Boas ações podem ter efeito 'contagioso', indicam estudos:bet365 pt br

Pessoas tendem a ser influenciadas por atosbet365 pt brgenerosidade ou egoísmo dos outros

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Legenda da foto, Pesquisadores tentam decifrar como atosbet365 pt brgenerosidade se disseminam pela sociedade

Influência do entorno é chave

No passado, o conceitobet365 pt brconformidade ganhou uma fama ruim quando estudos começaram a constatar que a pressão social era capazbet365 pt brinduzir indivíduos a adotar comportamentos nocivos ou duvidarbet365 pt brseu próprio julgamento. Em um experimento clássico, o psicólogo polonês Solomon Asch mostrava a um voluntário dois cartões: um deles continha uma linha reta e o outro, três linhas retasbet365 pt brtamanhos diferentes.

O participante tinhabet365 pt bridentificar qual delas tinha o mesmo comprimento da linhabet365 pt brreferência. Quando outros participantes escolhiam a resposta claramente errada, o sujeito tinha mais chancebet365 pt brseguir a maioria, indo contra o que seus próprios olhos estavam vendo.

Zaki, por outro lado, estuda como a conformidade pode levar a comportamentos positivos. Em uma sériebet365 pt brexperimentos coordenados por ele, os participantes que observaram seus colegas fazerem doações generosas para instituiçõesbet365 pt brcaridade decidiram abrir mais a carteira do que os que observaram doações mesquinhas.

Os resultados, publicados pela revista Personality and Social Psychologybet365 pt br2016, também mostraram que o impactobet365 pt brse observar a generosidade alheia não se limitou a copiar suas boas ações. A influência positiva também fez os participantes se mostrarem mais solidáriosbet365 pt brrelação aos outros participantes e com mais empatia diantebet365 pt brsituações adversas.

Cientistas também conseguiram mapear o modo como atosbet365 pt brcooperação podem se multiplicar pela sociedade. Um estudo feito por pesquisadoresbet365 pt brHarvard e da Universidade da Califórniabet365 pt brSan Diego mostrou que indivíduos beneficiados por doações durante um jogo repassaram a generosidade a outros participantes, que porbet365 pt brvez beneficiaram um terceiro grupo.

A pesquisa, publicadabet365 pt brum artigo da revista Proceedings of the National Academy of Sciencesbet365 pt br2010, mostra que a gentileza inicial foi capazbet365 pt bratingir pessoas com até três grausbet365 pt brseparaçãobet365 pt brrelação ao primeiro benfeitor.

Estratégia vitoriosabet365 pt brtermos sociais

Mas a decisãobet365 pt brcooperar com outros membros da sociedade não é apenas um atobet365 pt brpura e desinteressada generosidade. É, sim, uma estratégia vitoriosabet365 pt brtermos evolutivos,bet365 pt bracordo com Martin Nowak, professorbet365 pt brHarvard e diretor do Programabet365 pt brDinâmicas da Evolução da universidade. Segundo o especialista, a cooperação - seja entre humanos, insetos ou células - quase sempre se dá quando existe uma expectativabet365 pt brse obter algobet365 pt brtroca no futuro.

Mãos unidas

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Legenda da foto, Pesquisadores avançam na tentativabet365 pt brdecifrar como boas ações se disseminam

Nowak propõe cinco mecanismos que explicam, à luz da evolução, por que um indivíduo resolve colaborar com o outro. O primeiro é a reciprocidade direta: eu ajudo e você me ajuda.

O segundo é a reciprocidade indireta: eu ajudo você, por isso ganho uma boa reputação e outra pessoa me ajuda graças a essa reputação. O terceiro é a reciprocidade espacial: eu ajudo meus vizinhos e assim aumento minhas chancesbet365 pt brser ajudado.

O quarto é a seleçãobet365 pt brgrupos, que se baseia no fatobet365 pt brque gruposbet365 pt br"cooperadores" se dão melhor do que gruposbet365 pt br"egoístas". O quinto é a seleção por parentesco: eu ajudo meus familiares porque tenho mais chancesbet365 pt brcompartilhar genes com eles e quero disseminar esses genes pela população.

"A cooperação - além da competição - está envolvida sempre que a evolução constrói algo novo, algo diferente", diz Nowak. "Por isso, eu tenho chamado a cooperaçãobet365 pt br'arquiteta mestre' do processo evolutivo."

Comunicação é essencial

Alémbet365 pt brexperimentosbet365 pt brque os participantes têmbet365 pt brdecidir se ajudarão ou não seus companheirosbet365 pt brdiferentes circunstâncias, outro método para estudar como as pessoas cooperam umas com as outras ébet365 pt brforma teórica, por meiobet365 pt brmodelos matemáticos.

Segundo Francisco C. Santos, professor do Instituto Superior Técnico da Universidadebet365 pt brLisboa, esses estudos teóricos são baseadosbet365 pt brum ramo da matemática chamado teoria dos jogos.

"A teoria dos jogos é usar a matemática para estudar conflitosbet365 pt brinteresse", diz Santos. Por exemplo, se um indivíduo está disposto a pagar um custo para proporcionar um benefício a alguém, é possível usar esses dados para construir equações capazesbet365 pt brprever as dinâmicas que podem ocorrerbet365 pt brdiferentes cenários.

"Se conseguirmos compreender quais são os mecanismos subjacentes da cooperação, esse conhecimento é útil para promovermos a cooperação onde ela não existe."

Apesar das vantagens evolutivasbet365 pt bradotar uma atitude cooperativa, é fácil pensarbet365 pt brsituações da vida realbet365 pt brque ninguém está disposto a ajudar as pessoas ao redor. Ou, pior, circunstânciasbet365 pt brque atitudes egoístas se espalham pela sociedade como um vírus. De fato, algumas pesquisas mostram que atosbet365 pt brindiferença podem ser tão contagiosos como quanto atosbet365 pt braltruísmo.

De acordo com Martin Nowak, a gentileza só se espalha pela sociedade quando os mecanismos que permitem essa disseminação são fortes o suficiente. Por exemplo, se o indivíduo que ajuda o próximo ganhar uma reputação boa o bastante para que outros decidam ajudá-lo, então, a gentileza se espalhará naquele grupo. "Se esse mecanismo não for forte o suficiente, a cooperação vai perder e a indiferença vai ganhar", diz o pesquisador.

Jamil Zaki

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Legenda da foto, Jamil Zaki, diretor do Laboratóriobet365 pt brNeurociência Socialbet365 pt brStanford, investiga como atosbet365 pt brgenerosidade podem se disseminar pela sociedade

Um dos ingredientes essenciais para garantir que a ondabet365 pt brboas ações se espalhe, segundo Nowak, é a comunicação. "A ideia é que a reputação do indivíduo que colaborou seja conhecida. É importante disseminar informações sobre as decisões que os indivíduos tomarambet365 pt brtermosbet365 pt brcooperação."

Experimentos já mostraram, por exemplo, que mais pessoas decidiram comparecer às urnasbet365 pt bruma eleição quando viram no Facebook que seus amigos fizeram o mesmo. Da mesma forma, no fenômeno do desafio do baldebet365 pt brgelo, o fatobet365 pt bros vídeos terem se tornado virais teve um grande papel na multiplicação das doações.

Intervenções

Francisco C. Santos e seus colegas têm utilizado os modelos matemáticos para encontrar soluções para situaçõesbet365 pt brque a faltabet365 pt brcooperação é notável, como a buscabet365 pt brum acordo para prevenir mudanças climáticas.

Ele observa que, sim, os seres humanos são propensos à cooperação. Mas isso ocorre principalmentebet365 pt brpequenas comunidades. Quando o assunto são mudanças climáticas, é preciso cooperar com o mundo inteiro. "Esse é um problema global, não local, o que faz com que seja tão difícil promover a cooperação nesses contextos."

Essa é justamente a premissabet365 pt brum livro que Jamil Zaki deve lançarbet365 pt brbreve nos Estados Unidos (The War for Kindness: Building Empathy in a Fractured World, ou A guerra por gentileza: construindo empatia num mundo estilhaçado,bet365 pt brtradução livre e sem previsãobet365 pt brlançamento no Brasil).

De acordo com Zaki, os humanos evoluíram para ser socialmente conectados e inclinados a ter empatia. Mas essa evolução ocorreu quando vivíamosbet365 pt brpequenas comunidades, ao redorbet365 pt brpessoas parecidas conosco e onde todos dependiam uns dos outros.

"Hoje, vivemosbet365 pt brum mundo gigante, somos conectados a milharesbet365 pt brpessoas, algumas das quais veremos só uma vez na vida, e possivelmente ao redorbet365 pt brgrupos que nos ameaçam", diz Zaki.

Segundo o pesquisador, as regras sob as quais nós evoluímos para sermos empáticos foram quebradas. "Vivemosbet365 pt brum momentobet365 pt brque é muito mais difícil ter empatia, por isso vemos um crescentebet365 pt bródio, desconexão e isolamento."

O cenário parece desolador. Mas Zaki garante que é possível reverter a situação se adotarmos estratégias para treinar o nosso "músculo empático". Ele cita estudos que concluíram que uma variedadebet365 pt brintervenções - como a leiturabet365 pt brobras literárias ou o usobet365 pt brtécnicasbet365 pt brdramatização - são capazesbet365 pt braumentar o graubet365 pt brempatia dos participantes. Para ele, a esperançabet365 pt brvivermosbet365 pt brum mundo mais cooperativo estábet365 pt brexercitarmos ativamente nossa empatia.