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Como o termo 'fake news' virou arma nos dois lados da batalha política mundial:palpites esportivos
Ele e um colega começaram a investigar e, pouco antes da eleição americana, constataram a existênciapalpites esportivospelo menos 140 sitespalpites esportivosnotícias falsas, que estavam atraindo muitos cliques no Facebook.
Os jovenspalpites esportivosVeles podiam não ter interesse na política americana, mas, por causa do dinheiro proveniente da publicidade online, queriam que suas histórias fictícias reverberassem nas redes sociais. A eleição presidencial americana - e especificamente Donald Trump - eram perfeitos para isso.
Neste contexto, os macedônios e outros criadorespalpites esportivosnotícias falsas criaram deliberadamente reportagens com títulos como: "Papa Francisco choca o mundo e apoia Donald Trump" e "Agente do FBI suspeito no casopalpites esportivose-mails vazadospalpites esportivosHillary é encontrado mortopalpites esportivosum aparente casopalpites esportivossuicídio-assassinato".
Todas completamente inventadas.
E assim começou a se propagar o termo fake news.
Nadapalpites esportivosnovo
Desinformação, boatos e mentiras existem há tempos. Mas o que Silverman e outros descobriram foi uma combinação perfeita entre algoritmos das redes sociais, sistemaspalpites esportivospublicidade, pessoas dispostas a inventar conteúdo para ganhar dinheiro fácil e uma eleição polêmica no país mais poderoso do mundo.
Após a vitóriapalpites esportivosTrump, o blog BBC Trending se debruçou sobre o universopalpites esportivosgrupos pró-Trump no Facebook, onde havia muita informação falsa circulando.
A maior parte do conteúdo erapalpites esportivoscomunicação política tradicional: anúncios espalhafatosos e elogiosos, forte apoio popular para alguma causa e ataques ao adversário.
Havia memes mostrando Trump como um líder destemido, apoio à promessapalpites esportivoscampanhapalpites esportivosdeportar imigrantes ilegais e biografias resumidas descrevendo o candidato como "a perfeita definição da históriapalpites esportivossucesso americana". Raramente havia algo equilibrado - mas nem todos esses conteúdos podiam ser classificados como fake news.
Para explicar a vitóriapalpites esportivosTrump, estudiosos transformaram o usopalpites esportivosfake newspalpites esportivosuma das possibilidades.
Entrando na política
Hojepalpites esportivosdia, o termo vai muito além dos adolescentes da Macedônia que buscavam ficar ricos rapidamente.
O presidente Trump até criou o prêmio "Fake News Awards" para repórteres que cometeram erros e fizeram previsões medíocres - com destaque especial para todas as reportagens sobre as investigaçõespalpites esportivoscurso sobre uma possível intervenção russa nas eleições e a suposta ligação do governo russo com a campanha republicana.
Mas dizer que Trump foi o primeiro político a utilizar esse termo também seria fake news.
Em 8palpites esportivosdezembropalpites esportivos2016, Hillary Clinton fez um discursopalpites esportivosque mencionou "a epidemiapalpites esportivosnotícias falsas maliciosas epalpites esportivospropaganda enganosa que inundou as redes sociais no último ano".
"Agora está claro que as assim chamadas fake news podem ter consequências reais", disse ela. "Isso não se tratapalpites esportivospolítica oupalpites esportivospartidarismo. Vidas estãopalpites esportivosrisco... pessoas comuns que estão apenas tentando viver suas vidas, fazer seu trabalho, contribuir para suas comunidades."
À época, alguns jornalistas interpretaram as observaçõespalpites esportivosHillary como uma referência ao Pizzagate, acusação falsapalpites esportivosque a candidata comandaria uma redepalpites esportivospedofilia cuja sede ficaria numa pizzariapalpites esportivosWashington.
Tudo começou com um boatopalpites esportivosque escravos sexuais eram mantidos numa pizzaria mencionada numa trocapalpites esportivose-mailspalpites esportivosfuncionários da democrata - e terminou dias antes do discurso dela, quando um homem entrou no estabelecimento com um rifle. Ninguém se feriu, e o homem foi preso.
Mas naquele discurso, Hillary também pediu a seus eleitores que ajudassem a proteger "a nossa democracia". Alguns jornalistas interpretaram issop como uma referência às eleições.
O presidente Trump usou a frase no mês seguinte,palpites esportivosjaneiropalpites esportivos2017, uma semana antespalpites esportivostomar posse. Em resposta à uma pergunta da imprensa, ele chamou um repórter da CNNpalpites esportivosfake news. Ao mesmo tempo, começou a repetir o termo no Twitter.
"Aquilo sinalizava para muitas pessoas que apoiaram Trump e fizeram sites para apoiá-lo que ele estava dizendo 'vamos transformar esse termopalpites esportivosalgo nosso'", diz Silvermann.
Palavras sem uso
Desde então, a expressão tem sido usada constantemente por líderes mundiais, políticos, jornalistas e pessoas comuns.
Uma busca do termo fake news na seçãopalpites esportivosnotícias do Google resultapalpites esportivosmaispalpites esportivos5 milhõespalpites esportivosresultados - e somente neste mês o termo já foi usado 2 milhõespalpites esportivosvezes no Twitter.
E, ao contrário do que se pensa, essa correntepalpites esportivosnotícias falsas não é consumida apenas por apoiadorespalpites esportivospolíticos radicais ou por pessoas com baixa escolaridade. Em abrilpalpites esportivos2017, o BBC Trending noticiou que havia uma ondapalpites esportivosnotícias falsas sobre Trump.
Especialistas dizem que pessoas com nível altopalpites esportivosescolaridade também podem ser enganadas por mentiras e frequentemente são mais refratárias quando expostas a informações que desafiam suas opiniões.
Mas a onipresença do termo fake news talvez esteja começando a torná-lo sem sentido. Todo tipopalpites esportivosconteúdo - descontextualizado, manipulado, baseadopalpites esportivosteorias da conspiração, incorreto ou que as pessoas apenas não gostam - passou a ser rotulado com a expressão.
"Nós da mídia somos responsáveis por isso", diz Alexios Mantzarlis, diretor do instituto internacionalpalpites esportivoschecagempalpites esportivosfatos Poynter.
"Logo após a eleição,palpites esportivoseditoriais e artigos, começamos a chamar de fake news um poucopalpites esportivostudo. Deveríamos ter consciênciapalpites esportivosque nossa indústria é,palpites esportivosparte, responsável por essa confusão."
Assim, alguns especialistas com vasta experiência na área começaram a recuar do bombardeiopalpites esportivosfake news.
"A razão pela qual eu não gosto desse termo é porque ele é usado agora para descrever qualquer coisa", afirma Clare Wardle da First Draft News, agência sem fins lucrativospalpites esportivoschecagempalpites esportivosfatos, baseada no centro Shorenstein da Universidadepalpites esportivosHarvard, nos EUA.
"Quer seja um post patrocinado, um anúncio, um meme, um 'bot' (robô) do Twitter, uma fofoca - as pessoas usam esse termo para qualquer informação que não gostem."
"Se a gente quer pensarpalpites esportivosmaneiraspalpites esportivosintervir na (produçãopalpites esportivosnotícias falsas), precisamos ter definições mais claras."
Wardle diz que a obsessão com o termo fake news - e, sim, essa reportagem pode ser incluída nela - também está prejudicando a credibilidadepalpites esportivosveículos até então confiáveis.
"As pessoas estão dizendo 'Eu não seipalpites esportivosquem acreditar oupalpites esportivosquem confiar'. Minha preocupação é que a maneira como estamos debatendo alguns desses problemas esteja sendo pior do que o dano causado inicialmente pela informação falsa."
Mantzarlis diz que, ao mesmo tempopalpites esportivosque se preocupa com a disseminação do termo fake news, não quer abandoná-lo totalmente - mas gostariapalpites esportivosvê-lo restrito a descriçõespalpites esportivoshistórias inventadas para finspalpites esportivosspam que surgem na linha do tempo do Facebook.
"Não é porque alguém está usando o termo com um significado diferente que ele perde seu valor. Se alguém começa a chamar um telefonepalpites esportivosformatopalpites esportivosbananapalpites esportivosmegafone, não significa que os outros precisam pararpalpites esportivoschamá-lopalpites esportivostelefone", compara.
Viralizando
O que possibilitou a versão moderna das fake news, ou a desinformação, foi o crescimento explosivo das redes sociais.
"Em seus primórdios, usuários do Twitter diziam que a rede se filtrava automaticamente porque havia notícias falsas, mas a comunidade as derrubava rapidamente", diz Wardle.
"Mas agora, com a automação e os robôs, a rede foi sobrecarregada. Há mais pessoas checando dados, mas estamospalpites esportivosuma escala muito avançada, difícilpalpites esportivosconter."
O que fazer então? A checagempalpites esportivosnotícias funciona, diz Alexios Mantzarlis, mas uma solução automatizada não é a única resposta.
"Estamos anunciando a checagempalpites esportivosdados feita por robôs há 20 anos e não estamos nem um pouco perto disso (de resolver o problema)", afirma.
"O que se pode fazer é ajudar as pessoas, os jornalistas, a identificar alegações suspeitas e a acessar mais rapidamente os dados que precisam verificar."
Nem todas as instituiçõespalpites esportivoschecagempalpites esportivosnotícias no mundo juntas serão capazespalpites esportivosderrotar sozinhas cada notícia falsa. E embora haja dúvidas quanto à eficácia da checagempalpites esportivosdados, Mantzarlis acredita que esse trabalho tem um impacto importante.
"O que vimos nos últimos dois anos é que, independentementepalpites esportivossua preferência política, quando as pessoas leem uma notícia falsa e depoispalpites esportivoscorreção, elas deixampalpites esportivosacreditar na notícia falsa."
Segundo ele, as pessoas podem ser resistentes aos fatos, mas poucas são imunes a eles.
Relíquiapalpites esportivos2017
No futuro, o termo fake news pode se tornar uma relíquia da febrepalpites esportivos2017 (se tivermos sorte). Mas a luta contra a desinformação não morrerá. Empresas e governos estão tomando ações concretas - e suas consequências serão sentidas por algum tempo.
"O Google e o Facebook anunciaram que vão contratar pessoas para revisar conteúdo e reforçar seus termospalpites esportivosserviço, para manter suas plataformas livrespalpites esportivosconteúdos falsos e ilegais. Estou curioso para ver como issopalpites esportivosfato será feito", diz Silvermann, do Buzzfeed.
"O obscurantismo dessas plataformas, seu poder e o fatopalpites esportivosque os discursos agora estãopalpites esportivosseu âmbito é algo que merece nossa atenção. Temos que nos certificarpalpites esportivosque não iremos transformar locaispalpites esportivosdesinformaçãopalpites esportivoslugares tão fechados que possam inibir qualquer discurso", diz ele.
Além da atenção redobrada à influência das empresaspalpites esportivostecnologia, especialistas também se preocupam com o poder dos governos.
"Às vezes, legisladores bem intencionados, mas mal informados, exageram e causam mais dano do que o problema que estão tentando consertar com leis sobre fake news", diz Mantzarlis, citando propostaspalpites esportivosdiversos países europeus.
A mais abrangente entroupalpites esportivosvigor no dia 1ºpalpites esportivosjaneiropalpites esportivos2018 na Alemanha. A lei prevê que as redes sociais removam rapidamente mensagens com discursopalpites esportivosódio, fake news e conteúdo ilegal, com multaspalpites esportivosaté 50 milhõespalpites esportivoseuros (R$ 195 milhões) se não o fizerem.
E para além dos textos políticos virais, há novas fronteiras que os checadorespalpites esportivosinformações estão tentando cruzar.
"Eu realmente acho que temos que pensar mais no visual das coisas. As imagens são um poderoso veículo da desinformação", afirma Claire Wardle.
Fotos e montagens circulam rapidamentepalpites esportivosaplicativos fechados como o WhatsApp. Muita desinformação sobre saúde, religião e sociedade está sendo propagada fora dos Estados Unidos,palpites esportivospaísespalpites esportivosdesenvolvimento, embora o debate sobre notícias falsas esteja focado somente no Ocidente.
"O WhatsApp é poderoso porque o que é transmitido pela plataforma passa por uma rede muito próximapalpites esportivoscontatos. Por isso, eles são mais propensos a confiar um no outro", diz Wardle.
Impacto?
Existe, no entanto, uma questão essencial nesta discussão: qual é o verdadeiro impacto da desinformação nos eleitores? Desde que o debate tomou forma no ano passado há desavenças sobre o possível efeito prático das notícias falsas na maneira como as pessoas votam.
No primeiro estudo acadêmico sobre o consumopalpites esportivosnotícias falsas, pesquisadores das universidadespalpites esportivosPrinceton epalpites esportivosDartmouth, nos EUA, e da Universidadepalpites esportivosExeter, na Inglaterra, estimaram que 25% dos americanos visitaram um site de fake news em um períodopalpites esportivosseis semanas durante as eleições americanaspalpites esportivos2016.
Mas também descobriram que as visitas eram extremamente concentradas: 10% dos leitores fizeram 60% das visitas. Por isso, concluíram que fake news não impede que as pessoas também consumam as notícias tradicionais.
"O alcance foi relativamente alto, mas não tão profundo. É precipitado afirmar que as pessoas estão votandopalpites esportivosdeterminada maneira por causapalpites esportivosnotícias falsas", diz Mantzarlis.
"Precisamospalpites esportivosmais pesquisas para saber se podemos dizer que isso está envenenando nossa democracia ou apenas ajudou uma ou outra pessoa ganhar uma eleição."
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