Protestos no Chile: a manifestação histórica que encheu as ruasSantiago:
Uma enorme manifestação tomou as ruas do centroSantiago na sexta-feira (25/10) para protestar contra a desigualdade social no Chile e exigir a implementaçãoreformas sociais profundas.
Segundo dados do governo citados pela mídia local, mais1,2 milhãopessoas se concentraram na Plaza Italia, um centro nervoso da capital chilena.
Convocada nas redes sociais após uma semanaprotestos no país, já é considerada a maior manifestação desde o retorno da democracia ao Chile.
"A marcha enorme, alegre e pacíficahoje, onde os chilenos pedem um Chile mais justo e solidário, abre grandes caminhos para o futuro e a esperança", disse o próprio presidente chileno, Sebastian Piñera.
"Todos ouvimos a mensagem. Todos mudamos. Com união e ajudaDeus, percorreremos o caminho para esse Chile melhor para todos", afirmou ele no Twitter.
Seu governo foi duramente criticado por ter reagido muito tarde e por ter levado os militares às ruas.
Um dos momentos mais emocionantes da marcha foi provavelmente quando milhares e milharespessoas cantaram "El bailelos que sobran" (A dança dos que sobraram), música icônica do grupo Los Prisioneros que se tornou popular nos anos 80 como protesto e crítica a desigualdade sociais e faltaoportunidades no Chile.
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Embora a marcha tenha sido pacífica na maior parte do tempo, grupos encapuzados causaram alguns distúrbios e a polícia usou água e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Também houve queimaacessos a uma estaçãometrô, saques e queimabarricadaschamas.
"Estamos todos lutando pela mesma coisa"
A manifestação na sexta-feira foi convocada para exigir do governo do presidente Piñera medidas concretas para atacar os problemasdesigualdade que afetam o Chile.
Aos gritos"O Chile acordou" e "O povo unido nunca será vencido", enormes colunasmanifestantes avançaram ao longouma avenida centralSantiago.
Segundo o fotógrafo chileno Cristóbal Venegas, é a primeira vez emvida que ele vê algo assim nas ruas da capital chilena.
"Existem pessoasclasse alta e classe baixa aqui, todas juntas lutando pela mesma coisa", ele diz à BBC Mundo.
Departe, a professora aposentada Clotilde Soto, 82 anos, disse à agência Reuters na manifestação que "isso me lembra a Marcha do Não antes do plebiscito1988", lembrando da consulta pública que5outubro1988 tirou Augusto Pinochet do poder.
"E hoje estou marchando para ver se as coisas finalmente mudam realmente no meu país. Não quero morrer sem ver uma mudança", disse ela, enquanto se deslocava pelo centroSantiago.
"Um país digno"
Embora não tenha havido distúrbios na maior parte da manifestação, Venegas falou por telefone com a BBC Mundo da marchameio ao somsirenes e balasborracha.
O fotógrafo relatou que a polícia estava atirandoalguns grupos e havia médicos voluntários ajudando os feridos.
"As pessoas estão morrendo porque não têm como sobreviver e fico indignado que tenhamos que viver para trabalhar", refletiu.
"Espero que o Chile se torne um país mais dignose viver", concluiu ele, esperançoso.
O Chile está passando por uma ondaprotestos que começou na semana passada, depois que o governo anunciou um aumento no custo da passagem do metrôSantiago. Os atos deixam um saldopelo menos 19 mortos e centenasferidos.
Após fortes mobilizações nas ruas, o que levou as autoridades a declarar estadoemergência e toquerecolhervárias áreas do país, Piñera decidiu retirar a medida que,qualquer forma, não havia servido para encerrar as manifestações.
Na última terça-feira, Piñera anunciou um pacotemedidas sociais que incluíam o estabelecimentoum salário mínimo garantido, entre outras iniciativas, mas que foi considerado insuficiente por seus críticos.
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