Por que massacres no Texas ebet fair bbbOhio podem levar EUA a revisar leisbet fair bbbarmas:bet fair bbb

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Legenda da foto, Desde 2012, tragédias envolvendo armasbet fair bbbfogo não chegaram a se traduzirbet fair bbbuma resposta política do Congresso americano. O que hábet fair bbbdiferente?

Nacionalismo branco

As causas apontadas para os ataques a tiros mais recentes nos EUA são várias,bet fair bbbjuventude rebelde nos casos envolvendo escolasbet fair bbbParkland, na Flórida, ebet fair bbbSanta Fe, no Texas, e distúrbios mentais, no episódio do ataque a um jornalbet fair bbbAnnapolis, Maryland, a frustrações ligadas ao trabalho (caso do massacrebet fair bbbVirginia Beach) e brigas familiares, apontada como possível motivação para o massacrebet fair bbbuma igrejabet fair bbbSutherland Springs, no Texas.

O mais mortal desses incidentes, o tiroteiobet fair bbbuma casa noturnabet fair bbbLas Vegasbet fair bbb2017, que deixou 58 mortos, ainda não tem uma motivação concreta clara.

No caso deste fimbet fair bbbsemana, entretanto, todas as evidências indicam que o massacrebet fair bbbEl Paso foi uma ação premeditada e alimentada pela retórica do nacionalismo branco que tem ganhado cada vez mais destaque na política americana.

E, nesse sentido, ele se aproxima tanto do ataque a tiros a uma sinagogabet fair bbbPittsburgh no último mêsbet fair bbboutubro, que provocou discussões sobre o aumento do antissemitismo nos EUA, quanto dos episódiosbet fair bbbviolênciabet fair bbbuma marchabet fair bbbsupremacistas brancosbet fair bbbCharlottesvillebet fair bbb2017, uma demonstração chocantebet fair bbbforça desse movimento.

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Legenda da foto, Supremacistas brancosbet fair bbbmarcha realizadabet fair bbbCharlottesvillebet fair bbb2017: após condenar os atos, presidente recuou e disse que culpa era 'dos dois lados'

Ainda que a autoria do manifesto racista postado na internet pouco antes dos ataques e atribuída ao suspeitobet fair bbbser o atirador, Patrick Crusius, ainda tenha que ser confirmada, alguns fatos importantes sobre o caso devem ser levadosbet fair bbbconsideração.

O atirador não realizou o ataque embet fair bbbcidade natal - mas dirigiu por pelo menos oito horas, do norte do Estado do Texas à cidade que está a poucos quilômetros da fronteira com o México, e abriu fogobet fair bbbuma área sabidamente frequentada por hispânicos.

Por essa razão, as autoridades locais estão caracterizando o caso como um episódiobet fair bbb"terrorismo doméstico".

Isso coloca o incidente no centro do atual debate nos EUA sobre imigração, segurançabet fair bbbfronteiras e identidade nacional. Os americanos costumavam se perguntar o que levavam jovensbet fair bbboutras partes do mundo a se envolverembet fair bbbatosbet fair bbbviolência política contra inocentes. Agora veem o fenômeno acontecer no próprio país.

A natureza do ataquebet fair bbbEl Paso pode desencadear uma reflexão sobre a ameaça doméstica representada por grupos nacionalistas brancos e sobre caminhos para frear o avanço desses movimentos - inclusive medidasbet fair bbbcontrolebet fair bbbvenda e compra ebet fair bbbposse e portebet fair bbbarmas.

Desta vez, alémbet fair bbbmanifestaçõesbet fair bbbpolíticos do Partido Democrata, vozes mais conservadoras também protagonizaram as críticas.

Senador pelo Texas, Ted Cruz, que concorreu contra Trump nas prévias republicanas das eleições presidenciaisbet fair bbb2016, condenou a "intolerância contra os hispânicos" do atirador e chamou o episódiobet fair bbb"um ato hediondobet fair bbbterrorismo e supremacia branca".

O comissário do Escritório Geralbet fair bbbTerras do Texas, George P Bush, filho do também pré-candidato republicano à presidênciabet fair bbb2016 Jeb Bush, publicou uma declaração afirmando que "terroristas brancos" são "ameaça real e atual".

Se a ideiabet fair bbbque o nacionalismo branco representa uma ameaça se tornar consenso, a questão passará a ser como confrontá-lo.

O barrilbet fair bbbpólvora da corrida presidencial

Assim como no caso do massacre na sinagogabet fair bbbPittsburgh, políticosbet fair bbboposição voltaram a criticar Trump e outros republicanos com cargos no governo por empregarem uma retórica que incentivaria nacionalistas brancos a cometerem atosbet fair bbbviolência.

O presidente americano repetidamente caracteriza os imigrantes ilegais como "uma invasão" e já chegou a dizer que a imigração na Europa estaria mudando o "estrutura" do continente - e "nãobet fair bbbuma maneira positiva".

Em um comício na Flóridabet fair bbbmaio, uma pessoa na plateia gritou "atira neles!" quando Trump perguntava como eles poderiam frear a imigração ilegal. Ele respondeu ao comentário com uma piada.

Cercabet fair bbbum mês atrás, o senador pelo Texas John Cornyn tuitou que seu Estado estaria recebendo "nove habitantes hispânicos para cada novo habitante branco".

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Legenda da foto, Trumpbet fair bbbum comício na Carolina do Nortebet fair bbbjulho: disputa eleitoral pode colocar controlebet fair bbbarmas no centro do debate

As críticas à resposta do Partido Republicano - ou falta dela - aos massacres não são novidade. A diferença desta vez é que elas estão sendo amplificadas pelas primárias do Partido Democrata.

A eleição do candidato democrata à presidência não acontecerá pelo menos nos próximos seis meses, mas a disputa já começou e os debates estão a todo vapor.

Maisbet fair bbb20 postulantes a cabeçabet fair bbbchapa têm, portanto, um incentivo para se diferenciar dos concorrentes com uma postura agressivabet fair bbbrelação à demanda por mudanças nas leisbet fair bbbcontrole às armas e na condenação veemente ao que veem como uma retórica racista incendiária.

Beto O'Rourke, nascidobet fair bbbEl Paso, atribuiu ao presidente parte da culpa pela tragédia embet fair bbbcidade natal. Pete Buttigieg, prefeitobet fair bbbSouth Bend, no Estadobet fair bbbIndiana, culpou a ideologiabet fair bbbum terrorismo nacionalista branco que tem sido "tolerada nos níveis mais altos do nosso governo".

Praticamente todos os candidatos se manifestaram com algum tipobet fair bbbclamor por um maior controlebet fair bbbarmas no país.

O senador por Nova Jersey Cory Booker, que propôs a criaçãobet fair bbbuma lei que obrigue os proprietáriosbet fair bbbarmas a terem licença, disse que os americanos "têm o podembet fair bbbfrear isso" - mas que as soluções têm sido barradas "por políticos covardes e lobistas da indústria das armas".

No debate entre os pré-candidatos democratas na última semanabet fair bbbDetroit, essa questão foi tocada apenasbet fair bbbforma superficial.

A comoção com os massacres deste fimbet fair bbbsemana, entretanto, e a ligação que muitos dos políticosbet fair bbboposição fizeram entre os episódios e o comportamento do presidente devem trazer o temabet fair bbbvolta aos holofotes, assim como a discussão sobre medidas para evitar que novas tragédias aconteçam.

Um passo mais perto no Congresso

Logo após o massacrebet fair bbbuma escolabet fair bbbNewtownbet fair bbb2012, o Congresso estudou instituir uma sériebet fair bbbmedidas para endurecer o controlebet fair bbbarmas do país, entre elas a ampliação da checagembet fair bbbantecedentes criminais dos compradoresbet fair bbbarmas.

Apesarbet fair bbba medida ter sido apoiada pelos partidos Democrata e Republicano no Senado, uma minoria conseguiu bloquear a tramitação por meiobet fair bbbprocedimentos regimentais. O texto não chegou nem a ser apreciado pela Câmarabet fair bbbDeputados, então controlada pelos republicanos.

Essa dinâmica, pelo menosbet fair bbbuma das Casas do Congresso, hoje é diferente.

Quando os democratas reassumiram o controle da Câmarabet fair bbbjaneiro deste ano, não demorou para que conseguissem aprovar medidas parecidas com a propostabet fair bbb2013 - a primeira vezbet fair bbb25 anos que a Casa votou a favorbet fair bbbleis mais abrangentes para instituir maior controle sobre o mercadobet fair bbbarmasbet fair bbbfogo.

Após os massacresbet fair bbbEl Paso e Dayton, aumenta a pressão para que a proposta passe também pelo Senado, controlado pelos republicanos - algo que, até agora, o senador Mitch McConnell, líder da maioria, se recusava a apoiar.

Ele pode conseguir resistir à pressão. E, mesmo que a medida seja colocadabet fair bbbvotação, a norma regimental permite que um grupobet fair bbbapenas 41 republicanos (a casa conta com 100 senadores) bloqueie a tramitação.

Por outro lado, vários dos senadores que apoiaram a medida bipartidáriabet fair bbb2013 ainda têm cargo eletivo. Com uma proposta concreta sobre a mesa da Casa, o Senado é o passo final para que a medida chegue à mesa do presidente, não o primeiro.

NRA mais fraca

Em 2012, a Associação Nacionalbet fair bbbRifles (NRA, na siglabet fair bbbinglês) estava no augebet fair bbbseu poder e influência na política americana. Em décadasbet fair bbbatuação, o grupo - que representa tanto os proprietáriosbet fair bbbarmas como a indústriabet fair bbbarmamento - transformou a ideia do direito às armas para muitos americanosbet fair bbbum símbolo do país.

Muitos democratas viam a questão na época como algo que poderia lhes custar muitos votos - atribuindo inclusive parte da derrotabet fair bbbAl Gore nas acirradas eleições do ano 2000 ao tema delicado.

Em várias regiões dos EUA, um candidato que tivesse a NRA como inimiga podia ter como certo que a campanha do rival receberia milhões da organização, enquanto abet fair bbbseria alvobet fair bbbuma oposição ferrenha.

Mesmo depois do massacrebet fair bbbNewtown, a tendência na legislação aprovadabet fair bbbdiversos Estados erabet fair bbbmaior liberdade para os donosbet fair bbbarmas - como o direito ao porte oculto, que permite que qualquer cidadão carregue uma armabet fair bbblocal público, ainda que ela não esteja visível.

Em 2016, o apoio dado pela NRA a Trump logo no início da campanha, considerada na época uma aposta arriscada, foi recompensada com a vitória do empresário.

Mais recentemente, entretanto, a associação vem enfrentando uma sériebet fair bbbadversidades. A redução do númerobet fair bbbnovos membros e das contribuições fizeram a receita encolherbet fair bbbUS$ 56 milhõesbet fair bbb2017.

Sua imagem tem sido arranhada por uma disputabet fair bbbpoder que chegou aos tribunais com denúnciasbet fair bbbcorrupçãobet fair bbbNova York e Washington.

Seu poder econômico antes considerado decisivobet fair bbbeleições, porbet fair bbbvez, também começa a ser questionado. Nas eleições legislativasbet fair bbb2018, o volumebet fair bbbdoações feitas pelo grupo foi ultrapassado pelas contribuiçõesbet fair bbbgrupos pró-controlebet fair bbbarmas apoiados por personalidades como o ex-prefeitobet fair bbbNova York Michael Bloomberg.

Muitos políticos que têm como bandeira o controlebet fair bbbarmas, como a deputada pela Georgia Lucy McBath, venceram disputas acirradas.

O NRAbet fair bbbhoje não é o mesmo que conseguiu bloquear o avanço das medidas que ampliavam a checagembet fair bbbantecedentes criminais dos donosbet fair bbbarmas mesmo depois do massacrebet fair bbbNewtown.

A organização ainda tem força, mas as rachadurasbet fair bbbseu alicerce são visíveis.

Obstáculos antigos

Ainda há, entretanto, uma sériebet fair bbbfatores que podem fazer com que o cenário da legislaçãobet fair bbbarmas no EUA permaneça inalterado mesmo depois dos massacresbet fair bbbEl Paso e Dayton.

As obstruções do Senado à tramitaçãobet fair bbbmedidasbet fair bbbrestrição podem ser decisivas nesse sentido. A Casa estábet fair bbbrecesso até setembro e, se o passado serve como parâmetro, a intensidade do clamor popular tende a diminuir à medida que as tragédias vão sendo apagadas na memória.

O apoio do presidente - e mesmobet fair bbbassinatura para promulgaçãobet fair bbbnovas medidas - também não é garantido.

Depois do ataque a tirosbet fair bbbuma escolabet fair bbbParkland, na Flórida, Trump demonstrou maior inclinação para apoiar uma legislaçãobet fair bbbmaior controle a armas, declarando inclusive ser a favorbet fair bbbuma checagembet fair bbbantecedentes criminais detalhada apesar da oposição da NRA.

Após se reunir com líderes da organização, entretanto, o presidente rapidamente recuou, afirmando na convenção anual do grupo que os direitos a armas garantidos pela Segunda Emenda estariam "sob cerco", mas que ele sempre as defenderia como presidente.

Apesarbet fair bbbTrump ter tuitado condenando o ataquebet fair bbbEl Paso como um "ato odioso", ele será pressionado para ir além e se manifestar sobre o nacionalismo branco. O fatobet fair bbbdemocratas o estarem acusandobet fair bbbcontribuir ao ambiente retórico que encoraja atosbet fair bbbviolência pode desincentivar o presidente a tomar medidas mais concretas.

Ele poderia ver algo nesse sentido como uma possível admissãobet fair bbbresponsabilidade ou culpa - algo que ele tem se mostrado relutantebet fair bbbfazer.

Nesse caso, a situação atual poderia acabar como uma espéciebet fair bbbreprise da resposta presidencial à violência protagonizadabet fair bbbCharlottesvillebet fair bbb2017 por supremacistas brancos - após condenar as açõesbet fair bbbsimpatizantes do neonazismo, Trump declaroubet fair bbbuma coletivabet fair bbbimprensa que a culpa era "dos dois lados".

Quanto mais candidatos democratas como O'Rourke acusarem o presidente, maior a probabilidadebet fair bbbque ele retruque e coloque lenha na fogueira - um ambiente pouco fértil para uma solução bipartidária no Congresso.