Bolsonaro visita Chile, primeiro a romper com ondacaça níqueesquerda na América Latina:caça níque

Ilustração mostra mapa da América do Sul com diferentes cores e elementos gráficos

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Sebastián Piñera, que receberá Jair Bolsonarocaça níqueSantiago, simboliza iníciocaça níqueguinada regional à direita

Depois da vitóriacaça níque2010, Piñera (pronuncia-se "pinhêra") permaneceu no poder até 2014, quando foi substituído por Michelle Bachelet. Ele voltou ao paláciocaça níqueLa Moneda no ano passado.

Após o êxito inicialcaça níquePiñeracaça níque2010, uma sériecaça níquemandatárioscaça níquedireita tingiu o mapa latino-americanocaça níqueazul: Mauricio Macri na Argentina (2015); Michel Temer no Brasil, após o impeachment da petista Dilma Rousseff (2016); Lenin Moreno no Equador (2017); Martin Vizcarra no Peru (2018); Ivan Duque na Colômbia (2018); e Mario Abdo Benítez no Paraguai (2018).

Eleito com o apoio do esquerdista Rafael Corrêa no Equador, Lenin Moreno rompeu com seu antecessor e passou a governar com o apoiocaça níquepartidos direitistas.

O pai do atual presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, foi secretário pessoal do ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1954-1989). O ex-mandatário foi elogiado por Bolsonaro no fimcaça níquefevereiro deste ano,caça níqueum evento com Benítez.

Assim como Michel Temer (MDB), Martin Vizcarra era o vice-presidente do Peru: ele assumiu depois do titular Pedro Pablo Kuczynski, o PPK, renunciar na esteiracaça níqueum escândalocaça níquecorrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht. Todos os demais conquistaram seus mandatos nas urnas.

Sebastian Piñera caminhacaça níquepátio aberto

Crédito, EPA

Legenda da foto, Piñera estácaça níqueseu segundo mandato como presidente do Chile

A "onda"caça níquedireita sucede uma outra na América Latina,caça níquegovernoscaça níqueesquerda e centro-esquerda, iniciada no começo dos anos 2000. Fizeram parte do movimento os governos do PT no Brasil (2003-2016), os mandatos dos peronistas Eduardo Duhalde, Néstor e Cristina Kirchner na Argentina (2003-2015); Evo Morales na Bolívia (2006-presente); e os governoscaça níquecentro-esquerda do Peru que se sucederam após a quedacaça níqueAlberto Fujimori (2000caça níquediante), entre outros exemplos.

Carlos Gustavo Poggio é professor do cursocaça níqueRelações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap)caça níqueSão Paulo. Segundo ele, o conceitocaça níque"ondas"caça níqueesquerda ecaça níquedireita são usados na Ciência Política, mas nem por isso é correto igualar todos os chefescaça níqueEstado que chegam ao poder nesses movimentos. Por exemplo: ao contráriocaça níqueBolsonaro, Piñera é um político tradicional do Chile - e tem também posições mais moderadas que o presidente brasileiro.

"É um fenômeno complexo. Mas não deixacaça níqueser uma coisa relativamente comum. Se você pensar na história da América Latina, ela realmente parece seguir alguns padrões (de semelhança entre os países). Assim como estamos vivendo uma ondacaça níquedireita neste momento, podemos ter outracaça níqueesquerda ali adiante", disse ele à BBC News Brasil.

"Me parece que esta onda atual (da direita) vem na esteiracaça níquefracassos dos projetoscaça níqueesquerda na região. No Brasil, por exemplo, tivemos governos que apostaram numa estratégiacaça níquepopulismo macroeconômico (na época do PT), e que depois cobroucaça níquefatura", avalia ele.

Em outubro, o cientista político americano Anthony Pereira falou à BBC News Brasil sobre a perdacaça níquefôlego dos partidoscaça níqueesquerda na América Latina.

Para ele, a tendência - reforçada pela eleiçãocaça níqueBolsonaro - é acaça níqueque a vogacaça níquedireita e conservadora se mantenha na região. A ideologia no comando do Palácio do Planalto acaba ganhando força para influenciar o rumo da política nos demais países da região. Além disso, a afinidade ideológica com o Brasil pode favorecer ou atrapalhar os demais países que buscam acordos e parcerias com Brasília.

"Bolsonaro pode entrarcaça níquecontato com presidente do Chile e da Colômbia para tentar fortalecer a direita e formar uma nova direita, mais ideológica", disse Anthonycaça níqueoutubro, pouco antes da vitóriacaça níqueBolsonaro ser confirmada nas urnas. Ele é diretor do Brazil Institute da universidade King's College,caça níqueLondres, na Inglaterra.

O que Bolsonaro fará no Chile?

No fimcaça níqueoutubrocaça níque2018, logo depois das eleições, o hoje ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM) disse que a primeira viagem internacionalcaça níqueBolsonaro seria ao Chile - o que não acabou acontecendo.

"O Chile é uma grande referência latino-americana. Tem boa educação, gera tecnologia e hoje comercializa com todo mundo. Temos que ter a humildadecaça níqueolhar esse exemplo com atenção", disse Lorenzoni, que chamou o país andinocaça níque"farol da América Latina". Piñera foi um dos primeiros líderes internacionais a parabenizar Bolsonaro pela vitória, e o convidou a visitar o país.

Bolsonaro cumprimenta Piñera emcaça níqueposse, onde aparece com faixa presidencial

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Piñera compareceu à possecaça níqueBolsonaro; presidente do Chile já deu diversos sinaiscaça níqueafinidade com o brasileiro

A saídacaça níqueBolsonarocaça níqueBrasília está marcada para meio-dia desta quinta-feira (21) - ele deve chegar a Santiago por volta das 16h10. O primeiro compromisso é um jantar na residência oficial do embaixador brasileiro no Chile, Carlos Sérgio Duarte. Bolsonaro está completando 64 anoscaça níqueidade, deve comemorar a passagem na casa do embaixador. Antes da festa, o presidente deve fazer uma "live" no Facebook por volta das 19h.

Viajam com o presidente três ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores); Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), e Augusto Heleno (Gabinetecaça níqueSegurança Institucional, o GSI). Também estarão na viagem o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e Hélio "Bolsonaro" Lopes (PSL-RJ). Hélio é amigo pessoal do mandatário brasileiro.

Na sexta, Bolsonaro e Piñera participarãocaça níqueuma reunião com os presidentes mais cinco países da América Latina - todoscaça níquedireita ou centro-direita: Mauricio Macri (Argentina); Ivan Duque (Colômbia); Mario Abdo Benítez (Paraguai) e Martin Vizcarra (Peru).

Na reunião, esses líderes discutirão a possível criaçãocaça níqueum novo organismo internacional na América Latina, para substituir a Unasul (Uniãocaça níqueNações Sul-Americanas) - entidade considerada "de esquerda".

O novo organismo está sendo chamado informalmentecaça níque"Prosul" - mas não há mais detalhes até o momento.

Segundo o chanceler brasileiro Ernesto Araújo, foi justamente Piñera quem trouxe a ideiacaça níque"trocar" a Unasul. O ministro confirmou na quarta-feira (20) a saída do Brasil ecaça níqueoutros países do organismo. "Gostamos muito da ideia que o Chile vem conduzindo que é acaça níquesubstituir a Unasul, que é um organismo que não faz mais sentido, que foi criado e nasceu com víciocaça níqueorigem", disse Araújo.

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