direito religioso fazia parte desse revés nos Estados Unidos e conseguiu derrotar a Emenda dos Direitos Iguais (que busca incluir a igualdadeconsultar bilhete esporte betgênero na Constituição).

Escrevi o livro para fazer várias perguntas, por exemplo: se os Estados Unidos tivessem um totalitarismo ou uma ditadura,consultar bilhete esporte betque tipo seria? Seria comunista? Seria chamadaconsultar bilhete esporte betfascista? Não, seria religiosa.

Margaret Atwood

Crédito, Daniel Mordzinski

Legenda da foto, Margaret Atwood escreveu cercaconsultar bilhete esporte bet60 livros traduzidosconsultar bilhete esporte betmaisconsultar bilhete esporte bet20 idiomas

Esse seria o conceitoconsultar bilhete esporte betorganização nos Estados Unidos, diferenteconsultar bilhete esporte betoutros países.

A Europa teve suas guerras religiosas no século 17, portanto, não é provável que ela tenha uma guerra civil religiosa novamente. Ela teria outro tipoconsultar bilhete esporte betguerra civil.

Nos Estados Unidos, essa religião não seria a da Igreja Católica. Eles se livrariam dos católicos. A religião seria algo como um programa fundamentalista puritano.

Quando há uma religião no governo, muitos se tornam hereges: católicos, batistas... todos que são concorrentes.

Quando os bolcheviques venceram a revolução na Rússia,consultar bilhete esporte betquem eles se livraram primeiro? Dos mencheviques. Econsultar bilhete esporte betseguida dos velhos bolcheviques.

Portanto, a primeira pergunta é que tipoconsultar bilhete esporte betditadura seria e a próxima, como isso tomaria forma, como eles eliminariam a Constituição, que é algo que eles parecem estar fazendo agoraconsultar bilhete esporte betqualquer maneira.

Em outras palavras, estou muito interessadaconsultar bilhete esporte betcomo as ditaduras e os totalitarismos evoluem. Por que estou interessada nisso? Porque tenho idade suficiente para lembrar das do século 20.

Tenho idade suficiente para lembrarconsultar bilhete esporte bet(Adolf) Hitler, idade suficiente para lembrarconsultar bilhete esporte bet(Benito) Mussolini,consultar bilhete esporte bet(Francisco) Franco,consultar bilhete esporte bet(Antónioconsultar bilhete esporte betOliveira) Salazar e todas aquelas pessoas. Eu estava viva quando eles estavam vivos.

Não é assustador?

Tivemos outros desde então, como os militares na Argentina e (o ditador) Pol Pot no Camboja.

Manifestação feminista com mulheres vestidasconsultar bilhete esporte betpersonagensconsultar bilhete esporte betO Conto da Aia

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A maneira como as mulheres são oprimidas na série "O Conto da Aia" inspirou manifestações feministas

Todos eles tiraram direitos das mulheres. Não importa como as ditaduras se autodenominam: todas elas o fazem. A mulher é algo a ser resolvido.

Então eu coloquei no livro coisasconsultar bilhete esporte bettodo o mundo, incluindo os Estados Unidos, que já haviam acontecido ou estavam acontecendo nos anos 80. Muitas ainda acontecem e ainda estamos sofrendo contratempos.

O interessante deste livro é que,consultar bilhete esporte betqualquer país que você vá, encontrará mulheres que pensam que é sobre o país delas.

Isso é bom porque é o que eu pretendia. Não queria que ele fosse muito específico sobre nenhum país. Não se trata apenasconsultar bilhete esporte betescravidão nos Estados Unidos, embora haja elementos dela.

Também existem elementosconsultar bilhete esporte betoutros países, como o rouboconsultar bilhete esporte betbebês na Argentina. Durante o governo militar, quando as mulheres tinham um bebê na prisão, elas geralmente o davam a generais ou colaboradores. Então agora tem muitas pessoas aprendendo que elas não são quem elas pensavam que eram.

Mas vamos voltar à história. Em 1991, a Guerra Fria acabou e todo mundo disse: "Problema resolvido! Vamos às compras! Não há com o que se preocupar".

Depois vieram os ataquesconsultar bilhete esporte bet11consultar bilhete esporte betsetembro (de 2001), que mudaram toda a situação geopolítica, e a crise financeiraconsultar bilhete esporte bet2008 mudou ainda mais.

Quando as pessoas têm medo e se sentem ameaçadas, tornam-se conservadoras e dispostas a renunciar aos direitos civisconsultar bilhete esporte bettrocaconsultar bilhete esporte betsegurança. É nisso que eles acreditam.

É sempre uma mentira.

Margaret Atwood

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Para Atwood, 'O Conto da Aia' é uma história que pode ser sobre qualquer país

Pessoas como o presidente do Brasil (Jair Bolsonaro), que diz: "Eu sou um homem forte e vou resolver isso para você. Você tem que oprimir mulheres e grupos minoritários e tudo ficará ótimo".

Gilead não é diferente disso.

É por isso que devemos dizer repetidas vezes: isso não é verdade.

Os Republicanos, durante as últimas três eleições presidenciais, disseram coisas muito peculiares sobre mulheres, coisas baseadasconsultar bilhete esporte betideologia e nãoconsultar bilhete esporte betbiologia.

Eles fizeram declarações absurdas como que, se te estuprassem e você engravidasse, não foi estupro, porque o corpo feminino tem mecanismos para impedir gravidezconsultar bilhete esporte betcasoconsultar bilhete esporte betestupro.

Nas eleiçõesconsultar bilhete esporte bet2016, essas pessoas ganharam poder e se tornaram capazesconsultar bilhete esporte betimplementarconsultar bilhete esporte betagenda.

Já tínhamos metade da série filmadaconsultar bilhete esporte bet2016, quando acordamosconsultar bilhete esporte bet9consultar bilhete esporte betnovembro e dissemos: "Estamos dianteconsultar bilhete esporte betuma série diferente". Mas não porque mudamos alguma coisa, mas porque o quadroconsultar bilhete esporte bettorno da série mudou. A série ia parecer diferente.

Em abrilconsultar bilhete esporte bet2017, estreamos e muitas pessoas pensaram: "É isso que vai acontecer, embora talvez sem as roupas". Seria outra roupa discreta, mas não exatamente essa.

Comecei a escrever Os Testamentos depois dessas eleições porque você podia ver para onde as coisas estavam indo. Em fevereiro (de 2017), contei aos meus editores o que estava fazendo.

A sequênciaconsultar bilhete esporte bet'O Conto da Aia', 'Os Testamentos'

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A sequênciaconsultar bilhete esporte bet'O Conto da Aia', 'Os Testamentos', foi editada recentementeconsultar bilhete esporte betportuguês

Essa foi a ordem dos acontecimentos.

Antesconsultar bilhete esporte betescrever Os Testamentos, perguntaram-me o que aconteceu com Offred. "A escolha é sua!", respondia.

Agora, as pessoas me perguntam qual é a ansiedade mais disseminada. E essa pergunta é se há esperança, referindo-se à raça humana. E é claro que há esperança!

Isso não significa que é sempre justificada, mas nós temos. Caso contrário, não acordaríamosconsultar bilhete esporte betmanhã. Você deve agir com base nessa esperança.

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