O 'pedidopizza' que salvou uma vítimaviolência doméstica:
Uma mulher vítimaviolência doméstica conseguiu ligar para serviçosemergência sem o agressor perceber, fingindo pedir uma pizza.
Policiais da cidadeOregon, nos Estados Unidos, elogiaram o raciocínio rápido da pessoa responsável por atender a chamada, que levou o acusadoagressão a ser preso.
A mulher disse à imprensa local quemãe estava sendo agredida na época.
Essa táticaligar disfarçadamente para a emergência é estimulada na internet há anos, mas esse é um raro caso confirmadoque a estratégia deu certo.
Autoridades avisam que não é garantido que a estratégia funcione, pois os telefonistas não são treinados para reconhecer um pedidopizza como um verdadeiro pedidoajuda.
O atendente que recebeu a chamada, Tim Teneyck, disse à emissora local 13 ABC que inicialmente pensava que a mulher havia ligado para o número errado.
Quando ela insistiu que não se tratavaum engano, ele percebeu o que estava acontecendo — também porque tinha visto relatossituações semelhantes serem compartilhados nas redes sociais.
"Você vê isso no Facebook, mas não é algo para o qual alguém seja treinado", disse Teneyck. "Outros atendentes com quem conversei não teriam percebido isso. Eles me disseram que não teriam notado."
Como foi o diálogo?
Aqui está uma transcrição da conversa:
Teneyck: Oregon, 911
Mulher: Gostariapedir uma pizza(endereço).
Teneyck: Você ligou para o 911 (emergência) para pedir uma pizza?
Mulher: Hum, sim. Apartamento (número do apartamento).
Teneyck: Esse é o número errado para pedir uma pizza...
Mulher: Não, não, não. Você não está entendendo.
Teneyck: Estou entendendo agora.
Durante a ligação, ela encontrou maneiras criativasresponder às perguntas "sim" ou "não"Teneyck sobre quanto perigo ela emãe corriam equais serviços elas precisavam.
Teneyck: O outro cara ainda está lá?
Mulher: Sim, precisouma pizza grande.
Teneyck: Certo. E médico, você precisamédico?
Mulher: Não. Com pepperoni.
De onde veio a ideia da pizza?
Não está claroonde veio a ideia, mas um cenário muito semelhante foi usadouma campanha da Associação NorueguesaAbrigos para Mulheres2010.
Quatro anos depois,maio2014, um usuário do sitediscussão Reddit que disse ser um operador do 911 descreveu uma situaçãoque a vítimaviolência doméstica ligou para pedir uma pizza.
Ele escreveu que a ligação "começou (de um jeito) muito idiota, mas era realmente muito séria", antesdescrever uma conversa semelhante à que Tenyck teve.
Poucos meses depois, vários sitesnotícias destacaram a informação publicada no Reddit, e2015 isso foi transformadoum anúncio divulgado no Super Bowl que abordava violência doméstica.
Depois, a situação se tornou um "anúncioserviço público" viral nas redes sociais, com uma postagem no Facebook afirmando, sem fundamento, que "os atendentes são treinados" para reconhecer a chamadapizza como um pedidoajuda e fazer perguntas específicas.
Isso foi desmistificado no ano passado. Christopher Carver, diretoroperações da National Emergency Number Association (Nena), nos Estados Unidos, disse à Associated Press que a polícia não é treinada para ouvir código ou cenário específicos.
"Criar expectativaque frases secretas funcionarãoqualquer centroatendimentoemergência é potencialmente muito perigoso", disse.
Carver disse que os atendentes não desligam o telefone. A prioridade, acrescentou, é que as pessoas que recorrem ao serviço informemlocalização.
E no Brasil?
No Brasil, o 190 é númerotelefone da Polícia Militar que deve ser acionadocasos geraisnecessidade imediata ou socorro rápido. A ligação é gratuita. Outros números são o 192, do serviçoatendimento médicoemergência, e o 193, do CorpoBombeiros.
Por meio do Ligue 180, é possível entrarcontato com a CentralAtendimento à MulherSituaçãoViolência, que é um serviço gratuito e confidencial. Ele funciona para "receber denúnciasviolência, reclamações sobre os serviços da redeatendimento à mulher e para orientar as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para outros serviços quando necessário."
Pelo Disque 100, que também é uma ligação gratuita e funciona 24 horas, é possível fazer denúnciasviolaçõesdireitos humanos — entre elas, as que têm crianças e adolescentes como vítimas. Segundo o governo, o serviço "pode ser considerado como 'pronto-socorro' dos direitos humanos pois atende também a graves situaçõesviolações que acabaramocorrer ou que ainda estãocurso, acionando os órgãos competentes, possibilitando o flagrante".
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