Como a pressão das mulheres abriu caminho para a legalização do aborto na Argentina:casadeapostas com r
"Foi (uma pressão) fundamental. E ficou claro que temoscasadeapostas com rpararcasadeapostas com rcriminalizar as mulheres porque fazem aborto", disse a deputada mais jovem na Câmara argentina, Josefina Mendoza,casadeapostas com r26 anos, que é da base governista e usava um lenço verde no pescoço.
O deputado Daniel Fernando Arroyo, da Frente Renovadora, disse que as jovens passaram a pedir "maior educação sexual e liberdadecasadeapostas com rdecidir sobre seus corpos" e que era necessário ouvi-las.
Horas antes da votação na Câmara, nesta quinta-feira, maiscasadeapostas com rdez colégioscasadeapostas com rBuenos Aires foram ocupados por estudantes para manifestar apoio à aprovação da lei.
Com faixas e cartazes verdes - cor escolhida por não representar nenhum partido -, as líderes do protesto argumentavam: "Queremos ter nosso direitocasadeapostas com rdecidir, com liberdade, sobre nossos corpos. Essa é uma dívida da democracia com as mulheres", disse a adolescente Francisca Lavieri, do ensino médio do Colégio Nacionalcasadeapostas com rBuenos Aires.
'Nem uma a menos'
Pela legislação atual, que datacasadeapostas com rquase um século atrás, o aborto é permitidocasadeapostas com rcasoscasadeapostas com restupro ou risco para a vida da mãe. Nos demais casos, a prática é penalizada com até quatro anoscasadeapostas com rprisão para a mulher e para o médico.
O tema já era discutidocasadeapostas com râmbito parlamentar havia dez anos, e o projeto aprovado nesta quinta havia sido apresentado sete vezes ao Congresso, mas sem nunca ter chegado ao plenário até agora.
Foi a "ondacasadeapostas com rlenços verdes" pelas ruas do país que deu força para que ele avançasse na pauta legislativa, diz à BBC News Brasil a jornalista argentina Hinde Pomeraniec, uma das ativistas pela aprovação.
A mobilização começou a partir do movimento Nem Uma a Menos (Ni Una a Menos), que protesta desde 2015 contra casos brutaiscasadeapostas com rfeminicídios registrados no país (e posteriormente no restante da América Latina), opina a advogada Agustina Ramón Michel, professora da Universidadecasadeapostas com rPalermo e integrante da da 'Campanha Nacional pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito.
"Ser contra o assassinatocasadeapostas com rmulheres ecasadeapostas com rtransexuais uniu várias mulheres, sem a necessidadecasadeapostas com rque tivessem uma credencialcasadeapostas com rfeminista", afirma.
"Começamos dizendo chegacasadeapostas com rfeminicídio e depois passamos a dizer que é horacasadeapostas com rlegalizar o aborto", acrescenta Pomeraniec, uma das fundadoras do Ni Una a Menos.
Debate
Paíscasadeapostas com rforte tradição católica e conservadora, a Argentina foi o primeiro país latino-americano a legalizar o casamento homossexual,casadeapostas com r2010 - gerando uma ondacasadeapostas com rmudança que também favoreceu a aprovação da lei do aborto, segundo observadores.
Mas o projetocasadeapostas com rlei causa polêmica e enfrenta também forte oposiçãocasadeapostas com rparcela significativa da população.
A vigíliacasadeapostas com rmadrugada diante do Congresso, por exemplo, contou também com uma multidãocasadeapostas com rlenços azuis, que viraram símbolo da campanha contrária à legalização.
"É absurdo e injusto aprovar uma lei que permite a mortecasadeapostas com rseres humanos que têmcasadeapostas com rser respeitados a partir do momento da concepção", criticou no Congresso o deputado Luis Pastori, que votou contra a legislação.
"O bebê gerado tem vida, mas não terá voz para se defender se o aborto for praticado", agregou a deputada Gabriela Burgos.
A votação dividiu deputados tanto da situação quanto da oposição, e o debate no Congresso se alongou por dois meses, com apresentaçõescasadeapostas com rautoridades da saúde, médicos e sacerdotes, entre outros.
O ministro da Saúde, Adolfo Rubinstein, defendeu a legalização afirmando que "47 mil mulheres deram entrada nos hospitais públicos do país,casadeapostas com r2014, após a realização do abortocasadeapostas com rclínicas clandestinas" e que "em 2016 foram registradas 43 mortes maternas por aborto".
Mas um dos casos mais emblemáticos da votação foi o mencionado pela ex-juíza e deputada Alejandra Rodenas. Trata-se da adolescente Julia,casadeapostas com r16 anos, que morreu alguns dias após realizar um aborto numa clínica clandestina.
"Julia passou várias dias com febre alta por causa das complicações do aborto e não teve coragemcasadeapostas com rdizer a verdade aos pais. A mãe cuidoucasadeapostas com rJulia como se ela tivesse um resfriado e quando a adolescente foi levada para o hospital, já era tarde e ali ela faleceu", disse Rodena. "Existe uma realidade que já não podemos negar. Esta lei tem que ser pela Julia e pelas várias Julias do país."