Como a China 'apagou da memória' o Massacre da Praça da Paz Celestial, que completa 30 anos:spaceman aposta pixbet

Legenda do vídeo, O que aconteceu na Praça da Paz Celestial há exatos 30 anos

O simples atospaceman aposta pixbetcompartilhar imagens no Twitter pode resultarspaceman aposta pixbetcadeia - mesmo que a maioria dos usuáriosspaceman aposta pixbetinternet na China não tenha acesso à plataforma.

Em raro pronunciamento sobre o massacre, o ministro da Defesa, Wei Fenghe, afirmou no domingo que a repressão aos protestos na praça chinesa, que completa 30 anos, foi a "política correta".

"Este incidente foi uma turbulência política, e o governo central adotou medidas para deter as turbulências, o que é uma política correta", afirmou o general durante um fórum regionalspaceman aposta pixbetCingapura.

A repressão aos protestos pró-democracia liderados por estudantes deixou milharesspaceman aposta pixbetmortos - até hoje não se sabe o número exatospaceman aposta pixbetvítimas.

Vigiando o cemitério

Há alguns meses, no dia nacional da limpeza dos túmulos - tradicional festival chinês que reverencia os mortos -, a BBC organizou um encontro com a mãespaceman aposta pixbetWang Nan, jovem baleado na cabeça na Praça da Paz Celestial logo depois que as tropas avançaram pela cidade.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Zhang Xianling mostra a jornalistasspaceman aposta pixbet2014 uma foto do filho, vítima da repressão aos protestos

Como faz todos os anos, Zhang Xianling,spaceman aposta pixbet81 anos, planejava levar flores ao cemitério próximo ao Paláciospaceman aposta pixbetVerãospaceman aposta pixbetPequim, onde as cinzasspaceman aposta pixbetWang Nan, que tinha 19 anos, estão enterradas.

Mas ao chegar, nos deparamos com o cemitério repletospaceman aposta pixbetseguranças vigiando a lápide da família.

Fomos interrogados por policiais uniformizados que verificaram nossos passaportes, credenciaisspaceman aposta pixbetimprensa e anotaram nossos dados.

Uma escolta policial acompanhou Zhang, porspaceman aposta pixbetvez, até o cemitério para mantê-la longe dos jornalistas.

O arquivo da BBC contém um extenso registro dos eventos que ocorreram na Praça da Paz Celestial.

As imagensspaceman aposta pixbetvídeo mostram os soldados avançando, apontando suas armas para a multidão na frentespaceman aposta pixbetveículosspaceman aposta pixbetchamas.

Capturam ainda o pânico dos manifestantes que se esforçam para carregar a pé ouspaceman aposta pixbetbicicleta corpos ensanguentados para o hospital.

Legenda da foto, Nesta lápide foram sepultados os restos mortais do marido e do filhospaceman aposta pixbetZhang

'Imploraram que parassemspaceman aposta pixbetatirar'

Em plena luz do dia,spaceman aposta pixbet4spaceman aposta pixbetjunhospaceman aposta pixbet1989, ainda era possível ouvir disparos esporádicos pela cidade, quando Margaret Holt, uma turista britânica visivelmente abalada, se viu inadvertidamentespaceman aposta pixbetmeio a um dos momentos históricos mais marcantes do século passado.

"Um soldado estava atirando indiscriminadamentespaceman aposta pixbetdireção à multidão. Três jovens estudantes se ajoelharam na frente dele e imploraram que parassespaceman aposta pixbetatirar", relembra.

"E ele as matou."

"Um idoso levantou a mão porque queria atravessar a rua, e ele atirou nele."

"Quando as balas da pistola acabaram e ele tentou recarregar a arma, a multidão o cercou e enforcouspaceman aposta pixbetuma árvore", conta.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O Partido Comunista se dividiuspaceman aposta pixbetrelação a como deveria responder às manifestações

A descrição da cena leva apenas 24 segundos.

Mas essa mesma brevidade ressalta a brutalidade da força usada para dispersar um protesto pacífico e a indignação dos manifestantes reprimidos.

Também indica por que, até hoje, as autoridades se esforçam tanto para enterrar qualquer discussão sobre o que aconteceu.

Ventosspaceman aposta pixbetmudança

Os protestos que abalaram Pequim e dezenasspaceman aposta pixbetoutras cidades na primavera e no verãospaceman aposta pixbet1989 foram desencadeados após a morte,spaceman aposta pixbetabril, do líder marginalizado do Partido Comunista Hu Yaobang, defensor do liberalismo econômico e político.

Uma demonstração espontâneaspaceman aposta pixbetluto público, liderada por estudantes, se transformou rapidamentespaceman aposta pixbetgrandes manifestações que tomaram as ruas, exigindo quespaceman aposta pixbetreputação fosse reabilitada e que seu legado fosse honrado com reformas democráticas pela liberdadespaceman aposta pixbetimprensa e o fim da corrupção no governo.

Em Pequim, a Praça da Paz Celestial, no coração político da capital, chegou a reunir até um milhãospaceman aposta pixbetpessoas, com uma profusãospaceman aposta pixbetbandeiras, cartazes e barracas.

Com os ventosspaceman aposta pixbetmudança que sopravam sobre a Europa Oriental, o então presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, chegou a Pequimspaceman aposta pixbetmeadosspaceman aposta pixbetmaio para participar da primeira cúpula entre os dois paísesspaceman aposta pixbet30 anos.

Para os líderes chineses, assim como para aqueles que protestavam, o país parecia estar à beiraspaceman aposta pixbetum momento histórico, e o Partido Comunista chinês estava dividido sobre qual seria a melhor maneiraspaceman aposta pixbetreagir.

A ala mais radical, que defendia uma reação dura, acabou vencendo.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Alguns manifestantes tentaram incendiar os tanques que invadiram a praça

Na noitespaceman aposta pixbet3spaceman aposta pixbetjunho e na manhã seguinte, a praça foi alvospaceman aposta pixbetuma ofensiva militarspaceman aposta pixbetlarga escala, com tanques e soldados avançando e disparandospaceman aposta pixbetdireção à multidão.

Alguns manifestantes contra-atacaram incendiando veículos blindados com coquetéis Molotov.

Até hoje, a censura e a ausênciaspaceman aposta pixbetqualquer relatório oficial tornam impossível saber quantas pessoas morreram naquela madrugada.

Relatosspaceman aposta pixbetjornalistas estrangeiros que presenciaram o massacre indicam que houvespaceman aposta pixbet2 mil a 3 mil mortes.

Um telegrama diplomático, redigido no calor do momento, estima um número muito mais alto - cercaspaceman aposta pixbet10 mil.

Durante o episódio, a forçaspaceman aposta pixbetdefesa nacional assumiu o papelspaceman aposta pixbetexército invasor emspaceman aposta pixbetprópria capital - um divisorspaceman aposta pixbetáguas que continua, tacitamente, definindo a China hoje.

O 'homem do tanque'

Talvez nada ilustre mais a eficáciaspaceman aposta pixbet30 anosspaceman aposta pixbetcensura chinesa do que o "homem do tanque".

Em 5spaceman aposta pixbetjunho, um dia após o massacre, vários tanques foram vistos deixando a Praça da Paz Celestial.

Imagens registradasspaceman aposta pixbetvídeo mostram um manifestante solitário diantespaceman aposta pixbetuma colunaspaceman aposta pixbettanques, se movendo para os lados cada vez que os veículos militares tentavam ultrapassá-lo.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, A imagem do 'homem do tanque', também conhecido como 'rebelde desconhecido', virou ícone do massacre na Praça da Paz Celestialspaceman aposta pixbet1989

Em determinado momento, o homem - vestido com uma camisa branca, calça preta e segurando duas sacolasspaceman aposta pixbetcompras - sobe no tanque da frentespaceman aposta pixbetprotesto.

Para o resto do mundo, esta imagem icônica, que mescla a repressão autoritária ao incansável espírito desafiador, define o que aconteceu na Praça da Paz Celestial.

O "homem do tanque" não foi baleado, tampouco atropelado, mas foi levado para um destino desconhecido até hoje.

Na China, no entanto, esta cena foi "apagada" do consciente coletivo. A BBC foi às ruas perguntar aos chineses se eles conheciam essa imagem, e 80% dos entrevistados responderam que não.

Muitos parecem ter sido sinceros, mas outros aparentavam simplesmente estar com medospaceman aposta pixbetadmitir que sabiam do que se tratava.

Crime

Atualmente, a Praça da Paz Celestial parece praticamente a mesma das imagensspaceman aposta pixbet1989.

Mas a China, como país, mudou bastante nas últimas três décadas.

Legenda da foto, O dissidente Bao Tong acredita que a China deveria permitir que as pessoas discutam o que aconteceuspaceman aposta pixbet1989

À medida que se torna mais rica e poderosa, a nação parece contestar a profusãospaceman aposta pixbetreportagens - incluindo esta - que insistemspaceman aposta pixbetdizer que um capítulo sombrio do seu passado ainda é importante.

Bao Tong é um ex-funcionário públicospaceman aposta pixbetalto escalão que estava na primeira fileira das manifestações políticasspaceman aposta pixbet1989.

É um dos dissidentes mais conhecidos da China atualmente, após cumprir uma penaspaceman aposta pixbetsete anosspaceman aposta pixbetprisão solitária por apoiar os manifestantes na Praça da Paz Celestial.

"O que me preocupa", diz ele, "é que nos últimos 30 anos todos os líderes chineses se mostraram dispostos a defender o crimespaceman aposta pixbet4spaceman aposta pixbetjunho."

"Eles veem isso como uma lição valiosa, como um truquespaceman aposta pixbetmágica por trás da ascensão da nação. Consideram benéfico", acrescenta Bao, se referindo à ideiaspaceman aposta pixbetque a China devespaceman aposta pixbetatual prosperidade à repressão.

"O Partido Comunista da China deve permitir que as pessoas discutam: vítimas, testemunhas, estrangeiros, jornalistas que estavam presentes. Deve permitir que todos digam o que sabem para descobrir a verdade."

Para mostrar comospaceman aposta pixbetesperança parece ser vã, Bao - que é vigiado e seguido constantemente - foi advertido a não conceder mais entrevistas para imprensa estrangeira depoisspaceman aposta pixbetfalar com a BBC.

Crédito, AFP

Legenda da foto, Apesar da esperançaspaceman aposta pixbetmudança, os protestos podem ter adiado a chancespaceman aposta pixbethaver reformas políticas na China por uma geração ou mais

Mas ele tem certezaspaceman aposta pixbetque, se as demandas dos manifestantes tivessem sido ouvidas anos atrás, o futuro da China não seria apenas próspero, mas também mais justo e equilibrado.

"Vejo uma China sem uma grande 'muralha' na internet, sem uma classe privilegiada, com menos bilionários, onde ao menos os trabalhadores migrantes pobres poderiam viver livremente sem serem expulsos das grandes cidades. E uma China que não precisa roubar tecnologia estrangeira", acrescenta.

Poder a todo custo

A ironia dos protestos da Praça da Paz Celestial é que, apesar do sentimentospaceman aposta pixbetesperança, quando muitos acreditavam que a mudança realmente havia chegado, eles podem ter adiado a chancespaceman aposta pixbethaver reformas políticas na China por uma geração ou mais.

Provavelmente, os estudantes teriam sido maus líderes, com suas próprias tendências autocráticas (como deixa claro o documentário Entrada Para A Paz Celestial,spaceman aposta pixbetRichard Gordon e Carma Hinton).

Crédito, AFP

Legenda da foto, Estudantes fizeram grevespaceman aposta pixbetfome na Praça da Paz Celestialspaceman aposta pixbetmaiospaceman aposta pixbet1989

Mas o Partido Comunista viu que mesmo as demandas mais limitadas por um Estadospaceman aposta pixbetdireito e maior participação democrática significariam o fimspaceman aposta pixbetseu monopólio absoluto do poder.

Se os protestos nunca tivessem ocorrido, se os principais reformistas não tivessem sido silenciados ou presos, a China poderia ter seguido o caminhospaceman aposta pixbetoutras nações asiáticas, como Taiwan e Coreia do Sul, que já haviam começado gradualmente a se afastar do autoritarismo?

Na China, nenhum acertospaceman aposta pixbetcontas com o passado é possível: a geração mais antiga não tem permissão para recordar, enquanto a nova geração nem sequer é autorizada a saber o que aconteceu.

Em vez disso, a decisão tomada é a que se mantém firme até hoje. O partido se manteria no poder a todo custo, e nunca mais permitiria a um movimento popular tentar enfraquecer seu domínio.

Trinta anos depois, o grande esforço para "esquecer" segue forte como nunca.

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