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Coreia do Norte: As mulheres que fugiram do país, mas acabaram nas garras da indústria do sexo na China:bet ganha
Mira e Jiyun são "desertoras" da Coreia do Norte e,bet ganhaanos diferentes, foram enganadas por traficantes.
Após cruzar a fronteira da China, as mesmas pessoas que as ajudaram a fugir da Coreia do Norte as entregaram para uma quadrilha que produz vídeos sexuais ao vivo.
Durante oito anos, Jiyun ficou confinada num apartamento e foi forçada a trabalhar transmitindo ao vivo poses e atos pornográficos pela internet. Mira viveu o mesmo pesadelo pelos últimos cinco anos.
Deixar a Coreia do Norte sem permissão do regime é ilegal. E muitas pessoas arriscam a vida durante a fuga.
A Coreia do Sul é um refúgio seguro, mas a estreita fronteira com a Coreia do Norte é fortemente militarizada e repletabet ganhaminas, o que torna quase impossível uma fuga por lá.
Por isso, muitos desertores seguem para o norte e tentam entrar na China.
Mas, na China, quem foge da Coreia do Norte é considerado "imigrante ilegal" e enviadobet ganhavolta, se descoberto pelas autoridades. Uma vezbet ganhavolta ao país natal, os desertores são submetidos a tortura e interrogatóriosbet ganhapunição por "traírem a pátria".
Muitos desertores fugirambet ganhameados da décadabet ganha90, quando uma grande escassezbet ganhaalimentos conhecida como "A Árdua Caminhada" levou cercabet ganha1 milhãobet ganhapessoas à morte.
Mas desde que Kim Jong-un assumiu o poder na Coreia do Norte,bet ganha2011, o númerobet ganhapessoas que fogem do país a cada ano caiu para menos da metade. O declínio tem sido atribuído a reforços nos mecanismosbet ganhacontrole na fronteira e aos altos preços cobrados pelas quadrilhas que ajudam na fuga.
Mira desertou quando tinha 22 anos.
Nascida poucos anos após a crisebet ganhafome, ela faz partebet ganhauma nova geraçãobet ganhanorte-coreanos. Graças à crescente redebet ganhamercados negros, conhecidos localmente como Jangmadang, estes jovens têm acesso a DVDs, cosméticos e roupas falsificadasbet ganhaestilistas famosos, assim como pen drives com filmes ilegais.
Esse fluxobet ganhamateriais estrangeiros influencia alguns deles a desertar. Para eles, os filmes que entram no país via China são uma janela para o mundo e uma motivação para deixarem a Coreia do Norte.
"Eu gostava muito dos filmes chineses e pensava que todos os homens chineses eram daquele jeito. Eu queria me casar com um homem chinês e pesquisei formasbet ganhadeixar a Coreia do Norte por vários anos", diz Mira.
O pai dela, um ex-soldado e integrante do partido que governa a Coreia do Norte, era muito severo. Às vezes até batiabet ganhaMira.
A jovem queria estudar medicina, mas foi impedida pelo pai. Cada vez mais frustrada, sonhava com uma vida nova na China.
"Meu pai era um membro do partido e era sufocante. Ele não me deixava ver filmes estrangeiros. Eu tinha que acordar e dormir nos mesmos horários. Eu não queria aquela vida."
Por muitos anos, Mira tentou achar um "coiote" para ajudá-la a cruzar o rio Tumen e deixar o seu país. Mas as quadrilhas tinham medobet ganhaauxiliar a jovem na fuga por causa dos laços estreitos entre a família dela e o governo.
Finalmente, após anosbet ganhatentativas, Mira encontrou alguém que topou auxiliá-la. Como muitos desertores, a jovem não tinha dinheiro suficiente para pagar os coiotes diretamente. Por isso, concordoubet ganhaser "vendida" e trabalhar para pagar a dívida.
Ela achou que trabalharia num restaurante, mas acabou nas mãosbet ganhauma quadrilha que recruta mulheres da Coreia do Norte para abastecer a indústria sexual.
Após cruzar o rio Tumen e entrar na China, Mira foi levada à cidadebet ganhaYanji, onde foi entregue a um homem que lhe foi apresentado como "o diretor".
Yanji fica no coração da regiãobet ganhaYanbian, que mantém um certo nívelbet ganhaindependência do governo centralbet ganhaPequim.
Uma grande populaçãobet ganhapessoasbet ganhaorigem coreana vive lá, e o território se tornou áreabet ganhatrocas comerciais com a Coreia do Norte e um dos principais refúgios para fugitivos norte-coreanos.
A grande maioria dos desertores são mulheres. Mas, sem conseguir se legalizar na China, são particularmente vulneráveis à exploração. Algumas são vendidas como esposas, frequentementebet ganhaáreas rurais. Outras são forçadas a se prostituir ou, como Mira, a entrar na indústriabet ganhasexo via webcam ao vivo.
Ao chegarem ao apartamentobet ganhaYanji, "o diretor" finalmente revelou a Mira qual seria o novo trabalho dela.
O homem a apresentou a uma "mentora", com quem dividiria o quarto. Mira teria que assistir, aprender e praticar.
"Eu não conseguia acreditar. Era tão humilhante como mulher tirar a roupa assim na frentebet ganhaoutras pessoas. Quando caíbet ganhaprantos, eles me perguntaram se estava chorando porque sentia saudadesbet ganhacasa."
O sitebet ganhasexo por webcam, e a maioriabet ganhaseus usuários são sul-coreanos. Eles pagam por minuto, então as mulheres são incentivadas a manter a atenção do homem pelo maior tempo possível.
Sempre que Mira titubeava ou demonstrava medo, o diretor ameaçava mandá-labet ganhavolta à Coreia do Norte.
"Todos os meus parentes trabalham para o governo e eu levaria vergonha à minha família se retornasse. Prefiro desaparecer como fumaça ou morrer."
Havia cercabet ganhanove mulheres morando no apartamento. Quando a primeira colegabet ganhaquartobet ganhaMira fugiu com outra jovem, ela foi levada para ficar com outro grupobet ganhamulheres. Foi assim que conheceu Jiyun.
Ela chegava a dormir só quatro horas por noite para bater a meta diáriabet ganhaUS$ 177 (cercabet ganhaR$ 664). Estava desesperada para ganhar dinheiro para ajudar a família.
Às vezes, Jiyun consolava Mira, dizendo a ela para não se rebelar, mas sim negociar com o diretor.
"Primeiro, trabalhe duro", dizia Mira. "E se o diretor não te liberar, aí negocie com ele."
Jiyun diz que, durante os anosbet ganhaque ganhava mais dinheiro que as outras jovens, o diretor a tratava melhor que às demais.
"Eu achava que ele genuinamente se importava comigo. Mas nos diasbet ganhaque meu lucro caia, a expressão do rosto dele mudava."
O apartamento era vigiadobet ganhaperto pela família do diretor. Os pais dele dormiam na salabet ganhaestar e mantinham a portabet ganhaentrada trancada.
O diretor dava comida para as jovens e para o irmão dele, que morava por perto, e ia ao apartamento todos os dias para retirar o lixo.
"Era um confinamento completo. Pior até que uma prisão", diz Jiyun.
As jovens norte-coreanas saíam do apartamento uma vez a cada seis meses,bet ganhageral, ou uma vez por mês se lucrassem muito. Nesses momentos raros, faziam compras ou cortavam o cabelo. Mas não eram autorizadas a falar com ninguém.
"O diretor andava muito pertobet ganhanós, porque tinha medo que a gente fugisse", diz Mira. "Eu queria andar livremente, mas não podia. Não podíamos falar com ninguém nem na horabet ganhacomprar uma garrafa d'água. Eu me sentia uma estúpida."
O diretor nomeou uma das mulheres do apartamento como "gerente", e ela vigiava as demais quando ele não estava presente.
O diretor prometeu a Mira que a casaria com um homem bom se ela trabalhasse duro. A Jiun, prometeu que permitiria que ela entrassebet ganhacontato com a família.
Quando Jiyun pediu que a liberasse, ele falou que ela precisava ganhar US$ 53.200 para pagarbet ganha"dívida" pela viagem. Depois, falou que não poderia libertá-la porque não conseguia encontrar coiotes para ajudar no retorno dela para casa.
Mira e Jiyun nunca viram o dinheiro que ganharam com os vídeos. O diretor inicialmente disse, quando fossem liberadas, daria a elas 30% do que tivessem faturado. Mas Mira e Jiyun foram ficando mais e mais ansiosas à medida que percebiam que possivelmente nunca ganhariam a liberdade.
"Suicídio não é algo que eu normalmente pensariabet ganhacometer, mas eu tentei tomar uma overdosebet ganharemédios e pular da janela", diz Jiyun.
Os anos se passaram – cinco para Mira e oito para Jiyun.
Até que um cliente da webcam ao vivobet ganhaMira, que ela já conhecia havia três anos, se compadeceu da situação e decidiu ajudá-la. Ele a pôsbet ganhacontato com o pastor Chun Kiwon, que há 20 anos ajuda norte-coreanos a fugir do país.
O cliente também instalou, remotamente, um aplicativobet ganhamensagens no computadorbet ganhaMira, para que ela pudesse se comunicar com o pastor.
O pastor Chun Kiwon é bem conhecido entre desertores norte-coreanos. A TV estatal da Coreia do Norte frequentemente o ataca, chamando-obet ganha"sequestrador". Desde que fundou abet ganhaONG cristã Durihana,bet ganha1999, estima que tenha ajudado 1.200 pessoas a deixarem a Coreia do Nortebet ganhasegurança.
Ele recebe dois a três pedidosbet ganharesgate por mês, mas achou os casosbet ganhaMira e Jiyun particularmente perturbadores.
"Eu vi meninas que foram mantidas prisioneiras por até três anos. Mas nunca vi um casobet ganhaaprisionamento por todo esse tempo. Realmente ébet ganhapartir o coração."
Chun afirma que o tráficobet ganhamulheres desertoras se tornou mais organizado e que alguns guardasbet ganhafronteira norte-coreanos estão envolvidos.
O preço das mulheres pode variarbet ganhacentenas a milharesbet ganhadólares. Embora estatísticas oficiais sejam difíceisbet ganhaobter, as Nações Unidas manifestaram preocupação com altas taxasbet ganhatráficobet ganhamulheres norte-coreanas.
Por 16 anos consecutivos, o relatóriobet ganhatráfico do Departamentobet ganhaEstado dos Estados Unidos vem consistentemente classificando a Coreia do Norte entre os países com maior númerobet ganhacasosbet ganhatráfico humano no mundo.
Por um mês, Chun manteve contato com Mira e Jiyun através do sitebet ganhasexo pela webcam, fazendo-se passar por cliente. Dessa forma, as duas jovens podiam fingir que estavam trabalhando enquanto planejavam a fuga.
"Normalmente, desertores prisioneiros não têm noção dabet ganhalocalização porque são levados ao cativeirobet ganhaolhos vendados ou durante a noite. Felizmente, Mira e Jiyun sabiam onde estavambet ganhaYanji e podiam enxergar o letreirobet ganhaum hotel do ladobet ganhafora da janela", disse Chun.
Ao identificar a localização exata no Google Maps, o pastor conseguiu enviar um voluntário dabet ganhaorganização até Durihana para preparar a fuga.
Sair da China é perigoso para qualquer pessoa que tenha fugido da Coreia do Norte.
A maioria quer chegar a um terceiro país ou a uma embaixada sul-coreana, onde recebem asilo e passagens para a Coreia do Sul.
Mas viajar pela China sem documentobet ganhaidentidade é perigoso.
"No passado, desertores conseguiam dar um jeitobet ganhaviajar com um documento falso. Mas hojebet ganhadia, autoridades carregam aparelhos eletrônicos que podem verificar se uma identidade é verdadeira ou falsa", explica Chun.
Depoisbet ganhafugir do apartamento, Jiyun e Mira começaram a jornada para cruzar a China com a ajudabet ganhavoluntários da ONG Durihana.
Sem identidade, seria arriscado se registrarbet ganhahotéis ou albergues. Por isso, dormiambet ganhatrens ou passavam noitesbet ganhaclaro sentadasbet ganharestaurantes.
No último dia da viagem, após subirem uma montanha por cinco horas, finalmente cruzaram a fronteira e entraram num país vizinho à China. A rota e o país por onde deixaram a China não podem ser revelados.
Doze dias depoisbet ganhafugir do apartamento, Mira e Jiyun conheceram Chun pessoalmente pela primeira vez.
"Eu acho que só estarei totalmente à salva quando receber a cidadania sul-coreana. Mas só conhecer o pastor Chun já me fez sentir segura. Eu chorei diante da ideiabet ganhater encontrado a liberdade", diz Jiyun.
Juntos, eles viajarambet ganhacarro por mais 27 horas para a cidade sul-coreana mais próxima.
Chun diz que alguns norte-coreanos consideram a última parte da jornada particularmente difícil, já que eles não estão acostumados a viajarbet ganhacarro.
"Eles frequentemente ficam enjoados e às vezes desmaiam depoisbet ganhatanto vomitar. É uma estrada terrível, percorrida por aqueles que tentam escapar."
Pouco antesbet ganhachegar à embaixada, Jiyun sorri, nervosa, e diz que sente vontadebet ganhachorar.
"Eu sinto como se tivesse saído do inferno", diz Jiyun. "São muitos sentimentos que vêm e vão. Talvez, eu nunca mais veja a minha família se eu for para a Coreia do Sul, e me sinto culpada. Essa não era a minha intenção ao ir embora."
Juntos, o pastor e as jovens cruzam o portão da embaixada sul-coreana. Alguns segundos depois, só Chun retorna. A missão dele foi concluída.
Mira e Jiyun vão pegar um voo direto para a Coreia do Sul, onde passarão por um rigoroso processobet ganhainvestigação por parte dos serviço nacionalbet ganhainteligência. O objetivo é verificar se não são espiãs.
As duas, então, passarão três meses num assentamento para norte-coreanos na cidadebet ganhaHanawon, onde aprenderão a se ajustar à nova vida na Coreia do Sul.
Refugiados da Coreia do Sul aprendem a fazer compras no supermercado, a usar smartphones, alémbet ganhaprincípios da economiabet ganhalivre comércio e são treinados para conseguir emprego. Também recebem aconselhamento.
Depois disso, tornam-se oficialmente cidadãos sul-coreanos.
"Eu quero aprender inglês ou chinês para trabalhar como guia turística", diz Mira sobre seus planos na Coreia do Sul.
"Eu quero viver uma vida normal, tomando café num restaurante e conversando com amigos", diz Jiyun. "Alguém uma vez me disse que um dia vai pararbet ganhachover, mas a época das chuvas foi tão longa que me esqueci que o sol existia."
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