O acidente geográfico que é a maior arma do Irã contra os EUA:betpix365 twitter

Hassan Rouhani

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O presidente do Irã, Hassan Rouhani, advertiu os EUA a 'não brincar com o rabo do leão'

"Senhor Trump, somos o povo digno que garantiu a segurança do canalbetpix365 twittersaída da região ao longo da história. Não brinque com o rabo do leão; você vai se arrepender", disse Rouhani, segundo o site oficial da presidência.

Mas isso foi só o começo.

A disputa entre os dois países, que se intensificou após a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irãbetpix365 twittermaio, chegou ao ápice neste fimbetpix365 twittersemana, quando Rouhani afirmou que um conflito armado contra seu país seria "a mãebetpix365 twittertodas as guerras".

As declarações provocaram um tuíte enfurecido do presidente americano, Donald Trump. Ele disse a Rouhani, usando letras maiúsculas, que "NUNCA MAIS" voltasse a ameaçar seu país, ou enfrentaria "CONSEQUÊNCIAS QUE POUCOS NA HISTÓRIA SOFRERAM".

Mas, na terça-feira, o Irã contra-atacou e repetiu que tomará medidas "análogas", caso Washington decida bloquear suas exportaçõesbetpix365 twitterpetróleo. E ameaçou o país novamente com o fechamento da passagem estratégica.

"Como potência dominante do Golfo Pérsico e do estreitobetpix365 twitterOrmuz, (o Irã) garante a segurança do transporte marítimo e da economia global nessa via fluvial essencial e tem força para agir contra qualquer plano nesta região", disse o chefe das Forças Armadas iranianas, Mohammad Bagheri.

Desde então, o potencial bloqueio do estreito ronda o Golfo Pérsico como um fantasma. Na última quarta-feira, os preços do petróleo na bolsabetpix365 twittervalores subiram pelo segundo dia consecutivo.

Mapa

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Legenda da foto, No trecho mais estreito, o canal mede cercabetpix365 twitter33 quilômetrosbetpix365 twitterlargura

O núcleo do petróleo mundial

A importância do estreitobetpix365 twitterOrmuz é óbvia, segundo Rockford Weitz, diretorbetpix365 twitterEstudos Marítimos da Universidadebetpix365 twitterTufts,betpix365 twitterMassachusetts, nos Estados Unidos: ele desempenha um papel central no escoamentobetpix365 twitterum terço do petróleo consumido diariamente no mundo.

"Todo o tráfego marítimo procedente dos países do Golfo, que são grandes produtoresbetpix365 twitterenergia, converge no estreito, incluindo as exportaçõesbetpix365 twitterpetróleo e gás natural liquefeito do Irã, do Iraque, do Kuwait,betpix365 twitterBahrein, do Catar, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos", explicou Weitz à BBC Mundo, o serviçobetpix365 twitterespanhol da BBC.

De acordo com Richard Baffa, especialistabetpix365 twitterIrã da RAND Corporation, think tank (centrobetpix365 twitterpesquisa e debate) ligado às Forças Armadas americanas, cercabetpix365 twitter17,5 milhõesbetpix365 twitterbarrisbetpix365 twitterpetróleo bruto passam por ali todos os dias.

"O Golfo Pérsico é a principal zonabetpix365 twitterproduçãobetpix365 twitterpetróleo do mundo. E Ormuz é o principal lugar no mundo por onde escoa o petróleo que é consumidobetpix365 twitteroutros países."

Para Teerã, diz ele, isso é uma vantagem estratégica. "O Irã domina esse estreito geograficamente e também tem a marinha mais fortebetpix365 twitternível regional, à exceção da americana", explica.

Em seu ponto mais estreito, o canal mede cercabetpix365 twitter33 quilômetrosbetpix365 twitterlargura. Mas, na realidade, a largura das rotasbetpix365 twitternavegação, por onde passam as embarcações, ébetpix365 twitterapenas três quilômetros,betpix365 twitterqualquer direção.

Por isso, as ameaçasbetpix365 twitterfechamento feitas por Rouhani deixaram a comunidade internacionalbetpix365 twitteralerta.

"Se o Irã fechar o estreito, independentementebetpix365 twitterpor quanto tempo, terá um impacto enorme no mercado energético mundial, assim como nas economias dos estados do Golfo, que poderiam sofrer inclusive instabilidade política no longo prazo", avalia Baffa.

Barco

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Legenda da foto, O estreitobetpix365 twitterOrmuz é também a principal viabetpix365 twittercomércio dos países do Golfo Pérsico

Acredita-se que o fechamento do canal poderia fazer os preços do barrilbetpix365 twitterpetróleo subirem entre US$ 150 e US$ 200, mas seu impacto não se restringiria a isso.

"Além dos fluxosbetpix365 twitterpetróleo, também interromperia as importações marítimas nos países do Golfo, incluindo seus principais portos, como Dubai. Dado que maisbetpix365 twitter90% do comércio mundial é feito por via marítima, acabaria resultandobetpix365 twitterescassezbetpix365 twitteroferta nos países do Golfo - e, portanto, no aumento dos preçosbetpix365 twitterprodutos importados", opina Weitz.

O especialista diz que uma situação semelhante ocorreu no fim da décadabetpix365 twitter1980, quando o estreito foi fechado durante a guerra entre Irã e Iraque, o que culminou com uma operação do Comando Central militar dos EUA.

Para evitar um bloqueio dessa natureza, a Marinha americana reativou,betpix365 twitter1995,betpix365 twitterQuinta Frota para vigiar as águas do Golfo Pérsico.

Desde então, foram feitas sucessivas ameaçasbetpix365 twitterfechar o estreito -betpix365 twitter2011, 2012 e 2016, quase sempre associadas à aprovaçãobetpix365 twittersanções a Teerã por partebetpix365 twitterWashington.

Mas o Irã tem realmente a capacidadebetpix365 twitterfechar o estreito ou é só mais uma bravatabetpix365 twitterseu conflito verbal com os EUA?

Estreitobetpix365 twitterOrmuz

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Legenda da foto, O Irã não conseguiria manter um bloqueiobetpix365 twitterOrmuz por muitos dias, mas ainda assim teria impacto, segundo especialistas

Planosbetpix365 twitterbloqueio

De acordo com Baffa, que foi analista-chefe do National Ground Intelligence Center, centrobetpix365 twitterestratégia do Exército americano, quando Teerã ameaça bloquear o canal é porque o país tem realmente o planejamento militar necessário para uma operação desse porte.

"O Irã tem planosbetpix365 twittercontingência para fechar o estreito. Eles fariam uma 'ofensivabetpix365 twittercamadas', com pequenos botes que realizariam potenciais ataques suicidas, e depois usariam mísseis, submarinos e minas. Mas, no fim das contas, não seria possível manter isso por mais do que alguns dias."

O especialista acredita que a superioridade militar dos EUA ebetpix365 twitterseus aliados permitiria que o canal entrassebetpix365 twitteroperaçãobetpix365 twitterpouco tempo. Mesmo assim, os impactosbetpix365 twitterum fechamento, ainda que breve, poderiam ser extensos.

"O maior problema seria se eles pusessem minas, porque retirá-las levaria mais tempo e seria preciso encontrar espaço para que os navios passassem sem o riscobetpix365 twitterserem atingidos", afirma.

Nesse caso hipotético, segundo Weitz, seriam necessárias várias semanas para desarmar todas as minas e deixar a via marítima novamente segura, antesbetpix365 twittero transporte comercial poder ser retomado, sem que fosse preciso pagar seguros mais altos.

Estreitobetpix365 twitterOrmuz

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Legenda da foto, Sançõesbetpix365 twitterWashington têm provocado novas ameaçadas iranianasbetpix365 twitterfechar o estreito, seguidas por réplicas raivosasbetpix365 twitterTrump

Baffa considera, no entanto, que esse é um cenário pouco provável. "Acho que essas declarações do Irã são feitas para volatilizar o mercado globalbetpix365 twitterenergia e para deixar a comunidade internacionalbetpix365 twitteralerta, mais do que realmente ameaçar o fechamento do estreito com ações militares", afirma.

Para ele, dificilmente haverá algum enfrentamento entre Washington e Teerã que vá além das palavras e das sanções.

"As tensões entre EUA e Irã cresceram e acho que vão aumentar ainda mais nos próximos meses, como resultadobetpix365 twitternovas sanções, já que Washington está boicotando a produçãobetpix365 twitterpetróleo iraniano, e essa é a principal fontebetpix365 twitterrenda do país. Mas uma ação militar entre os dois países é muito pouco provável."