De Salvini a Netanyahu, o 'inferno astral' dos principais aliados internacionaisBolsonaro:
Bolsonaro também concluiu a visita com o "compromisso",suas próprias palavras,mudar a embaixada brasileira para Jerusalém, medida que também causaria atritos na comunidade internacional. Por enquanto, porém, anunciou apenas um escritório comercial na cidade sagrada.
O problematodos esses acenos a Netanyahu é que, desde então, o premiê israelense sofreu importantes percalços que podem tirá-lo do poder, complicando seu futuro, uma vez que ele é alvoacusaçõescorrupção (as quais nega).
Naquele mêsabril, ele não conseguiu formar uma coalizãogoverno e convocou eleições gerais, que foram realizadas na última terça-feira (17/9). O resultado do pleito é que Netanyahu saiu enfraquecido: os resultados finais ainda não foram divulgados, mas com 95% das urnas apuradas até sexta feira (20), o principal adversário do premiê, o partido Azul e Branco (centro-esquerda), lidera as apurações e deve ficar com estimadas 33 cadeiras das 120 do Parlamento israelense — provavelmente duas cadeiras a mais do que o Likud.
Netanyahu admitiu na quinta-feira que teria dificuldadesformar uma coalizãodireita e, segundo a agência AFP, chamou Benny Gantz, líder do Azul e Branco, para um governounidade. Gantz respondeu que, nas atuais circunstâncias, ele próprio, e não Netanyahu, é quem deveria ser premiê.
Itália e Argentina
A possível trocacomandoIsrael é uma entre outras dificuldades enfrentadas hoje por líderes internacionaisquem Bolsonaro se aproximou - na Itália, na Argentina e nos EUA.
Um desses aliados é o italiano Matteo Salvini, ex-vice-premiê que agradeceu publicamente o presidente brasileiro a extradiçãoCesare Battisti e teceu elogios a Eduardo Bolsonaro porindicação à embaixada brasileiraWashington (ainda não oficializada).
Salvini, que ainda conta com grande popularidade na Itália, tinha pretensõesse tornar premiê quando rompeu,agosto, com a coalizão que governava o país na época.
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No entanto, um acordo firmado28agosto entre dois partidos italianos - o populista e anti-establishment Movimento Cinco Estrelas e o Partido Democrático,centro-esquerda - manteve o premiê Giuseppe Conte no poder e frustrou, ao menos por enquanto, as pretensõesSalvini.
Na Argentina, o presidente Mauricio Macri se prepara para uma dura eleição presidencial27outubro.
Seu adversário, Alberto Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, venceu com vantagem contundente as eleições primárias11agosto: ficou 15 pontos percentuais à frenteMacri.
As pesquisasopinião mais recentes publicadas na imprensa argentina apontam que parece pouco provável que Macri consiga reverter esse resultado.
Na época das primárias, o governo brasileiro fez duras críticas a Fernández. O chanceler Ernesto Araújo afirmou que o candidato é como uma "boneca russa": "Há o Alberto Fernández, você abre e lá está Cristina Kirchner, você abre lá e está o Lula, e depois (Hugo) Chávez", afirmou ao jornal argentino Clarín o chefe do Itamaraty. "Não temos ilusãoque esse kirchnerismo 2.0 seja diferente do kirchnerismo 1.0."
Bolsonaro, porvez, pediu a empresários brasileiros reunidosum congresso do aço que "colaborassem" com Macri. "Não estamos apoiando o Macri, só queremos que aquela velha esquerda não volte ao poder", afirmou o presidente21agosto, segundo a FolhaS. Paulo. "E se o caminho for apoiar Macri, que seja o apoio ao Macri."
No ano que vem, será a vezoutro aliadoBolsonaro enfrentar as urnas: Donald Trump vai disputar com um democrata ainda indefinidopermanência na Presidência dos EUA. O caminho para isso não vai ser necessariamente fácil, dianterecentes acusações publicadas pelo jornal Wall Street Journal.
Segundo um informante ouvido pelo jornal, um oficialinteligência descobriu que Trump "pediu que a Ucrânia investigasse Joe Biden (principal pré-candidato democrata à Presidência) e seu filho (que é do conselhouma empresagás ucraniana)trocaajuda militar americana".
Trump chamou a notícia"ridícula" e afirmou que suas conversas com líderes estrangeiros são sempre "totalmente apropriadas".
A democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, afirmou porvez que "se o presidente tiver feito o que foi alegado, está entrandoum perigoso campo minado com sérias repercussões para seu governo e nossa democracia".
Política externa mais personalista?
Nem todos os governantesquem Bolsonaro tem se aproximado enfrentam reveses. O nacionalista Viktor Orban se mantém forte na Hungria, há quase dez anos no poder; o presidente brasileiro também manteve conversas consideradas frutíferas com o chileno Sebastián Piñera e o esquerdista boliviano Evo Morales.
Mas os percalços das liderançasIsrael, Itália e potencialmente Argentina evidenciam um risco na diplomacia brasileira atual, segundo especialistas consultados pela BBC News Brasil: ouma política externa aparentemente mais personalista.
"(Essa política) tem riscos claros", avalia Guilherme Casarões, professorRelações Internacionais na FGV-SP, destacando que pode haver dificuldadediálogo se esses governos forem assumidos por líderes até agora na oposição. "Reveses eleitorais (dos aliados do governo brasileiro) podem afastar esses países."
Casarões analisa que a estratégiagoverno "tem a ver com a narrativacombate ao globalismo, uma força meio intangível ligada ao que chamam'marxismo cultural', e a aproximaçãouma ondaliderança nacionalista unida pela percepçãoresgatar um tripévalores" familiares, nacionalistas e religiosos.
"Esse combate ao globalismo élíderes, e não propriamenteEstados", prossegue o professor da FGV-SP.
"No casoMauricio Macri, porém, me parece mais (uma aproximação) pela agenda liberal econômicaambos. Mas o governo tentou jogar o peso brasileiro no resultado da eleição argentina, algo que é visto com muita reticência na prática diplomática. Temos um comércio significativo com a Argentina e (questões de) integração regional. Se somos influentes lá, o contrário também vale para (o peso) deles aqui."
Para Elaini da Silva, professora do cursoRelações Internacionais da PUC-SP, mais do que uma política externa personalista, trata-seuma aparente tentativa do governo brasileiroagradar a própria base eleitoral conservadora e religiosa - por exemplo com a aproximaçãoIsrael.
"Com Salvini e Netanyahu, não me parece ser um vínculo pessoal, mas sim a tomadadecisões para alinhar o Brasil a parceiros não por um projetopaís, masbases eleitorais", opina.
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