A históriabetmotion onlineamor entre uma militantebetmotion onlinepartido francês anti-imigração e um refugiado:betmotion online

Crédito, Steve Finn

Legenda da foto, Vidabetmotion onlineBéatrice mudou radicalmente depois que conheceu o campobetmotion onlineCalais

Agora, ela estava ali, ajudando seu namorado imigrante, Mokhtar - que conheceu no campobetmotion onlinerefugiados francês apelidadobetmotion onlineJungle ("selva")betmotion onlineCalais - a entrar clandestinamente na Inglaterra.

Béatrice conta a históriabetmotion onlinecomobetmotion onlinevida mudou no diabetmotion onlineque ofereceu carona para um imigrante adolescente no recém-lançado livro Calais Mon Amour ("Calais meu amor",betmotion onlinetradução literal).

Inversãobetmotion onlinepapéis

Ela conta que antes da morte do marido,betmotion online2010, ele era um dos muitos policiais enviados a Calais para impedir a entradabetmotion onlineimigrantes no terminal do Canal da Mancha e nas balsas na tentativabetmotion onlinechegar até o Reino Unido.

Como agente, ele não tinha permissão para apoiar nenhum partido político, então, pediu para que a esposa aderisse à Frente Nacional daquela que viria a ser a segunda colocada da eleição presidencial deste ano.

A legenda, então, passou a pagar para que ela distribuísse panfletos partidários.

Béatrice garante que, ao contrário do marido, não era racista. Mas lembra que estava preocupada com "todos esses estrangeiros, que pareciam tão diferentes e estavam entrando na França".

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Imigrantes iranianos costuraram os lábiosbetmotion onlineprotesto no campobetmotion onlineCalais

Após a morte do marido, ela vivia com o filho adolescente e a mãe a cercabetmotion online20 quilômetros do campobetmotion onlinerefugiados, mas nunca havia visto a grande favela formada por barracas e tendas construída sobre um lixão na periferiabetmotion onlineCalais.

Mas, na volta para casabetmotion onlineum dia friobetmotion online2015, ficou sensibilizada com o pedidobetmotion onlineum garoto sudanês e concordoubetmotion onlineleva-lo até o local, que no auge da ocupação, no ano passado, chegou a abrigar 10 mil pessoas - a maioria fugindobetmotion onlineguerras ou da miséria na África, Oriente Médio e Afeganistão.

Foi então que viu, pela primeira vez, como eram as condições no campobetmotion onlinerefugiados.

"Eu senti como se estivesse numa áreabetmotion onlineguerra. Era como um campobetmotion onlineguerra. Alguma coisa me deu um 'clique', e eu disse para mim mesma que eu precisava ajudar aquelas pessoas", relata.

De repente, os imigrantes deixarambetmotion onlineser apenas uma palavra, ou uma abstração.

O encontro

Béatrice, que trabalha num centro onde jovens são treinados para serem cuidadores, começou a levar comida e roupas para as pessoas que viviam no campo, alémbetmotion onlineincentivar amigos e familiares a ajudarem também.

Com o tempo, tornou-se conhecida das pessoas que moravam por lá e que, agora ela sabia, tinham trajetórias distintas - "de pastores a advogados e cirurgiões".

Legenda da foto, Casal se fala todos os dias pela internet desde que Mokhtar chegou à Inglaterra

Foi então que,betmotion onlinefevereiro do ano passado, viu pela primeira vez Mokhtar, um ex-professorbetmotion online34 anos que tevebetmotion onlinefugir do Irã, onde enfrentava perseguição e foi abandonado pela própria família por ter se convertido ao cristianismo.

Ela o conheceu no momentobetmotion onlineque fotos dele ebetmotion onlineoutros iranianos estavam sendo publicadasbetmotion onlinejornais ao redor do mundo - eles haviam costurado os próprios lábiosbetmotion onlineprotesto contra as condições precáriasbetmotion onlinevida no campobetmotion onlineCalais.

"Eu me sentei e ele gentilmente veio me oferecer um chá. E me preparou um chá - e isso foi um pouco chocante. Foi amor a primeira vista", conta.

"O olhar dele era tão terno. Eles estavam lá, com os lábios costurados, e me perguntam: 'Você quer um poucobetmotion onlinechá?'."

A comunicação era um obstáculo, já que Mokhtar não falava francês e ela, ao contrário dele, sabia pouco inglês. A solução foi usar o tradutor do Google.

O romance cresceu e Béatrice, contrariando os conselhosbetmotion onlineamigos, se ofereceu para levar Mokhtar e alguns colegas para morar embetmotion onlinecasa.

O sonho britânico

Ela não tinha ilusões sobre os objetivos dele.

Mokhtar já havia tentado entrar na Inglaterra escondido atrásbetmotion onlinecaminhões, mas estava prestes a mudarbetmotion onlinetática para uma nova tentativa. Ele e dois amigos deram a Béatrice cercabetmotion online1 mil euros (R$ 3,7 mil) e pediram que ela comprasse um barco.

Em 11betmotion onlinejunho do ano passado, Béatrice e o triobetmotion onlineimigrantes levaram o barco até uma praia pertobetmotion onlineDunkirk. Eles fariam uma viagem que começaria às 4h por meiobetmotion onlineum dos canais mais movimentados do mundo. Para piorar, nenhum deles havia pilotado um barco antes.

"Nós os vestimos como pescadores para parecer que estavam numa viagembetmotion onlinepesca, com varas e anzóis", diz ela, sorridente.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Muitos iranianos moravam no campobetmotion onlineCalais, conhecido como Jungle

Naquele momento, Béatrice pensou que tudo tinha acabado. Enquanto torcia por um desfecho feliz, se preocupava com a possibilidadebetmotion onlineque Mokhtar e seus amigos se afogassem.

E isso quase aconteceu: a água começou a entrar no barco por volta das 6h30, já próximo da costa inglesa.

Era assustador, mas olhandobetmotion onlineretrospectiva, havia um elemento meio cômico ali.

"O mais novo estava vomitandobetmotion onlinemedo, o mais forte estava fumando um cigarro atrás do outro e dizendo 'bom, se temos que morrer, temos que morrer, essa é a vida' e Mokhtar tentava tirar a águabetmotion onlinedentro do barco e telefonava para os serviçosbetmotion onlineemergência ao mesmo tempo."

A guarda costeira britânica enviou um helicóptero, que os avistou e enviou um barcobetmotion onlineresgate.

Dúvidas sobre o futuro

Os três imigrantes foram interrogados por autoridades da imigração. Dias depois, Mokhtar foi levado até um centrobetmotion onlinerefugiados onde, finalmente, conseguiu entrarbetmotion onlinecontato combetmotion onlineamada, que aguardava ansiosamente do outro lado do canal.

"Ele me deu seu endereçobetmotion onlineWakefield (no norte da Inglaterra) e fui vê-lo na semana seguinte", conta.

Desde então, a cada duas semanas, ela pega uma balsa e dirige até a cidade pra ver Mokhtar, que estábetmotion onlineum albergue para refugiados na cidadebetmotion onlineSheffield, também no norte da Inglaterra, e já fez um pedidobetmotion onlineasilo formal para o Reino Unido. Eles se falam via webcam todas as noites.

E sobre o futuro? Béatrice diz que o casal não tem planos - nada que "possa doer quando planos não dão certo".

"Se o nosso relacionamento acabar, acabou. E eu devo a Mokhtar uma linda históriabetmotion onlineamor, a mais bonita da minha vida."

Mas seu relato não termina com um tom feliz.

Em agosto do ano passado, foi presa, acusadabetmotion onlinetráficobetmotion onlinepessoas. Ela ri quando fala da acusação - diz que a suposiçãobetmotion onlineque fez isso por dinheiro não é nada alémbetmotion onlineridícula.

Béatrice foi levada para a mesma delegaciabetmotion onlinepolícia onde seu marido costumava trabalhar e foi solta após pagar fiança, mas ficou sob supervisão judicial e tem que se reportar à polícia uma vez por semana enquanto espera pelo julgamento, programado para o fim deste mês.

Se for considerada culpada, ela correria o riscobetmotion onlinepegar uma penabetmotion online10 anosbetmotion onlineprisão e uma multabetmotion online750 mil euros (R$ 2,7 milhões). Em seu caso, porém, a punição poderia ser menos severa.

Além disso, entrou na listabetmotion onlinevigilânciabetmotion onlinepessoas que representam uma ameaça à segurança do Estado. A maioria das pessoas nessa situação é considerada como radical islâmica. O que também a faz rir.

E tudo valeu a pena?

"Sim", ela responde, sem hesitar. "Eu fiz por ele. E faço qualquer coisa por amor."