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A mulher que passou 12 anos sem conseguir emitir qualquer som:fiery slots
Marie nasceu no Reino Unido, mas se mudou com a família para a Austrália quando tinha 12 anos. Naquelá época, ainda conseguia falar.
"Aterrissamosfiery slotsfevereiro. Deixamos para trás uma Londres gelada e chegamos na metade do verão australiano (...). Era como fériasfiery slotsverão", ela recorda.
Mas todo verão tem um fim. Justo quando Marie começava a se adaptar à vida nova, imitando inclusive o sotaque australiano com sucesso, algo terrível aconteceu.
De repente, sem voz
"Acordei com uma forte dorfiery slotsgarganta e um grande resfriado", Marie conta à BBC. "Um ou dois dias depois, tive bronquite."
"Na primeira semana, a irritação (da garganta) era muito intensa por causa da febre."
"Mas quando a temperatura baixou, a infecção desapareceu e comecei a me sentir melhor e 'normal'... mas, depoisfiery slotsumas seis semanas, minha voz não voltou."
Marie não sabia o que havia acontecido, mas pensava que poderia voltar a falar a qualquer momento.
Pouco a pouco, deu-se contafiery slotsque isso não aconteceria - pelo menos por muitos anos.
E ela não só não conseguia falar.
Ela não conseguia emitir qualquer tipofiery slotssom com as cordas vocais. Nem uma voz rouca, nem uma tosse.
Marie foi ao médico, mas os diagnósticos foram confusos e errados.
"A princípio diagnosticaram uma laringite e depois disseram que se tratavafiery slotsmudez histérica", conta.
A expressão mudez histérica foi usada pela primeira vez no século 19. É descrita como um transtorno da função vocal sem que haja mudanças no corpo, que resultaria num silêncio voluntário.
Em outras palavras, o médico achava que ela se negava a falar.
Mas Marie não concordava com o diagnóstico.
De qualquer forma, ela estava ocupada demais tentando lidar com o mundo como uma adolescente sem voz, o que lhe trouxe várias dificuldades óbvias, mas também algumas inesperadas.
"O telefone, por exemplo. Não podia marcar um cortefiery slotscabelo ou uma consulta médica. E se estavafiery slotsapuros ou sofria um acidente tampouco podia gritar."
Ela lembra que, certo dia, sentiu medo quando caminhava com amigos pela montanha e não pode pedir ajuda ao ficar atolada.
"Me dei contafiery slotsque tinhafiery slotsser mais cuidadosa", afirma.
"A filha do diabo"
Outro episódio traumático ocorreu quando a professora a obrigou participar do coral do colégio - todos na classe deveriam fazê-lo - e Marie tevefiery slotsdeixar o recinto.
Ela diz que muitos na escola não entendiamfiery slotsmudez.
"No princípio, todos pensaram que era muito divertido. Mas você se cansa disso muito rapidamente quando se tratafiery slotssua vida cotidiana."
"Eu sempre levava pequenos cadernosfiery slotsnotas e um lápis, e me punha a escrever. Algunsfiery slotsmeus amigos podiam ler meus lábios - porque estávamos sempre juntos -, mas não sempre. Às vezes, não podia participarfiery slotsconversas."
Ela também usava as mãos e fazia sinais para se expressar, "mas na maioria das vezes tinhafiery slotsescrever o que queria dizer."
Ela diz que não tinha ajuda no colégio, pelo contrário.
"Eu ia a um colégio católico e uma freira, ao saber que não havia uma razão física que me impedissefiery slotsfalar, disse que Deus estava me castigando e havia me deixado sem voz."
"(Meus colegas) começaram a acreditar no que diziam, que eu estava sendo castigada e tinhafiery slotsconfessar meus pecados para recuperar minha voz. Eu me negava porque não tinha nada a confessar."
Marie diz que começou a questionar a si mesma. "No mundofiery slotsque crescemos, o padre, as freiras, os médicos tinham sempre razão. Não eram postosfiery slotsdúvida."
"As meninas costumavam me chamarfiery slotsmulher do diabo e outras piadas desse tipo, mas com o tempo deixoufiery slotsser uma piada. Era grave, extremo."
"Como me neguei a confessar pecados, não me deixavam entrar na igreja e ir para a missa que frequentávamos todas as sextas, então tinhafiery slotsficar do ladofiery slotsfora."
"Nesse momento, comecei a acreditar neles e a pensar que era diabólica, que pertencia ao diabo, que Cristo não queria olhar para mim, que não era parte da cristandade, que era uma bruxa."
Fora da escola, vizinhos diziam que ela havia enlouquecido, e um amigofiery slotssua mãe sugeriu que ela fosse abandonada "porque não se sabe o que pessoas como ela podem fazer".
No hospital psiquiátrico
Dois anos depoisfiery slotster perdido a voz, Marie se sentia isolada, frustrada e cheiafiery slotsdúvidas.
As coisas se complicaram tanto que ela tentou se matar aos 14 anos. Acaboufiery slotsum hospital e, quando se recuperou, foi transferida para um hospital psiquiátrico.
"Isso foi um inferno, um pesadelo. Havia drogados, pessoas com crises nervosas, uma mulher que imagino ter sofrido abusos... Eu era a mais jovem e era muito influenciável."
Também se lembra da faltafiery slotsintimidade e das terapias com choques elétricos. Ela escutava os pacientes gritando e chegou a fazer uma sessão. "Era como uma câmerafiery slotstortura. Muito cruel."
Marie fugiu e foi à casafiery slotsum amigo. Ela pode voltar afiery slotscasa, mas a relação com os pais estava danificada. Tinha medofiery slotstodo mundo ao redor, "não queria ver ninguém, a pouca confiança que tinha nas pessoas desapareceu no hospital psiquiátrico", lembra.
Ela então se isolou por seis meses. Marie não acreditava que voltaria a recuperar a voz e começou, pouco a pouco, a reconstruirfiery slotsvida.
Ela passou a trabalhar no café administrado porfiery slotsmãe e aprendeu a línguafiery slotssinais. Voltou a estudar e aprendeu mecanografia.
Não é que os problemas dela tivessem se resolvido, mas pelo menos ela era agora uma adulta com uma vida relativamente normal.
Até que um dia, quando tinha 25 anos, estava no trabalho e começou a se sentir muito mal.
"Comecei a tossir e começou a sair sangue da minha boca. Pensei que estava morrendo. Podia sentir algo se movendo no fundo da minha garganta. Em certo momento pensei que estava tossindo minhas entranhas. Hoje parece uma idiotice, mas naquele momentofiery slotscabeça dá voltas."
Um colega chamou uma ambulância, e Marie foi levada ao hospital.
Os médicos viram que ela tinha um objeto na garganta e conseguiram extraí-lo. Estava cobertofiery slotsmuco e sangue, mas, quando o limparam, descobriram que se tratavafiery slotsuma moeda.
Ela estava desde os anos 1960 com aquela moeda presa na garganta - e diz não ter ideiafiery slotscomo o item foi parar lá.
Aquela pequena moeda havia ficado presa no fundofiery slotssua garganta por 12 anos, justo ao ladofiery slotssuas cordas vocais, impedindo que elas vibrassem e emitissem sons.
Mas, assim que a moeda saiu, Marie recuperou a voz.
"Pude sentir o som na minha garganta, gemidos, soluços. No início, não sabiafiery slotsonde vinha esse ruído."
"Fiqueifiery slotschoque."
Como não haviam visto aquela moeda na garganta? Os médicos disseram que a posição do objeto havia o tornado indetectável.
Marie tevefiery slotsreaprender a respirar e a moderar o tom da voz, mas diz que não levou muito tempo.
Sua primeira ligação telefônica foi para a mãe, que começou a chorar. Depois participou do coral local para fazer as pazes com o passado.
Em seu livro "Voiceless" (sem voz), publicadofiery slotsjulhofiery slots2019, ela conta a história.
Quanto à moeda, ainda a guarda numa pulseira que vestefiery slotsvezfiery slotsquando.
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