O Crimebig win betAlcácer: o casobig win betestupro e assassinatobig win bet3 jovens que marcou a Espanha e virou série da Netflix:big win bet
Os corpos mostravam sinaisbig win betagressão sexual e tortura.
O caso voltou aos holofotes após a estreia,big win bet14big win betjunho, da série do Netflix Crimebig win betAlcácer. O documentário, divididobig win betcinco partes, analisa o processobig win betinvestigação, as diferentes teorias que surgiram e o papel da imprensa na cobertura do episódio.
Um evento midiático
O Crimebig win betAlcácer foi um dos mais midiáticos na história da Espanha.
Desde o primeiro momento, se estabeleceu uma forte concorrência entre os meiosbig win betcomunicação, no intuitobig win betobter o máximobig win betdetalhes sobre as jovens e suas famílias.
As equipesbig win betfilmagem se deslocaram para Alcácer, uma cidadebig win betapenas 8 mil habitantes, para entrevistar os pais, parentes e amigos das adolescentes.
A imprensa anunciou a descoberta dos três corpos antes mesmobig win betalguns membros das famílias terem sido notificados. A mãebig win betMiriam Garcia, por exemplo, ficou sabendo pela televisão que o corpo da filha tinha sido encontrado.
"Na ausênciabig win betdados sobre o ocorrido, o furo era focar no sofrimento", explica a cientista política Nerea Barjola no livro Microfísica Sexista del Poder: el Caso Alcàsser y la Construcción del Terror Sexual (Microfísica Sexistabig win betPoder: o Caso Alcácer e a Construção do Terror Sexual,big win bettradução livre).
"Primeiro, mostravam a dor, a indignação, a vingança... depois, não há mais como voltar atrás: as meninas são públicas,big win betdor é pública, suas vidas, suas vozes são públicas,big win bethistória é pública. E, sobretudo, seu corpo é público", escreveu a autora.
Terror sexual
"Abordei esse tema porque estava interessadabig win betinvestigar como as representações sobre o perigo sexual determinam e coagem o comportamento das mulheres", diz Barjola à BBC News Mundo, serviçobig win betespanhol da BBC.
"Comecei a pensar, então, sobre as representações que me colocarambig win betcontato com o terror sexual pela primeira vez, isto é, com o medobig win betque algo pode acontecer com você porque você é mulher."
"Foi quando eu pensei no casobig win betAlcácer."
De acordo com Barjola, a história contada pela imprensa focou nas ações dos adolescentes.
"Na época, se falava muito que elas tinham pedido carona", explica. "Praticamente toda a narrativa giravabig win bettorno disso,big win betque se elas não tivessem pedido carona, nada disso teria acontecido", acrescenta.
"E por extensão, esse é um aviso para o resto das mulheres. Determinaram diretrizesbig win betcomportamento e limites que não poderíamos ultrapassar. E se a gente ultrapassasse, ao andar livremente na rua ou pegar uma carona, que era uma forma segura na épocabig win betse deslocarbig win betum lugar para outro, poderia acontecer o que aconteceu com elas."
"A mídia nos convidou a reformular nosso comportamento,big win betvezbig win betcolocar o foco do debate no sistema machistabig win betque vivemos e que permite aos homens ter esse privilégio sobre nossos corpos e nossas vidas", argumenta Barjola.
Exploração da dor
Alcácer se tornou praticamente um grande estúdiobig win bettelevisãobig win betque jornalistas e comentaristas falavam sem pudor sobre o estado dos corpos e as condiçõesbig win betque haviam sido encontrados.
Imagens e depoimentos dolorosos foram retransmitidos sem qualquer tipobig win betética - como a entrevista que uma apresentadora fez com o vice-prefeito da cidade apenas um dia após os corpos terem sido encontrados.
"Eu gostariabig win betsaber, sei que é muito difícil e na frentebig win bettantas pessoas que estão aqui hoje à noite, é muito difícil... você poderia me dizer se,big win betacordo com os resultados da autópsia, os corpos foram agredidos e violentados?", perguntou a apresentadora do programa que estava sendo transmitido ao vivo do auditório principal da cidade com todos os familiares das vítimas presentes.
Os apicultores que encontraram os corpos também foram convidados a falar no estúdiobig win bettelevisão, respondendo a perguntas sobre o estado dos cadáveres na presença das famílias das adolescentes.
"Ambos os homens, visivelmente afetados, ainda mais na presença das famílias das adolescentes, responderam às perguntas como podiam. A declaração é apresentada na tela coberta pela imagem da mãebig win betuma das jovens abraçada à fotografia da filha, amparada pelo marido, enquanto desmorona com o relato dos apicultores", escreve Barjolabig win betseu livro.
"A declaração dos apicultores é um sofrimento gratuito que não esclareceu o que aconteceu, pelo contrário. A semente do entretenimento estava sendo plantada, baseada na agressão e na tortura sexual das mulheres", diz a cientista política.
Como consequência dessa cobertura, o público teve acesso a dados e imagens muito precisos sobre a agonia sofrida pelas adolescentes.
Um terror persistente
Miguel Ricart, único réu do caso, foi condenado a 170 anosbig win betprisão. Mas há quatro anos, foi libertado.
Outro suspeitobig win betenvolvimento no crime, Antonio Anglés, fugiu quando ia ser preso - e continua foragido.
Mas o relatobig win betterror sexual não terminoubig win betAlcácer.
"Todas nós fomos criadas com algum caso Alcácer", explica a jornalista Noemi López Trujillo, especializadabig win betquestõesbig win betgênero, à BBC News Mundo.
"Após o caso das meninasbig win betAlcácer, houve obig win betRocío Wanninkhof, que saiu à noite para ir a uma feira e desapareceubig win bet1999;big win betMarta del Castillo, que saiu para passear e nunca mais voltou para casa;big win betDiana Quer, que sumiu após sairbig win betuma festa...", enumera.
"A mensagem que está sendo enviada para nós é que nossos corpos são públicos, não apenas no momento do estupro ou assassinato, mas depois, porque nossos corpos serão expostos o tempo todo na mídia, com manchetes como 'Assim encontraram os corpos das meninasbig win betAlcácer', informando quantas vezes violentaram esses corpos, quantas vezes foram esfaqueados, se sofreram ou não sofreram."
"Esse tipobig win betcobertura acontece o tempo todo na imprensa, está presente o tempo todo, e tudo isso alimenta o nosso medo", explica a jornalista.
Barjola diz que, após o caso Alcácer, a tendência dos meiosbig win betcomunicação continua sendo abig win betconstruir narrativas que especifiquem certos detalhes capazesbig win betproduzir terror sexual.
"E é assim que as mulheres reformulam suas atitudes, que nos negamos espaços, desejos e práticas", diz a cientista política.
"A maneirabig win betdifundir o terror sexual é por meiobig win bethistórias. E todas as histórias determinam padrõesbig win betcomportamento."
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