Fugindo da guerra, congoleses enfrentam violência, racismo e desemprego para recomeçar no Brasil:zebet datenbank
Os irmãos são partezebet datenbankuma comunidadezebet datenbankquase dois mil refugiados ou solicitanteszebet datenbankrefúgio congoleses no Rio, segundo estimativaszebet datenbanklideranças locais.
A grande maioria vivezebet datenbankfavelas, tendo fugido dos perigos e dificuldadeszebet datenbankseu país para enfrentar uma rotinazebet datenbankviolência e tiroteios no Rio. Estão concentradoszebet datenbankBrászebet datenbankPina, na zona norte, sobretudo na favela Cinco Bocas;zebet datenbankBarros Filho, também na zona norte; ezebet datenbankDuquezebet datenbankCaxias e no Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense.
As históriaszebet datenbankAli, Chadrac e muitos outros sãozebet datenbankdor, sacrifício, famílias separadas, viagens arriscadas - e muitas vezeszebet datenbankdecepção com o país no qual vieram buscar uma vida melhor.
Em meio à crise econômica e aos altos índiceszebet datenbankdesemprego no Brasil, Ali tem passado os últimos meseszebet datenbankbuscazebet datenbankemprego, e já pensazebet datenbankdesistir.
"Estou procurando há muito tempo. Já estou cansadozebet datenbankprocurar. A gente está sofrendo mesmo", diz o jovemzebet datenbank24 anos, que já trabalhou como ajudantezebet datenbankeletricista, pintor, pedreiro e sonhazebet datenbankpoder estudar para ser técnico ou engenheiro elétrico.
"O Brasil é muito bom, mas não estamos conseguindo uma oportunidade para sermos felizes aqui", afirma.
Êxodozebet datenbankpaíseszebet datenbankguerra
De acordo com o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), os congoleses são o segundo maior grupo a ter a solicitaçãozebet datenbankrefúgio acolhida pelo governo brasileiro depois da Síria, com 953 pedidos reconhecidos entre 2007 e 2017, o equivalente a 13% dos refúgios acatados no período.
Os congoleses chegam fugindozebet datenbankuma guerra que gera massacres, mortes a machadadas, estupros, tráfico humano, doenças e desnutrição. O presidente Joseph Kabila, no poder desde 2001, se recusa a sair apesarzebet datenbankseu mandato ter expirado no fimzebet datenbank2016.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), a crise humanitária no país vem se agravando, com quase cinco milhõeszebet datenbankpessoas deslocadas internamentezebet datenbankrazão do conflito - e quase 700 mil tendo fugido do país.
A maioria fugiu para nações vizinhas como Uganda e Burundi, na maioria das vezes se submetendo a travessias arriscadas. Outros foram para a vizinha Angola, como o jogadorzebet datenbankfutebol Luta Espoir-Babou. Com medozebet datenbankter que voltar para a RDC, ele decidiu fugir para o Brasil.
Ao ladozebet datenbanksua esposa, grávida, Luta passou maiszebet datenbankum mês escondido no convészebet datenbankum naviozebet datenbankcontêineres para chegar ao Rio com as roupas do corpo e sem dinheiro. O filho nasceu meses depois, mas morreu com 10 meses,zebet datenbankjaneiro do ano passado,zebet datenbankmeio aos festejos do Réveillon. "Eu passei a festa com tristeza", diz Luta, que fugiuzebet datenbankseu paíszebet datenbank2008, primeiro para a Angolazebet datenbank2016 para Brasil, com medozebet datenbankser enviadozebet datenbankvolta para a RDC.
Ele vive na favela Cinco Bocas,zebet datenbankBrászebet datenbankPina. A comunidade é dominada por uma facção e tem tiroteios constantes por causazebet datenbankincursõeszebet datenbankoutro grupo criminoso que tenta se estabelecer no local. Para Luta, a violência parece maior e mais constante do que no Congo, a guerra fazendo parte da rotina.
Migrantes enfrentam violência e racismo
Cercazebet datenbank50 famíliaszebet datenbankcongoleses moramzebet datenbankCinco Bocas e costumam se reunir nos finszebet datenbanksemana nos cultoszebet datenbankuma igreja evangélica fundada por um pastor do país. Muitos já deixaram o Brasil, seguindo na peregrinaçãozebet datenbankbuscazebet datenbankoportunidade. Uma parte foi buscar refúgio na França.
"As pessoas sempre reclamam da violência. Mas o sofrimento é igual ao dos brasileiros que moram nesses locais", conta Charly Kongo, congolês que chegou ao Rio dez anos atrás e hoje é uma das lideranças da comunidade na cidade.
"Não é por vontade que vivem nesses lugares. Mas a maioria das famílias não ganha nem um salário mínimo e não tem outra opção."
Para Kongo, alémzebet datenbanktodas as dificuldades enfrentadas no Brasil por pessoaszebet datenbankdiferentes nacionalidades que chegam buscando refúgio, os africanos sofrem mais por causa do racismo no país.
Ele acredita que refugiados sírios ouzebet datenbankoutros países com pele mais clara têm mais facilidadezebet datenbankconseguir empregos ezebet datenbankter acesso a vagas que o grupozebet datenbankcongoleses têm dificuldadezebet datenbankalcançar, mesmo que tenha tido boa educaçãozebet datenbankcasa.
"Para a gente, as vagas reservadas são nas áreaszebet datenbanklimpeza, construção civil, carregador", diz Kongo. "Como acontece com a maioria dos negros no Brasil. Se aqui é difícil ver negroszebet datenbankpostos altos, imagina para refugiados negros conseguirem um bom trabalho."
"As pessoas ficam decepcionadas, com certeza. A esperança que tinham vai pelo ralo. Mesmo assim, sentem que no final é melhor estar aqui do que no Congo. Sentem que pelo menos dá para viver", afirma Kongo, que morazebet datenbankNova Iguaçu e dá aulaszebet datenbankfrancês no Abraço Cultural, um centrozebet datenbankidiomas onde os professores são refugiados.
Sem futuro 'na informalidade'
Irmãozebet datenbankAli, Chadrac Kembilu Nkusu tinha apenas 16 anos quando chegou ao Brasil. Aos 21, ele está vivendozebet datenbankvender camisetas imitando marcas como Nike, Adidas e Calvin Klein do ladozebet datenbankfora da estação das barcaszebet datenbankCharitas,zebet datenbankNiterói, onde vive. Mas as vendas estão paradas, e a geladeira está vazia.
"Sair com fome do Congo para passar fome aqui no Brasil... Que vergonha, né?"
As dificuldades ao longo desses cinco anos foram tantas que Chadrac resolveu tentar a sortezebet datenbankParis, onde vivem outros familiares. Mas não passou do aeroportozebet datenbankLisboa. Passou cinco dias presozebet datenbankuma cela na imigração. Acredita que foi barrado por racismo, já que tinha os vistos necessários para entrar na Europa. Foi enviadozebet datenbankvolta ao Brasil.
Com um jeito extrovertido e disposto, Chadrac diz ser "muito inteligente" e ter tido uma boa educaçãozebet datenbankum colégio particular católico na RDC. "Eu fico me perguntando: eu vou passar a vida toda no Brasil vendendo (produtos no mercado) informal? Eu, que tenho tanto conhecimento? Por isso estou batalhando para entrar na universidade."
O sonho dele é estudar Letras, para aprimorar o português (que fala bem) e ensinar o francês, que é a língua oficialzebet datenbankseu país. Está buscando uma vagazebet datenbankum curso pré-vestibular universitário.
"Acho que eu vou ser uma pessoa no futuro no Brasil. A pessoa que eu sou hoje, as qualidades que eu tenho, ninguém valoriza. Para valorizar a minha capacidade, eu tenho que estudar, me formar", afirma.
Chadrac usa um colar com um pingentezebet datenbankosso marcado com as iniciais RDC enviado pela mãe, que continua no país. Foi ela quem organizou a ajuda para que os filhos pudessem fugirzebet datenbank2013, para tentar protegê-los.
"Ela fezzebet datenbanktudo para ajudar a sairzebet datenbanklá", conta Ali.
Hoje, conseguir um visto para o Brasil no Congo está muito mais difícil, diz Chadrac. "Ela está lá e o clima não está bom. Está procurando como sair desse país miserável. Isso me estressa muito, fico desesperado", diz Chadrac.
"É por isso que tenho que conseguir algum futuro bom para mim no Brasil."
*Fabio Texeira é fotojornalista e documentarista e está acompanhando as trajetóriaszebet datenbankcongoleses no Rio para o documentário "Brasil, meu refúgio".